Os Países Emergentes e
a Nova Geografia do Crescimento. Essa
décima edição do relatório
bienal sobre os indicadores da ciência
tecnologia e indústria na área
da OCDE enfatiza as fontes de crescimento
de longo prazo, destacando a nova geografia
do crescimento associada à emergência
de novos players, notadamente Brasil,
China, Índia, Indonésia, África
do Sul e Rússia, países que
compõem o grupo BRIICS.
O ponto de partida do relatório é
a constatação de que a economia
mundial enfrenta atualmente desafios extraordinários.
Além de pressões ambientais
que desafiam a sustentabilidade dos modelos
de desenvolvimento e do aumento da esperança
de vida da população está
colocando uma pressão maior sobre a
capacidade dos sistemas de saúde para
atender às necessidades de uma população
em envelhecimento, novas pressões têm
surgido em decorrência da globalização,
que avança em ritmo e escala sem precedente.
Com o aumento do comércio internacional,
o aprofundamento da integração
econômica, especialmente nas economias
emergentes, e uma maior fragmentação
geográfica dos processos de produção,
as cadeias globais de valor se tornaram cada
vez mais complexas, resultando em uma nova
geografia do crescimento.
Como o conhecimento flui cada vez mais através
das fronteiras, nesta nova geografia do crescimento,
a liderança das economias mais maduras
está sendo erodida pela concorrência
internacional de novos jogadores. Porém,
a capacidade de ação dos governos
das economias desenvolvidas está limitada
em razão da persistência de alguns
dos efeitos da recessão econômica
recente, em particular os elevados níveis
de desemprego e de dívida pública.
Na avaliação da OCDE, cada vez
mais, a inovação é vista
como essencial para enfrentamento efetivo
desses desafios. Além de auxiliar na
retomada do crescimento, a inovação
irá desempenhar um papel-chave para
emergência de novas fontes sustentáveis
de crescimento e competitividade. Todavia,
a taxa de atividade de patenteamento tem aumentado
rapidamente em economias não membros
da OCDE. Em média, mais de 40% das
invenções OECD são protegidos
também na China. Esses fluxos de tecnologia
espelham o comportamento estratégico
das empresas, a localização
das filiais e dos concorrentes, e a atratividade
dos mercados emergentes.
Nos países da OCDE, os efeitos da recessão
econômica de 2009 ainda serão
sentidos nos próximos anos. O indicador
tradicionalmente usado para medir o bem-estar
das nações é o Produto
Interno Bruto (PIB) per capita. Em 2010, o
crescimento generalizado sinalizou o início
de uma recuperação global. Contudo,
o ritmo de recuperação variou
entre os países da OCDE e desemprego
permaneceu elevado na maioria dos países
do grupo das economias desenvolvidas. Essa
condição cria um imperativo
para países encontrar fontes de novas
e sustentáveis de crescimento.
Durante os anos 1980 e no início dos
anos 1990, a produtividade do trabalho cresceu
mais rapidamente no Japão do que nos
Estados Unidos, em razão do maior número
de horas de trabalho por empregado. Na segunda
metade da década de 1990, a produtividade
do trabalho acelerou nos Estados Unidos, atingindo
2,5%, e um novo diferencial emergiu, notadamente
com a Área do euro. Entre 2003 e 2007,
ocorreu na Área do OCDE uma convergência
para baixo da produtividade do trabalho, de
modo que em 2007, todas as principais economias
da OCDE registravam taxas de crescimento de
produtividade semelhantes de cerca de 1% a
2%. Em 2008, um novo diferencial se abriu,
com maior crescimento da produtividade nos
Estados Unidos, enquanto no Japão e
na Área do euro a produtividade desacelerou
significativamente no rescaldo da crise.
Na comparação com a metade superior
dos países da OCDE, após 20
anos de diferencial persistente tanto em relação
ao PIB per capita como em relação
à produtividade do trabalho, os países
dos BRIICS e particularmente a China apresentaram
uma tendência positiva em 2009. Porém,
embora menor o diferencial dos BRIICS frente
às economias desenvolvidas permanece
significativo.
O investimento direto estrangeiro (IDE) fornece
aos países beneficiários acesso
às novas tecnologias e propicia o transbordamento
do conhecimento para empresas nacionais e
investimento adicional em pesquisa e desenvolvimento
(P&D). Nos últimos 15 anos, os
fluxos de IDE triplicaram. Embora o afluxo
de IDE para a Europa ainda ultrapasse o volume
destinado para o resto do mundo, os fluxos
de IDE para a China e o resto do Sudeste Asiático
saltaram de uma média de cerca de US$
50 bilhões anuais no período
1995-99 para cerca de US$ 150 bilhões
ao ano no período mais recente.
Durante o período 2003-09, os países
da União Europeia investiram quatro
vezes mais nos países do grupo dos
BRIICS que os Estados Unidos ou o Japão.
