• SOBRE O IEDI
    • ESTUDOS
      • CARTA IEDI
        • ANÁLISE IEDI
          • DESTAQUE IEDI
            • IEDI NA IMPRENSA
              55 11 5505 4922

              instituto@iedi.org.br

              • HOME
              • SOBRE O IEDI
                • ESTUDOS
                  • CARTA IEDI
                    • ANÁLISE IEDI
                      • DESTAQUE IEDI
                        • IEDI NA IMPRENSA

                          Carta IEDI

                          Edição 1126
                          Publicado em: 28/01/2022

                          Estado vegetativo

                          Sumário

                          Segundo os últimos dados do IBGE, o ano passado se encaminhou para o fim sem grandes novidades em relação ao nível de atividade econômica. A indústria, mais uma vez, ficou no vermelho em nov/21, o varejo até teve crescimento, mas, com uma edição fraca da Black Friday, não compensou perdas anteriores. Apenas os serviços se mostraram mais aquecidos, pois, como sabemos, a vacinação contra a Covid-19 abriu as portas para uma normalização do setor.

                          Com os efeitos sazonais já corrigidos, a produção física da indústria recuou -0,2%, o sexto sinal negativo seguido. As vendas do varejo ampliado, que inclui os segmentos de veículos, autopeças e material de construção, variou +0,5% e o faturamento real dos serviços avançou +2,4%. 

                          Assim, devido sobretudo aos serviços, o índice IBC-Br do Banco Central, que funciona como uma proxy do PIB, registrou desempenho positivo, de +0,69% na passagem de out/21 para nov/21. Apesar disso, os indicativos para o final de 2021 não são favoráveis. 

                          Tanto é que as novas projeções do Boletim Focus para o PIB 2021, divulgadas em 21/01/22, foram revisadas para baixo: +4,58%, isto é, distante do que se esperava na entrada do segundo semestre (+5,3%). Se crescemos em 2021 é, sobretudo, graças ao efeito estatístico herdado da segunda metade de 2020, quando medidas emergenciais suportavam algum dinamismo em meio à pandemia.

                          Sem as bases de comparação para inflarem o resultado, as expectativas para a economia brasileira em 2022 tornam nítido o estado vegetativo em que nos encontramos. Ainda de acordo com o Boletim Focus, o PIB total do Brasil não passará de +0,29% no acumulado do presente ano. Pior ainda é o cenário da indústria, cujo PIB de 2022 apontado por esta mesma fonte, pela primeira vez, foi negativo: -0,25%.

                          E não são apenas os agentes domésticos que reconhecem a falta de pulso da economia brasileira. Agora em jan/22, o FMI cortou sua estimativa de crescimento do PIB do país em 2021 de +5,2% para +4,7%. Já o PIB de 2022 foi reduzido para 1/5 da taxa que o Fundo previa em out/21, passando de +1,5% para +0,3%.

                          Como o IEDI sempre lembra, a história seria diferente se a indústria estivesse crescendo, pois reúne um conjunto de atividades com capacidade ímpar de espalhar dinamismo pelo sistema econômico. Ao contrário, em nov/21 o setor encontrava-se em um nível de produção 7,5% inferior ao de dez/20 e 4,3% aquém do pré-pandemia (fev/20).

                          O varejo também não estava em posição de comemorar sua evolução. Em nov/21 as vendas reais do setor, em seu conceito ampliado, estavam 2,7% abaixo do final de 2020 e eram 1,9% inferiores ao de fev/20. 

                          A exceção, como mencionado, cabe aos serviços, com um faturamento real de 7,9% acima do patamar de dez/20 e 4,5% maior do que era em fev/20. O problema é que, com o surto da variante ômicron, os riscos de deterioração tendem a ser maiores para as atividades de serviço, seja pela reintrodução de medidas restritivas, seja pelo medo de contágio dos consumidores.

                          O espalhamento da ômicron no mundo todo também deve postergar o fim da desorganização das cadeias produtivas, com efeitos diretos sobre a produção da indústria, que já vem sofrendo outros obstáculos, como os efeitos da crise hídrica, elevação dos juros, estreitamento de mercados, dada a perda de poder de compra da população etc.

                          Em 2022, além de todas as incertezas provocadas pela pandemia, o Brasil ainda terá que lidar com as incertezas políticas e com a indefinição de qual agenda econômica emergirá do processo eleitoral, colocando em compasso de espera muitas decisões privadas importantes que poderiam injetar dinamismo à nossa economia ao longo do ano. 

                           

                          Indústria

                          Em nov/21, a produção industrial do total do país registrou seu sexto resultado negativo: -0,2% na série com ajuste sazonal. Muitos de seus setores e pouco mais da metade de seus parques regionais ficaram no vermelho. Esta profusão de perdas foi a regra em 2021.

