Carta IEDI
A Indústria Mundial e as Posições de China, Brasil e Brics
A Carta IEDI de hoje traz alguns indicadores da indústria de transformação mundial, a partir da edição 2010 do International Yearbook of Industrial Statistics, publicado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO). Apresentados a preços constantes de 2000, esses indicadores permitem a análise comparativa de grupos de países e/ou regiões tanto no que se refere ao desempenho da indústria de transformação como um todo como dos seus principais setores.
Os dados do Anuário revelam que, no período 1995-2009, ocorreu considerável realocação da produção industrial das economias industrializadas para os países em desenvolvimento, que se traduziu no aumento da participação desses últimos no valor adicionado global da indústria de transformação (MVA, na sigla em inglês), que saltou de 19,6% em 1995 para 33,5% em 2009 (28,9% em 2007). Em contraposição, embora ainda responda por 66,5% do MVA mundial, o grupo dos países industrializados perdeu participação ao longo do período.
Esse processo de realocação que se acelerou na década de 2000 foi, contudo, bastante concentrado na Ásia e notadamente na China. Registrando alto crescimento desde 1990, a China consolidou sua posição entre os líderes na produção industrial mundial. O peso da China no MVA mundial saltou de 5,1% em 1995 para 12,1% em 2007 e daí para 15,6% em 2009. Cabe ressaltar que o Anuário não traz informação sobre a participação no MVA mundial para nenhum outro país além da China. Desse modo, não é possível avaliar a posição desse país nem em relação às principais economias industrializadas nem em relação aos demais BRICs.
A China, que assumiu um papel de destaque no panorama da indústria mundial, se diferencia dos demais BRICs pelos avanços consistentes em todos os indicadores. No período 2000-2008, esse país asiático registrou expressivas taxas de crescimento tanto do valor adicionado industrial total como do valor adicionado industrial per capita reduzindo o gap frente ao Brasil e Rússia . Igualmente, a China elevou de 32,1 % em 2000 a 35,4% em 2008 a participação do MVA no PIB, com intensidade industrial quase três vezes superior a do Brasil e Índia e quase duas vezes a da Rússia.
Em 2008, a China era o único dos BRICs a se posicionar entre os cinco produtores líderes mundiais em todos os setores de atividade industrial. Ressalte-se que a China ocupa as duas primeiras posições em dezenove dos vinte e dois setores industriais selecionados pela Unido. A pior classificação desse país se dá no setor de edição e impressão, no qual ocupa a quinta posição mundial, com ampla vantagem frente ao Brasil, que ocupava o15º lugar, e demais BRICs, que sequer estão entre os quinze primeiros.
No Brasil, o valor adicionado pela indústria de transformação cresceu, no período 2000-2008, a taxas anuais reais bem inferiores às dos demais BRICs, tanto no que se refere ao valor total (média anual de 3,0% frente 11,5% da China, 7,2% da Índia e 6,0% da Rússia) como ao valor per capita (1,7% ao ano ante 10,8% da China, 8,1% da Índia e 6,5% da Rússia). Também nesse mesmo período, ocorreu uma ligeira redução da importância do peso da indústria na economia, com queda na participação do MVA no PIB de 14,9% em 2000 (16,3% em 1995) para 14,4% em 2008. Dentre os vinte e dois setores selecionados da indústria de transformação, o Brasil estava presente, em 2008, entre os quinze maiores produtores mundiais na grande maioria (21), sendo o setor de fumo a única exceção. As melhores classificações do Brasil no ranking setorial do MVA mundial em 2008 foram obtidas nos setores de equipamento de transporte (3ª), petróleo refinado e outros combustíveis (6ª), máquinas e equipamentos elétricos (7ª), madeira e seus produtos (7ª). Em contraposição, o Brasil aparece no último lugar entre os quinze produtores-líderes no setor de edição e impressão.
