Carta IEDI
A desaceleração industrial no Brasil e no mundo
A desaceleração da indústria de transformação no final do ano passado foi bastante difundida pelo mundo, segundo os dados recentemente divulgados pela UNIDO (United Nations Industrial Development Organization), atingindo a Ásia, Oceania, América do Norte e também a América Latina e Caribe.
Neste sentido, o que verificamos na indústria brasileira nos últimos meses não destoa do movimento geral, que acompanhou a redução do crescimento do PIB global, tal como discutido na Carta IEDI n. 1169 “Economia Mundial em Desaceleração”, de nov/22.
O que vale enfatizar é que o Brasil pisou mais forte no freio, registrando, no 4º trim/22, resultados inferiores ao total da indústria mundial, ao agregado do setor na América Latina e ao grupo de países a que pertence, isto é, dos países industrializados de renda média e isso mesmo sem considerar a China. Deste modo, ficamos entre os parques industriais que pior se saíram em 2022.
Os dados da UNIDO mostram que a produção da indústria de transformação mundial ficou no vermelho no último trimestre de 2022, sinalizando o agravamento de um movimento adverso que já vinha se desenhando sob o peso da guerra na Ucrânia, perda de poder de compra da população, devido à alta da inflação, e à piora das condições de crédito, em função do aumento dos juros em muitos países.
Frente ao período anterior, já descontados os efeitos sazonais, o resultado foi de -0,3% no 4º trim/22, anulando metade da expansão do 3º trim/22. Como o 2º trim/22 registrou 0% de crescimento, fica nítido que o setor industrial no mundo ficou praticamente parado na maior parte do ano passado. Expansão mesmo ocorreu só no 1º trim/22 (+1,3%).
Na comparação com o mesmo período do ano anterior, as variações são um pouco mais robustas, mas ainda assim houve inflexão no 4º trim/22, cujo ritmo de crescimento foi menos da metade daquele do 3º trim/22: +1,5% ante +3,2%, respectivamente.
No mundo, puxou os resultados para baixo no final do ano passado a indústria de países industrializados de alta renda, cuja produção caiu -0,9% ante o 3º trim/22 e na comparação com o mesmo período do ano anterior reduziu sua taxa de crescimento para ¼ do que havia sido no trimestre anterior (0,7% ante 2,7%, respectivamente).
Geograficamente, muito disso se concentrou na América do Norte que ampliou sua queda de -0,2% no 3º trim/22 para -0,8% no 4º trim/22, na comparação com o período imediatamente anterior, e cortou igualmente para ¼ sua taxa de expansão do 3º trim/22 (+3,1%) para o 4º trim/22 (+0,8%) na comparação interanual.
Setorialmente, a indústria de média-alta e alta intensidade tecnológica foi exceção, pois, de acordo com a UNIDO, continuou evoluindo positivamente e acima do agregado do setor. Frente ao 4º trim/21, esta parcela da indústria de transformação cresceu +3,6%, isto é, mais do que o dobro do total (+1,5%). Contribuíram para isso a recuperação do setor automotivo e a expansão consistente de equipamentos elétricos.
Quanto ao Brasil, o patamar de declínio industrial do 4º trim/22 foi quase três vezes mais intenso do que o total mundial: -0,8% ante -0,3% na comparação com o 3º trim/22. Frente ao 4º trim/21, crescemos duas vezes menos: +0,8% ante +1,5% para a indústria de transformação global. Nossa performance foi sistematicamente inferior à mundial ao longo de todo 2022.
Em comparação com o agregado da América Latina e Caribe, nossa defasagem foi ainda mais intensa, já que a região conseguiu se sair melhor do que a industrial mundial, registrando -0,1% ante o 3º trim/22 e +3,7% frente ao 4º trim/21.
Além das demais indústrias latino-americanas, também não conseguimos atingir o desempenho do grupo de países industrializados de renda média, ao qual o Brasil pertence, segundo a classificação da UNIDO. Excluindo a China deste grupo, a queda deste conjunto de países frente ao 3º trim/22 (-0,2%) foi quatro vezes menor que a do Brasil e sua expansão frente ao 4º trim/21 (+1,3%) foi superior à nossa.
Estes dados colocam em perspectiva nossa evolução em 2022, que já sabíamos que tinha sido, no mínimo, insatisfatória, a partir das divulgações mensais do IBGE. Com a divulgação da UNIDO, constatamos que mais uma vez foi inferior à do restante do mundo.
