24 de Outubro de 2014 - nº 647

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O Brasil e o Ranking Internacional de Exportadores e Importadores de Manufaturados
 

Sumário

De acordo com os dados da OMC, em 2013 volta a se deteriorar a posição brasileira nas exportações internacionais de produtos manufaturados, caindo para a 31ª posição. A colocação está bem aquém da 22ª alcançada no ranking do total de exportações de bens (estável desde 2011) – sendo que ambos não refletem diretamente o porte da economia brasileira que é a sétima economia mundial.

Por outro lado o Brasil subiu uma colocação no ranking dos maiores importadores de manufaturas do mundo, ocupando agora a 19ª posição – o que é superior, inclusive, à 22ª posição no ranking dos maiores importadores de bens no total.

Assim, o país ficou com a mesma posição de 22º nas exportações e importações de mercadorias de 2012 para 2013, ambos estáveis e equivalentes a 1,3% das exportações totais do mundo. A participação das exportações brasileiras de manufaturas no total mundial também permaneceu estável em 0,71% e a parcela do país nas importações mundiais desses produtos se elevou de 1,36% em 2012 para 1,40% em 2013.

Esses movimentos se dão no contexto de manutenção no ritmo (baixo)  de crescimento das exportações mundiais nos dois últimos anos, de 2,2% em termos de volume, ou 2,0% em termos de valor de 2012 para 2013.

Entre os setores, desde 2012 a tendência da maioria deles flutua próxima aos níveis de 2010, mas vale destacar que do primeiro trimestre de 2013 até o mesmo trimestre de 2014 o setor de equipamentos de escritório e telecomunicações tem registrado variação negativa, enquanto automóveis, químicos, aço e ferro, têxteis e vestuário e maquinário industrial  cresceram, ainda que a taxas reduzidas.

Houve poucas mudanças no ranking dos maiores exportadores e importadores de mercadorias (incluindo o comércio intra-europeu). Os maiores exportadores permaneceram sendo China, EUA, Alemanha e Japão. E os maiores importadores, EUA, China, Alemanha e Japão, nessas ordens. Entre as modificações mais importantes de 2011 para 2012, a ascensão da Arábia Saudita e México no ranking das exportações e do Reino Unido nas importações, com queda de posição da Rússia no primeiro ranking e da França e Índia no segundo.

Já no ranking dos maiores exportadores de manufaturas, em 2013 também se observa o mesmo perfil desde  2011: nessa ordem, União Europeia, China, Alemanha, Estados Unidos e Japão. Em comparação com 2012, os movimentos mais importantes foram a ascensão no ranking do Canadá em relação à Espanha e da Áustria em relação à Malásia. O Vietnã chegou a 29ª colocação ultrapassando a Hungria e o Brasil. E os maiores importadores são União Europeia, EUA, China, Alemanha e França, conservando a ordem desde 2011 também. Além da subida do Brasil, destacam-se a troca de posições entre Bélgica e México nas 11ª e 12ª  posições, e entre Taipei, Suíça e Tailândia nas 21ª, 22ª e 23ª colocações.

O ritmo de crescimento das importações brasileiras em geral acompanhou a mesma tendência das exportações de mercadorias, porém em magnitude maior desde 2005. As taxas de variação de ambas melhoraram um pouco de 2012 para 2013, mas ainda muito aquém dos índices de 2 dígitos do passado recente. Apesar da evolução das exportações brasileiras de bens acompanharem as tendências mundiais, estiveram abaixo dos índices médios do mundo em 2012 e 2013.

Enquanto o peso das manufaturas nas exportações mundiais continua elevado, em torno de 67% desde 2011, no Brasil este percentual vem se contraindo significativamente, de 53% em 2005 para 36% em 2013.

Por sua vez, a pauta brasileira de importações em valor se manteve relativamente estável desde 2005, com uma pequena diminuição na parcela de manufaturas  de 2012 para 2013, de 73,2% para 72,3% - a favor de combustíveis e minérios. E o coeficiente de penetração das importações continua se elevando ano a ano, atingindo 23% no último trimestre de 2013, segundo a CNI.

