Análise IEDI
A indústria e o PIB no 3º trim/22
A despeito das medidas anticíclicas adotadas pelo governo, o crescimento do PIB brasileiro perdeu intensidade no 3º trim/22, como vinha sendo esperado. Variou +0,4% na série com ajuste sazonal, o que significa menos da metade do resultado do trimestre anterior e 1/3 da expansão nos primeiros três meses do ano. Ainda assim, ficou 4,5% acima do patamar pré-pandemia.
A desaceleração da expansão do consumo das famílias, que passou de +2,1% no 2º trim/22 para +1,0% do 3º trim/22, já descontados os efeitos sazonais, foi um fator importante para este desempenho do PIB geral, aliado à contribuição negativa do setor externo, já que as importações (+5,8%) correram na frente das exportações (+3,6%) neste último período.
Do lado da oferta, como o IEDI vem destacando em suas análises mensais, o setor de serviços apresentou mais uma vez resiliência em sua performance, apoiada na retomada de atividades presenciais e da mobilidade e na demanda reprimida durante o período mais agudo da pandemia. Foi o setor que mais cresceu na passagem do 2º para o 3º trim/22: +1,1%, com ajuste sazonal, a despeito da virtual estabilidade do comércio (-0,1%). A agropecuária, por sua vez, não ajudou em nada ao ficar no vermelho (-0,9%).
Já a indústria total foi quem mais perdeu fôlego, registrando +0,8% no 3º trim/22, isto é, metade do que havia crescido no trimestre anterior, como mostram as variações com ajuste sazonal a seguir. Muito deste crescimento coube à construção (+1,1%), enquanto a indústria de transformação parou (+0,1%) após dois resultados favoráveis (+1,1% e +1,8%). A indústria extrativa, com evolução mais volátil em 2022, também não avançou (-0,1%).
• PIB total: +1,3% no 1º trim/22; +1,0% no 2º trim/22 e +0,4% no 3º trim/22;
• PIB de Serviços: +1,0%; +1,3% e +1,1%, respectivamente;
• PIB da Indústria: +0,8%; +1,7% e +0,8%;
• PIB da Agropecuária: +0,2%; +0,1% e -0,9%, respectivamente.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, bases de comparação fracas ajudam a obtenção de taxas de crescimento mais robustas em alguns setores, inclusive na indústria. Mesmo assim, o PIB industrial foi o que menos cresceu, ficando bem abaixo do resultado do PIB como um todo: +2,8% ante +3,6% frente ao 3º trim/21, respectivamente. O PIB dos serviços avançou +4,5% ante o 3º trim/21.
No interior da indústria, couberam à construção (+6,6%) e ao ramo de eletricidade, gás e saneamento (+11,2%), que em 2021 sofreu com a escassez hídrica, os melhores resultados nesta comparação interanual. A indústria de transformação (+1,7%) cresceu metade do resultado do PIB total e o ramo extrativo ficou novamente no negativo (-2,6%), devido à extração de minério de ferro.
Assim, no acumulado de jan-set/22, o grande destaque para a alta de +3,2% do PIB total foram os serviços, que cresceram +4,4%. A indústria como um todo, ainda que no azul, ficou muito além deste patamar de dinamismo, ao registrar +1,3%. Tomada apenas a indústria de transformação, por ora, 2022 é um ano de perda, acumulando -0,8% até o 3º trim/22. O mesmo vale para a agropecuária, em retração de -1,5%.
Do lado da demanda, o dinamismo do PIB em 2022 é assegurado pela expansão do consumo das famílias (+4,3% em jan-set/22) e pelo setor externo, sobretudo devido à alta das exportações (+3,6%). Como vimos anteriormente, entretanto, há sinais de enfraquecimento justamente nestes polos dinamizadores. O investimento está estagnado no acumulado do ano (0%) e o consumo do governo (+1,9%) vem desacelerando.
Segundo dados divulgados hoje pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou R$2,543 trilhões a preços correntes no terceiro trimestre de 2022, apresentando variação positiva de 0,4% na comparação com o trimestre anterior, a partir de dados dessazonalizados.
