IEDI na Imprensa - Valor Agregado da Indústria no PIB Recuou Quase 10% Entre 1996 e 2004
Valor Agregado da Indústria no PIB Recuou Quase 10% Entre 1996 e 2004
O Globo - 23/03/2007
Para Iedi, aumento de importados gera processo de desindustrialização
Aguinaldo Novo
Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostra uma queda de 9,7% no valor agregado pela indústria à produção nacional entre 1996 e 2004. Na prática, o setor deixou de gerar novas riquezas e engordar o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB, produção de bens e serviços no país) naquele período. Essa retração, de acordo com a pesquisa, foi provocada pela crescente substituição de bens locais por importados.
Considerando a relação entre indicadores de produção e faturamento, o valor agregado caiu de 47,1%, em 1996, para 42,5% oito anos depois. Para o Iedi, esse quadro evidenciaria um processo de desindustrialização ou "esburacamento" da cadeia industrial brasileira, que tende a aumentar na mesma medida da valorização do real.
— Os dados estão ficando cada vez mais eloqüentes — afirmou o presidente do Iedi, $é Gomes da Silva.
Controlador do gigante têxtil Coteminas, Josué se referia à série histórica atualizada do PIB divulgada na quarta-feira pelo IBGE. Pelos novos dados, a participação da indústria na soma dos bens e serviços produzidos pelo país ficou abaixo do anunciado anteriormente: caiu de 37,9% (série antiga) para 30,3% (nova) do PIB em 2005. O IBGE divulga na próxima quarta-feira o dado revisado de 2006.
Elaborado pela economista Carmen Feijó, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o estudo indica que os setores com $densidade tecnológica seriam os mais afetados pelo fenômeno de desindustrialização. No chamado segmento de alta intensidade (eletroeletrônicos, computadores e celulares), a relação de valor agregado saiu de 46,5%, em 1996, para 50,4%, em 2000, e depois despencou para 45,9% em 2004. No de média-alta intensidade tecnológica (carros e bens de consumo duráveis), foi de 49,7% para 37,4%.
Com isso, a expansão econômica do país se limitaria à produção e venda de commodities, cujos preços continuam em alta no mercado externo.