Análise IEDI
Um passo à frente, um passo atrás
O mês de set/25 devolveu a maior parte do crescimento que a indústria brasileira havia registrado no mês anterior, indicando o obstáculo que a conjuntura de taxas de juros elevadas impõe à performance do setor. Neste contexto, os avanços tendem a ser pontuais.
Já descontados os efeitos sazonais, a produção da indústria geral recuou -0,4% na passagem de ago/25 a set/25, sendo que 3 dos seus 4 macrossetores ficaram igualmente no vermelho. A única exceção foi o de bens de capital, após dois meses seguidos de declínio, mas que ainda assim conseguiu apenas se manter virtualmente estável (+0,1%).
Dos nove meses já cobertos pelas estatísticas do IBGE, a indústria não cresceu em cinco deles e nos demais meses, em geral, ficou perto da estabilidade. As exceções, ainda na série com ajuste sazonal, foram mar/25 (+1,8%) e ago/25 (+0,7%), insuficientes para evitar o enfraquecimento dos resultados em comparação com a situação industrial de um ano atrás.
Como mostram as variações interanuais a seguir, depois de passar a maior parte de 2024 com resultados trimestrais acima de +3%, o dinamismo industrial do 3º trim/25 foi de apenas +0,5% para a indústria como um todo e voltou à região negativa quando excluídas as atividades extrativas: -0,4% no 3º trim/25 e -0,6% no 2º trim/25 para a indústria de transformação.
• Indústria geral: +3,2% no 4º trim/24; +2,0% no 1º trim/25; +0,6% no 2º trim/25 e +0,5% no 3º trim/25;
• Bens de capital: +14,1; +4,6%; -2,2% e -2,4%, respectivamente;
• Bens intermediários: +2,9%; +1,4%; +3,0% e +2,5%;
• Bens de consumo duráveis: +17,1%; +11,4%; +5,6% e -1,2%;
• Bens de consumo semi e não duráveis: 0%; +1,2%; -5,3% e -3,1%, respectivamente.
À exceção de bens intermediários, cuja produção segue resiliente, estimulada sobretudo por ramos vinculados à atividade agrícola, como defensivos agrícolas (+21,1% no 3º trim/25 ante o 3º trim/24), intermediários têxteis (+13,1%), celulose (+8,9%) e intermediários alimentícios (+4,3%), todos os demais macrossetores passaram a perder produção.
Bens de capital caíram pelo segundo trimestre consecutivo: -2,2% no 2º trim/25 e -2,4% no 3º trim/25, sempre frente ao mesmo período do ano anterior. Neste último período, condicionaram a perda as produções de bens de capital de uso misto (-5,8%) e para transporte (-7,2%). Bens de capital para a própria indústria não chegaram a cair, mas mal saíram do lugar (+0,2%). O único componente com forte expansão foi bens de capital para agricultura (+13,3%).
Outro reincidente no campo negativo foi o macrossetor de bens de consumo semi e não duráveis: -5,3% no 2º trim/25 e -3,1% no 3º trim/25. Embora não tenha sido o único componente no vermelho, a produção de combustíveis tem exercido grande contribuição para isso (-14,8% e -15,0%, respectivamente), inclusive pela menor produção de etanol de cana de açúcar.
Já os bens de consumo duráveis pisaram mais fortemente no freio. O que era desaceleração virou contração no 3º trim/25: -1,2% ante o mesmo período do ano anterior. O principal fator para isso veio da interrupção do crescimento do ramo automobilístico, que de uma alta de +9,6% no 2º trim/25 recuou para -0,1% no 3º trim/25. O segmento de móveis também entrou no vermelho (-0,8%). Ambos passaram a acompanhar, assim, eletrodomésticos que já vinham com sinal negativo há mais tempo.