Com relação ao terceiro trimestre de 2021, houve variação positiva de 3,6%. No que se refere à oscilação no acumulado nos últimos quatro trimestres frente a igual período do ano anterior, houve acréscimo de 3,0%. Por fim, considerando o acumulado ao longo do ano, o PIB apresentou variação positiva de 3,2%.
Ótica da oferta. Frente ao trimestre imediatamente anterior (terceiro trimestre de 2021), a partir de dados dessazonalizados, houve diminuição de 0,9% no setor agropecuário, aumento de 1,1% para o setor de serviços e de 0,8% para o setor da indústria.
Para os subsetores da indústria, na mesma base comparação, registrou-se variação positiva em três dos quatro subsetores: Construção (1,1%), Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,6%) e Indústrias de Transformação (0,1%). O subsetor de Indústrias Extrativas retrocedeu 0,1%.
Nos subsetores de serviços, ainda frente ao trimestre anterior e com ajuste sazonal, seis dos sete subsetores apresentaram variação positiva: Informação e comunicação (3,6%), Intermediação financeira e seguros (1,5%), Atividades imobiliárias (1,4%), Outros serviços (1,4%), Administração, defesa, saúde e educação pública (1,1%) e Transporte, armazenagem e correio (1,0%). Por sua vez, Comércio variou negativamente (-0,1%).
No comparativo com o mesmo trimestre do ano anterior, a partir de dados dessazonalizados, o setor agropecuário apresentou variação positiva de 3,2%, enquanto o setor da indústria apresentou avanço de 2,8% e o setor de serviços cresceu 4,5%.
Para os componentes do setor industrial, ainda frente ao mesmo trimestre do ano anterior, houve variação positiva em três dos quarto subsetores: Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (11,2%), Construção (6,6%) e Indústrias de Transformação (1,7%). Por outro lado, o subsetor de Indústrias Extrativas apresentou variação negativa de 2,6%.
No setor de serviços, todos sete segmentos apresentaram incremento: Outros serviços (9,8%), Transporte, armazenagem e correio (8,8%), Informação e comunicação (6,9%), Atividades imobiliárias (3,2%), Comércio (2,0%), Intermediação financeira e seguros (1,7%) e Administração, defesa, saúde e educação pública (1,5%).
No acumulado nos últimos quatro trimestres (em relação ao mesmo período do ano anterior), o setor agropecuário apresentou retração de 1,3%, enquanto observaram-se outras expansões no setor de serviços (4,4%) e no setor da indústria (0,8%).
Considerando os componentes do setor industrial, duas contribuições foram positivas: Construção (8,8%), Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (8,1%). O subsetor de Indústrias Extrativas caiu 0,9% e o de Indústrias de Transformação, 2,1%.
Analisando o setor de serviços nessa mesma base de comparação, apresentaram variações positivas cinco dos sete segmentos analisados: Outras atividades de serviços (11,6%), Transporte, armazenagem e correio (10,1%), Informação e comunicação (7,6%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (2,4%) e Atividades imobiliárias (2,2%). Em sentido oposto os dois subsetores restantes apresentaram queda: Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-0,1%) e Comércio (-0,7%).
Ótica da demanda. Sob a ótica da demanda, todas as categorias apresentaram expansão frente ao trimestre imediatamente anterior, segundo dados com ajuste sazonal: importações de bens e serviços (5,8%), exportações de bens e serviços (3,6%), formação bruta de capital fixo (2,8%), consumo do governo (1,3%) e consumo das famílias (1,0%).
Na comparação com o terceiro trimestre de 2021, houve acréscimo em todas as categorias: importações de bens e serviços (10,6%), exportações de bens e serviços (8,1%), formação bruta de capital fixo (5,0%) consumo das famílias (4,6%) e consumo do governo (1,0%).
Por fim, na comparação da taxa acumulada nos quatro últimos trimestres em relação ao mesmo período do ano anterior, todas as categorias apresentaram variações positivas: consumo das famílias (3,7%), exportações de bens e serviços (3,5%), consumo do governo (2,5%), formação bruta de capital fixo (0,8%) e importações de bens e serviços (0,4%).