Carta IEDI
Produtividade do Trabalho na Indústria
Com base nos dados das pesquisas mensais industriais, estimamos um pequeno crescimento da produtividade do trabalho na indústria em 2003: 0,4%. Por outro lado, as informações das Contas Nacionais para o período 1999/02 dão conta de que a produtividade do trabalho apresentou taxa negativa 0,6% como média anual. Portanto, já são cinco anos em que a produtividade do trabalho na indústria declina ou, se tanto, se mantém estagnada.
Crescer mais e ativar programas, como o ModerMaq, o programa recentemente anunciado no âmbito na política industrial do governo destinado ao financiamento da modernização industrial, além de outros programas de promoção industrial e tecnológica previstos na Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior do governo, são instrumentos relevantes e que podem auxiliar o setor em reencontrar o caminho do aumento de produtividade.
Recente estudo do IEDI (Produtividade do Trabalho na Indústria: Evolução Recente,disponível no site www.iedi.org.br) levanta esses pontos, assim como outros, como a evolução da produtividade nos diversos setores da indústria e segundo os estados brasileiros.
O estudo mostra que nos anos 1990 marcaram a retomada do crescimento da produtividade do trabalho na indústria brasileira, que desde a segunda metade da década de 1980 apresentava-se estagnada. De fato, de acordo com dados das Contas Nacionais, de 1990 a 2002, o produto médio do trabalhador nas indústrias de transformação e extrativa mineral cresceu 2,6% ao ano. O crescimento da produtividade se deu, na maior parte do período, com decréscimo acentuado no nível de emprego e com baixo investimento em formação de capital fixo. A retomada do crescimento da produtividade do trabalho ao longo dos anos 1990 pode ser interpretada como uma demonstração do poder de modernização das empresas industriais brasileiras.
Há diferenças significativas nos sub-períodos compreendidos nesses 12 anos.
1900/93. Neste período marcado pela alta inflação, baixo crescimento e fase inicial do processo de liberalização comercial, a taxa média de crescimento da produtividade do trabalho foi bem expressiva, de 4,5% ao ano, resultado de queda anual no emprego de 3,2% e expansão do PIB industrial de 1,2% ao ano. Esta fase marcou o recuo mais acentuado do emprego industrial na década, e tem sido identificada como um período em que as empresas industriais realizaram um ajuste defensivo.
1994/98. Período de estabilização do nível geral de preços, valorização cambial e aprofundamento do processo de liberalização comercial, além da intensificação de reformas econômicas como a privatização de empresas estatais. A taxa média de crescimento da produtividade manteve-se elevada, 4% ao ano, resultado este ainda obtido com a contração no nível de emprego. O produto cresceu 2,3% em termos médios anuais, enquanto o emprego declinava 1,7%. A manutenção de elevado crescimento da produtividade com retração no emprego sugere que esta fase foi a mais intensa em termos de ajustes visando a modernização da estrutura produtiva, apesar do baixo nível de investimento agregado.
1999/02. No período posterior à introdução do câmbio flutuante, a produtividade declinou, acusando uma taxa média de crescimento negativa de -0,6% ao ano. Diferentemente das fases anteriores, o emprego voltou a crescer. O produto cresceu em média 2,2% anualmente e o emprego, 2,7%.
Em resumo, no contexto de abertura econômica, com estabilidade de preços e sobrevalorização cambial, a modernização do parque industrial, levou ao crescimento da produtividade com forte retração do emprego. Em uma fase mais recente, esse padrão de crescimento da produtividade se alterou, de forma que as menores taxas de crescimento da produtividade foram acompanhadas de ligeira expansão do emprego. Ou seja, nos últimos anos dos 90 e anos iniciais da presente década, o menor crescimento da produtividade veio acompanhado de manutenção no nível de emprego, sugerindo que uma retomada do crescimento da produtividade dependerá de um aumento no nível de investimento da economia.
Devemos observar, contudo, que no biênio 2002/03, a maioria dos setores que cresceram produtividade reduziram o emprego, parecendo indicar que, infelizmente, depois de um curto intervalo, foi retomado o padrão dos anos 1990, com o emprego industrial arcando com o custo dos ganhos de produtividade. Isso é especialmente preocupante no momento atual em que as taxas de desemprego estão em níveis muito elevados. Este fato mostra também como é difícil em um contexto de uma economia mais aberta e globalizada, um incremento sustentável do emprego industrial: nos treze anos analisados em apenas quatro incrementos de produtividade ocorreram com taxa positiva de expansão do emprego.
