Análise IEDI
Crescimento reforçado
Após meses fracos, o resultado de mar/22, divulgado hoje pelo IBGE, sugere um ganho de tração do setor de serviços, cujo faturamento real cresceu +1,7% frente ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais, apoiado por avanços em todos os seus segmentos.
Com isso, o setor ficou 7,2% acima do patamar pré-pandemia, isto é, de fev/20, e na comparação com um ano atrás voltou a registrar taxa de expansão de dois dígitos: +11,4% ante mar/21.
Esta evolução está associada à recomposição da demanda das famílias por serviços, depois de tanto tempo reprimida pela pandemia, pela reativação do transporte aéreo e pelo retorno, mesmo que parcial, das atividades presenciais nos escritórios das empresas, ajudando a recuperar a demanda por serviços geralmente terceirizados, tais como limpeza, segurança etc.
Estes fatores, ao menos por enquanto, parecem estar se sobrepondo à perda do poder de compra da população, devido à aceleração da inflação. Vale também observar que alguns destes componentes do setor acima mencionados continuam contando com bases baixas de comparação e ainda têm muito o que avançar para compensar as perdas durante a pandemia.
De todo modo, no acumulado do 1º trim/22, o desempenho foi favorável para a grande maioria do setor. Apenas um dos cinco segmentos identificados pelo IBGE não conseguiu crescer e, como mostram as variações interanuais a seguir, o ritmo de expansão dos serviços como um todo não deu sinais de enfraquecimento com a virada do ano.
• Serviços – total: +15,2% no 3º trim/21; +9,5% no 4º trim/21 e +9,4% no 1º trim/22;
• Serviços prestados às famílias: +48,3%; +22,2% e +30,6%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +11,6%; +9,3% e +3,8%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +12,4%; +6,2% e +8,0%;
• Transportes, seus auxiliares e correios: +18,0%; +13,1% e +15,5%;
• Outros serviços: +15,2%; -4,6% e -2,3%, respectivamente.
Em comparação com o resultado do 4º trim/21, três dos cinco segmentos até ganharam velocidade, notadamente, os serviços prestados às famílias, com a persistente redução de casos de Covid-19 em fev/22 e mar/22 depois do repique provocado pela variante ômicron. Seus dois componentes avançaram fortemente no 1º trim/22: +31,8% em alojamento e alimentação e +24,5% em outros serviços prestados às famílias.
Mesmo assim, os serviços às famílias permanece 12% abaixo do pré-pandemia e é um dos mais vulneráveis aos efeitos negativos sobre a demanda da população decorrentes do aumento da inflação que temos visto nos últimos meses.
Os outros dois segmentos com taxas mais robustas de crescimento foram: serviços de transportes, com +15,5%, com importante contribuição do transporte aéreo (+67,7%), além do terrestre (+16,1%), e dos serviços profissionais, administrativos e complementares, que registraram +8% no 1º trim/22 ante o 1º trim/21.
Houve apenas um ramo que perdeu fôlego, que foi o de serviços de informação e comunicação (+3,8% ante 1º trim/21), mas que também não se viu muito impactado pela pandemia, dada a necessidade de isolamento. E apenas um segmento ficou no vermelho: outros serviços, que reúne um conjunto diversificado de atividades. Neste caso, porém, caiu menos em jan-mar/22 (-2,3%) do que no final de 2021, o que é uma boa sinalização.
Conforme os dados para o mês de março da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou aumento de 1,7% frente a fevereiro, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (Março/2021) aferiu-se incremento de 11,4%. Para o acumulado no ano, a variação foi de 9,5%. No acumulado em 12 meses registrou-se acréscimo de 13,6%.
Na comparação do mês de março de 2022 com o mês imediatamente anterior (fevereiro/2022), na série dessazonalizada, os cinco segmentos apresentaram incremento: Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (2,7%), Serviços prestados às famílias (2,4%), Serviços de informação e comunicação (1,7%), Outros serviços (1,6%) e Serviços profissionais, administrativos e complementares (1,5%). Já o segmento das atividades turísticas registrou crescimento de 4,5% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação com março de 2021, quarto dos cinco segmentos apresentaram expansão do volume de serviços: Serviços prestados às famílias (62,2%), Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (17,2%), Serviços profissionais, administrativos e complementares (9,0%) e Serviços de informação e comunicação (4,0%). A categoria outros serviços variou -4,3%. Já no segmento de atividades turísticas houve expansão de 75,5% frente ao mesmo mês do ano anterior (Março/2021).
Na análise do acumulado nos últimos 12 meses, todos os segmentos analisados apresentaram expansão: Serviços prestados às famílias (38,5%), Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (18,7%), Serviços profissionais, administrativos e complementares (10,2%), Serviços de informação e comunicação (9,5%) e Outros serviços (4,0%). Para a mesma base de comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu variação positiva de 48,1%.
Na análise por unidade federativa, no mês de março de 2022 frente ao mesmo mês do ano anterior (Março/2021), 25 das 27 unidades federativas apresentaram incremento do volume de serviços, sendo os maiores: Alagoas (28,7%), Rio Grande do Sul (22,4%), Pernambuco (21,5%), Roraima (19,6%), Amapá (18,2%), Ceará (17,2%), Sergipe (16,2%) e Minas Gerais (15,7%). Por outro lado, as duas unidades federativas restantes apresentaram variação negativa: Mato Grosso do Sul (-1,9%) e Rondônia (-6,0%).
Considerando a análise do acumulado no ano, 26 das 27 unidades federativas registraram expansão do volume de serviços, sendo as maiores: Alagoas (24,3%), Roraima (18,2%), Rio Grande do Sul (16,1%), Mato Grosso (15,6%), Ceará (15,2%), Bahia (14,6%), Pernambuco (14,0%) e Amapá (12,3%). A única variação negativa foi observada em Rondônia (-0,5%).
Por fim, na análise do acumulado nos últimos 12 meses, todos os 27 estados apresentaram incremento, sendo os maiores observados em: Alagoas (28,5%), Roraima (24,4%), Ceará (19,4%), Acre (18,6%), Rio Grande do Sul (17,7%), Tocantins (17,3%), Pernambuco (16,8%) e Bahia (16,6%).