Carta IEDI
Investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação na OCDE e nos BRICS
A Carta IEDI de hoje sumariza as principais tendências dos investimentos em ciência, tecnologia e inovações que são objeto do relatório Science, Tecnology and Industry Outlook 2010, divulgado em meados de dezembro pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Este estudo mostra que até a eclosão da crise financeira em 2008, que resultou em uma forte recessão econômica na maioria dos países em todo o mundo, os gastos domésticos com pesquisa e desenvolvimento (GERD, na sigla em inglês) na área da OECD cresceram a uma taxa anual média real de 3,6% entre 1997 e 2007, alcançando variação anual superior a 4% nos anos mais recentes deste período. Em razão da crise global, o aumento real nos gastos de P&D desacelerou entre 2007 e 2008, com a taxa de expansão declinando para 3,1% no conjunto da área OECD. Em termos absolutos, o GERD da OCDE alcançou US$ 935 bilhões em 2008 (em Paridade Poder de Compra corrente – PPC), o equivalente a 2,3% do PIB total.
Todavia, na evolução dos gastos com P&D, observa-se uma grande heterogeneidade entre os países da OCDE. Por exemplo, nos Estados Unidos, onde os gastos com P&D cresceram à taxa média real anual de 3,4% ao longo de 1997-2007, houve aceleração no ritmo de expansão das despesas com P&D em 2008, que se elevaram em 4,5% em termos reais. Em consequência desse expressivo aumento no GERD, a participação americana no investimento total em P&D da OCDE alcançou 42,5% em 2008 (41,9% em 2007). No Japão, os investimentos com P&D, que registraram incremento médio real anual da ordem de 3% entre 1997 e 2007, contraíram 1,2% em termos reais em 2008, o que acarretou queda na participação no GERD total da OCDE, de 16,6% para 15,9% no biênio 2007-2008. Já na União Europeia, as despesas brutas com P&D cresceram 3,4% em 2008, em linha com a média de crescimento anual real verificada ao longo do período de 1997 a 2007, mantendo inalterada em 29,6% sua participação no GERD total da OCDE.
Os gastos domésticos com P&D também continuaram a aumentar nas principais economias emergentes, notadamente, nos países do acrônimo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Dentre os países não-membros da OCDE, o principal destaque é a China, aonde a ampliação do GERD vem se dando em ritmo acelerado desde o início da década de 1990. Em proporção do PIB, os investimentos chineses nas atividades de P&D subiram 0,73% em 1991 para 1,5% em 2008, atingindo um volume equivalente a 13% do GERD total da OCDE (ante a apenas 3% em 1998 e 5% em 2001).
De acordo com o estudo, na Área da OCDE, as empresas privadas continuam respondendo pela maior parte das atividades de P&D (63% em média no ano de 2008). Em trajetória ascendente desde 1998, os gastos privados (BERD) cresceram a uma taxa anual média real de 3,8% no período 1997-2007, desacelerando para 3,4% em 2008 no conjunto da OCDE. Em termos de volume, os gastos realizados pelo setor privado subiram de US$ 619 bilhões em 2007 para US$ 653 bilhões em 2008 em PPC corrente. Em termos individuais, os Estados Unidos o BERD ganhou ímpeto em 2008, registrando variação anual real de 5,1%. Dentre os países emergentes, o destaque novamente é a China, cujo BERD aumentou quase dez vezes a partir de 1997 a 2007. Entre 2007 e 2008, o os gastos chineses com atividades de P&D no setor privado cresceram 17,5% em termos reais, alcançando USS$ 74 bilhões em 2008 (em PPC a valores constantes de 2000). Esse volume corresponde a 13,8% do BERD total da OCDE.
No que se refere ao financiamento das atividades de P&D, o relatório assinala que os investimentos privados em P&D financiados pelas próprias empresas estão aumentando na área da OCDE desde 2004, tendo alcançado 64,5% em 2008 (62,1% em 2004), retornando ao patamar equivalente ao do ano de 2000. No mesmo período, as atividades de P&D financiadas pelo governo decresceram, declinando de 30,3% para 27,6% do funding total, não obstante o aumento da participação das despesas de P&D nos orçamentos governamentais.
Em vários países da OCDE, o orçamento público para P&D cresceu no período 2004-2008 acima do orçamento governamental total. Apesar da crise econômica recente, vários governos na área da OECD mantiveram – e em alguns casos até mesmo ampliaram – o apoio às atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação como meio de promover o crescimento econômico sustentável em longo prazo, especialmente diante da concorrência crescente das economias emergentes. Porém, em razão da deterioração da situação fiscal, alguns países industrializados já anunciaram cortes nos orçamentos anuais de pesquisa e desenvolvimento e ensino superior, o que se traduzirá na redução dos recursos para pesquisa pública e para atividade privada de P&D nos próximos anos. As tendências recentes das políticas e estratégias nacionais em ciência, tecnologia e inovação serão objeto de uma próxima Carta IEDI.
No que se refere aos resultados das atividades de P&D e de inovação, o relatório destaca que o número de patentes cresceu a uma taxa anual média de 2,36% no período 1995-2008. O número de patentes triádicas ¬– patentes registradas simultaneamente nos escritórios de registro de patentes da Europa (EPO, na sigla em inglês), Estados Unidos (USPTO) e Japão (JPO) para garantir a proteção de uma mesma invenção ¬ – aumentou de forma expressiva, passando de 35,5 mil em 1995 para 49,2 mil em 2007. Em 2008, no entanto, em razão dos impactos da crise financeira, o número de patentes triádicas da Área da OCDE diminuiu para 47,8 mil.