A Índia apresentou expressivas taxas anuais de crescimento no valor adicionado da indústria de transformação, só inferiores a da China. Todavia, esse país não conseguiu reduzir o diferencial que o separa dos demais BRICs, bem como do grupo das economias em desenvolvimento. Em 2008, enquanto o MVA per capita médio dos países em desenvolvimento era da ordem de U$ 395, o MVA per capita indiano se situava em US$ 97, apenas ligeiramente superior ao da média da África. No que se refere à intensidade industrial, a Índia também registrou recuo na participação do MVA no PIB, que de 14,3% em 2000 declinou para 13,9% em 2008. Presente entre os quinze maiores apenas em dez setores dos vinte e dois pesquisados, a Índia se destaca na comparação com o Brasil pela melhor colocação entre os produtores líderes apenas em quatro setores da indústria de transformação: máquinas e equipamentos elétricos (5ª), metais básicos (5ª), química e produtos químicos (6ª) e têxtil (4ª).
Classificada pela Unido como economia industrializada, a Rússia também registrou taxas reais anuais de crescimento do MVA total e per capita bem superiores às registradas pelo Brasil. Não obstante o declínio entre 2000 e 2008, a intensidade da atividade industrial na Rússia permanece acima do patamar verificado no Brasil e na Índia. Na comparação com os demais BRICs, a Rússia aparece em nítida desvantagem no que se refere à presença entre os quinze maiores produtores por participação no valor agregado mundial. Nos vinte e dois setores selecionados da indústria de transformação, a China está presente entre os quinze maiores em todos os setores, o Brasil em vinte e um e a Índia em dez, enquanto a Rússia está presente apenas em oito. Sua melhor classificação foi obtida em 2008 no setor de instrumentos médicos, ótica e precisão (7ª) e metais básicos (7ª).
Panorama da Indústria Mundial no Período 1995-2009. Os dados do Anuário revelam que, no período 1995-2009, ocorreu considerável realocação da produção industrial das economias industrializadas para os países em desenvolvimento, que se traduziu no aumento da participação desses últimos no valor adicionado global da indústria de transformação (MVA, na sigla em inglês), que saltou de 19,6% em 1995 para 33,5% em 2009 (28,9% em 2007). Em contraposição, embora ainda responda por 66,5% do MVA mundial, o grupo dos países industrializados perdeu participação ao longo do período.
Esse processo de realocação, que se acelerou na década de 2000, foi, contudo, bastante concentrado na Ásia e notadamente na China, que triplicou sua participação no MVA mundial no período 1995-2009. Entre as regiões do mundo em desenvolvimento, a América Latina foi a única a perder terreno, declinando para 6,1% em 2009 (6,5% em 1995 e 6,3% em 2000), enquanto a África permaneceu relativamente marginalizada, com participação ínfima na geração de valor industrial.
Já entre os blocos regionais industrializados, as perdas de participação no MVA global ocorreram na América do Norte (-6,0 p.p), União Europeia (-4,7 p.p) e Leste da Ásia (-3,5 p.p). A participação dos demais países ou se manteve relativamente estável ou subiu ligeiramente, como é o caso da Comunidade de Estados Independentes (+0,3 p.p), que se recuperou da crise financeira dos anos 1990 no início da década de 2000, tornando-se uma das regiões de mais rápido crescimento.
A crise financeira recente, iniciada no segundo semestre de 2007, afetou a produção industrial na maioria dos países industrializados, em particular os da América do Norte. Estimativas da Unido indicam que queda do produto industrial nessa região foi da ordem de 20% entre 2007 e 2009. Em contraste, os efeitos da crise sobre o crescimento econômico dos países em desenvolvimento foram relativamente moderados, o que explica porque a participação desse grupo no MVA mundial continuou a se elevar. Entre as regiões em desenvolvimento, todavia, os impactos da crise global foram bastante heterogêneos, atingindo mais fortemente a America Latina e Ásia (excluído China).
No que se refere ao crescimento do valor adicionado global da indústria de transformação, o Anuário apresenta as taxas médias anuais reais para países, grupos e regiões em dois períodos: 2000-2005 e 2005-2008. Os dados mostram que o crescimento anual real do MVA mundial declinou de 2,9% entre 2000-2005 para 1,5% no período 2005 e 2008.
