Análise IEDI
Resiliência das exportações industriais
Com a maior parte de 2021 coberto pelos dados do Ministério da Economia sobre comércio exterior, o ano se firma como um período de retomada da corrente de comércio do país, depois do declínio de 2019-2020, e de reforço do superávit da balança. Mesmo que parte disso se deva a um efeito-preço favorável em commodities, é um desempenho que contribui para a reativação da nossa economia.
Em 2019, em função da guerra comercial China-EUA e crise argentina, e em 2020, devido à pandemia, a corrente de comércio brasileira recuou -4,2% e -8,6%, respectivamente, indicando um progressivo isolamento do país dos fluxos de comércio internacional de bens. Em 2021, em contraste, seguimos em direção oposta, com uma corrente de comércio em alta de +36,7% no acumulado de jan-set/21 frente a jan-set/20.
Comercializamos mais, mas também conseguimos um superávit maior. Em jan-set/21, a balança comercial do país acumulou saldo positivo de US$ 56,4 bilhões, implicando um avanço de +38,3% frente ao ano passado. Nossas exportações somaram US$ 213,2 bilhões e nossas importações, US$ 156,8 bilhões agora em 2021.
Em termos de médias por dias úteis, os embarques brasileiros registraram alta de +36,9% em jan-set/21. Ajudaram muito este desempenho a elevação dos preços de commodities no mercado internacional. A título de exemplo, tomando itens importantes na pauta exportadora do Brasil, o preço do minério de ferro exportado em set/21 era 45,6% superior ao de set/20, de óleos brutos de petróleo 46,5% acima e da soja 39,2% maior.
O resultado do 3º trim/21 sinaliza que o dinamismo das exportações segue elevado: +40% ante 3º trim/20 pelas médias diárias. As variações interanuais a seguir mostram que, a despeito de taxas de crescimento elevadas, a agropecuária e, em menor medida, a indústria extrativa indicam alguma acomodação. Isso pode se acentuar caso persistam os sinais de desaceleração da economia chinesa.
• Exportações totais: +17,5% no 1º trim/21; +50,6% no 2º trim/21 e +40% no 3º trim/21;
• Exportações da agropecuária: +12,2%; +30,7% e +13,9%, respectivamente;
• Exportações da indústria extrativa: +46,8%; +115,5% e +72,1%;
• Exportações da indústria de transformação: +7,0%; +37,3% e +35,3%, respectivamente.
A indústria de transformação, por sua vez, demostrou resiliência em suas vendas externas, registrando altas acima de 35% nos dois últimos trimestres, segundo as médias por dias úteis. Tomando apenas o resultado de set/21 ante set/20 também não há sinal de perda de fôlego, com uma variação de +36,2%.
Apesar disso, a exportação do setor industrial também não está imune a efeitos negativos de um crescimento mais modesto da economia chinesa, inclusive porque alguns de seus produtos com melhor performance em 2021 também acabam sendo impactados pela evolução dos preços de commodities.
É o caso, por exemplo, de açucares e melaços, carne bovina, farelo de soja e óleos combustíveis de petróleo, todos com aumento de exportações em jan-set/21 próximo ou acima de +30% ante jan-set/20. Os preços de exportação destes produtos em set/21 estavam, respectivamente, 17,1%, 41,4%, 27,2% e 65,7% acima daqueles de set/20.
Conforme os dados divulgados hoje pelo Ministério da Economia, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$4,322 bilhões no mês de setembro de 2021, retração de 15,0% frente ao alcançado no mesmo período do ano anterior, US$5,083 bilhões.
As exportações registraram valor de US$24,284 bilhões, representando expansão de 33,3% em relação a setembro de 2020, pela média diária. As importações totalizaram US$19,962 bilhões, o que significou expansão de 51,9% na mesma base de comparação, considerando os 21 dias úteis do mês.
Para o mês de setembro de 2021, as médias diárias das exportações alcançaram US$1,156 bilhão e das importações registradas ficaram em US$950,6 milhões.