                           

                          Segundo os dados do IBGE, as perdas atingiram quase metade (46%) dos 26 ramos industriais pesquisados pelo IBGE. Variações negativas de destaque por sua intensidade vieram de borracha e plástico (-4,8% ante out/21), perfumaria e produtos de limpeza (-4,5%), móveis (-3,4%), metalurgia (-3,0%) e produtos de metal (-2,7%), entre outros.

                           

                          Até mesmo o macrossetor de bens de capital, que era o único sem grandes dificuldades para crescer, não só recuou em nov/21 como foi quem levou a indústria geral ao vermelho no penúltimo mês de 2021. Registrou -3% frente a out/21 na série com ajuste sazonal e parece ter entrado em uma nova fase, em que o sinal negativo prepondera.

                          Os demais macrossetores ou não saíram do lugar ou cresceram muito pouco: 0% em bens intermediários e em semi e não duráveis e apenas +0,5% em bens de consumo duráveis, depois de uma longa sequência de dez meses consecutivos de declínio.

                           

                          Regionalmente, 8 das 15 localidades acompanhadas pelo IBGE tiveram queda de produção na passagem de out/21 para nov/21, já descontados os efeitos sazonais. Ou seja, uma parcela de 53% do total.

                          São Paulo, que possui um dos maiores e mais completos parques industriais do país, conseguiu crescer desta vez, registrando +1% frente a out/21. Embora favorável, este resultado ficou longe de compensar as sucessivas perdas nos cinco meses anteriores. Como resultado, a produção paulista de nov/21 está 6% abaixo de onde se encontrava no final da primeira metade do ano.

                           

                          Entre os piores resultados de nov/21 ficaram o Amazonas (-3,5% ante out/21), Rio de Janeiro (-2,2%) e a região Nordeste (-1,8%) como um todo, em função da Bahia e do Ceará, principalmente.

                          A evolução desfavorável não apenas deste último mês, mas ao longo de todo o ano de 2021 e, sobretudo, do segundo semestre, foi grande responsável por distanciar a indústria de muitos estados do nível de produção pré-pandemia, isto é, de fev/20.

                           

                          Em nov/21, das 15 localidade pesquisadas pelo IBGE, 10 estavam em patamares aquém de fev/20, o que corresponde por 67% do total. Em dez/20, eram 47% nesta situação. Reviravoltas importantes foram registradas em São Paulo (de +6,7% em dez/20 para -3,6% em nov/21), Amazonas (de +7,3% para -6,5%), Ceará (de +13,2% para -7,4%) e Pernambuco (de +1,2% para -3,7%).

                          Dos 10 parques regionais que submergiram a níveis inferiores ao pré-pandemia, 7 estão com uma defasagem maior que o agregado da indústria nacional. Enquanto o total Brasil está 4,3% abaixo de fev/20, o Nordeste está 20,3% abaixo (em muito devido à Bahia), o Pará, 9,3% abaixo e o Amazonas, 6,5% abaixo, só para citar os casos mais graves.

                           

                          Sinais negativos também se mostram difundidos quando analisado o quadro industrial do final de 2021 em comparação com o final de 2020. Depois de ter registrado -1,1% no 3º trim/21, a indústria do total do país aponta queda de -6,2% no bimestre out-nov/21 ante out-nov/20, ensejada por recuos em 80% de seus parques regionais.

                          Ao que tudo indica, 2021 terminou particularmente mal vis-à-vis 2020 para São Paulo, com perda de -9,1% no bimestre outubro-novembro, para a região Nordeste, com -10,3%, e para o estado do Amazonas, cuja produção industrial recuou -12,4%.

                           

                          Comércio

                          As vendas do comércio varejista voltaram a crescer em nov/21, embora metade de seus segmentos tenham recuado sob efeito de uma fraca edição das liquidações da Black Friday no ano passado. Frente a out/21, a variação foi de +0,6% no varejo restrito e de +0,5% no varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos, autopeças e material de construção, já descontados os efeitos sazonais.

                           

                          A prática de descontos nos preços de muitos produtos durante a pandemia, em 2020, e a corrosão do poder de compra da população, provocada pelo desemprego elevado, aceleração da inflação e redução do auxílio emergencial pago às famílias, em 2021, contribuíram para vendas menos intensas durante a Black Friday do ano passado, restringindo o desempenho do varejo como um todo no último mês de novembro.