Em relação ao Brasil, o estudo destaca que, não obstante as melhoras registradas em algumas áreas nos últimos dois anos, o perfil da ciência e tecnologia nos pais apresenta vários pontos fracos: baixa intensidade do P&D (GERD equivalente a 1,1% do PIB em 2008), sérias carências em termos de qualificação dos recursos humanos nas áreas na área de ciência e tecnologia, pouca produção de patentes (0,3 patentes triádicas por milhão de habitantes em 2008), reduzido percentual de empresas efetuando inovação de produtos e/ou colaborando na realização de inovação. Em contraposição, a crescente produção científica e o número de doutores per capita relativamente elevado são os pontos positivos.
Desenvolvimentos Recentes dos Investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação. Essa oitava edição do relatório bienal sobre as perspectivas da ciência tecnologia e indústria, examina em detalhe os desenvolvimentos recentes e as principais tendências em ciência tecnologia e inovação (CT&I) nas economias da área da OCDE e nas principais economias não-membros, como os integrantes dos BRICS – Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul –, que têm registrado importantes avanços nos campos científicos e tecnológicos.
Os eventos econômicos dos últimos dois anos foram fonte de graves dificuldades para CT&I. Além da retração da demanda, as empresas enfrentaram problemas de disponibilidade de crédito, o que constituiu um sério entrave aos seus esforços para manter a atividade inovadora. Quedas acentuadas no comércio, no investimento estrangeiro e no acesso ao financiamento internacional também tiveram impactos negativos, na medida em que afetaram as cadeias globais de valor que fornecem às empresas experiência técnica, inteligência de mercado, contatos de negócios e parceiros internacionais.
No setor público, o impacto inicial da desaceleração do investimento em pesquisa e inovação pode ter sido amortecido. Os pacotes de estímulo fiscal que forneceram recursos para o financiamento a infraestrutura nacional (por exemplo, estradas, redes de energia, tecnologias da informação e comunicação) também reforçaram as atividades públicas de P&D mediante ampliação do funding para as universidades e instituições governamentais de pesquisa e, destinados à criação de novos laboratórios e à aquisição de novos equipamentos de pesquisa.
Alguns países já anunciaram cortes nos orçamentos anuais de pesquisa e desenvolvimento e ensino superior. Isso reduz os recursos para pesquisa pública e para atividade privada de P&D. Em contraste, outros, como Áustria, Alemanha, Coréia e os Estados Unidos aumentaram recentemente os investimentos em ciência básica, reforçando a pesquisa pública e a qualificação de recursos humanos a fim de melhorar a inovação futura e perspectivas de crescimento.
No curto prazo, a retirada do estímulo fiscal pode enfraquecer a demanda por bens e serviços de empresas inovadoras. Em médio prazo, a necessidade de consolidação fiscal mais ampla pode exercer pressão sobre a capacidade de alguns governos da OECD para manter seus investimentos em ciência, tecnologia e inovação (bem como suporte fundamental áreas como a educação) e também pode contribuir para a demanda global mais fraca. Ao mesmo tempo, no entanto, a falta de consolidação pode também afetar investigação e inovação negativamente. Em particular, a acumulação de elevados níveis de dívida pública pode resultar em elevação das taxas de juros de longo prazo, o que pode afetar a capacidade das empresas em levantar obter capital e também pode deprimir a demanda e o consumo.
De acordo com o relatório, historicamente, os gastos brutos domésticos totais com P&D (GERD) tendem a se mover em linha com a evolução do PIB dos países. Por essa razão é de esperar que a recessão econômica se reflita nos dados de investimento nas atividades de P&D. Em análise realizada para o do período de 1982 a 2007, a OCDE constatou que as variações de GERD são geralmente maiores que movimentos cíclicos no PIB, e que a força da resposta aos ciclos de negócios difere substancialmente entre os países.
Evidências iniciais para 2009 sugerem que a crise financeira e subsequente recessão econômica tiveram um impacto considerável sobre as despesas das empresas com inovação. Uma pesquisa com empresas europeias, realizada em abril de 2009, constatou que, em resposta à recessão econômica, duas a três vezes mais empresas consideravam provável a adoção uma estratégia de "defesa" mediante o corte de custos com inovação, embora tenha havido variações importante entre os países. Também nos Estados Unidos, várias das principais empresas com atuação multinacional apresentaram reduções substanciais em seus gastos de P&D durante os três primeiros trimestres de 2009, incluindo: Microsoft e IBM (nos setores de software/TI/Internet). Intel, Motorola e Texas Instruments (em eletrônica/hardware). Pfizer e Johnson & Johnson (no setor de biofarmacêuticos) e Caterpillar e DuPont (no sector da tecnologia avançada).
Embora ambiente atual apresente riscos e incertezas para atividades de P&D e de inovação, a ciência, tecnologia e inovação podem fazer uma contribuição central para uma bem sucedida saída da recessão e para as perspectivas de crescimento a longo prazo das economias da OCDE e de economias não-membros. De modo geral, a aquisição de conhecimentos, a aplicação das descobertas às necessidades humanas e a incorporação de novas idéias podem ajudar a atender às necessidades e desejos da sociedade de maneira mais eficiente e eficaz.
Inovação não tecnológica também desempenha um papel importante nesse processo, embora seja mais difícil de medir. Por exemplo, a introdução de novos métodos organizacionais ou de novo marketing pode ser um complemento fundamental para a comercialização de novos produtos ou a introdução de novos processos. Estas são dimensões particularmente importantes da inovação em serviços, no qual a produtividade é normalmente menor do que no setor industrial.
Evolução dos gastos com P&D. Os dados oficiais da OCDE sobre o investimento em P&D se baseiam em pesquisas retrospectivas das unidades de execução das atividades de pesquisa e desenvolvimento. Por essa razão, a discussão comparativa dos padrões de gastos de P&D é atualmente limitada até o final de 2008. Os dados para o ano de 2009 só estarão disponíveis em meados de 2011. Assim, ainda que seja possível uma análise inicial do impacto da crise financeira e da recessão econômica nas atividades de P&D e de inovação, a interpretação das variações observadas nos dados exige cautela. Além do fato de que para vários países os dados de 2008 são provisórios, as alterações em muitas das variáveis ocorrem com defasagem em relação às mudanças no ambiente. Igualmente, os dados não refletem os efeitos dos pacotes de estímulos que entraram em vigor a partir de 2009.
