Análise IEDI
Expansão concentrada
O último quarto do ano teve início com a indústria no azul, após dois meses de retração. Mesmo assim, o resultado foi fraco: apenas +0,3% entre set/22 e out/22, já descontados os efeitos sazonais, não repondo nem metade da queda anterior e deixando o setor mais uma vez abaixo dos patamares pré-pandemia (-2,1% ante fev/20).
Muito da morosidade de out/22 se deve ao fato de que poucos ramos industriais conseguiram crescer. Dos 26 ramos acompanhados pelo IBGE, somente 7 ficaram no positivo, o que representa uma parcela minoritária de 27% do total. Entre os destaques estão alimentos (+4,8% ante set/22, com ajuste) e metalurgia (+4,6%), sem que ambos tenham crescimento o suficiente para compensar os resultados ruins dos meses anteriores.
Quanto aos macrossetores, o jogo ficou dividido: metade teve expansão e metade ficou no vermelho, como mostram as variações com ajuste sazonal a seguir.
• Indústria geral: -0,6% em ago/22; -0,7% em set/22 e +0,3% em out/22;
• Bens de capital: +5,8%; -0,7% e -4,1%, respectivamente;
• Bens intermediários: -1,6%; -1,0% e +0,7%;
• Bens de consumo duráveis: +6,1%; -0,2% e -2,7%;
• Bens de consumo semi e não duráveis: -2,0%; -1,4% e +0,3%, respectivamente.
As altas ficaram por conta de bens intermediários, com +0,7% frente a set/22, com ajuste sazonal, e bens de consumo semi e não duráveis, com +0,3%. Ambos os casos também progrediram em comparação com out/21 (+1,9% e +0,4%, respectivamente), devido principalmente a intermediários da indústria alimentícia (+26,5%), da indústria automobilística (+17,0%) e defensivos agrícolas (+38,6%), no primeiro caso, e às indústrias farmacêutica (+11,0%) e de carnes, exceto suínos (+19,8%) no segundo caso.
Tanto intermediários como semi e não duráveis ainda acumulam retração em 2022, devido a meses negativos na entrada do ano: -0,7% e -0,6% frente a jan-out/21, respectivamente. Embora as perdas estejam sendo reduzidas, intermediários terão um ano pior do que 2021 (+3,3% em jan-dez/21) e semi e não duráveis podem novamente não crescer (-0,4% em jan-dez/21).
O macrossetor de bens de capital foi quem mais recuou na passagem de set/22 para out/22, com -4,1%, livre de efeitos sazonais, e foi o único a ficar no vermelho em relação a out/21 (-0,2%). Bens de capital, que se saíram bem em 2021, devido a bens de capital para a agricultura, construção e transportes, é onde 2022 trouxe maior reversão. Depois de se expandir +27,8% em jan-dez/21, ultrapassando largamente as perdas de 2020 (-9,6%), registra -0,5% em jan-out/22.
O maior obstáculo neste ano para a produção de bens de capital, como o IEDI já assinalou em análises anteriores, tem sido o segmento de bens de capital para a própria indústria, o que traz uma sinalização negativa para o investimento no setor. O resultado de -7,2% ante out/21 neste segmento indica que poderemos ter mais um trimestre de queda.
Já bens de consumo duráveis, cuja produção recuou -2,7% entre set/22 e out/22, já descontados os efeitos sazonais, conseguiram crescer +11,8% ante out/21, ajudados por bases baixas de comparação. Neste caso, 2022 também trouxe inflexão (-3,7% em jan-out/22), que pode ser vista como sendo prematura, já que a alta do ano passado (+2,0% em jan-dez/21) não repôs as perdas de 2020 (-19,8% em jan-dez/20). É quem está mais distante do pré-pandemia: -18,8% ante fev/20.
A partir dos dados da Pesquisa Industrial Mensal do mês de outubro de 2022 divulgados hoje pelo IBGE, a produção da indústria nacional registrou crescimento de 0,3% frente ao mês anterior na série livre de influência sazonal. No acumulado em doze meses registrou-se decréscimo de 1,4% e no acumulado no ano houve retração de 0,8%. Em comparação ao mesmo mês do ano anterior (outubro de 2021), aferiu-se aumento de 1,7%.
Categorias de uso. Na comparação com o mês anterior (setembro/2022), três das cinco categorias analisadas apresentaram variação positiva, na seguinte ordem: bens intermediários (0,7%), bens de consumo (0,3%) e bens semiduráveis e não duráveis (0,3%). As duas categorias restantes apresentaram queda no período: bens de capital (-4,1%) e bens duráveis (-2,7%).
No resultado observado na comparação com o mesmo mês do ano anterior (outubro/2021), quatro das cinco categorias analisadas apresentaram expansão: bens duráveis (11,8%), bens de consumo (2,4%), bens intermediários (1,9%) e bens semiduráveis e não duráveis (0,4%). A categoria bens de capital (-0,2%) apresentou resultado negativo nessa base de comparação.
Para o índice acumulado no ano de 2022, todos os cinco segmentos assinalaram resultados negativos: bens duráveis (-3,7%), bens de consumo (-1,2%), bens intermediários (-0,7%), bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-0,6%) e bens de capital (-0,5%),
No acumulado em 12 meses, uma das cinco categorias analisadas apresentou variação positiva: bens de capital (0,2%). As demais categorias apresentaram variação negativa: bens duráveis (-6,5%), bens de consumo (-2,6%), bens semiduráveis e não duráveis (-1,7%) e bens intermediários (-1,1%).
Setores. Na comparação de outubro de 2022 com o mesmo mês do ano anterior (outubro de 2021), houve variação positiva no nível de produção de sete dos 26 ramos pesquisados. As maiores variações positivas foram percebidas nos seguintes setores: produtos alimentícios (4,8%), metalurgia (4,6%), outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (2,6%), impressão e reprodução de gravações (1,8%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (0,9%). Por sua vez, as maiores variações negativas ficaram por conta dos seguintes setores: produtos de madeira (-8,8%), máquinas e equipamentos (-9,1%), bebidas (-9,3%), produtos diversos (-12,5%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-13,2%).
Na comparação do acumulado do ano de 2022 (janeiro-outubro) frente ao mesmo período do ano anteriro, a produção industrial apresentou variação positiva em 11 dos 26 ramos analisados, com destaque para os itens de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (11,0%), produtos do fumo (9,1%), coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (7,1%), celulose, papel e produtos de papel (3,4%) e fabricação de bebidas (3,2%). Em sentido oposto, os setores que apresentaram as maiores variações negativas foram: produtos de madeira (-9,8%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-10,1%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,0%), produtos têxteis (-12,7%) e móveis (-17,7%).
Por fim, na comparação nos últimos 12 meses (base últimos doze meses anteriores), a produção industrial apresentou variação positiva em oito dos 26 ramos analisados, sendo as maiores variações observadas nos seguintes segmentos: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (9,3%), produtos do fumo (7,8%), coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (6,4%), celulose, papel e produtos de papel (3,5%) e outros produtos químicos (2,4%). De outra maneira, as maiores variações negativas foram: artigos do vestuário e acessórios (-9,4%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-11,1%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-12,0%), produtos têxteis (-14,0%) e móveis (-18,5%).