                           

                          O crescimento das vendas na passagem de out/21 para nov/21 se deu mais em função de segmentos menos influenciados pelas promoções que se tornaram tradicionais no período, como supermercados, alimentos, bebidas e fumo, que registraram +0,9%, e artigos farmacêuticos e perfumaria, com alta de +1,2%, já descontados os efeitos sazonais.

                          Entre os cinco segmentos do varejo no vermelho, destacam-se combustíveis e lubrificantes, móveis e eletrodomésticos e tecidos, vestuário e calçados.

                          O segmento de combustíveis, sob efeito da escalada de preços, já acumula seis meses seguidos de queda no volume das vendas. Em nov/21, registrou -1,4% ante out/21, já descontados os efeitos sazonais. 

                           

                          Móveis e eletrodomésticos vêm igualmente de uma longa sequência de recuos, que nem mesmo as liquidações de novembro reverteram: -2,3%, com ajuste. A demanda por estes produtos tende a ser adiada pelas famílias no atual contexto de desemprego e inflação. Isto também ocorre com vestuário e calçados (-1,9%), ainda mais quando a sociabilidade não está plenamente restabelecida e quando o teletrabalho segue uma realidade para muitas pessoas.

                          Equipamentos de escritório, informática e comunicação, após a interrupção de out/21 (+5,7%) retomaram a tendência de queda e registraram -0,1%, reforçando a fase adversa para o varejo de bens de consumo duráveis.

                           

                          Material de construção, por sua vez, em declínio entre jun/21 e out/21, voltou a apresentar ampliação de vendas. A alta de +0,8%, contudo, recompôs muito pouco das perdas anteriores. O mesmo ocorreu com as vendas de veículos e autopeças, que registraram +0,7% em nov/21, embora neste caso, o período anterior de perdas tenha sido menor.

                           

                          À exceção de material de construção, todos estes segmentos do varejo anteriormente citados estão entre os ramos mais distantes do pré-pandemia. Em alguns casos, 2021 trouxe expressivo retrocesso, a exemplo de móveis e eletrodomésticos, que em dez/20 estavam 8,5% acima de fev/20 e agora em nov/21 ficaram 14,8% abaixo deste patamar.

                          Com uma defasagem de dois dígitos também se encontravam combustíveis e lubrificantes (-12,5%) e equipamentos de escritório, informática e comunicação (-12,8%). Para veículos e autopeças, assim como para vestuário e calçados, 2021 não agravou a situação em comparação com o pré-pandemia, mas também não ajudou. No primeiro caso o nível de vendas está 5,9% aquém de fev/20 e no segundo caso, 7,5% abaixo, o que representa um quadro muito próximo ao que estavam em dez/20 (-5,6% e -7,8%, respectivamente).

                           

                          Serviços

                          Assim, como o varejo, o setor de serviços caminhou em direção oposta à indústria em nov/21. Enquanto a produção industrial recuou -0,2%, como vimos anteriormente, o faturamento real dos serviços avançou +2,4% ante out/21, mais forte portanto que a expansão do comércio varejista.

                           

                          Ainda assim, há sinais de certa desaceleração do crescimento dos serviços. A alta de nov/21 foi suficiente apenas para compensar as perdas do bimestre set-out/21 e três dos cinco segmentos acompanhados pelo IBGE permanecem abaixo do nível de faturamento do pré-pandemia: serviços prestados às famílias (-11,8% ante fev/20), os profissionais e administrativos (-4,2%) e outros serviços (-2,5%).

                           

                          À exceção dos serviços às famílias, que tendem ser os mais favorecidos pela melhora da situação sanitária, já que em geral exigem contato físico e mobilidade, ainda é pouco favorável o quadro dos serviços profissionais, administrativos e complementares, cujo faturamento não cresce desde jul/21, e dos outros serviços, cuja alta de nov/21 ficou longe de compensar as quedas anteriores.

                          Entre os melhores desempenhos no penúltimo mês de 2021, estão os serviços de informação e comunicação, que, embora venham oscilando no período recente, cresceram +5,4% ante out/21, anulando as perdas anteriores. O principal impulso veio dos serviços de tecnologia da informação (+10,7% ante out/21), que, como se sabe, possuem um caminho promissor de expansão dado o processo de digitalização da economia. 

                           

                          Os serviços de transportes, armazenagem e correios, que respondem por quase 1/3 do total do setor, também ficaram no azul. Apesar disso, tem sido fraco seu dinamismo na segunda metade de 2021. Como é um ramo bastante dependente da evolução do nível geral de atividade econômica, notadamente, do crescimento industrial e do comércio, tal desempenho não chega a surpreender. Isso sem falar nos efeitos do persistente aumento dos preços dos combustíveis.