Na área da OECD, as despesas com P&D cresceram a uma taxa anual média de 3,6%, em termos reais, entre 1997 e 2007, alcançando variação anual superior a 4% no período recente. Em razão da crise global, o aumento real nos gastos de P&D desacelerou entre 2007 e 2008, com a taxa de expansão declinando para 3,1%.
O exame comparativo da evolução das despesas reais com atividades de P&D ao longo da última década e nos dois últimos anos revela diferenças significativas entre as principais áreas geográficas da OCDE. Nos Estados Unidos, os gastos com P&D cresceram a taxa média real anual de 3,4% ao longo de 1997-2007, superando 4% desde 2005. Em contraste com a média da OECD, os Estados Unidos registraram aceleração no ritmo de expansão das despesas de P&D em 2008, que se elevaram em 4,5% em termos reais. No Japão, os investimentos com P&D registraram o crescimento médio real anual da ordem de 3% entre 1997 e 2007. Contudo, em 2008, apresentaram queda, com variação de -1,2%. Já na União Europeia, as despesas brutas com P&D cresceram 3,4% em 2008, mantendo-se em linha com a média de crescimento anual real verificada no período de 1997 a 2007.
O investimento total dos países da OECD em P&D, expresso pelo o gasto bruto com atividades de P&D (GERD na sigla em inglês) subiu de US$ 890 bilhões em 2007 para US$ 935 bilhões em 2008, em paridade de poder de compra corrente (PPC). Os Estados Unidos respondem por 42,5% do investimento total em P&D em 2008, um pouco abaixo da participação em 1998, mas acima da participação em 2007. Já a participação do Japão declinou de 17,4% para 15,9% entre 1998 e 2008, com uma queda expressiva entre 2007 e 2008. Em contraste, os gastos da União Europeia com P&D foram equivalente a 29,5% da despesa total da OECD em 2008, participação próxima da verificada em 2007.
Quando considerado como proporção do PIB, os gastos da área da OECD com as atividades de P&D aumentaram ligeiramente desde 1998. De pouco mais de 2,1% do PIB total da OCDE em 1998, a intensidade do P&D subiu em 2001, caindo ao longo dos anos seguintes e se recuperam em 2008, quando alcançou 2,3%. Esse compromisso contínuo com a atividade de P&D é também evidente nos dados individuais do Japão, cuja intensidade com P&D subiu de 3% para 3,4% no período 1998-2008, embora com ligeira queda entre 2007 e 2008, e também dos Estados Unidos, cuja intensidade do P&D subiu de 2,6% para 2,8% no mesmo período. Já a União Europeia, partindo de uma base mais baixa, experimentou um aumento lento na sua proporção GERD/PIB, que registrou incremento de 0,14 pontos percentuais ao longo do período, alcançando de 1,8% em 2008.
Em todo o mundo, atividades de CT&I estão se intensificando e se expandindo em um número maior de regiões. As economias não-membro da OCDE tornaram-se importantes players e continuam a aumentar seus gastos em P&D. Os gastos domésticos brutos reais da China com P&D, que representavam 5% do GERD total da OCDE em 2001, saltaram para o equivalente a 13,1% do total da OCDE em 2008. Na Rússia, os gastos com P&D totalizaram US$ 17 bilhões em 2008 (em valores constantes em PPC), equivalente a 2,2% do total da OCDE, próximo das participações do Canadá e da Itália.
O aumento das atividades de C,T&I das economias de países não-membros representa oportunidades e desafios para os países da OCDE. As grandes economias emergentes oferecem mercados de grande consumo, novas fontes de idéias e de pessoas qualificadas e novas oportunidades de colaboração. Assim como o melhor desempenho individual dos países da OCDE em C,T&I é uma fonte combinada de força e oportunidade para expandir o estoque global de conhecimento para gerar crescimento e atender aos desafios sociais, o aumento da atividade e proficiência das economias de países não-membros da OCDE pode proporcionar, em última análise, benefícios globais. Ao mesmo tempo, contudo, a reorganização resultante da produção e da pesquisa força os países da OCDE a adotarem políticas de suporte à realocação de recursos para novas atividades e de ajuda as empresas na adaptação às novas oportunidades e mercados.



Atividades de P&D realizadas pelo Setor Empresarial. Conceitualmente, os gastos privados com P&D (BERD, na sigla em inglês) abrangem as atividades de P&D realizadas por empresas e institutos privados de pesquisa, independentemente da origem do seu financiamento. Nos países da OCDE, o BERD representa a maior parte das atividades de P&D. De modo geral, esses gastos tendem a estar mais estreitamente vinculados à criação de novos produtos e técnicas do que o P&D realizado pelo governo e pelo setor de educação superior.
A comparação da década 1997-2007 com os números mais recentes do BERD em 2008 revela diferenças significativas de desempenho entre os principais países. Na área da OCDE, em trajetória ascendente desde 1998, o total do BERD cresceu a uma taxa anual média real de 3,8% no período 1997-2007, desacelerando para 3,4% em 2008. Em termos de volume, os gastos subiram de US$ 619 bilhões em 2007 para US$ 653 bilhões em 2008 em PPC corrente.
Nos Estados Unidos, o BERD registrou crescimento médio anual real de 3,4% ao longo de 1997-2007. Porém, em contraste com a média da OCDE, o BERD ganhou ímpeto em 2008, registrando variação anual real de 5,1%. Em consequência dessa forte expansão, a participação dos Estados Unidos no BERD total da OCDE subiu de 43,5% em 2007 para 44,3% em 2008. Em contraste, com contração real de 0,5% no BERD em 2008, o Japão perdeu participação no BERD total, declinando de 18,6% em 2007 para 17,9% em 2008. Já na União Europeia, após crescimento real anual médio de 3,5% na década anterior, o BERD expandiu apenas 2,8% em 2008, o que se traduziu em queda na participação do grupo no BERD total da OECD para 26,5%.
