Análise IEDI
Em acomodação
Nos últimos meses, o setor de serviços vem reduzindo seu dinamismo em um processo que pode ser considerado de acomodação. Cabe lembrar que desde jun/21 seu faturamento real supera o nível pré-pandemia (fev/20) e em nov/23 ficou 10,8% acima desta marca. Tal situação é bem diferente da indústria, por exemplo, que ultrapassou o pré-pandemia apenas momentaneamente, de set/20 a fev/21, e agora está 0,9% abaixo dele.
Inicialmente, os serviços de informação e comunicação, devido à digitalização forçada pela pandemia, e os transportes, com a reativação da atividade produtiva e a retomada progressiva da mobilidade das pessoas, alavancaram a expansão dos serviços. Mais recentemente, a redução do gap dos serviços às famílias vis-à-vis o pré-pandemia e o crescimento dos serviços profissionais e administrativos, com o aumento das atividades presenciais, também se tornaram importantes dinamizadores.
Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que o faturamento real dos serviços voltou a apresentar sinal positivo em nov/23, após três meses seguidos de retração. A alta foi modesta, de apenas +0,4% ante out/23, já descontados os efeitos sazonais, compensando pouco da queda de -2,2% acumulada em ago-out/23.
Deste modo, se comparado com a situação de um ano atrás, o setor de serviços como um todo segue registrando um declínio moderado. Os três últimos resultados foram negativos: -1,1% em set/23, -0,3% em out/23 e -0,3% em nov/23, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior. As variações a seguir ilustram bem o desaquecimento do setor ao longo de 2023.
• Serviços – total: +5,4% no 1º trim/23; +4,0% no 2º trim/23; +1,1% no 3º trim/23 e -0,3% em out-nov/23;
• Serviços prestados às famílias: +8,3%; +3,8%; +2,4% e +2,9%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +5,8%; +5,0%; +2,0% e -0,4%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +5,3%; +4,3%; +2,9% e +4,2%;
• Transportes, seus auxiliares e correios: +6,1%; +4,4%; -0,4% e -2,4%;
• Outros serviços: +0,5%; -0,5%; -2,4% e -0,5%, respectivamente.
Dois dos cinco ramos identificados pelo IBGE se mantêm no positivo e sem indício de desaceleração suplementar no bimestre out-nov/23 em comparação com o resultado do 3º trim/23. São justamente aqueles que apontamos como dinamizadores mais recentes: serviços prestados às famílias e serviços profissionais, administrativos e complementares, cuja retomada consistente foi possível somente após a ampla vacinação da população.
No caso dos serviços prestados às famílias, embora permaneçam aquém do pré-pandemia (-2,4%), houve uma desaceleração mais intensa do 1º trim/23 (+8,3%) para o último bimestre com dados disponíveis: +2,9% em out-nov/23 frente ao mesmo período do ano anterior. Por trás disso, estão, mais recentemente, os serviços pessoais e os de alojamento e alimentação, desde a virada do semestre.
Os serviços profissionais, administrativos e complementares, por sua vez, é quem mais cresceram em out-nov/23 (+4,2%) e, ao longo do ano, apresentaram uma acomodação menos intensa que os demais ramos. Isso ocorreu notadamente devido ao seu componente de serviços técnico-profissionais. Já as atividades que exigem menos qualificação não se saíram bem, como serviços de apoio às atividades empresariais (-2,3% ante out-nov/23).
Os três outros ramos do setor de serviços ficaram no vermelho, sendo o pior caso o de transportes, armazenagem e correios (-2,4% ante out-nov/22). O componente de auxiliares de serviços, armazenagem e correios (-12,7%) é quem mais puxou este ramo para baixo, seguido por transporte rodoviário de pessoas (-6,9%). O transporte aéreo também voltou ao negativo em out-nov/23 e o transporte terrestre de carga desacelerou bastante.
Por fim, a segunda metade do ano trouxe taxas de crescimento bem mais modestas para os serviços de informação e comunicação, que chegou a cair em out-nov/23 (-0,4% ante out-nov/22), sob influência dos serviços de tecnologia da informação (-2,6%) e de edição e audiovisuais (-5,5%). Para os outros serviços, que já vinham próximos da estabilidade, houve queda tanto no 3º trim/23 (-2,4%) como em out-nov/23 (-0,5%).
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de novembro/2023 divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou aumento de 0,4% frente a outubro, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (novembro/2022), aferiu-se decréscimo de 0,3%. Quanto à variação acumulada no ano, houve crescimento de 2,7%. No acumulado em 12 meses registrou-se acréscimo de 3,0%.
Na comparação do mês de novembro de 2023 com o mês imediatamente anterior (outubro/2023), na série dessazonalizada, três dos cinco segmentos apresentaram crescimento: serviços profissionais, administrativos e complementares (1,0%), serviços prestados às famílias (2,2%) e outros serviços (3,6%). Já os setores com queda foram: transportes (-1,0%) e serviços informação e comunicação (-0,1%). No segmento de atividades turísticas, houve retração de 2,4% em relação ao mês imediatamente anterior.
Na comparação do mês de novembro de 2023 frente ao mesmo mês do ano anterior (novembro/2022), três dos cinco segmentos apresentaram expansão: serviços prestados às famílias (5,4%), serviços profissionais, administrativos e complementares (4,4%) e outros serviços (3,3%). Por sua vez, os dois setores com crescimento foram: transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-3,7%) e serviços informação e comunicação (-0,4%).
Na análise do acumulado nos últimos 12 meses, as cinco atividades pesquisadas registraram crescimento: transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (2,8%), informação e comunicação (3,0%); de serviços profissionais, administrativos e complementares (4,5%), serviços prestados às famílias (4,8%) e outros serviços (0,3%). Além disso, o segmento das atividades turísticas variou 7,9% nos últimos 12 meses.
Na análise por unidade federativa, no mês de novembro de 2023 em comparação com o mesmo mês do ano anterior (novembro/2022), 19 das 27 unidades federativas apresentaram incremento no volume de serviços prestados, sendo os maiores registrados em: Mato Grosso (18,1%), Mato Grosso do Sul (15,3%), Tocantins (13,5%), Paraná (9,2%), Minas Gerais (8,0%) e Bahia (6,0%). Por outro lado, as unidades federativas que apresentaram maior variação negativa nessa base de comparação foram: Roraima (-5,5%), São Paulo (-4,6%), Amazonas (-3,3%) e Amapá (-1,6%).
Por fim, na análise por unidade federativa para o acumulado nos últimos 12 meses, 25 dos 27 estados apresentaram incremento, sendo os maiores observados em: Mato Grosso (17,3%), Tocantins (11,8%), Paraná (10,7%), Paraíba (9,8%) e Maranhão (8,8%). Em sentido oposto, Amapá (-2,2%) e São Paulo (-1,2%) registraram retração no período.