O IDE europeu na China foi, em média,
de US$ 6,5 bilhões por ano, o que representa
75% a mais do que o IDE proveniente dos Estados
Unidos. Já a média anual de
US$ 9 bilhões destinados ao Brasil
foi quatro vezes maior do que o IDE dos Estados
Unidos destinado a economia brasileira no
mesmo período.
Os Estados Unidos se mantêm como o maior
destinatário e investidor, mas a China
está próxima de se tornar o
segundo maior destinatário de investimento
direto estrangeiro. Ao mesmo tempo, o volume
de investimento direto no exterior realizados
pelos BRIICS aumentou substancialmente, refletindo
a maior integração dessas economias
na economia global. Entre o início
e o final da década de 2000, por exemplo,
os fluxos de IDE chineses no exterior aumentaram
em média nove vezes, enquanto aqueles
provenientes da Índia aumentaram mais
de sete vezes.
A crise internacional de 2008-09 afetou negativamente
o valor (e volume) do comércio industrial
na área OECD. O exame das tendências
de longo prazo do comércio por intensidade
de tecnologia indica que entre a segunda metade
da década de 1990 e meados da década
de 2000, o valor da OCDE comércio de
fabricação foi essencialmente
impulsionado pelos produtos de alta tecnologia.
A partir de 2005, no entanto, o comércio
de OECD em manufatura de alta tecnologia começou
a cair se aproximando do patamar do comércio
de produtos de média-alta tecnologia;
ao mesmo tempo, aumentou fortemente o comércio
em indústrias de médio-baixa
tecnologia. O pico no valor do comércio
de produtos industriais de média-baixa
tecnologia foi parcialmente devido ao aumento
dos preços de petróleo, produtos
petrolíferos e metais de base, nomeadamente
aqueles que servem de insumo à fabricação
dos produtos de tecnologia de informação
e comunicação.
No grupo dos BRIICS, as exportações
de bens industriais de alta tecnologia cresceram
continuamente nos últimos 20 anos e
representam atualmente cerca de 30% das suas
exportações industriais totais.
Em contraste, na área da OECD, as exportações
de alta tecnologia representam apenas 25%
das exportações totais da indústria
de transformação.
De acordo com a OCDE, ficou para trás
o tempo em que todas as fases da produção
de bens finais tinham lugar dentro de uma
mesma economia nacional, e apenas matérias-primas
eram importadas como insumos intermediários.
Hoje, as empresas exportam várias fases
de produção de muitos bens finais
e também de serviços por meio
de muitas economias. Esta fragmentação
internacional de produção cresceu
tanto nas últimas duas décadas
a ponto de tornar-se verdadeiramente global,
e processos de produção de muitas
economias se especializaram verticalmente
para uma gama de produtos e serviços.
Para compreensão deste desenvolvimento
não é suficiente comparar as
importações diretas às
medidas da produção nacional.
Por exemplo, um fabricante de computador que
importa alguns componentes pode igualmente
comprar componentes de fabricantes domésticos
que também utilizaram insumos importados
em seus processos de produção.
Nesse caso, as importações do
fabricante do computador podem conter elementos
produzidos em sua economia.
O relatório traz um novo conjunto de
informações sobre o comércio
bilateral, que fornece estimativas discriminadas
por categorias da indústria e por utilização
final. Essa nova base de dados revela o quanto
das exportações de um país
se destina ao consumo das famílias
estrangeiras ou quanto das exportações
é utilizado, como bens intermediários
ou como bens de capital (máquinas e
equipamentos), em processos de produção
em países estrangeiros.
Em 1995, por exemplo, o valor das exportações
da China foi de US$ 148 bilhões, dos
quais 60% se destinavam destinados ao consumo
final. Em 2009, o valor das exportações
da China alcançava US$ 1.529 bilhões
e a estrutura de suas exportações
tinham mudado substancialmente. Nesses últimos
15 anos, o valor das exportações
chinesas aumentou mais de dez vezes e o país
se tornou um importante exportador de bens
intermediários e de capital sofisticados.
Enquanto isso, a participação
dos países da OCDE nas exportações
mundiais diminuiu, passando de 75% para 60%.
O conteúdo importado das exportações,
medida de especialização vertical,
tenta capturar, por meio dos dados de insumo
produto relacionados às estatísticas
do comércio bilateral, as interdependências
resultantes, determinando em que medida os
insumos importados (diretos e indiretos) contribuem
para as exportações de uma economia.
Bens de capital importados, como máquinas
e equipamentos, estão excluídos
desta análise.
As economias menores tendem a ter elevada
participação de conteúdo
importado incorporado em suas exportações.
A disponibilidade de uma ampla variedade de
bens intermediários de origem nacional
significa que os países maiores são
menos dependentes de importações
de bens intermediários, como produtos
primários e peças e componentes,
para a sua produção de exportação
orientada bens. Países com importantes
dotações de recursos naturais,
tais como Austrália, Noruega, África
do Sul e a Rússia também apresentam
baixo conteúdo importado das exportações,
uma vez que a atividade extrativa mineral
requer poucos bens de consumo intermediários
para a sua produção.