Entre as economias não-membro da OCDE, a China se destaca pela expansão extremamente forte do BERD, que aumentou quase dez vezes a partir de 1997 a 2007. Entre 2007 e 2008, o os gastos chineses com atividades de P&D no setor privado cresceram 17,5% em termos reais, alcançando USS$ 74 bilhões em 2008 (em PPC a valores constantes de 2000). Esse volume corresponde a 13,8% do BERD total da OCDE. Na Rússia, o volume do BERD de quase US$ 11 bilhões em 2008 foi equivalente a 2% das despesas totais da OECD. Em Israel, que só recentemente se tornou membro da OCDE, os gastos privados com P&D saltaram de US$ 2,4 bilhões em 1997 para quase US$ 7,5 bilhões em 2008, alcançando um patamar não muito diferente do da Espanha e da Suécia.
A intensidade do gasto privado com P&D, auferida pelo BERD como proporção do PIB, foi de 1,6% em 2008 para a Área da OCDE. Japão e os Estados Unidos registraram intensidade do BERD superior à média, da ordem, respectivamente, de 2,7% e 2% do PIB. Já na União Europeia, a intensidade da BERD em 2008 foi de 1,1%, mantendo-se praticamente inalterada no mesmo patamar desde 1999.
De acordo com o relatório, a análise da evolução da intensidade do BERD entre 1998 e 2008 para os países tomados individualmente revela uma ampla gama de experiências bem diversas. O principal destaque é Israel, com uma intensidade de BERD de quase 4% em 2008, quase o dobro da intensidade de 1998. Na sequência, aparece a Suécia com intensidade do BERD de aproximadamente 2,8% do PIB, seguido da Finlândia, Japão e Coréia. No extremo oposto, aparecem México e Grécia com intensidade do BERD de, respectivamente, 0,18% e 0,16% em 2007. Canadá, França, Países Baixos, Noruega, Polônia, Eslováquia e Reino Unido registraram ligeira queda em sua intensidade do BERD ao longo do período 1998-2008.
Entre as economias não-membros para os quais há dados, Cingapura se destaca por apresentar uma intensidade do BERD de 1,9% em 2008, acima da média da OECD. Na China, a intensidade do BERD, que vem crescendo fortemente desde 1998, quase atingiu 1,1% em 2008, nível equivalente ao do conjunto da União Europeia. Dado o forte crescimento da economia chinesa durante todo este período, o aumento da intensidade do BERD mostra quão intenso foi o aumento dos gastos privados em R&D no país.



Atividades de P&D nos Setores de Educação Superior e Pesquisa. Os gastos de P&D realizados pelo setor de educação superior (HERD na sigla em inglês) representam o menor componente das despesas totais com atividades de P&D nos países membros da OCDE. Em 2008, os gastos totais desse setor na OCDE total atingiram US$ 157 bilhões (em PPC corrente), com Alemanha, Japão, Reino Unido e os Estados Unidos registrando os maiores montantes absolutos de gastos.
O estudo assinala que, ao longo do período 1998-2008, o HERD apresentou uma evolução bem mais volátil do que aquela observado para o GERD e o BERD, embora tenha registrado variações anuais positivas para o conjunto da OCDE. Na área da OCDE, o HERD registrou crescimento médio anual real (PPP de constante de 2000 dólares) de 5,6% ao longo de 1998-2002, declinando para 3,1% ao no em 2002-2007 e, reduzindo-se em seguida para 1,3% em 2008. Dos 25 países da OCDE para os quais existiam dados para os anos de 2007 e 2008, sete (Canadá, República Checa, França, Hungria, Islândia, Japão e Turquia) experimentaram uma queda real no HERD em 2008. Em contraste, o crescimento real mais forte no HERD em 2008 ocorreu em Portugal (41,1%), seguido pela Irlanda (12,8%) e Coréia (12,2%). Fora da área da OCDE, a China expandiu seu HERD 15,7% em termos reais entre 2007 e 2008.
Medida em porcentagem do PIB, a intensidade do HERD na média da OCDE foi de 0,4% em 2008. No âmbito da OCDE, Suécia, Suíça e Dinamarca registraram as intensidades mais elevadas do HERD em 2008, enquanto México e Luxemburgo se situaram no outro extremo da distribuição.
Entre os não-membros, Israel e Cingapura registraram intensidades do HERD relativamente altas em 2008, de 0,58% e 0,55%, respectivamente. Embora a África do Sul e China tenham experimentado crescimento significativo do HERD desde 1998, a intensidade do HERD desses países ficou bem abaixo da média das economias industrializadas.
Os gastos com P&D realizados pelos institutos governamentais de pesquisa (GOVERD, na sigla em inglês) representam uma pequena, mas importante, parte dos gastos domésticos totais de P&D. Em 2008, os gastos totais dos institutos públicos de pesquisa na OCDE somaram quase US$ 103 bilhões (em PPC correntes), dos quais Estados Unidos, Japão, Alemanha e França responderam em conjunto por mais de 70% do total. Nas economias não-membros da OCDE, os gastos da China superaram, em 2008, US$ 22 bilhões em PPC corrente, montante equivalente a mais de metade dos gastos dos Estados Unidos, enquanto na Rússia o volume de gasto dos institutos públicos de pesquisa foi equivalente aos da França.