Cabe observar também que em termos de estrutura industrial, setores mais intensivos em mão de obra perderam espaço para setores mais intensivos em capital. Esta mudança agrava o problema da absorção de mão de obra pela indústria. Por definição, a expansão do emprego, com crescimento da produtividade da mão de obra, implica que o crescimento do produto seja superior ao crescimento da produtividade. Com a estrutura industrial mais concentrada em setores menos absorvedores de mão de obra, a recuperação do nível de emprego industrial dependerá do crescimento da produção ocorrer a níveis bem superiores aos observados nos últimos anos.

Por fim, a questão que fica em aberto é se o acréscimo da produtividade que vem ocorrendo na indústria é suficiente em termos das necessidades da economia brasileira para competir em um mundo globalizado, tanto considerando a magnitude quanto a distribuição setorial. Este último ponto, ou seja, quais setores estão expandindo mais rapidamente a produtividade tem sido pouco destacado no debate econômico e é preocupante, pois as estatísticas sugerem uma crescente concentração do incremento do produto por trabalhador onde este já está em níveis muito elevados. Além do mais, observe-se que neste grupo, não está incluído, por exemplo, a maior parte da agroindústria, setor fundamental para o esforço exportador do país.
O estudo faz ainda uma análise detalhada dos setores de maior e menor crescimento da produtividade nos períodos 1990-2002 e 2002-2003. Para este último período, apresenta informações sobre a evolução da produtividade do trabalho a nível regional.
Alguns resultados mais destacados são:
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No período 1990-2002, dentre os setores com crescimento da produtividade acima da média da indústria, destacam-se aqueles mais intensivos em capital e as indústrias ligadas ao setor alimentício, fabricação de minerais não metálicos e indústria de papel e gráfica. Em geral, nesse grupo de indústrias, a evolução da produtividade esteve associada à diminuição no nível de emprego. Setores como os de material elétrico, refino de petróleo, siderurgia e automóveis registraram elevado crescimento da produtividade devido ao crescimento expressivo do produto e retração acentuada do emprego.
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Os setores com desempenho acima da média da indústria em termos de produtividade em 2002-2003 predominantemente são “modernos”, com a exceção de madeira e outros produtos, e tiveram majoritariamente aumento de produção e queda no emprego. Na posição abaixo da média, destacam-se os setores “tradicionais” e segmentos com contração na produção e, em menor medida, de emprego.
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A nível regional, para o período 2002-2003, a indústria nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro puxaram a média nacional de crescimento da produtividade do trabalho (4,2% no acumulado do período). Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná registraram taxas inferiores à média e em Pernambuco, Ceará e Santa Catarina a produtividade declinou.
Leia mais sobre o tema no texto abaixo.
A produtividade do trabalho de 1990 a 2002. Os anos 1990 marcaram a retomada do crescimento da produtividade do trabalho na indústria brasileira, que desde a segunda metade da década de 1980 apresentava-se estagnada. De 1990 a 2002, último ano disponível para os dados em valor das Contas Nacionais, o produto médio do trabalhador nas indústrias de Transformação e Extrativa Mineral cresceu 2,6% ao ano. O crescimento da produtividade se deu, na maior parte do período, com decréscimo acentuado no nível de emprego e com baixo investimento em formação de capital fixo.
Até 1997 as taxas de crescimento da produtividade foram positivas, e as do emprego negativas ou próximas de zero. A partir do ano de 1997, o aumento da produtividade desacelera. A produtividade industrial voltou a crescer em 2001 e 2002, com taxas positivas de expansão no produto e no emprego, mas com percentuais bem inferiores aos observados na primeira metade dos anos 1990. Assim, observa-se que ao longo dos anos o padrão de crescimento da produtividade se alterou, passando de uma fase inicial de alto crescimento com forte retração no emprego, para uma fase mais recente, de taxas menores de crescimento da produtividade, mas com ligeira expansão do emprego.


Evolução da produtividade em três momentos. É possível identificar três sub-períodos marcados por características significativas no cenário macroeconômico.
- 1900/93. Período anterior ao Plano Real, foi marcado pela alta inflação, baixo crescimento e fase inicial do processo de liberalização comercial. A taxa média de crescimento da produtividade do trabalho foi bem expressiva, de 4,5% ao ano, resultado de queda anual no emprego de 3,2% e expansão do PIB industrial de 1,2% ao ano. Esta fase marcou o recuo mais acentuado do emprego industrial na década, e tem sido identificada como um período em que as empresas industriais realizaram um ajuste defensivo.