Para tornar o panorama mais completo, o IEDI construiu, a partir da base de dados da UNIDO, um ranking de desempenho da indústria de transformação, contando com 113 países. Novamente ficamos na metade inferior do ranking, isto é, entre os piores resultados, e nossa posição regrediu mais uma vez.
Em 2021, tínhamos ocupado a 90ª posição e em 2022 ficamos em 93º lugar, de acordo com as últimas informações. No 4º trim/22 chegamos a melhorar nossa colocação para a 61ª, mas ainda assim seguimos na metade inferior.
A indústria de transformação mundial no 4° trim/2022
O relatório da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) com os dados do último trimestre de 2022 mostra que perda de dinamismo da indústria manufatureira mundial no 4º trim/22, após três trimestres de relativa estabilidade
A indústria global ainda enfrenta desafios diversos, como preços crescentes de energia, elevação das taxas de juros globais e perturbações persistentes na cadeia de suprimentos de matérias-primas e bens intermediários, enfraquecendo a confiança e elevando a incerteza. Consequentemente, a atividade manufatureira em muitas economias, particularmente nas economias industriais da Europa, enfrentou desafios crescentes e perspectivas instáveis.
No 4° trim/22, a produção industrial mundial recuou -0,3% em relação ao trimestre imediatamente anterior, já corrigidos os efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo período de 2021, o avanço foi de +1,5%, o pior resultado em dois anos.
Após o colapso da produção industrial em 2020 causado pela pandemia de COVID-19 e a recuperação em 2021, produção industrial mundial cresceu de forma modesta e instável ao longo de 2022, fechando o ano com perda de dinamismo.
Em termos regionais, o setor manufatureiro apresentou resultados distintos entre os grupos de países. Enquanto na América Latina foi destaque positivo, com variação da produção de +3,7% no 4º trim/22 frente ao mesmo trimestre de 2021, o grupo de países da América do Norte cresceu mero +0,8% na mesma base de comparação, resultado bem inferior ao trimestre anterior (+3,1% no 3º trim/22).
No 4° trim/22, as economias industrializadas, assinalaram decréscimo de -0,5% frente ao trimestre anterior, após expansão de +0,7% no 3º trim/22. Essa variação deveu-se principalmente por conta dos resultados desfavoráveis da produção em grandes economias industriais, incluindo China, Alemanha, Japão e Estados Unidos.
Este grupo inclui os seguintes países, de acordo com a UNIDO: Argentina, Austrália, Áustria, Bielorrússia, Bélgica, Brasil, Brunei, Bulgária Canada, China, Taiwan Colômbia, Costa Rica, Croácia, Rep. Tcheca, Rep. Dominicana, Egito, El Salvador, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Indonésia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malásia, Malta, Ilhas Maurício, México, Holanda, Nova Zelândia, Peru, Filipinas, Coreia, Polônia, Romênia, Rússia, Servia, Singapura, Eslováquia, Eslovênia, África do Sul, Espanha, Sri Lanka, Suécia, Suíça, Tailândia, Trinidad e Tobago, Turquia, Reino Unido, EUA e Uruguai.
A indústria chinesa, por sua vez, assinalou estabilidade frente ao 3° trim/22 (0,0%). Em relação ao mesmo período de 2021, a China apresentou desaceleração, mas ainda ficando acima do total mundial (+1,5%), com alta de +2,3%, sempre com ajuste sazonal.
As economias industriais de renda média, excluindo a China, expandiram sua produção industrial em +1,3% na comparação interanual, isto é, bem abaixo do resultado do trimestre anterior na mesma base de comparação (+4,0%). Na comparação frente ao período imediatamente anterior, observou-se recuo de -0,2%.
Os países industrializados de alta renda, por sua vez, apresentaram queda de -0,9% em sua produção industrial no 4º trim/22 frente ao período imediatamente anterior. Em comparação com mesmo trimestre de 2021, a indústria desses países cresceu +0,7%.
O desempenho das economias industrializadas
A indústria de transformação das economias industrializadas desacelerou na comparação interanual de +3,1% por cento no 3° trim/22 para +1,3% no trimestre seguinte. Esse resultado é principalmente atribuído pela UNIDO à variação negativa da produção em grandes players do setor, incluindo China, Alemanha, Japão e Estados Unidos da América.