De 1998 a 2007, o GOVERD na OCDE cresceu a uma taxa média anual real de 1,9%, subindo para 3,4% em 2008. Na União Europeia, o GOVERD registrou crescimento real médio anual de 1,2% no período 1998 a 2007, subindo 4% em 2008. Entre os países não-membros com dados disponíveis, o estudo destaca a China e a Rússia. Na China, o GOVERD expandiu fortemente durante o período 1998 a 2007, com uma média real anual de 10,5%, com ligeiro declínio para 10,3% em 2008. Na Rússia, no entanto, o GOVERD sofreu forte desaceleração com a crise, com a taxa anual média de crescimento declinando de 10,6% no período 1998-2007 para 0,9% em 2008.
Em percentagem do PIB, a intensidade média do GOVERD na OCDE foi de 0,26% em 2008. Islândia e Coréia tinham as intensidades mais elevadas de GOVERD em 2008, seguidas pela Alemanha e Nova Zelândia. A Eslovênia, que se tornou recentemente membro da OECD registrou intensidade GOVERD próxima ao da Alemanha. Já a intensidade do GOVERD na Rússia foi semelhante à França (0,31%), enquanto a da China ficou em 0,28%, logo abaixo ao Japão.


Fontes de Financiamento das Atividades de P&D. De acordo com a OCDE, a discussão das fontes de financiamento se dá, em geral, em termos de grandes setores que executam as atividades de P&D no âmbito doméstico (setor empresarial, governo, educação superior e instituições privadas sem fins lucrativos) e fundos originários do exterior. Os dados referem-se às transferências diretas de recursos para realização das atividades de P&D e não incluem provisões como benefícios fiscais ou isenções ou pagamentos de bônus.
Segundo o relatório, as fontes de financiamento das atividades de P&D na área da OCDE se mantiveram relativamente estável, com o setor privado permanecendo como a principal fonte de funding para as despesas domésticas brutas de P&D. Todavia, nos últimos anos ocorreu ligeira alteração na composição relativa. Desde 2004, os investimentos privados em P&D financiados pelas próprias empresas estão aumentando na área da OCDE, tendo alcançado 64,5% em 2008 (62,1% em 2004), retornando ao patamar equivalente ao do ano de 2000. No mesmo período, as atividades de P&D financiadas pelo governo decresceram, declinando de 30,3% para 27,6% do funding total, não obstante o aumento da participação das despesas de P&D nos orçamentos governamentais. Em inúmeros países membros da OCDE, o orçamento público para P&D cresceu no período 2004-2008 acima do orçamento governamental total.
Todavia, a composição das fontes de financiamento do P&D nos países membros e nos países não membros selecionados é bastante variada. Em termos do financiamento privado do P&D, os países da OCDE podem ser divididos em quatro grupos. No primeiro grupo, que inclui Polônia e Portugal, o setor privado financia menos de um terço das atividades de P&D. No segundo grupo, que inclui treze países entre os quais Itália, Noruega, Espanha, Canadá e Turquia, o setor privado financia entre um terço e metade do P&D. No terceiro grupo, no qual o setor privado financia entre metade e dois terços do P&D, se classificam oito países, tais como França, República Checa e Suécia. No quarto e último grupo, as empresas privadas financiam acima de dois terços de todo o P&D doméstico, estão incluídos Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Coréia, Luxemburgo e Japão.
Os dados para o ano de 2008 mostram que, entre os países membros, a Polônia registrava a mais alta participação do governo no financiamento do P&D (quase 60% do total ante 27,8% da média da OCDE), enquanto o Japão apresentava o percentual mais elevado de financiamento privado das atividades de P&D (quase 78% ante 64,5% da média da OCDE). Fora da área da OCDE, dois países também apresentam elevada participação do setor privado no financiamento do P&D nacional: China (70%) e Israel (77%).
De acordo com o estudo, não existe uma composição “correta” para as fontes de financiamento das atividades de P&D. Em cada país, as modalidades de financiamento são influenciadas pela história, pela estrutura industrial e pela evolução institucional. Embora haja evidências que o financiamento privado do P&D apresenta melhores resultados em termos de produtividade e de retorno sobre o investimento do que o financiamento público, as atividades de P&D realizadas pelos setores público e privado são complementares. Por essa razão, o financiamento intersetorial representa uma forma de colaboração e de partilha dos resultados.
Na área da OCDE, em 2007, cerca de 7% das atividades privadas de P&D foram financiadas pelo governo (9,4% em 1998). Na área da OCDE, em termos individuais, a participação dos governos no financiamento do P&D privado variou entre de 1,1% no Japão a 16,3% na Espanha. No período 1998 a 2008, houve aumento da quota do governo no financiamento do P&D privado em apenas treze países da OCDE. Nos casos da República Checa, Espanha e Turquia, esse aumento foi de 5,0 pontos percentuais ou mais, mas para os demais países o incremento foi pequeno. De acordo com o relatório, a tendência geral de diminuição da participação do governo no financiamento do P&D do setor empresarial é consistente com o aumento da utilização de outras políticas governamentais de incentivo à pesquisa e inovação, particularmente as que envolvem benefício fiscal.
Em contraste, no período 1998 a 2008, ocorreu um ligeiro aumento na participação do setor privado no financiamento das atividades de P&D realizadas nos setores de educação superior e de pesquisa pública, que passou de 5,2% em 1998 para 5,5% em 2008 na média da OCDE. Em termos individuais, a Dinamarca é o país que apresenta a menor participação privada no financiamento do P&D nos setores de educação superior e de pesquisa pública (2% em 2008), enquanto a Turquia registra a mais elevada (15% também em 2008).



Globalização da Pesquisa e da Inovação. Até algumas décadas atrás, as atividades de P&D das empresas multinacionais no exterior se limitavam a adaptação de produtos e serviços às necessidades do país anfitrião. Atualmente, estas empresas buscam explorar não somente o conhecimento gerado em seus países de origem e em outros países como também originam tecnologia internacionalmente e acessam centros mundiais de conhecimento multidisciplinar.