- 1994/98. Já no período posterior ao Plano Real, há estabilização do nível geral de preços, valorização cambial e aprofundamento do processo de liberalização comercial, além da intensificação de reformas econômicas como a privatização de empresas estatais. A taxa média de crescimento da produtividade manteve-se elevada, 4% ao ano, porém este resultado foi obtido ainda com a contração no nível de emprego. O produto cresceu 2,3% em termos médios anuais, enquanto o emprego declinava 1,7%. A manutenção de elevado crescimento da produtividade com retração no emprego sugere que esta fase foi a mais intensa em termos de ajustes visando a modernização da estrutura produtiva, apesar do baixo nível de investimento agregado.
- 1999/02. No terceiro período (1999 a 2002), que é posterior à introdução do câmbio flutuante, a produtividade declinou, acusando uma taxa média de crescimento negativa de -0, 6% ao ano. Diferentemente das fases anteriores, o emprego voltou a crescer. O produto cresceu em média 2,2% anualmente e o emprego, 2,7%.
Desempenho setorial. As informações das Contas Nacionais também permitem uma avaliação do desempenho de setores da indústria. Na tabela a seguir, estes foram divididos em setores mais ou menos produtivos em relação à taxa de crescimento da produtividade da indústria geral no período 1990 a 2002. A comparação das taxas de crescimento do produto e do emprego no período indicam a contribuição de cada variável ao crescimento da produtividade.


Dentre os setores com crescimento da produtividade acima da média da indústria, destacam-se aqueles mais intensivos em capital e as indústrias ligadas ao setor alimentício, fabricação de minerais não metálicos e indústria de papel e gráfica. Em geral, nesse grupo de indústrias, a evolução da produtividade esteve associada à diminuição no nível de emprego ao longo do tempo. As exceções foram os setores de fabricação de máquinas e tratores, indústria do açúcar e outras indústrias alimentares. Esta última teve a maior taxa de expansão do produto nesse grupo. Setores como os de material elétrico, refino de petróleo, siderurgia e automóveis registraram elevado crescimento da produtividade devido ao crescimento expressivo do produto e retração acentuada do emprego.

Os setores de menor crescimento da produtividade, em geral, apresentaram expansão no emprego, à exceção das indústrias têxtil e de fabricação de calçados onde os níveis de emprego em 2002 situaram-se bem abaixo dos níveis alcançados em 1990. Nesse grupo, merece destaque o setor de extração de petróleo que registrou taxas muito expressivas de crescimento do produto e do emprego.
A tabela abaixo permite diferenciar o comportamento das indústrias mais e menos dinâmicas em cada conjuntura macroeconômica. As indústrias de maior produtividade, a despeito da forte contração no emprego, registraram crescimento positivo da produção nos dois primeiros sub-períodos. As indústrias com menor crescimento da produtividade contraíram o emprego na primeira e na segunda fase, registrando queda de produção na primeira fase e aumento no período 1994/98. A partir do final da década e nos primeiros anos deste século, a taxa de expansão do produto foi semelhante nos dois grupos, com expansão do emprego em ambos, porém a taxas bem mais elevadas no grupo de indústrias de menor dinamismo em termos de evolução da produtividade.

Na tabela a seguir estão relacionados os setores da indústria de transformação (excluiu-se a Extrativa Mineral) em ordem decrescente do produto médio em 1990 e é indicada a participação percentual de cada setor no produto e no emprego nos anos de 1990 e 2002. Pode-se avaliar, assim, como mudou a estrutura da indústria ao longo desses anos.
Observa-se que os dez setores de maior produto médio contribuíram com 36% do valor adicionado da indústria em 1990 e 43% em 2002. Do ponto de vista do emprego, estas participações passaram de 12% para 9%. Assim, a mudança na estrutura industrial ocorreu no sentido de concentrar mais a parcela da produção em setores mais intensivos de capital. O aumento da contribuição dos setores com um produto por trabalhador relativamente maior foi acompanhado de um aumento na dispersão do produto médio entre os setores industriais. Uma indicação do aumento da dispersão é a variação do coeficiente de variação (desvio padrão dividido pelo produto médio da indústria) que se elevou de 1,96 em 1990 para 5,35 em 2002.
Merecem destaque os setores de refino de petróleo, fabricação de tratores e de siderurgia, devido ao ganho em termos de participação no produto entre 1990 e 2002. As indústrias têxteis, de vestuário e de plástico foram, por outro lado, as que mais perderam posição relativa no produto, sendo que a indústria têxtil também perdeu posição no emprego.