Em relação ao trimestre imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, a produção desse grupo de países, decresceu -0,5% no 4° trim/22, após ter registrado alta de +0,7% no 3º trim/22.
O grupo de economias industriais de renda média (incluindo a China) manteve um ritmo relativamente estável, porém moderado crescimento a partir do final de 2021. Esse grupo acompanha de perto a trajetória da China (+2,3%), dada a sua grande participação global na produção manufatureira.
As economias industriais de renda média excluindo a China alcançaram um aumento de produção de apenas +1,3%, embora com significativa variabilidade em termos regionais. Países como México (+4,5%), Malásia (+4,0%), Colômbia (+3,7%) e Turquia (+1,9%) cresceram em ritmo superior à média, enquanto Sri Lanka (-10,5%), Tailândia (-5,6%) e África do Sul (-1,2%) registraram queda na produção industrial.
A indústria de transformação das economias industrializadas de alta renda, por sua vez, teve variação de apenas +0,7% no 4º trim/22 frente igual período de 2021, enquanto na comparação frente ao trimestre anterior, houve recuo de -0,9%, após alta de +0,7% no 3º trim/22.
Desempenho das outras economias em industrialização
No 4º trim/22, as demais economias em industrialização apresentaram um crescimento de +3,5% frente ao 4º trim/21 e de +1,7% frente ao trimestre imediatamente anterior, após recuo de -0,8% do trimestre anterior. Cabe destacar que este grupo de países é extremamente heterogêneo.
Segundo a UNIDO, este grupo soma 55 países, entre os quais estão: Chile, Hong Kong, Dinamarca, Taiwan, Grécia, Portugal, Índia e Vietnã, entre outros.
Os países de renda alta desse grupo registraram um aumento interanual de +9,8% que, apesar de apresentar uma desaceleração em relação a variação do 3° trim/ 2022 (+11,4%), ainda se manteve expressivo. Frente ao trimestre anterior, esse grupo de países assinalou melhora em termos de variação, crescendo +3,7%, já descontados os efeitos sazonais.
A produção dos países de renda média cresceu +1,6% frente ao 4° trim/21, metade da variação registrada no trimestre anterior (+3,2%). Comparativamente ao trimestre anterior, o índice de produção desses países variou +1,2%, revertendo parte da queda do 3° trim/22 (-1,4%).
O grupo de países de baixa renda pela definição da UNIDO (Burkina Faso, Burundi, Madagascar, Moçambique, Ruanda, Togo e Uganda) teve a maior desaceleração dentro dos países em industrialização: no 4º trim/22 essas economias registraram alta de +3,2% em comparação com o mesmo trimestre de 2021, após crescimento de +13,0% no 3° trim/22. Por sua vez, o índice recuou -1,8% frente ao trimestre imediatamente anterior.
Desempenho das Economias Emergentes
O grupo das economias industriais emergentes, de acordo com a definição da UNIDO, inclui países de baixa e média renda, cujos setores industriais demonstraram significativo dinamismo em anos recentes. Além de diversos países industrializados, o grupo também inclui economias em estágios anteriores de desenvolvimento industrial, mas que demonstraram forte crescimento.
Este grupo de economias tem, de fato, demonstrado um desempenho positivo na produção industrial, superando a média mundial. No 4° trim/22, a produção deles cresceu +2,4% comparada aos dados do 4° trim/21.
Dentre esses países, vale destacar o desempenho do setor manufatureiro do Vietnã, que, segundo a UNIDO, apostando no crescimento sustentável, conseguiu obter alta de +11,2% na comparação interanual. Além disso, o Vietnã registrou taxas de crescimento de dois dígitos ao longo de 2022.
A estratégia deste país para alavancar seus ativos econômicos e geográficos para se tornar um importante centro industrial da Ásia produziu resultados robustos, indica a UNIDO, inclusive durante o período crítico de 2020-2021.
O único desempenho negativo dentro do grupo em questão foi assinalado pelo Sri Lanka (-10,6%).
Desempenho industrial por região
Em nível regional, no 4º trim/22, os países da América Latina e Caribe mantiveram a dianteira, com uma expansão de +3,7% frente ao 4º trim/21, atribuído aos resultados da indústria do México (+4,5%). A indústria brasileira, por sua vez, ficou bem abaixo da média da região, com crescimento de apenas +0,8% no mesmo período.