Para avaliar o processo de globalização da ciência e da tecnologia, o estudo traz alguns indicadores da internacionalização do P&D. Um deles é o crescimento das exportações de alta e média-alta tecnologia de economias não-membros da OCDE. As exportações destes bens manufaturados refletem a capacidade dos países para produzir e empregar tecnologia em um nível razoavelmente significativo.
Os dados mais recentes disponibilizados no relatório mostram que os países do grupo dos BRIICS – Brasil, Rússia, Índia, Indonésia, China e África do Sul – experimentaram um forte crescimento em suas exportações de alta e média-alta tecnologia ao longo de 1998-2008, com taxas de crescimento médio anual de, respectivamente, 26% e 25%. Esse movimento foi liderado pela China e pela Índia. Enquanto as exportações de alta tecnologia da China registraram crescimento médio anual de quase 30% no período, as da Índia cresceram a uma taxa média anual de 22%. Com taxas mais baixas, mas acima da média da OCDE (7,8%), as exportações de alta tecnologia do Brasil registraram crescimento médio anual de 16% no mesmo período, a Indonésia 14%, África do Sul 12% e a Rússia 9%.
Os investimentos em atividades de P&D no estrangeiro são indicadores de outra faceta do processo de globalização. Na China, por exemplo, as empresas estrangeiras foram responsáveis em 2008 pelo financiamento de 19% das despesas domésticos com P&D.
A participação crescente de afiliadas de empresas estrangeiras no emprego, no giro e no valor agregado das indústrias domésticas é outro reflexo da natureza cada vez mais globalizada da atividade econômica. Geralmente, as filiais estrangeiras fornecem acesso a novos mercados e novas tecnologias aos operadores locais. Também tendem a investir uma parcela maior das suas receitas em atividades de P&D.
Os dados mais recentes sobre as filiais estrangeiras em uma seleção de países membros da OCDE bem como de economias não-membros mostram que a importância destas empresas nas economias menores da Europa. Na Irlanda, República Checa, Hungria e República Eslovaca, as filiais de empresas estrangeiros foram responsáveis pela geração de mais de 60% do volume de negócios da indústria doméstica em 2006-07. Em termos do emprego industrial, as cinco participações mais elevadas das filiais estrangeiras foram verificadas na Irlanda, República Checa, Estônia, Luxemburgo e República Eslovaca.
Outro indicador da natureza globalizada das atividades de P&D e da inovação é o grau de colaboração internacional em inovação por parte das empresas. Segundo a OCDE, a cooperação durante o processo de inovação é essencial para a difusão do conhecimento e mutuamente benéfica para os colaboradores, uma vez que inclui mobilidade de pessoal e reforça o aprendizado entre empresas, setores e instituições.
Os dados para o período 2004 a 2006 revelam que o grau de colaboração em inovação não guarde nenhuma forte ligação como o tamanho do país ou de sua estrutura industrial. Entre os países membros da OCDE, os dois extremos são: a Finlândia, com mais de 17% das empresas realizaram colaboração internacional e Espanha e Japão com apenas mais de 1% de colaboração. No conjunto dos não-membros da OCDE, a Estônia e a África do Sul tinham níveis relativamente altos de colaboração, aproximadamente 11% e 12%, respectivamente.



Resultado dos Investimentos em P&D. De acordo com o relatório, o registro de patentes e a publicação de artigos científicos funcionam como um espelho dos gastos com atividades de P&D. Segundo a OCDE, as alterações no padrão de investimento em P&D se refletem no patenteamento e também na publicação científica.
Patentes podem ser interpretados como indicadores de invenção (um precursor da inovação), e há uma relação positiva entre contagens de patentes e outros indicadores de desempenho inventivo como a produtividade e a fatia de mercado. No entanto, é importante destacar que, como indicadores de atividade tecnológica, o registro de patentes tem certas limitações, particularmente em termos de cobertura, uma vez que nem todas as invenções são patenteadas ou patenteáveis. Igualmente, existem campos de atividade bastante específicos com distintas propensões para patenteamento. Além disso, muitas patentes não têm aplicação industrial e têm baixo valor social, enquanto algumas patentes possuem valor extremamente elevado.
Já a publicação de artigos científicos é uma medida de pesquisa básica. Descobertas científicas e publicações tradicionalmente têm sido usadas como um indicador da produtividade científica de universidades, instituições de pesquisa governamentais e outras entidades. Os artigos são o principal meio de divulgação e validação de resultados da investigação, e sua disponibilidade relativamente aberta os torna um mecanismo fundamental da transferência de conhecimentos. Como com patentes, no entanto, os artigos têm algumas limitações como um instrumento de avaliação dos resultados das pesquisas, especialmente o viés do idioma inglês, diferenças entre as áreas no que se refere à propensão para publicar em e questões relacionadas à qualidade.
Patenteamento. De acordo com o relatório, no período 1995-2008, o número de patentes cresceu a uma taxa anual média de 2,36%. O número de patentes triádicas – patentes registradas simultaneamente nos escritórios de registro de patentes da Europa (EPO, na sigla em inglês), Estados Unidos (USPTO) e Japão (JPO) para garantir a proteção de uma mesma invenção –¬ aumentou de forma expressiva, passando de 35,5 mil em 1995 para 49,2 mil em 2007. Contudo, em 2008, em razão dos impactos da crise financeira, o número de patentes triádicas da Área da OCDE diminuiu para 47,8 mil.
No período 1998-2008, alguns países registraram crescimento anual extremamente elevado do número de patentes triádicas, com destaque para China (26%), Polônia (17,8%), Coréia (15,8%) e Índia (15,6%).
Os dados mais recentes sobre atividade de patenteamento para os países em termos individuais indicam que, em 2008, a Suíça era o que possuía o número mais elevado de patentes triádicas relativamente à população (113,2 por milhão de habitantes), seguido de perto pelo Japão (110,6 por milhão de habitantes). Nesse mesmo ano, a média da OCDE foi 40 famílias de patentes triádicas por milhão de habitantes, enquanto a mediana foi 19 por milhão de habitantes. Entre os países-membros da OCDE, o México apresentava o menor número de famílias patentes triádicas ajustadas ao tamanho da população (0,4 por milhão de habitantes), abaixo dos níveis de algumas economias não-membros, como Argentina e Brasil.