                           

                          A alta de 1,8% do faturamento real dos serviços de transportes só compensou o recuo de set-out/21. Como os meses anteriores também não foram bons, encontram-se praticamente no mesmo patamar que estavam no final da primeira metade de 2021. Além disso, o avanço de nov/21 deve-se muito ao transporte aéreo (+7,6%), mais vulnerável à evolução da pandemia e, portanto, com continuidade incerta. No transporte terrestre, o crescimento foi bem menor (+0,7%).

                           

                           
                          IMPRIMIR
                          BAIXAR

                          Compartilhe

                          Veja mais

                          Carta IEDI
                          Carta IEDI n. 1311 - Um começo de ano fraco e incerto
                          Publicado em: 30/04/2025

                          Em fev/25, a indústria brasileira somou cinco meses consecutivos sem crescimento, um quadro que se agrava com o aumento das incertezas mundiais.

                          Carta IEDI
                          Carta IEDI n. 1310 - Destaques do comércio exterior do Brasil
                          Publicado em: 28/04/2025

                          Em 2024, o Brasil comprou mais e de mais parceiros internacionais do que conseguiu ampliar e diversificar nossas exportações de manufaturados, o oposto do que precisaria fazer para enfrentar as mudanças atuais no comércio mundial.

                          Carta IEDI
                          Carta IEDI n. 1309 - Brasil e Mundo: divergência do desempenho industrial no final de 2024
                          Publicado em: 17/04/2025

                          No 4º trim/24, enquanto a indústria brasileira se desacelerava, o dinamismo da indústria global ganhou força, apesar do aumento de tensões e incertezas.

                          Carta IEDI
                          Carta IEDI n. 1308 - Brasil no Panorama Global da Indústria
                          Publicado em: 07/04/2025

                          O Brasil melhora sua posição no ranking global da manufatura, mas sem ampliar sua participação no valor adicionado total do setor.

                          Carta IEDI
                          Carta IEDI n. 1307 - Indústria estável, mas com poucos freios na entrada de 2025
                          Publicado em: 28/03/2025

                          Embora a produção industrial tenha ficado estagnada em janeiro de 2025, foram poucos os ramos e os parques regionais a registrarem declínio.

                          Carta IEDI
                          Carta IEDI n. 1306 - A Indústria por Intensidade Tecnológica: especificidades de 2024
                          Publicado em: 14/03/2025

                          A indústria de transformação ampliou sua produção em 2024, apresentando especificidades em relação à última década, o que também inclui a distribuição deste dinamismo entre suas diferentes faixas de intensidade tecnológica.

                           

                          English version of this text

                          Carta IEDI
                          Carta IEDI n. 1305 - O Brasil e a guerra comercial entre EUA e China
                          Publicado em: 10/03/2025

                          Há muitos produtos coincidentes que Brasil e China exportam para os EUA e nossos embarques poderiam ser favorecidos com a imposição de alíquotas sobre as exportações chinesas.

                           

                          English version of this text

                          Carta IEDI
                          Carta IEDI n. 1304 - Ano de crescimento, mas com inflexão à vista
                          Publicado em: 28/02/2025

                          Em 2024, todos os grandes setores econômicos se expandiram e a um ritmo superior ao de 2023, mas uma desaceleração já se avizinha, como resultado do aumento da Selic.

                           

                          English version of this text

                           
                          Carta IEDI
                          Carta IEDI n. 1303 - O aumento dos juros e o crédito no final 2024
                          Publicado em: 24/02/2025

                          No último trimestre de 2024, embora a inadimplência tenha continuado a cair, as taxas médias de juros já apontam elevação, na esteira da alta da Selic. O dinamismo creditício ainda se mostrou resiliente.

                           

                          English version of this text

                           
                          Carta IEDI
                          Carta IEDI n. 1302 - Melhora do saldo comercial em 2024 apenas na indústria de média-baixa tecnologia
                          Publicado em: 12/02/2025

                          Em 2024, embora as exportações de bens industriais de alta tecnologia e de média-baixa tenham aumentado, apenas este último grupo melhorou seu saldo de balança.

                           

                          English version of this text

                           

                           

                           

                          INSTITUCIONAL

                          Quem somos

                          Conselho

                          Missão

                          Visão

                          CONTEÚDO

                          Estudos

                          Carta IEDI

                          Análise IEDI

                          CONTATO

                          55 11 5505 4922

                          instituto@iedi.org.br

                          Av. Pedroso de Morais, nº 103
                          conj. 223 - Pinheiros
                          São Paulo, SP - Brasil
                          CEP 05419-000

                          © Copyright 2017 Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Todos os direitos reservados.

                          © Copyright 2017 Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.
                          Todos os direitos reservados.