Essa desaceleração mascara, todavia, importantes alterações no desempenho relativo das economias industrializadas e em desenvolvimento associadas à realocação da atividade industrial. Enquanto nas economias industrializadas, o MVA desacelerou, passando de variação anual positiva de 1,8% no período 2000-2005 para uma taxa anual negativa de 1,0% no período seguinte, nas economias em desenvolvimento, o MVA se elevou fortemente, com expansão anual de 8,4% entre 2005 e 2008 (6,6% no período 2000-2005). Excluída a China, o MVA das economias em desenvolvimento subiu em ritmo mais moderado, mas mesmo assim mais intenso que o das economias industrializadas.
Registrando alto crescimento desde 1990, a China consolidou sua posição entre os líderes na produção industrial mundial. O peso da China no MVA mundial saltou de 5,1% em 1995 para 12,1% em 2007, atingindo 15,6% em 2009. A despeito de ter se beneficiado da recessão econômica nos países industrializados, o avanço da participação da China no MVA mundial é resultado do seu acelerado crescimento, que superou 10% ao ano no período 2005-2009.
De acordo com as estimativas, a China respondia em 2009 por quase da metade (46,5%) do produto industrial total do mundo em desenvolvimento ante 31,4% em 2000 (38,7% em 2005). Em contraposição, perderam terreno as novas economias industrializadas (NICs) – classificação da Unido que inclui Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Egito, Filipinas, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, México, Marrocos, Tailândia, Tunísia, Turquia, Taiwan e Uruguai – e os demais em desenvolvimento, enquanto as economias menos desenvolvidas mantiveram sua participação diminuta praticamente inalterada entre 2005 e 2009.
Segundo a Unido, a indústria de transformação continua sendo a principal fonte de crescimento econômico dos países em desenvolvimento. Não obstante o impacto adverso da crise financeira recente, a expansão da produção industrial nos últimos quinze anos foi em média superior ao aumento do PIB. Estimativas recentes indicam que o PIB das economias em desenvolvimento praticamente dobrou entre 1994-2009, enquanto o MVA cresceu 2,25 vezes no mesmo período.
Para o conjunto das economias em desenvolvimento, a contribuição do setor industrial ao PIB, que também expressa a intensidade da atividade industrial, superou a das economias industrializadas entre 1995 e 2008. Além disso, enquanto nessas últimas, a contribuição da indústria para a economia declinou de 17,8% em 2000 para 15,8% em 2008, nas economias em desenvolvimento, a participação da indústria no PIB foi crescente, subindo de 20% em 2000 para 21,4% em 2008.
Em termos de regiões e países individuais, o quadro é bem mais mitigado. Nas regiões industrializadas, o peso da indústria só se elevou no Leste da Ásia, que inclui Cingapura, Coreia do Sul e Japão, declinando nas demais, sobretudo na America do Norte (Canadá e Estados Unidos). Na União Europeia, a importância da indústria aumentou na Alemanha, Áustria, Finlândia e em alguns dos países de economia em transição do Leste da Europa (por exemplo, Eslováquia, Eslovênia, Hungria, Polônia, República Checa).
Entre as regiões em desenvolvimento, a contribuição do setor industrial ao PIB cresceu continuamente, entre 1995 e 2008, apenas na Ásia, com destaque para China, Camboja, Tailândia e Vietnã. Nas demais regiões, houve redução no peso da indústria, maior no caso da Europa em desenvolvimento, grupo que inclui a Turquia e os países dos Bálcãs, do que na América Latina.
<<20100723-01.gif|-Fonte: UNIDO (2010), Tabela 1.1, p. 38. Elaboração IEDI.
Notas: * Estimativa.
1. A África do Sul, Coreia do Sul, Cingapura, Israel e os países da Comunidade dos Estados Independentes são classificados pela Unido como economias industrializadas.|>>
<<20100723-02.gif|Fonte: UNIDO (2010), Tabela 1.1, p. 38. Elaboração IEDI.
Notas: * Estimativa
1. Refere-se a: Albânia, Bósnia Herzegovina, Croácia, Macedônia, Montenegro, Sérvia e Turquia.|>>
<<20100723-03.gif|Fonte: UNIDO (2010), Tabela 1.1, p. 38. Elaboração IEDI.