Conclui-se que embora em termos do total de bens exportados e importados o desempenho do Brasil tenha se mantido estável, quando se analisa o setor de manufaturas constata-se a menor importância relativa do país enquanto exportador e maior significância enquanto importador. Este duplo movimento reflete a deterioração da competitividade da indústria brasileira no cenário internacional e doméstico, que têm redundado no aprofundamento da dependência da balança comercial aos produtos primários e, em particular, na contínua deterioração do saldo da indústria de transformação.

 
 

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Cenário do Comércio Internacional de Mercadorias. Em 2013 o crescimento das exportações mundiais de bens manteve-se no mesmo ritmo do ano anterior, crescendo a 2,2% em termos de volume, ou 2,0% em termos de valor, conforme o mais novo relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo o mesmo, esse resultado se deveu ao menor ritmo de expansão das exportações dos países em desenvolvimento no segundo semestre de 2013. Dessa forma, o ritmo de crescimento das exportações de mercadorias desde 2011 mantém-se abaixo da média dos últimos 20 anos.

 

 

 
Desde 2010, as exportações de mercadorias da União Europeia para fora da região mantém uma tendência de alta importante, repondo as perdas anteriores, embora tenha arrefecido o fôlego a partir do segundo trimestre de 2013. As exportações dos EUA também crescem em ritmo forte, apesar de terem desacelerado no início deste ano. Já as exportações intra-EU e japonesas pararam de crescer desde o segundo quadrimestre de 2012 – em especial as do Japão, que retornaram a níveis próximos de 2010. De outro modo, apesar de não consecutivamente, as exportações de bens da Ásia em desenvolvimento, crescem em ritmo forte desde 2010, e mantém viés altista desde o terceiro trimestre de 2013 até o primeiro de 2014.

Por sua vez, as variações das importações em volume nos EUA e na Ásia em desenvolvimento tiveram um comportamento semelhante aos das exportações, porém de menor magnitude. Por outro lado, no caso do Japão, embora as exportações não cresçam as importações o fazem – o que ressalta seu papel de locomotiva na região, enquanto o crescimento das importações entre os países da União Europeia e para fora da região desacelerou desde o final de 2011 – de forma que no caso das importações de países de fora da região o nível voltou a ser o mesmo de 2010.

No que se refere aos setores de mercadorias, desde 2012 a tendência da maioria flutua próxima aos níveis de 2010, mas vale destacar que em do primeiro trimestre de 2013 até o mesmo de 2014 os equipamentos de escritório e telecomunicações têm registrado variação negativa, enquanto os restantes – automóveis, químicos, aço e ferro, têxteis e vestuário e maquinário industrial - cresceram, ainda que a taxas reduzidas.

 

 
Houve poucas mudanças no ranking dos maiores exportadores e importadores de mercadorias (incluindo comércio intra-europeu). Os maiores exportadores permaneceram sendo China, EUA, Alemanha e Japão. E os maiores importadores, EUA, China, Alemanha e Japão, nessas ordens. O Brasil permaneceu na posição de 22o maior exportador  e também 22º maior importador de mercadorias. Entre as modificações mais importantes de 2011 para 2012, a ascensão da Arábia Saudita e México no ranking das exportações e do Reino Unido nas importações, com queda deposição da Rússia no primeiro ranking e da França e Índia no segundo.

 

 
Vale a pena nota que a exceção da África do Sul os outros países dos BRICS ocupam colocações acima do Brasil em ambos os rankings, de exportação e importação. Comparando com o México e com a Tailândia – economias de renda média de porte similar ao do Brasil -, respectivamente 15º e 24º no ranking mundial das exportações, e 14º e 21º no das importações, os índices de corrente de comércio brasileiros ainda são baixos. O índice mexicano de comércio internacional per capita médio entre 2010 e 2012 foi US$ 6048 foi mais do que o dobro brasileiro (US$ 2788) e o de comércio internacional/ PIB também 61% (Brasil 24%). Os índices tailandeses, por sua vez, foram respectivamente, US$ 7482 e 145% (OMC). Esses valores evidenciam a estratégia de industrialização através de exportações perseguida desde os anos oitenta.