As economias de países não membros, como as dos BRIICS – Brasil, Rússia, Índia, Indonésia, China e África do Sul – estão fazendo importantes investimentos em tecnologias ambientais, uma área dinâmica com evidente potencial de crescimento e clara relevância prática no contexto dos desafios globais relacionadas à mudança climática, água e alimentos. Desde 1999, a participação dos pedidos de patentes em energias renováveis nas solicitações globais no âmbito do Tratado de Cooperação em Patentes (PCT, na sigla em inglês) aumentou, e os BRIICS seguiram essa tendência. Em 2007, os países do grupo dos BRIICS tiveram uma participação maior do que a média nos pedidos de patentes de energias renováveis nas suas solicitações: quase 1,1% dos pedidos de patentes nessa área ante 0,9% nas aplicações totais no PCT. Este grupo também aumentou suas solicitações de patenteamento para veículos elétricos e híbridos e eficiência energética dos edifícios e iluminação.
Dados sobre ações dos países de diversas patentes de tecnologia ambiental arquivados sob o PCT em 2007 mostram que a BRIICS representou 1,9% dos pedidos de patentes de gestão de resíduos e redução da poluição (semelhantes às solicitações da Áustria e da Bélgica) e de 2,5% das aplicações na área de energias renováveis (padrão semelhante ao da Áustria e Suíça).
De acordo com o relatório, individualmente, a China respondeu, em 2007, por 0,77% dos pedidos de patentes relacionados à redução de poluição (semelhante da Noruega), ainda muito distante do líder no ranking, o Japão que tinha 21,5%. Em energias renováveis, a participação da China nos pedidos de patentes foi de 1,1% (semelhante da Coreia), enquanto a participação da líder Alemanha foi de 23,6%.




Produção científica. À exceção dos Estados Unidos, todos os demais países da OCDE aumentaram a sua produção de artigos científicos entre 1998 e 2008. Na média, a produção de artigos científicos ajustada ao tamanho da população foi de 778 artigos por milhão de habitantes. Dentre os países com produção superior à média, as maiores taxas de crescimento anual no período 1998 a 2008 foram registradas pela Grécia e Irlanda: 9,3% e 7,2%, respectivamente. Outros países membros que registraram altas taxas anuais de aumento na produção científica foram Coreia (12,6%), Luxemburgo (13%), Portugal (11,1%) e Turquia (12,3%).
Entre as economias não membro da OCDE, o principal destaque foi Cingapura, cuja produção científica superou a média da OCDE em 2008, registrando crescimento anual ponderado de mais de 8% durante o período 1998-2008. Também registraram crescimento anual expressivo na publicação de artigos científicos Brasil (11%), China (20%) e Estônia (8%).
De acordo com o relatório, a Suíça replicou sua liderança global em famílias de patentes triádicas, registrando o maior número de artigos científicos ajustado ao tamanho da população em 2008. Em contraste, o México registrou o pior desempenho na mesma base de comparação. Entre os países membros da OCDE, Estados Unidos, Alemanha, Japão e Reino Unido detêm as quatro maiores participações no total da produção científica mundial, respondendo em conjunto por quase 30% dos artigos científicos publicados, enquanto entre os países não-membros os destaques são China, que responde por 12,6% do total mundial, seguida pela Índia, que com fatia de 2,4%, está em patamar próximo ao do Canadá, Itália e Coreia.

Ciência e Inovação nos BRICS. O estudo apresenta igualmente um conjunto de indicadores de desempenho em ciência e inovação para um dos cada país-membro da OCDE e também para um grupo de não-membros – África do Sul, Brasil, China, Índia, e Rússia –, sob a forma de um gráfico radar, que permite avaliar relativamente os seus pontos fortes e debilidades em comparação com a média dos demais. Os indicadores comuns focam os investimentos em pesquisa e inovação, os resultados científicos e de inovações, nas redes e associações, inclusive as relações internacionais e os recursos humanos envolvidos com pesquisa e inovação. Para cada indicador no gráfico radar, o país como o valor máximo aparece como 100, levando em conta todos os países membros e não-membros da OCDE para os quais há informação disponível. Para o cálculo da média, apenas os países da OCDE são considerados.
África do Sul. O perfil de ciência e inovação da África do Sul revela importantes avanços e debilidades. A intensidade do P&D, expressa pela proporção do GERD em termos do PIB, subiu de 0,73% em 2000 para 0,9% em 2007, com forte aumento real a uma taxa média anual de 8,4% de 1997 a 2007.
No período 2001 a 2007, o GERD financiado pela indústria declinou de 56% para 43%, enquanto a parte financiada pelo governo aumentou para 46% no mesmo período. Em 2007, o GERD financiado pelo setor privado foi equivalente a 0,4% do PIB. Embora em 2006, o governo da África do Sul tenha concedido incentivo fiscal às atividades de P&D, incluindo dedução de 150% em despesas correntes, os gastos privados com P&D (BERD) se mantiveram estabilizados no patamar de 0,53% do PIB.
De acordo com o relatório, no período 2002-04, 61% das empresas estiveram envolvidas com inovação não tecnológica enquanto 21% introduziram inovações de “produto novo no mercado”, proporção superior a média da OCDE. Nesse período, quase um em cada quatro empresas colaborou em atividades de inovação em 2002-04.
No que se referem às interrelações internacionais nas atividades de P&D, os indicadores da África do Sul estão acima da média. Embora a proporção do GERD financiado pelo exterior tenha diminuído de 13,6% em 2005 para 11% em 2007, essa taxa é a mais elevada de todos os países não membros da OCDE analisados no relatório. Também está acima da média, o percentual de patentes com co-inventores estrangeiros, que foi de 11% no 2005-07.