Notas: * Estimativa
1. Na classificação da Unido, as Novas Economias Industrializadas (NICs, na sigla em inglês) incluem: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Egito, Filipinas, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, México, Marrocos, Tailândia, Tunísia, Turquia, Taiwan e Uruguai. Em razão do tamanho de sua economia, a China não é incluída nesse grupo.|>>
<<20100723-04.gif|Fonte: Fonte: UNIDO (2010), Tabela 1.2, p. 39. Elaboração IEDI.
Notas: * Estimativa
1. Na classificação da Unido, as Novas Economias Industrializadas (NICs, na sigla em inglês) incluem: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Egito, Filipinas, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, México, Marrocos, Tailândia, Tunísia, Turquia, Taiwan e Uruguai. Em razão do tamanho de sua economia, a China não é incluída nesse grupo.|>>
<<20100723-05.gif|Fonte: UNIDO (2010), Tabela 1.3, pg. 41-46. Elaboração IEDI.
Notas: * Estimativa.
1. A África do Sul, Coreia do Sul, Cingapura, Israel e os países da Comunidade dos Estados Independentes são classificados pela Unido como economias industrializadas.|>>


Produção Industrial per Capita no Período 2000-2008. Na comparação entre regiões geográficas e entre países individuais, o valor agregado industrial per capita é um indicador do nível da atividade doméstica e, em sentido mais amplo, do nível de desenvolvimento industrial de uma economia. Sob esse aspecto, a análise da evolução da produção industrial per capita no período 2000-2008 revela um quadro geral de notória desigualdade entre as regiões mais ricas e mais pobres do mundo.
A atividade industrial nas economias industrializadas está em um patamar nove vezes mais alto do que as economias em desenvolvimento. Entre as regiões em desenvolvimento, os diferenciais são igualmente amplos. Não obstante o forte crescimento do MVA por habitante na Ásia, o nível de valor agregado per capita dessa região correspondia apenas à metade do que prevalece na Europa e na América Latina em 2008.
Diferenças marcantes também emergem da comparação entre os países, tomados individualmente. No ranking de 209 países e territórios em termos do MVA per capita, há um espantoso fosso entre os países ricos e pobres. Em 2008, o MVA per capita da Japão, que ocupava a posição-líder, era mais de mil e duzentas vezes maior do que o das economias menos desenvolvidas (Somália, Togo, Serra Leoa e República Congo) que estavam nas últimas posições do ranking, com MVA per capita inferior a US$ 7,0 em 2008 (em valores constantes de 2000). Nesse ranking, os países em desenvolvimento melhor classificadas eram Taiwan (10ª posição) e Emirados Árabes (18ª). Já o Brasil ocupava a 64ª.


Desempenho por Setor de Atividade. O Anuário traz igualmente dados sobre o valor adicionado por setores da indústria de transformação, bem como um ranking dos quinze maiores produtores por participação no valor agregado mundial em cada um desses setores. São apresentadas informações para vinte e dois setores da indústria de transformação, de acordo com a classificação a dois dígitos da revisão 3 do Padrão Internacional de Classificação Industrial (ISIC, na sigla em inglês). O setor de reciclagem (código 37 da ISIC- rev3) foi excluído pela Unido, em razão das limitações dos dados.
Esses dados com corte setorial desvelam detalhes das importantes mudanças estruturais da indústria mundial no período 2000-2008, na medida em que permite identificar em quais setores da indústria a realocação de atividades das economias industrializadas para àquelas em desenvolvimento foi mais acentuada. Embora o grupo dos países industrializados responda pela maior participação no MVA mundial em dezesseis dos vinte e dois setores, esse grupo perdeu participação em todos eles, com destaque para máquinas e equipamentos elétricos (-21,2 pontos percentuais), produtos de minerais não-metálicos (-16,8%), outros equipamentos de transporte (-15,6%), borrachas e plásticos (-14,2%), química e produtos químicos (-13,1%), papel e celulose (12,2%). Igualmente, o grupo industrializado perdeu a liderança para o grupo das economias em desenvolvimento em cinco setores entre 2000 e 2008: metais básicos, petróleo e outros combustíveis, couro e calçados, têxtil, vestuário, todos de media-baixa e baixa tecnologia.