A Inserção do Brasil no Comércio Internacional. Então, como em 2012 em 2013 o Brasil ficou em 22º lugar no ranking dos maiores exportadores e importadores de bens internacionais. Quando desconsiderado o comércio dentro da União Europeia, o Brasil sobe para 16º em ambos os rankings (pois a Alemanha, Itália, França, Reino Unido, Bélgica, Espanha desocuparam as primeiras colocações).

Em termos de exportações de mercadorias, o Brasil vem ocupando a mesma posição desde 2010, com uma participação no total em valor de 1,3%. Em termos de importações a importância do Brasil é consistente com a de exportações desde 2012, e também significa 1,3% do total das importações mundiais.

 

 

 
O ritmo de crescimento das importações brasileiras em geral acompanhou a mesma tendência das exportações de mercadorias, porém em magnitude maior desde 2005. As taxas de variação de ambas melhoraram um pouco de 2012 para 2013, mas ainda muito aquém dos índices de 2 dígitos do passado recente. Apesar da evolução das exportações brasileiras de bens acompanharem as tendências mundiais, mantiveram-se abaixo dos índices médios do mundo em 2012 e 2013. O peso das manufaturas nas exportações mundiais mantêm-se muito elevado, em torno de 67%, desde 2011. Já no Brasil, o peso delas vem se contraindo significativamente de 53% em 2005 para 36% em 2013.

 

 

 

 

 
Assim como o valor das exportações brasileiras de mercadorias em 2013 manteve-se praticamente estável em relação a 2012, o coeficiente de exportações (total da produção doméstica que é exportado) da indústria total também pouco oscilou, ficando na casa dos 18% no quarto trimestre de 2013. Contudo setorialmente houve mudanças importantes, com destaque para a queda de 6 p.p. do coeficiente das indústrias extrativas, voltando-se um pouco mais ao mercado doméstico. Na indústria de transformação, outros transporte assinalou a duplicação do coeficiente, devido às vendas da Embraer, provavelmente; tendo havido também crescimento do índice para farmoquímicos/ farmacêuticos e celulose/ papel etc. De outro modo, as indústrias de máquinas e equipamentos e coque/ derivados do petróleo foram as que assinalaram maior reduções nos índices.

 

 
Analisando-se somente o comércio internacional de manufaturas, constata-se que em 2013 o Brasil caiu uma posição no ranking dos maiores exportadores, caindo para da 31ª posição. (se considerada a União Europeia). Este resultado está a nove posições de sua colocação dentre as exportações totais. Vale notar que já teve posições melhores do que esta. E em termos de importações, o Brasil ano a ano vem se tornando mais importante, atingindo em 2013 a 19a posição. A participação das exportações brasileiras de manufaturas no total mundial permaneceu estável em 0,71%, porém a parcela do país nas importações mundiais desses produtos se elevou de 1,36% em 2012 para 1,40% em 2013.

 

 

 
Os maiores exportadores de manufaturas em 2013 são os mesmos desde  2011: nessa ordem, União Europeia, China, Alemanha, Estados Unidos e Japão. Em comparação com 2012, os movimentos mais importantes foram a ascensão no ranking do Canadá em relação à Espanha e da Áustria em relação à Malásia. O Vietnã chegou a 29ª colocação ultrapassando a Hungria e o Brasil.

Já os maiores importadores são União Europeia, EUA, China, Alemanha e França, mantendo a ordem desde 2011 também. Além da subida do Brasil, destacam-se a troca de posições entre Bélgica e México nas 11ª e 12ª posições, e entre Taipei, Suíça e Tailândia nas 21ª, 22ª e 23ª colocações.

 

 
A pauta brasileira de importações em valor se manteve relativamente estável desde 2005, com uma pequena diminuição na parcela de manufaturas  de 2012 para 2013, de 73,2% para 72,3% - a favor de combustíveis e minérios. E o coeficiente de penetração das importações continua se elevando ano a ano, atingindo 23% no último trimestre de 2013. O coeficiente de penetração dos importados cresceu tanto nas indústrias extrativas quanto na de transformação. Entre os subsetores da indústria da transformação, os que tiveram maior aumento do coeficiente de penetração de importação foram farmacêuticos/ farmoquíimicos (35,3% em 2013) e outros de transporte (29,2%).