Em resumo, no contexto de abertura econômica, com estabilidade de preços e sobrevalorização cambial até 1998, a modernização do parque industrial, levou ao crescimento da produtividade com retração do emprego. Nos últimos anos dos 90 e anos iniciais da presente década, o menor crescimento da produtividade veio acompanhado de manutenção no nível de emprego, sugerindo que uma retomada do crescimento da produtividade dependerá de um aumento no nível de investimento da economia.
Vimos também que em termos de estrutura industrial, setores mais intensivos em mão de obra perderam espaço para setores mais intensivos em capital. Esta mudança agrava o problema da absorção de mão de obra pela indústria. Por definição, a expansão do emprego, com crescimento da produtividade da mão de obra, implica que o crescimento do produto seja superior ao crescimento da produtividade. Com a estrutura industrial mais concentrada em setores menos absorvedores de mão de obra, a recuperação do nível de emprego industrial dependerá do crescimento da produção ocorrer a níveis bem superiores aos observados nos últimos anos.

A evolução da produtividade em 2002 e 2003. A divulgação em maio deste ano da nova série da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF) tornou possível analisar a evolução da produtividade da indústria brasileira com base em estatísticas mensais nacionais e que utilizem a nova Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE.
Os anos de 2002 e 2003 foram de forte instabilidade macroeconômica, com acentuada desvalorização (2002) seguida de valorização (2003) do Real, maior inflação e elevadas taxas de juros, fatores que levaram a uma desaceleração da atividade produtiva e retração industrial. Como conseqüência, em 2002 a indústria geral cresceu apenas 2,7% e, em 2003, registrou uma leve queda de -0,1%. Neste contexto, não é de se estranhar que o crescimento da produtividade industrial (3,8% em 2002 e 0,4% em 2003) fosse acompanhado de queda no emprego na indústria (-1,0% e -0,5% respectivamente).
Em termos setoriais, neste biênio a queda do emprego foi uma constante, sendo mais expressiva em máquinas e aparelhos elétricos e eletrônicos (-11,9% em 2002 e -4,1% em 2003) e fabricação de outros produtos industriais (-6,2% e -7,6% respectivamente). As exceções, nos dois anos, ficaram com refino de petróleo, extrativa mineral, alimentos e bebidas, fumo e máquinas e equipamentos.
Ao contrário do emprego, a produção industrial mostrou um comportamento bem diferenciado no biênio. Em 2002, a maioria dos setores ainda registraram aumento de produção, mas em 2003, a situação se inverteu. Os destaques positivos ficaram com extrativa mineral (19,0% em 2002 e 3,5% em 2003), madeira (4,4% e 5,3% respectivamente) e metalúrgica básica (3,6% e 5,8%, respectivamente). Do lado negativo, destacam-se os setores de máquinas e aparelhos elétricos e eletrônicos (-11,9% e -4,1%), fabricação de outros produtos da indústria de transformação (-6,2% e -7,6%) e minerais não-metálicos (-2,4% e -5,5%).
O desempenho setorial da produtividade foi mais próximo do da produção física, ou seja: em 2002 a maioria dos setores apresentou aumento de produtividade e, em 2003, redução. As taxas mais expressivas de aumento de produtividade no acumulado dos dois anos foram as da extrativa (18,7% em 2002 e 0,6% em 2003), máquinas e aparelhos elétricos e eletrônicos (6,3% e 4,8% respectivamente). As piores marcas ficaram com fumo (-47,7% e -7,9%) e refino de petróleo (-27,5% e -13,3%) Nestes dois últimos, o resultado foi, paradoxalmente, determinado por um expressivo aumento do emprego conjugado com queda na produção.
Os dados das pesquisas mensais do IBGE, assim como as estatísticas das Contas Nacionais, apontavam nos anos 1990 um padrão de crescimento da produtividade, no qual se combinava crescimento da produção com queda no emprego. Também indicava que a relação positiva entre produção e emprego, embora enfraquecida, permanecia válida. Os dois últimos anos aqui analisados mostram uma realidade um pouco diferente.
Não existe no biênio, seja para 2002 isoladamente seja para o acumulado do período, correlação estatisticamente significativa entre a variação do produto e do emprego industrial. A correlação é significativa apenas em 2003, um ano de retração industrial. Portanto quando a produção cai, o emprego acompanha (2003), mas quando há crescimento da produção isso tem pouco impacto sobre a evolução do emprego (2002).