Entre as economias em desenvolvimento, o grupo dos outros países em desenvolvimento, que inclui a China, responde pela totalidade dos ganhos de participação no período 2000-2008. Já o grupo dos NICs, que inclui o Brasil, registrou perda em dez dos vinte e dois setores, com destaque para têxtil (-4,7%), produtos de fumo (4,6 p. p), couros e calçados (-4,3%) e metais básicos (1,6%).
No que se refere à presença no ranking dos quinze maiores produtores por participação no valor agregado mundial em cada um dos setores da indústria, é possível constatar o notável avanço da China. Em 2008, a China era o único em desenvolvimento com presença entre os quinze maiores em todos os vinte e dois setores pesquisados pela Unido. Também é o único a se posicionar entre os três produtores líderes mundiais na larga maioria dos setores de atividade industrial. A única exceção se dá no setor de edição e impressão, no qual ocupa a 5ª posição.
Na comparação com 2000, esse país melhorou de posição em vinte setores, deslocando líderes como Estados Unidos, Japão, Alemanha e Itália. Nos setores de média-alta e alta tecnologia, a China consolidou sua presença entre os produtores líderes, elevando sua participação no MVA mundial em vários setores, com destaque para máquinas e equipamentos elétricos (27,8% do MVA mundial em 2008 ante 8,0% em 2000), química e produtos químicos (21,1% em 2008 e 8,2% em 2000), outros equipamentos de transporte (13,6% ante 4,6%) e instrumentos médicos, de ótica e precisão (11% em 2008 frente a 3,4% em 2000). Nos setores de média-baixa e baixa tecnologia, a China aparece como líder absoluto, com a maior participação no MVA mundial desses setores, bem distante do segundo colocado no ranking dos quinze maiores, com destaque para produtos do fumo (52,9% do MVA mundial), calçados e couro (43,2%), têxtil (43,2%), metais básicos (41,6%) e vestuário (38,7%).
No que se refere à participação no MVA das economias em desenvolvimento, a China ocupa o primeiro lugar em todos os vinte e dois setores da indústria de transformação incluídos no Anuário. Em todos, houve considerável aumento da participação chinesa no MVA total do mundo em desenvolvimento entre 2000 e 2008. Em sete dos oito setores de média-alta e alta tecnologia, a China responde por mais de 50% do MVA, com destaque para máquinas e equipamentos elétricos, setor no qual a participação chinesa atingiu 70% em 2008. Nos setores de média-baixa e baixa tecnologia, a China detém as maiores participações em metais básicos (70,6%), produtos do fumo (69,6%), têxtil (62%).
O Brasil estava presente entre os 15 maiores produtores mundiais na grande maioria (21) dos setores industriais em 2008. A única exceção é o setor de produto de fumo, no qual o país ocupava a 11ª posição em 2000, com participação de 1,5% do MVA mundial desse setor.
No período 2000 e 2008, o Brasil registrou alguns avanços em particular em setores de média alta e alta tecnologia, com destaque para outros equipamentos de transporte, que inclui a indústria aeronáutica, com elevação da participação no MVA mundial desse setor de 5,9% (4ª posição) para 11,9% (3ª posição) no período, e máquinas e equipamentos elétricos, no qual alcançou a 6ª em 2008 (10ª em 2000), não obstante a participação diminuta, apenas 1,7% no MVA mundial. Em contraste, o Brasil ficou estagnado ou perdeu posição em setores de média-baixa e baixa tecnologia, como produtos de minerais não-metálicos, papel e celulose, e já mencionado setor de produtos do fumo.



Desempenho Industrial de Brasil e os demais BRICs. A comparação dos países do grupo dos BRICS em termos dos indicadores de desempenho industrial, divulgados pela UNIDO, evidencia diferenças expressivas nas trajetórias de desenvolvimento industrial.
