Carta IEDI
A produção manufatureira mundial apresentou destacada resiliência em meio às tensões comerciais e cresceu bem à frente da indústria brasileira.
Em agosto, após quatro meses consecutivos, a indústria brasileira voltou a crescer, mas ainda pesam dúvidas sobre o futuro, já que os juros seguem elevados e a confiança do setor não aponta melhoras.
Nos últimos anos, o gasto tributário tem crescido expressivamente, sem uma devida avaliação das desonerações e pesando sobre o equilíbrio fiscal, mas também há distorções competitivas e distributivas menos discutidas associadas a eles.
O Brasil precisa estabelecer novos instrumentos para lidar com a geoeconomia contemporânea, mas possui ativos estratégicos (energia, agricultura, mineração, mercado interno) que podem lhe dar poder de barganha.
O aumento de tarifas de importação dos EUA mais do que uma guinada protecionista, significa uma aceleração do processo de transformação da governança global.
Estudo recente do IEDI identificou entraves à produtividade e competitividade do país com foco na situação de nossa infraestrutura.
O segundo semestre, para a indústria, começou dando sequência à tendência de desaceleração e predominância de variações negativas.
Embora três dos quatro grupos da indústria por intensidade tecnológica tenham desacelerado no 2º trim/25, aqueles mais intensivos em tecnologia foram os que pisaram mais fortemente no freio.
Ainda que o novo aumento de tarifas pelos EUA venha a prejudicar o desempenho exportador brasileiro, ao menos na primeira metade de 2025, os bens industriais de maior intensidade tecnológica conseguiram ampliar seus embarques.
O tarifaço dos EUA contra o Brasil reforça a importância de ampliar o número de parceiros comerciais, diversificar nossa pauta exportadora e alavancar a competitividade do produto nacional, além de seguir tentando chegar a um acordo com os EUA que reduzam as alíquotas impostas.
Além da alta informalidade, o aumento de práticas ilegais de certas empresas e a entrada de grupos criminosos em atividades econômicas lícitas colocam em risco a segurança pública, mas também criam um ambiente de concorrência desleal e geram grandes ineficiências econômicas.
A entrada de IDE no Brasil recuou menos do que no agregado mundial em 2024, graças a projetos greenfield, mas ainda assim perdemos posições no ranking dos maiores receptores desses investimentos.
Estudo da Johns Hopkins University destaca oportunidades da transição energética para cadeias produtivas específicas do Brasil e desafios da NIB.
As altas taxas de juros e incertezas agravadas pela errática política tarifária dos EUA erodiram os fatores de expansão da nossa indústria.
No 1º trim/25, enquanto a indústria brasileira perdia dinamismo, a manufatura mundial ganhou velocidade, puxada pelos ramos de maior intensidade tecnológica.
O aumento dos juros no segundo semestre e a forte desvalorização cambial comprometeram a rentabilidade da indústria brasileira em 2024, levando sua margem líquida a patamares inferiores a 2020, ano do choque da pandemia.
Os últimos dados da indústria mostram que o setor segue em baixa rotação, somando mais meses de declínio, como agora em mai/25, do que de expansão.
Estudo recente da McKinsey, identifica padrão recente do aumento da produtividade que complementam e também desafiam visões estabelecidas sobre o tema.
Nos quatro primeiros meses de 2025 sobre os quais já temos dados disponibilizados pelo IBGE, tem sido difícil a indústria em seu agregado ampliar produção, a exemplo de abr/25, quando ficou virtualmente estável.
A China se tornou a “fábrica do mundo”, mas em um ritmo bastante acelerado vem também se firmando como um polo inovativo inconteste, constituindo competências industriais de alta tecnologia.