Destaques exportações. Houve aumento das exportações, principalmente, para os seguintes países: Ásia (Exclusive Oriente Médio) (24,4 %) - China (+ 17,9% com aumento de US$ 51,6 milhões na média diária); Índia (+ 177,8% com aumento de US$ 14,7 milhões na média diária); Singapura (+ 170,1% com aumento de US$ 11,6 milhões na média diária); Malásia (+ 81,7% com aumento de US$ 8,7 milhões na média diária); Japão (+ 32,7% com aumento de US$ 6,3 milhões na média diária); Europa (27,35 %) - Países Baixos (Holanda) (+ 50,1% com aumento de US$ 12,6 milhões na média diária); Portugal (+ 432,7% com aumento de US$ 10,5 milhões na média diária); Bélgica (+ 32,1% com aumento de US$ 3,2 milhões na média diária); Bulgária (+ 9.220,5% com aumento de US$ 3,2 milhões na média diária); Finlândia (+ 184,8% com aumento de US$ 2,7 milhões na média diária); América do Sul (45,93 %) - Chile (+ 82,2% com aumento de US$ 15,2 milhões na média diária); Argentina (+ 21,5% com aumento de US$ 8,3 milhões na média diária); Colômbia (+ 86,8% com aumento de US$ 8,0 milhões na média diária); Peru (+ 73,9% com aumento de US$ 4,6 milhões na média diária); Paraguai (+ 39,0% com aumento de US$ 4,0 milhões na média diária); América do Norte (63,34 %) - Estados Unidos (+ 77,2% com aumento de US$ 64,1 milhões na média diária); México (+ 45,0% com aumento de US$ 7,9 milhões na média diária); Canadá (+ 15,0% com aumento de US$ 2,6 milhões na média diária); América Central e Caribe (76,81 %) - Jamaica (+ 1.163,2% com aumento de US$ 3,4 milhões na média diária); Bahamas (+ 448,1% com aumento de US$ 1,5 milhões na média diária); Panamá (+ 76,2% com aumento de US$ 1,3 milhões na média diária); República Dominicana (+ 70,1% com aumento de US$ 1,3 milhões na média diária); Costa Rica (+ 97,4% com aumento de US$ 0,8 milhões na média diária); Oriente Médio (24,36 %) - Barein (+ 241,3% com aumento de US$ 4,2 milhões na média diária); Omã (+ 221,1% com aumento de US$ 4,2 milhões na média diária); Iraque (+ 54,3% com aumento de US$ 1,2 milhões na média diária); Irã (+ 13,9% com aumento de US$ 1,1 milhões na média diária); Israel (+ 22,3% com aumento de US$ 0,6 milhões na média diária); Oceania (17,97 %) - Marshall, Ilhas (+ 45,8% com aumento de US$ 0,4 milhões na média diária); Austrália (+ 4,0% com aumento de US$ 0,1 milhões na média diária); Nova Zelândia (+ 28,8% com aumento de US$ 0,1 milhões na média diária); África (20,98 %) - Nigéria (+ 90,4% com aumento de US$ 2,9 milhões na média diária); África do Sul (+ 68,1% com aumento de US$ 2,1 milhões na média diária); Egito (+ 25,2% com aumento de US$ 1,9 milhões na média diária); Angola (+ 67,1% com aumento de US$ 0,8 milhões na média diária); Camarões (+ 433,2% com aumento de US$ 0,6 milhões na média diária)
Destaques importações. Houve aumento da importações, principalmente, dos seguintes países: Ásia (Exclusive Oriente Médio) (45,24 %) - China (+ 59,0% com aumento de US$ 81,2 milhões na média diária); Índia (+ 41,5% com aumento de US$ 7,8 milhões na média diária); Japão (+ 51,4% com aumento de US$ 7,0 milhões na média diária); Coreia do Sul (+ 24,1% com aumento de US$ 4,0 milhões na média diária); Tailândia (+ 53,3% com aumento de US$ 3,1 milhões na média diária); Europa (42,1 %) - Rússia (+ 112,0% com aumento de US$ 15,1 milhões na média diária); Alemanha (+ 40,4% com aumento de US$ 14,2 milhões na média diária); França (+ 51,9% com aumento de US$ 7,1 milhões na média diária); Itália (+ 39,9% com aumento de US$ 6,2 milhões na média diária); Países Baixos (Holanda) (+ 131,8% com aumento de US$ 5,6 milhões na média diária); América do Sul (37,78 %) - Argentina (+ 37,0% com aumento de US$ 12,7 milhões na média diária); Chile (+ 60,7% com aumento de US$ 7,3 milhões na média diária); Colômbia (+ 53,5% com aumento de US$ 3,1 milhões na média diária); Peru (+ 77,5% com aumento de US$ 2,3 milhões na média diária); Bolívia (+ 50,0% com aumento de US$ 2,0 milhões na média diária); América do Norte (69,64 %) - Estados Unidos (+ 77,8% com aumento de US$ 77,4 milhões na média diária); Canadá (+ 68,5% com aumento de US$ 4,3 milhões na média diária); México (+ 19,7% com aumento de US$ 3,2 milhões na média diária) • América Central e Caribe (60,49 %) - Bonnaire, Saint Estatuis e Saba (+ 1.374.747,9% com aumento de US$ 1,0 milhões na média diária); Curaçao (+ - com aumento de US$ 0,9 milhões na média diária); Trinidad e Tobago (+ 24,0% com aumento de US$ 0,3 milhões na média diária); Costa Rica (+ 36,3% com aumento de US$ 0,1 milhões na média diária); Guatemala (+ 69,7% com aumento de US$ 0,1 milhões na média diária); Oriente Médio (71,37 %) - Emirados Árabes Unidos (+ 452,0% com aumento de US$ 5,2 milhões na média diária); Iraque (+ - com aumento de US$ 3,4 milhões na média diária); Arábia Saudita (+ 47,3% com aumento de US$ 2,4 milhões na média diária); Catar (+ 44,9% com aumento de US$ 1,4 milhões na média diária); Israel (+ 27,7% com aumento de US$ 1,3 milhões na média diária); Oceania (106,55 %) - Austrália (+ 134,4% com aumento de US$ 2,2 milhões na média diária); África (154,14 %) - Marrocos (+ 195,1% com aumento de US$ 10,9 milhões na média diária); Argélia (+ 265,8% com aumento de US$ 7,5 milhões na média diária); Nigéria (+ 60.684,6% com aumento de US$ 4,3 milhões na média diária); África do Sul (+ 66,6% com aumento de US$ 1,2 milhões na média diária); Congo, República Democrática (+ 835,0% com aumento de US$ 0,2 milhões na média diária).