Em relação ao trimestre imediatamente anterior, esse grupo de países teve queda de -0,1%, enquanto o Brasil recuou -0,8%. No ano de 2022 em relação ao índice de 2021, enquanto a indústria argentina (+4,3%) e mexicana (+5,3%) cresceram a níveis elevados, o Brasil amargou uma queda de -0,3%.
A produção manufatureira na Ásia e na Oceania registrou um crescimento de +1,5%, inferior aos +3,7% do trimestre anterior na comparação com o mesmo período de 2021.
A desaceleração do crescimento nesta região, deveu-se principalmente ao resultado da indústria da China. Neste país, a produção industrial registrou uma taxa de crescimento relativamente moderada de +2,3%, desacelerando ainda mais de um crescimento já fraco de +3,3% no 3° trim/2022. Como referência, a produção chinesa atingiu um crescimento de pelo menos +5,0% nos trimestres antes da pandemia. No ano de 2022, a indústria chinesa cresceu apenas 3,1%, bem abaixo da variação de dois dígitos de 2021.
O setor manufatureiro do Japão também pouco crescer no 4° trim/22 (+0,7%), apresentando igualmente uma importante desaceleração face aos +4% registados no trimestre anterior. Em 2022, a indústria japonesa permaneceu praticamente no mesmo nível que 2021 (+0,1%).
Na comparação trimestre mesmo trimestre do ano anterior, o destaque positivo ficou para o forte crescimento industrial de +20,4% observado na Arábia Saudita, apoiado pela nova estratégia industrial do país e seu objetivo de se transformar em um importante centro na indústria global, como argumenta a UNIDO.
Já a produção manufatureira da América do Norte registrou a maior desaceleração e a menor taxa de crescimento em termos regionais: apenas +0,8% em out-dez/22 ante o mesmo período do ano anterior, após um avanço de +3,1% no trimestre anterior na mesma base de comparação.
Este resultado está ligado à atividade manufatureira dos Estados Unidos, que registrou variação de +0,7%. No ano de 2002, o crescimento industrial estadunidense foi de +3,1%.
Frente ao trimestre imediatamente anterior, a indústria da América do Norte recuou -0,8%. Ao longo de 2022, os resultados mostram a desaceleração: +1,0% no 1° trim/22, +0,8% no 2º trim/22 e -0,2% no 3º trim/22.
Na Europa, a produção industrial elevou-se para +1,6% no 4º trim/22 frente ao mesmo período de 2021, após variação de +1,7% no trimestre anterior na mesma base de comparação, apesar dos efeitos do conflito na Ucrânia. Em comparação com o trimestre anterior, a região cresceu +0,5%.
A produção no Reino Unido caiu pelo quinto trimestre seguido, registrando decréscimo de -5,5% ante o 4º trim/21. Outras importantes economias industriais europeias também ficaram em território negativo, a exemplo de Alemanha (-0,4%) e Itália (-0,2%). Por outro lado, França (+2,3%), Espanha (+1,3%) e Suíça (+7,6) ampliaram a produção industrial no período out-dez/22 frente ao mesmo trimestre de 2021.
No caso das da África, houve variação de +2,2% no 4º trim/22, comparativamente ao mesmo período do ano anterior, a segunda maior dentre as regiões, só perdendo para o resultado da América Latina e Caribe. Frente ao trimestre imediatamente anterior, a indústria dessa região ficou em terreno positivo, crescendo +1,0%.
Na comparação interanual, vários países do continente africano, como Burundi, Moçambique, Senegal, Ruanda e Tunísia atingiram taxas de crescimento de pelo menos +4,0%. A manufatura da África do Sul, por outro lado, encolheu -1,2%, após um sólido crescimento de +2,9% no trimestre anterior.
Análise setorial
Segundo a UNIDO, no 4º trim/22, as indústrias classificadas como média-alta e alta tecnologia continuam a ter expansão acima dos demais setores, crescendo a uma taxa de +3,6% frente ao 4º trim/21. Por outro lado, os setores de baixa tecnologia recuaram -1,4% e os de média-baixa tecnologia, -0,7%.
No 4º trim/22, os setores de média-alta e alta tecnologia mantiveram-se em ritmo consistente de crescimento. Dois setores que se destacaram na comparação com o mesmo trimestre de 2021 foram: setor automotivo (+8,0%) e equipamentos elétricos (+8,9%).