A China, que assumiu um papel de destaque no panorama da indústria mundial, se diferencia dos demais BRICs pelos avanços consistentes em todos os indicadores. No período 2000-2008, esse país asiático registrou expressivas taxas de crescimento tanto do valor adicionado industrial total como do valor adicionado industrial per capita reduzindo o gap frente ao Brasil e Rússia. Igualmente, a China elevou de 32,1 % em 2000 a 35,4% em 2008 a participação do MVA no PIB, com intensidade industrial quase três vezes superior a do Brasil e Índia e quase duas vezes a da Rússia.
Em 2008, a China era o único dos BRICs a posicionar entre os cinco produtores líderes mundiais em todos os setores de atividade industrial. Ressalte-se que a China ocupa as duas primeiras posições em dezenove dos vinte e dois setores selecionados pela Unido. A pior classificação desse país se dá no setor de edição e impressão, no qual ocupa a quinta posição mundial, com ampla vantagem frente ao Brasil, que ocupava o15º lugar, e demais BRICs, que sequer estão entre os quinze primeiros.
No Brasil, o valor adicionado pela indústria de transformação cresceu, no período 2000-2008, a taxas anuais reais bem inferiores a dos demais BRICs, tanto no que se refere ao valor total (3,0% ao ano frente 11,5% da China, 7,2% da Índia e 6,0% da Rússia) como ao valor per capita (1,7% ao ano ante 10,8% da China, 8,1% da Índia e 6,5% da Rússia). Também nesse mesmo período, ocorreu no país uma ligeira redução da importância do peso da indústria na economia, com queda na participação do MVA no PIB de 14,9% em 2000 (16,3% em 1995) para 14,4% em 2008. Dentre os vinte e dois setores selecionados da indústria de transformação, o Brasil estava presente, em 2008, entre os quinze maiores produtores mundiais na grande maioria (21), sendo o setor de fumo a única exceção. As melhores classificações do Brasil no ranking setorial do MVA mundial em 2008 foram obtidas nos setores de equipamento de transporte (3ª), petróleo refinado e outros combustíveis (6ª), máquinas e equipamentos elétricos (7ª), madeira e seus produtos (7ª). Em contraposição, o Brasil aparece no último lugar entre os quinze produtores-líderes no setor de edição e impressão.
A Índia apresentou expressivas taxas anuais de crescimento no valor adicionado da indústria de transformação – só inferiores a da China. Todavia, esse país não conseguiu reduzir o diferencial que o separa dos demais BRICs, bem como do grupo das economias em desenvolvimento. Em 2008, enquanto o MVA per capita médio dos países em desenvolvimento era da ordem de U$ 395, o MVA per capita indiano se situava em US$ 97, apenas ligeiramente superior ao da média da África. No que se refere à intensidade industrial, a Índia também registrou recuo na participação do MVA no PIB, que de 14,3% em 2000 declinou para 13,9% em 2008. Presente entre os quinze maiores apenas em dez setores dos vinte e dois pesquisados, a Índia se destaca na comparação com o Brasil pela melhor colocação entre os produtores líderes apenas em quatro setores da indústria de transformação: máquinas e equipamentos elétricos (5ª), metais básicos (5ª), química e produtos químicos (6ª) e têxtil (4ª).
Classificada pela Unido como economia industrializada, a Rússia também registrou taxas reais anuais de crescimento do MVA total e per capita bem superiores às registradas pelo Brasil. Não obstante declínio entre 2000 e 2008, a intensidade da atividade industrial na Rússia permanece acima do patamar verificado no Brasil e na Índia. Na comparação com os demais BRICs, a Rússia aparece em nítida desvantagem no que se refere à presença entre os quinze maiores produtores por participação no valor agregado mundial. Nos vinte e dois setores selecionados da indústria de transformação, a China está presente entre os quinze maiores em todos os setores, o Brasil em vinte e um e a Índia em dez, enquanto a Rússia está presente apenas em oito. Sua melhor classificação foi obtida em 2008 no setor de instrumentos médicos, ótica e precisão (7ª) e metais básicos (7ª).
<<20100723-13.gif|Fonte: UNIDO (2010), Tabela 1.4, p. 47-48. Elaboração IEDI.
Nota: * Estimativa.|>>

