Análise IEDI
Dificuldades de avançar
Em fev/22, a indústria cresceu +0,7% frente ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais, de acordo com os dados divulgados hoje pelo IBGE. A despeito de acentuada oscilação dos resultados na virada do ano, este último resultado coloca o setor no mesmo nível em que se encontrava em ago/21, indicando as dificuldades de avançar de modo mais consistente.
Esta primeira alta do ano para a indústria como um todo derivou de expansões na maioria dos ramos do setor: 16 dos 26 acompanhados pelo IBGE ou 61,5% do total. Ficaram igualmente no positivo todos os quatro macrossetores, com bens de capital registrando o melhor resultado (+1,9% ante jan/22) e bens de consumo duráveis apresentando a variação mais modesta (+0,5%). Ambos os casos, porém, contaram com a ajuda de bases muito baixas de comparação, dado o forte recuo registrado na entrada do ano.
Apesar desta disseminação de variações positivas, o crescimento segue fraco. Tanto é que frente ao início do ano passado, as quedas persistem: -4,3% em fev/22, embora tenha tido um dia útil a mais do que fev/21, e -5,8% no primeiro bimestre de 2022. Todos os macrossetores ficaram no vermelho, como mostram as variações interanuais a seguir.
• Indústria geral: -5,0% em dez/21; -7,2% em jan/22 e -4,3% em fev/22;
• Bens de capital: +3,7%; -8,1% e -5,0%, respectivamente;
• Bens intermediários: -4,1%; -5,0% e -2,6%;
• Bens de consumo duráveis: -16,7%; -25,8% e -17,6%;
• Bens de consumo semi e não duuráveis: -7,5%; -8,4% e -4,9%, respectivamente.
Bens de consumo duráveis continuaram caindo a ritmo acelerado: -17,6% em fev/22 e -21,6% no 1º bim/22 ante o mesmo período do ano anterior. Já são sete meses seguidos de quedas de dois dígitos nesta comparação. Praticamente todos os grupos de bens de consumo duráveis tiveram perdas expressivas em jan-fev/22: -24,2% em automóveis, -23,7% em eletrodomésticos e -39,6% em móveis, por exemplo.
Já o macrossetor de bens de capital, ao que parece, deixou de ser exceção e entrou em fase de recuos persistentes, acumulando -6,5% no 1º bim/22. Dois grupos de produtos puxam o desempenho para baixo: bens de capital para transporte (-9,1%) e principalmente bens de capital para a própria indústria, que registrou -14,9% no período, depois de -9,5% no 4º trim/21, sinalizando menos investimentos no setor.
A produção de bens de consumo semi e não duráveis, que sente mais claramente o efeito da corrosão do poder de compra da população pela inflação, caiu -6,7% em jan-fev/22 e já está há oito meses no negativo. As quedas mais intensas ficam por conta de produtos cujo consumo pode ser adiado mais facilmente pelas famílias: calçados (-19,7% ante o 1º bim/21), vestuário (-20,9%) e têxteis (-23,7%).
Bens intermediários, a seu turno, a despeito das notícias de falta de insumos em muitas cadeias, também reduziram produção, em -3,8% no 1º bim/22. Quem mais contribuiu para isso foram: intermediários da indústria automobilística (-11%) e da construção (-10%), embalagens (-15,3%) e intermediários têxteis (-23,1%).
Segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal do mês de fevereiro de 2022 divulgados hoje pelo IBGE, a produção da indústria nacional registrou expansão de 0,7% frente ao mês de janeiro na série com ajuste sazonal.
O acumulado em doze meses registrou acréscimo de 2,8% e considerando o acumulado do ano houve retração de 5,8%. Em comparação ao mesmo mês do ano anterior (fevereiro de 2022), aferiu-se retração de 4,3%.
Categorias de uso. Na comparação com o mês anterior (janeiro/2022), para dados sem influência sazonal, todas as categorias analisadas apresentaram variação positivas: bens de capital (1,9%), intermediários (1,6%), bens semiduráveis e não duráveis (1,5%), bens duráveis (0,5%) e bens de consumo (0,3%).
No resultado observado na comparação com o mesmo mês do ano anterior (fevereiro/2021), todas as categorias de uso analisadas apresentaram variação negativa: bens duráveis (-17,6%), bens de consumo (-7,7%), bens de capital (-5,0%), bens semiduráveis e não duráveis (-4,9%) e bens intermediários (-2,6%).
Para o índice acumulado no ano de 2022, registrou-se decréscimo nas cinco categorias analisadas: bens duráveis (-21,6%), bens de consumo (-9,8%), bens semiduráveis e não duráveis (-6,7%), bens de capital (-6,5%) e bens intermediários (-3,8%).
Considerando-se o acumulado em 12 meses, dois dos cinco segmentos analisados apresentaram variação positiva: categorias de bens de capitais (23,4%) e de bens intermediários (2,4%). Para essa mesma comparação, as três categorias restantes apresentaram retração: bens semiduráveis e não duráveis (-1,3%) e bens de consumo (1,2%) e bens duráveis (-0,7%).
Setores. Na comparação de fevereiro de 2022 com o mesmo mês do ano anterior (fevereiro de 2021), houve variação positiva no nível de produção em oito dos 26 ramos pesquisados. As maiores variações positivas foram percebidas nos seguintes setores: outros equipamentos de transporte (41,7%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustível (6,9%), produtos alimentícios (3,4%), produtos de madeira (1,8%), produtos diversos (1,0%), indústrias extrativas (0,9%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (0,4%) e produtos do fumo (0,3%). Por sua vez, as maiores variações negativas ficaram por conta dos seguintes setores: móveis (-28,3%), couro, artigos de viagem e calçados (-22,6%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-19,7%), produtos têxteis (-19,7%), couro, artigos de viagem e calçados (-19,2%), impressão e reprodução de gravações (-16,1%), produtos de metal (-16,1%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,8%).
Na comparação do acumulado do ano de 2022 (janeiro-fevereiro), a produção industrial apresentou variação positiva em seis dos 26 ramos analisados, com as maiores variações observadas em: outros equipamentos de transporte (26,1%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustível (8,5%), produtos de madeira (3,5%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (2,5%), produtos do fumo (2,1%) e produtos alimentícios (1,7%). A categoria de impressão e reprodução de gravações apresentou estabilidade no período. Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores variações negativas foram: móveis (-30,7%), produtos têxteis (-23,2%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-20,9%), couro, artigos de viagem e calçados (-20,9%), produtos de metal (-18,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-17,7%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-17,0%),
Por fim, na comparação do acumulado em 12 meses, a produção industrial apresentou variação positiva em 16 dos 26 ramos analisados, sendo as maiores variações observadas nos seguintes segmentos: outros equipamentos de transporte (27,3%), máquinas e equipamentos (19,7%), impressão e reprodução de gravações (17,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (17,0%) e metalurgia (13,1%). Em sentido oposto, as dez categorias restantes apresentaram variação negativa, sendo as maiores: móveis (-8,9%), produtos alimentícios (-7,3%), perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-6,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-5,2%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2,2%).