Frente ao trimestre anterior, por outro lado, o setor automotivo, depois de um período de forte recuperação, perdeu força, já que sua produção variou -0,6% ante o 3º trim/22. Grandes fabricantes de automóveis, como China, Japão, Coreia do Sul e EUA, registraram perdas de produção nesta comparação.
A fabricação de equipamentos elétricos experimentou um crescimento robusto ao longo de 2022, estimulada pelo ritmo acelerado das inovações de tecnologias digitais e a demanda por componentes elétricos para automóveis, máquinas e outros produtos.
Dentre os maiores produtores desse setor, China, Alemanha e Japão relataram sólido crescimento nos últimos trimestres, segundo a UNIDO. Por outro lado, a Índia, a Coreia do Sul e Reino Unido enfrentaram cortes de produção.
Respondendo a uma escassez global de medicamentos, a produção de insumos farmacêuticos voltou a crescer (+4,7%) no 4º trim/22 frente ao mesmo trimestre de 2021 após dois trimestres consecutivos de crescimento com taxas de variação baixo de zero.
As economias industriais registaram os maiores aumentos em setores de alta tecnologia, mas sofreu perdas de produção na maioria das indústrias de baixa intensidade tecnológica.
Para o setor produtor de automóveis, bem como o setor farmacêutico, outras economias em industrialização apresentaram melhor desempenho, com taxas de crescimento de +13,9% e +10,7% respectivamente. As economias industriais, por sua vez, registraram expansão de +7,8% e +3,9% nesses dois setores, respectivamente.
Ranking Indústria de Transformação Mundial
A partir da base de dados da UNIDO, o IEDI elaborou um ranking internacional de crescimento da produção da indústria de transformação com 113 países para o acumulado de 2022.
As séries empregadas pela UNIDO possuem ajuste sazonal, embora usualmente o IBGE faça comparações frente ao mesmo período do ano anterior com dados sem ajuste sazonal. Por esta razão, pode haver pequena alteração em relação aos resultados para o Brasil divulgados pelo IBGE.
No ano de 2022, o desempenho divulgado pela UNIDO com ajuste sazonal para a indústria de transformação do Brasil aponta para uma variação negativa de -0,3% frente a 2021.
Este resultado decorreu de uma evolução trimestral de melhora até o 3º trim/22, com ajuda de bases baixas de comparação, e nova desaceleração no último quarto do ano: -4,6% no 1º trim/22, +0,5% no 2º trim/22, +2,1% no 3° trim/22 e +0,8% no 4° trim/22, sempre em relação com o mesmo período do ano anterior.
Dessa forma, segundo os últimos dados, coletados no final de mar/23, a indústria de transformação no Brasil ocupou, em 2022, a 93ª posição no ranking da produção da indústria de transformação mundial, composto por 112 países. Ou seja, ficamos na metade inferior da amostra, entre os países que menos cresceram no ano passado.
Entre as primeiras colocações, destacaram-se parques industriais pequenos e com evolução mais volátil: Trinidad e Tobago (+138,6%), Arábia Saudita (+22,0%) e Angola (+19,2%).
EUA (+3,2%) e China (+3,1%) apresentaram taxas de variação muito próximas para a produção da indústria de transformação em 2022, ocupando, respectivamente, a 62ª e 63ª colocação do ranking, isto é, igualmente na metade inferior ao ranking, mas distante dos piores resultados.
Dentre as maiores economias industriais da Europa, enquanto a indústria de Espanha (+2,4%), França (+1,7%) e Itália (+0,9%) cresceram, a atividade manufatureira da Alemanha (-0,3%) sofreu queda. Estes resultados foram responsáveis por colocar a indústria espanhola na 67ª posição e a indústria francesa na 72ª posição, enquanto a italiana e a alemã ocuparam respectivamente as seguintes colocações: 81ª e 90ª, ou seja, mais próximas do Brasil.
Apesar da desaceleração da produção industrial brasileira, como mencionado anteriormente, a posição do Brasil no ranking da indústria de transformação global progrediu no 4º trim/22, dada a perda de ritmo industrial e econômico pela qual muitos países passaram no período. Aparecemos na 61ª colocação, com um resultado de +0,8% ante o 4º trim/21, entre os 113 países identificados pela UNIDO, após termos ficado na 68ª posição no 3º trim/22 (+2,1%).