Análise IEDI
Fase de recuos sucessivos
Nem mesmo o setor de serviços, cujas atividades até há pouco tempo se mostravam obstruídas pelas fases de recrudescimento da pandemia, tem deixado de dar sinais de enfraquecimento nos últimos meses. Perdeu faturamento tanto em set/21 como em out/21. Indústria e comércio, como vimos semana passada, vêm de uma fase mais longa de adversidades.
Segundo os dados de hoje do IBGE, o faturamento real de serviços encolheu -1,2% na passagem de set/21 para out/21, já descontados os efeitos sazonais, agravando o recuo registrado no mês anterior, que havia sido de -0,7%.
Foi uma perda reincidente, mais intensa e também bastante difundida entre os diferentes segmentos do setor. Dos 5 acompanhados pelo IBGE, 4 ficaram no vermelho na série com ajuste sazonal, o que representa uma parcela de 80% do total. Em todos estes, é possível que a etapa anterior de oscilação entre altas e quedas tenha dado lugar a uma fase de recuos sucessivos.
A única exceção, como se pode ver nos resultados com ajuste sazonal a seguir, foi o segmento de serviços prestados às famílias, que é justamente aquele que mais longe está do pré-pandemia e que menos condições de recuperação apresentava antes do avanço da vacinação, devido ao receio dos consumidores e das exigências de distanciamento social.
• Serviços total: +0,5% em ago/21; -0,7% em set/21 e -1,2% em out/21;
• Serviços prestados às famílias: +4,3%; +1,6% e +2,7%, respectivamente;
• Informação e comunicação: +1,2%; -0,9% e -1,6%;
• Serviços prof., admin. e complementares: -0,5%; -1,0% e -1,8%;
• Serviços de transporte, armazenagem e correios: +0,6%; -1,8% e -0,3%;
• Outros serviços: +2,4%; -6,4% e -6,7%, respectivamente.
O declínio recente dos serviços coloca em evidência a interrelação entre os diferentes setores da economia. Com varejo e indústria no vermelho há algum tempo, se reduzem muito as chances de os serviços manterem sua toada de expansão. Todos os segmentos no negativo em out/21 estão vinculados ao nível geral de atividade econômica.
São os casos, por exemplo, de serviços profissionais, administrativos e complementares, geralmente demandados pelas empresas naquelas funções terceirizados; de serviços de transporte, armazenagem e correios; e cada vez mais de serviços de informação e comunicação, com a progressão dos negócios digitais e do teletrabalho, além de outras novas tendências.
O IBGE pontua ainda o efeito negativo da elevação de preços dos serviços de telecomunicação sobre a demanda e, consequentemente, o faturamento real deste segmento. Também chama atenção para os impactos adversos vindo do agronegócio, que, como vimos no início do presente mês, registrou queda em seu PIB no 3º trim/21. Tais impactos se fizeram sentir em outros serviços, que congregam número diversificado de atividades, e no componente armazenagem, contabilizado pelo IBGE juntamente com transportes e correios.
Em decorrência destas involuções em seus segmentos, o setor de serviços como um todo, embora se mantenha em níveis de faturamento superiores ao pré-pandemia, vem perdendo bastante de seu diferencial positivo. Em ago/21 estava 4,1% acima de fev/20 e agora em out/21 ficou 2,1% acima deste patamar. Em out/21 também passou a ter três de seus cinco segmentos novamente abaixo do pré-pandemia: serviços prestados às famílias (-13,6%); serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,7%) e outros serviços (-5,1%).
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de outubro de 2021 divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou retração de 1,2% frente a setembro, na série com ajuste sazonal. Em comparação com o mesmo mês do ano anterior (outubro/2020), aferiu-se incremento de 7,5%. No acumulado em 12 meses registrou-se acréscimo de 8,2% e para o acumulado no ano (jan-out) houve variação positiva de 11,0%.
Na comparação do mês de outubro de 2021 com o mês imediatamente anterior (setembro/2021), na série dessazonalizada, dos cinco segmentos analisados um apresentou incremento: serviços prestados às famílias (2,7%). Por outro lado, os quatro segmentos restantes apresentaram variação negativa: outros serviços (-6,7%), serviços profissionais, administrativos e complementares apresentou variação negativa (-1,8%), serviços de informação e comunicação (-1,6%) e transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-0,3%). Já para o segmento das atividades turísticas registrou-se expansão de 1,0% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação do volume do setor de serviços frente a outubro de 2020, quatro dos cinco segmentos apresentaram expansão: serviços prestados às famílias (26,4%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (9,9%), serviços de informação e comunicação (6,5%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (4,7%). Por outro lado, o segmento restante apresentou variação negativa: outros serviços (-6,1%). Já para no segmento de atividades turísticas houve expansão de 26,9%, frente ao mesmo mês do ano anterior (outubro/2020).
Na análise do acumulado no ano (janeiro-outubro), todos os segmentos analisados apresentaram expansão: serviços prestados às famílias (17,6%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (15,2%), serviços de informação e comunicação (9,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (7,5%) e outros serviços (7,0%). Para a mesma comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu variação positiva de 20,7%.
Na análise por unidade federativa, no mês de outubro de 2021 frente ao mesmo mês do ano anterior (outubro/2020), 25 das 27 unidades federativas apresentaram incremento do volume de serviços, sendo os maiores: Alagoas (23,9%), Ceará (20,7%), Roraima (18,3%), Acre (16,5%), Tocantins (12,2%), Rio Grande do Sul (11,4%) e Sergipe (10,6%). Por outro lado, duas unidades federativas apresentaram variações negativas nessa base de comparação: Piauí (-2,8%) e Mato Grosso (-1,7%).
Por fim, no acumulado no ano em 2021 os 27 estados apresentaram incremento, sendo os maiores observados em: Roraima (21,6%), Acre (19,1%), Alagoas (19,1%), Tocantins (17,8%), Santa Catarina (15,3%), Minas Gerais (15,0%), Pará (14,3%) e Goiás (13,8%).