Em contraste, os indicadores da África do Sul para recursos humanos em ciência e tecnologia são fracos. O país conta com apenas 1,5 pesquisadores por cada mil trabalhadores e uma pequena participação (16%) de graduandos em ciência e engenharia no total dos recém-formados.
Os resultados do P&D na África do Sul também são modestos. Em 2007, o país possuía menos de uma patente triádica por milhão de habitantes, proporção bem abaixo da média da OCDE. A participação sul-africana nas famílias de patentes triádicas também é muito pequena, embora o país seja ativo no desenvolvimento de patentes nas áreas de energias renováveis, de gestão de resíduos e de poluição das águas. Igualmente, possui a uma produção científica relativamente baixa, com apenas 110 artigos científicos por milhão de habitantes em 2008, não obstante o crescimento a uma taxa média anual 4,5% desde 1998.

Brasil. Não obstante as melhoras registradas em algumas áreas nos últimos dois anos, o perfil da ciência e tecnologia no Brasil apresenta vários pontos fracos. A intensidade do P&D de 1,1% no Brasil em 2008 ainda é muito baixa em comparação com a média da OCDE, embora seja superior a da Índia, África do Sul e Rússia.
Em 2008, os investimentos privados em P&D corresponderam a apenas 0,5% do PIB. Para estimular a ampliação dos gastos privados brutos com P&D, o governo brasileiro pratica um generoso programa de incentivo fiscal, oferecendo abatimento de 25,5% para cada dólar aplicado em P&D.
À semelhança das demais economias emergentes, o Brasil produz relativamente poucas patentes quando comparado com intensidade do P&D. Em 2008, o país contabilizou apenas 0,3 patentes triádicas por milhão de habitantes. Todavia, o relatório destaca o envolvimento crescente do país com o desenvolvimento de patente na gestão de resíduos, controle de poluição de águas e energia renovável.
No que se refere à produção científica, embora tenha crescido de forma expressiva nos últimos anos (média anual de 12,2% no período 1998-2008), o número de artigos públicos per capita ainda está bem abaixo da média da OCDE. Em 2008, foram publicados 26 806 artigos, o que corresponde a 141,4 artigos por milhão de habitantes ante 777,9 por milhão de habitantes na média da OCDE. A participação do Brasil nas publicações mundiais de artigos científicos (1,6% em 2008) supera a de vários países desenvolvidos, como Suécia, Suíça, Bélgica, Holanda entre outros. Porém, está muito aquém da China, que em 2008, respondia por 12,3% da produção mundial de artigos científicos, ocupando a segunda posição, atrás apenas dos Estados Unidos.
Os indicadores brasileiros de inovação também estão abaixo da média da OCDE. No período 2003-2005, apenas 3,6% das empresas brasileiras introduziram inovações de produtos “novos para o mercado” e enquanto 36% das empresas realizaram inovações não tecnológicas. A integração internacional das empresas brasileiras na área de pesquisa e inovação também é fraca. Apenas 3% das empresas se envolveram com atividades colaborativas em inovação no período 2003-2005. Todavia, o percentual de solicitação de patentes com co-inventor estrangeiro foi de 18% no período 2005-07, superando a média da OCDE (7,7%).
A formação de recursos humanos qualificados permanece com uma das grandes debilidades do Brasil na área de ciência e tecnologia. Em 2006, havia no país apenas 1,5 pesquisadores a cada mil trabalhadores ocupados. Em 2007, a participação de graduados em ciência e engenharia no total dos recém-formados subiu para 11%, o que representa metade da média da OCDE. Também é relativamente baixo, o nível de graduados na população entre 25 e 64 anos (11%). Em contraste, o número de doutores per capita no Brasil supera o patamar médio da OCDE.





China. O sistema chinês de inovação registrou avanços consideráveis a última década. Foram realizados investimentos crescentes nas atividades de P&D, o que se traduziu no aumento da intensidade do P&D, que subiu de 0,73% em 1991 para 1,5% do PIB em 2008, o que equivale a 13% do GERD total da OCDE. A indústria financiou cerca de 70% da GERD em 2008, enquanto o governo financiou 24%.
Na China, os gastos privados em P&D (BERD) aumentaram 27% ao ano em termos reais no período 1997-2007, saltando do equivalente a 2% do BERD da OCDE em 1997 para quase 12% em 2007. Em 2008, a intensidade do BERD foi 1% do PIB, abaixo da média da OCDE (1,6%), mas próxima do nível da União Europeia (1,1%).
O desempenho da atividade de P&D na China registrou notável melhora. No período 2004-06, quase 15% das empresas introduziram inovação de produto “novo para o mercado”. A produção de patentes triádicas e de publicações científicas ainda é muito baixa em termos per capita. Todavia, a China está entre os doze maiores países por participação no total de patentes triádicas em 2008 (1,1%). Já em número de publicações científicas, a China ocupava em 2008 a segunda posição no ranking mundial, com 12% do total da produção científica mundial (apenas 3% em 1998), atrás apenas dos Estados Unidos (16,3%). No período 1998-2008, o número de publicações científicas pela China cresceu a uma taxa anual de 23,4%, a mais elevada do mundo no período
A China investiu extensivamente em recursos humanos em ciência e tecnologia nos últimos anos. Seu contingente de pessoal qualificado em ciência e tecnologia vem crescendo 9,4% ao ano desde 2000, e praticamente se igualou ao dos Estados Unidos em 2008 (1,4 milhão), embora o número de pesquisadores per capita ainda seja baixo (2,1 por mil trabalhadores ocupados em 2008). Em 2006, havia no país 39,2 % de graduados em ciência e engenharia, o que corresponde praticamente ao dobro da média da OCDE. Porém, o percentual da população na faixa etária de 25-64 anos com educação superior a