Análise IEDI
Sem crescimento nos serviços
O setor de serviços perdeu faturamento real novamente em fev/22, dando continuidade ao movimento desfavorável da entrada do ano. Segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, a variação frente a jan/22 foi de -0,2%, já descontados os efeitos sazonais. Na origem disso estiveram a estagnação dos serviços às famílias e a queda registrada em informação e comunicação e outros serviços.
Na passagem de jan/22 para fev/22, dois dos cinco segmentos de serviços identificados pelo IBGE reforçaram seu crescimento: serviços profissionais, administrativos e complementares (+1,4% com ajuste) e transportes, armazenagem e correios (+2,0%), enquanto outros três perderam dinamismo.
Os serviços prestados às famílias, prejudicados pelo encolhimento do poder de compra da população decorrente da inflação e do desemprego, variaram +0,1% em fev/22 depois de uma queda de -1,0% em jan/22.
Já os serviços de informação e comunicação estão no vermelho há três meses: -0,1% em dez/21, -3,6% em jan/22 e -1,2% em fev/22, na série com ajuste sazonal. O segmento de outros serviços, que reúne um conjunto diversificado de atividades, declinou, por sua vez, -0,4% em jan/22 e -0,9% em fev/22.
A despeito destas involuções recentes, o agregado do setor segue acima do patamar de faturamento pré-pandemia, isto é, de fev/20 (+5,4%), assim como três de seus cinco ramos. As exceções são serviços prestados às famílias (-14,1%) e outros serviços (-0,4%).
Como o setor demorou mais para reagir com maior vigor, em função do quadro sanitário, que só após a ampliação da cobertura vacinal foi se mostrando resiliente às novas ondas de contágio de Covid-19, o desempenho frente ao mesmo período do ano passado continua positivo na maioria dos ramos, como mostram as variações a seguir. A única exceção ficou por conta de outros serviços.
• Serviços – total: +15,2% no 3º trim/21; +9,5% no 4º trim/21 e +8,4% em jan-fev/22;
• Serviços prestados às famílias: +48,3%; +22,2% e +18,5%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +11,6%; +9,3% e +3,7%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +12,4%; +6,2% e +7,4%;
• Transportes e correios: +18,0%; +13,1% e +14,5%;
• Outros serviços: +6,9%; -4,6% e -1,3%, respectivamente.
Serviços prestados às famílias, a despeito de certa desaceleração no 1º bim/22, com o reforço das bases de comparação, continuam se expandindo a taxas expressivas em comparação com um ano atrás (+18,5%). Isso porque, como vimos anteriormente, ainda possui grande percurso para retornar a níveis de faturamento real pré-pandemia. O desafio, agora que a situação sanitária melhorou, consiste na alta da inflação e no desemprego, que restringem o consumo das famílias.
Outro segmento em desaceleração é o de serviços de informação e comunicação (+3,7% ante jan-fev/21), mas neste caso é importante observar que a pandemia não implicou um crise de grandes proporções em suas atividades, como em outras parcelas do setor de serviços. Ao contrário, o teletrabalho e a necessidade de distanciamento físico e isolamento social acabaram estimulando este segmento. Tanto é que seu faturamento em fev/22 estava 8,6% acima do nível pré-pandemia (fev/20).
Em sentido oposto, reforçaram seus resultados no 1º bim/22 os serviços profissionais, administrativos e complementares. Muito disso deveu-se a seu componente de serviços administrativos e complementares, que consistem em atividades de menor qualificação, geralmente terceirizadas pelas empresas. Neste caso, seu faturamento atual segue aquém do pré-pandemia (-1,2%), tendo ainda espaço para mais recuperação.
Na mesma situação ficaram os serviços de transporte e correios, cujo reforço em jan-fev/22 (+14,5% ante jan-fev/21) contou com a alta expressiva do transporte aéreo (+47,8%). Este componente segue abaixo de patamares pré-pandemia (-3,5%) e, por isso, também apresenta uma retomada incompleta.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de fevereiro divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou retração de 0,2% frente a janeiro de 2022, na série com ajuste sazonal. Em relação ao mesmo mês do ano anterior (fevereiro/2021), aferiu-se incremento de 7,5%. Para o acumulado no ano, a variação foi de 8,5%. No acumulado em 12 meses registrou-se acréscimo de 13,0%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior (janeiro/2022), na série dessazonalizada, três dos cinco segmentos apresentaram incremento: transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (2,0%), serviços profissionais, administrativos e complementares (1,4%) e serviços prestados às famílias (0,1%). Por outro lado, os dois segmentos analisados restantes apresentaram variação negativa: serviços de informação e comunicação (-1,2%) e outros serviços (-0,9%). Já o segmento das atividades turísticas registrou retração de 1,0% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação com fevereiro de 2021, quatro dos cinco segmentos apresentaram expansão no volume de serviços prestados: serviços prestados às famílias (17,4%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (13,9%), serviços profissionais, administrativos e complementares (7,3%) e serviços de informação e comunicação (2,4%). A categoria outros serviços variou -3,9%. Já para o segmento de atividades turísticas houve expansão de 28,7% frente ao mesmo mês do ano anterior (fevereiro/2021).
Na análise do acumulado nos últimos 12 meses, todos os segmentos analisados apresentaram expansão: serviços prestados às famílias (31,4%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (18,0%), serviços de informação e comunicação (9,7%), serviços profissionais, administrativos e complementares (9,5%) e outros serviços (4,9%). Para a mesma comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu variação positiva de 39,0%.
Na análise por unidade federativa, no mês de fevereiro de 2022 frente ao mesmo mês do ano anterior (Fevereiro/2021), aferiu-se incremento no volume de serviços em 26 das 27 unidades federativas, sendo os maiores: Roraima (23,0%), Alagoas (21,0%), Acre (17,8%), Amapá (15,5%), Tocantins (14,7%), Rio Grande do Sul (14,4%), Bahia (13,7%), Ceará (12,8%), Amazonas (11,5%), Mato Grosso do Sul (11,4%), Pernambuco (9,4%), São Paulo (8,4%), Mato Grosso (8,3%) e Minas Gerais (8,1%). Em sentido oposto, Rondônia apresentou retração de -3,9% na mesma base de comparação.
No acumulado no ano, 26 das 27 unidades federativas apresentaram variação positiva no volume de serviços prestados, sendo as maiores observadas em: Mato Grosso (22,3%), Alagoas (22,1%), Roraima (17,6%), Bahia (14,2%), Ceará (14,2%), Mato Grosso do Sul (14,0%), Rio Grande do Sul (12,8%), Acre (12,5%), São Paulo (10,3%) e Pernambuco (10,2%). A única variação negativa observada no Distrito Federal (-0,9%).
Por fim, na análise do acumulado nos últimos 12 meses, os 27 estados apresentaram incremento no volume de serviços prestados, sendo os mais expressivos: Alagoas (25,7%), Roraima (23,2%), Acre (18,6%), Tocantins (18,1%), Ceará (17,6%), Rio Grande do Sul (15,9%), Bahia (15,0%), Pernambuco (14,5%), Minas Gerais (14,5%) e Goiás (14,4%).