Como os dois últimos anos foram de baixo dinamismo econômico, na maioria dos setores o aumento de produtividade seguiu um padrão diferente do vigente nos anos 1990. No biênio, em termos relativos (5 para um total de 18 setores), predominou o incremento da produtividade como fruto da contração conjunta da produção e do emprego, mais intenso nesta última variável.
Em segundo lugar, (envolvendo 4 setores e a indústria geral) aparece o padrão dos anos 1990, qual seja, maior produção e menor emprego. Apenas em três segmentos o acréscimo da produtividade foi acompanhado pela variação positiva simultânea da produção e do emprego. Em quatro das seis indústrias onde ocorreram decréscimos de produtividade, esta se deveu ao movimento de contração da produção com aumento do emprego.
Os setores com desempenho acima da média da indústria em termos de produtividade em 2002-2003, predominantemente são “modernos”, com a exceção de madeira e outros produtos, e tiveram majoritariamente aumento de produção e queda no emprego. Na posição abaixo da média, destacam-se os setores “tradicionais” e segmentos com contração na produção e, em menor medida, de emprego.


Desempenho regional. Os resultados regionais para o acumulado do período 2002-2003 apresentam um quadro bem diferenciado. Note-se que apenas no Paraná, o aumento de produtividade no setor industrial (de apenas 0,4%) foi acompanhado de incrementos na produção e no emprego.
No extremo positivo, com taxas muito elevadas, ficaram Espírito Santo (23,8%) e Rio de Janeiro (20,8%). Como ponto em comum, os dois estados têm um setor extrativo mineral (petróleo) com muito peso e que, nos anos 1990, apresentou alto incremento de produção e produtividade. Este padrão se manteve para Espírito Santo, onde o acréscimo de produtividade da extrativa foi de 59,5% sendo determinado pela variação da produção (43,6%) e foi este setor que garantiu a elevada taxa do estado. No Rio de Janeiro o quadro é diferente. A extrativa teve queda de produtividade (-5,0%) e o resultado do estadofoi fortemente influenciado pela metalúrgica básica (43,7%), um setor que acusou expressivo aumento de produção (31,1%) e diminuição no emprego (-8,8%).

No outro extremo, Santa Catarina (-17,5%), Ceará (-3,6%) e Pernambuco (-1,9%), foram os únicos estados com taxas negativas de crescimento da produtividade. No primeiro caso, o fator determinante foi uma expressiva contração da produção industrial (-17,5%), a maior dentre os locais aqui analisados. A queda na produção foi generalizada no estado, pois no acumulado do biênio apenas dois setores apresentaram desempenho positivo (minerais não metálicos e máquinas e equipamentos). No Ceará o quadro é bem diferente. Sua produção teve apenas uma ligeira diminuição (-0,7%), mas que foi acompanhada de um aumento do emprego (3,1%). Este último resultado foi influenciado pelo aumento do número de postos de trabalho em calçados (24,6%) e metalurgia básica (13,8%). A situação de Pernambuco foi similar a do Ceará: contração na produção (-1,2%) e aumento de emprego (0,7%), neste último caso, devido ao aumento em papel e gráfica (27,0%), refino de petróleo e álcool (23,7%) e alimentos e bebidas (13,5%).
Bahia (4,2%) se igualou à média nacional em termos de crescimento da produtividade e os demais estados ficaram com desempenhos positivos mas abaixo desta marca. Neste grupo, Minas Gerais (3,4%) e São Paulo (3,1%) obtiveram os melhores resultados. Na Bahia o incremento da produtividade foi determinado pela variação negativa no emprego (-4,4%) em um percentual bem superior ao da produção (-0,5%). Neste estado a contração do emprego predominou na maioria absoluta dos setores industriais. Em Minas Gerais houve um certo equilíbrio entre elevação na produção (1,3%) e diminuição do emprego (-2,0%), que também preponderou nas diferentes atividades industriais. São Paulo, não seguiu o padrão Brasil e teve decréscimo de produção (-1,5%) e de emprego (-4,5%). A diminuição do número de postos de trabalho foi quase generalizada na indústria desse estado, destacando-se, pela magnitude, os setores de máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos e de comunicação (-24,7%) e vestuário (-19,7%).
Rio Grande do Sul (1,7%) e Paraná (0,4%) ficam com as menores taxas positivas. O primeiro seguiu o padrão nacional com aumento de produção (0,5%) e queda no emprego (-1,2%). Já no Paraná, houve crescimento tanto da produção (3,1%), quanto do emprego (2,7%), com variações muito próximas em magnitude.