Análise IEDI
Forte expansão da massa de rendimentos
Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que o número de pessoas empregadas continua se expandindo, trazendo para baixo a taxa de desemprego. Este movimento também está acompanhado de melhoras qualitativas, com redução da informalidade e da subocupação e crescimento do rendimento real, ainda que haja espaço para progressos adicionais.
No trimestre findo em out/22, a taxa de desemprego chegou a 8,3%, o nível mais baixo desde 2014 (6,7%), que precedeu o período de crise de 2015-2016. O contingente de desocupados não é desprezível, somando 9,02 milhões de pessoas, mas cabe lembrar que ficou sistematicamente acima de 10 milhões entre início de 2016 e meados de 2022.
Por trás disso está a sequência de resultados positivos do número de ocupados, iniciada no trimestre móvel findo em mai/21 na comparação com o mesmo período do ano anterior. Agora em out/22, a alta foi de +6,1%, o que representou 5,7 milhões de pessoas ocupadas a mais do que em igual período do ano passado.
Em termos absolutos, o trabalho com carteira assinada saiu na frente em ago-out/22. Foram 2,7 milhões de pessoas empregadas com carteira a mais do que em ago-out/21, o que equivale a quase metade do adicional de ocupados no período. A alta de +8,1% ante ago-out/21 superou a expansão do total de ocupados (+6,1%).
Com isso, embora algumas categorias em que a contratação informal é importante continuem com crescimento expressivo, como mostram as variações interanuais a seguir, a taxa de informalidade registrou algum recuo, de 40,7% em ago-out/21 para 39,1% em ago-out/22.
• Ocupação total: +10,3% em fev-abr/22; +8,8% em mai-jul/22 e +6,1% em ago-out/22;
• Emprego com carteira assinada: +11,6%; +10,0% e +8,1%, respectivamente;
• Emprego sem carteira assinada: +20,8%; +19,8% e +11,8%;
• Trabalho doméstico: +22,6%; +14,1% e +6,7%;
• Conta própria: +7,2%; +3,5% e -0,9%;
• Servidor público: +0,6%; +5,1% e +10,3%, respectivamente.
O total da população ocupada informalmente desacelerou de +12,8% em fev-abr/22, na comparação interanual, para +2,0% agora no trimestre findo em out/22. Apesar disso, este contingente ainda soma 38,9 milhões de pessoas.
Outra tendência favorável é a redução da subocupação. O número de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas caiu -21,9% entre os trimestres findos em out/21 e em out/22. Já os desalentados, isto é, os que pararam de buscar emprego depois de repetidos insucessos, recuou -17,6%, para seu nível mais baixo desde meados de 2017.
Também evoluiu positivamente o rendimento médio real habitualmente recebido pelos ocupados. O crescimento foi de +4,7% frente a ago-out/21, depois de ter ficado no vermelho entre início de 2021 e meados de 2022.
Este desempenho, entretanto, deve muito ao retrocesso da inflação entre jul/22 e set/22, segundo o IPCA, derivado das alterações nos impostos sobre combustíveis e energia realizadas no contexto da disputa eleitoral. Seus efeitos, entretanto, tendem a se esgotar ao longo do tempo.
De todo modo, o registro de elevação do número de ocupados associado ao aumento do rendimento real proporcionou expansão da massa de rendimentos reais, que é a base do consumo das famílias. No trimestre findo em out/22, o ritmo de crescimento da massa foi bastante elevado: +11,5% frente ao mesmo período do ano anterior, um recorde da série iniciada em 2013, atingindo R$ 269,5 bilhões.
Conforme os dados da PNAD Contínua Mensal divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação registrou 8,3% no trimestre compreendido entre agosto e outubro de 2022. Em relação ao trimestre imediatamente anterior (mai-jun-jul/2022), houve retração de 0,8 p.p., e para o mesmo trimestre do ano anterior houve variação negativa de 3,8 p.p., quando registrou 12,1%.
O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos registrou R$ 2.754, apresentando variação de 2,9% em relação ao trimestre imediatamente anterior (mai-jun-jul/2022), já frente ao mesmo trimestre de referência do ano anterior houve um aumento de 4,7%.
A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos atingiu R$ 269,5 bilhões no trimestre que se encerrou em outubro, registrando crescimento de 4,0% frente ao trimestre imediatamente anterior (mai-jun-jul/2022) e variação positiva de 11,5% em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior (R$ 266,7 bilhões).
Para o trimestre de referência, a população ocupada registrou 99,7 milhões de pessoas, apresentando variação positiva de 1,0% em relação ao trimestre imediatamente anterior, e aferiu-se incremento de 6,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (94,0 milhões de pessoas ocupadas).
Em comparação ao trimestre imediatamente anterior, o número de desocupados aferiu retração de 8,7%, com 9,0 milhões de pessoas. Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, observou-se variação negativa de 30,1%. Em relação a força de trabalho, computou-se neste trimestre 108,7 milhões de pessoas, representando crescimento de 0,1% frente ao trimestre imediatamente anterior e variação positiva de 1,7% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (106,9 milhões de pessoas).
Com análise referente ao mesmo trimestre do ano anterior, dos agrupamentos analisados, as variações foram: outros serviços (18,3%), administração pública, defesa, seguridade, educação, saúde humana e serviços sociais (9,3%), transporte, armazenagem e correios (7,9%), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (7,4%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (7,1%), serviços domésticos (6,3%), indústria (5,0%), alojamento e alimentação (3,9%), construção (-0,2%) e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-2,8%).
Por fim, analisando a população ocupada por posição na ocupação, comparados ao mesmo trimestre do ano anterior, registraram-se as seguintes mudanças percentuais nas categorias analisadas: empregador (13,3%), trabalho privado sem carteira (11,8%), setor público (10,3%), trabalho privado com carteira (8,1%), trabalho doméstico (6,7%), trabalhador por conta própria (-0,9%) e trabalho familiar auxiliar (-13,7%).