Para a maioria das economias, a presença
de importações incorporadas
nas exportações aumentou na
última década. Suas origens
mudaram, em um sinal claro do aumento e da
evolução das interdependências.
Por exemplo, enquanto nos últimos anos,
a China tem contado cada vez mais com as importações
(principalmente da Europa, Japão e
outras economias da OCDE) para a produção
de bens finais para exportação.
Ao mesmo tempo, outras economias, como o Japão,
registram a ampliação de conteúdo
de origem chinesa incorporados em suas exportações
de bens finais.
De modo similar ao que se observa para as
exportações totais, entre 1995
e 2005, na maioria dos países pesquisados
– área da OECD e grupo dos BRIICS
– ocorreu uma elevação
na participação do conteúdo
importado no consumo das famílias,
reduzindo a contribuição do
valor adicionado interno. Na China, Índia
e Brasil, a participação de
conteúdo importado indireto é
relativamente elevada devido à baixa
penetração das importações
de bens finais e serviços para o consumo
das famílias em relação
aos países da OCDE.
Por meio do índice de Hannah-Kay (HK),
que mede as contribuições dos
setores para o PIB de um país, é
possível avaliar o grau de influência
dos setores. A redução do HK
corresponde ao aumento de especialização
econômica. Segundo a OCDE, desde 1970,
os países do G7 veem se tornando cada
vez mais especializado. O Canadá seria
a única exceção, dado
que esse tem experimentados diversificações
periódicas. Em contraste, o índice
HK da Coréia do Sul reflete parcialmente
o caminho de desenvolvimento anteriormente
percorrido por países do G7, ou seja,
mostra crescente diversificação
precoce (na indústria e serviços),
atingindo o pico no final de 1980, antes de
embarcar na especialização gradual
quando se evidenciaram novas vantagens comparativas.
Nos últimos 20 anos, houve intensa
globalização das atividades
de produção. Em 1990, os países
do G7 respondiam por dois terços do
valor agregado pela indústria de transformação
em termos mundiais. Atualmente, a fatia do
G7 no valor agregado mundial é inferior
a 50%. Em 2009, a China já tinha praticamente
alcançado os Estados Unidos na produção
manufatureira, enquanto a participação
do Brasil e da Índia entre os fabricantes
do mundo agora é semelhante da Coréia.
Com o declínio da produção
industrial em diversos países OCDE,
o peso dos serviços no Produto Interno
Bruto (PIB) aumentou. Atualmente, em média,
o setor de serviço responde por cerca
de 70% do PIB da OCDE. Além disso,
em vários países, houve ampliação
da participação das atividades
dos serviços necessárias para
a produção manufatureira. Em
2008, os serviços relacionados aos
empregados respondiam, em média, por
cerca de 35% dos trabalhadores na indústria
de transformação na área
da OECD. Considerando todos os países,
esse percentual variou entre 17% e 52%.
Em contraste com as economias da OCDE, o peso
do setor industrial nos BRIICS aumentou mais
de 4% nos últimos 20 anos, em contrapartida
à retração do setor agrícola
(-7%). Esta tendência tem sido acompanhada
pela importância crescente do setor
dos serviços na Rússia, China
e Índia, seguindo o crescimento da
renda e a maior participação
no comércio mundial.








Tendências dos Investimentos em Pesquisa
& Desenvolvimento. O relatório
destaca as mudanças no cenário
global do P&D e da inovação.
Além da emergência de novos atores
nas atividades de pesquisa e desenvolvimento
(P&D), ocorrem alterações
significativas no financiamento das inovações,
no mix de políticas de estímulo
às atividades de pesquisa, desenvolvimento
e invoção.
Os gastos com P&D representam um investimento
destinado a novos conhecimentos, produtos
ou processos. Tanto os governos como as empresas
privadas financiam as atividades de P&D,
porém o fazem com objetivos distintos.
De acordo com a OCDE, o P&D financiado
pelo governo tem como objetivo principal a
produção de novo conhecimento
científico fundamental e/ou a satisfação
de necessidades sociais, tais como saúde
e defesa, e, portanto, não se espera
que afetem a produtividade corrente. Já
o P&D financiado pelo setor empresarial
privado é normalmente orientado para
novos processos e novos produtos e quando
bem sucedido resulta em aumenta da produtividade.
A atividade de P&D financiada pelo setor
privado é, em geral, moderamente pró-cíclica,
ou seja, é afetada pelo ciclo de negócios,
uma vez que está sujeita a restrições
de financiamento.
Os dados mais recentes mostram que a atividade
de registro de marcas nos Estados Unidos foi
fortemente afetada pela crise econômica.
A partir de meados de 2007, houve uma queda
acentuada nos registros de marcas dos setores
de finanças e seguros junto ao Escritório
de Patentes e Marcas (USPTO, na sigla em inglês).
No caso dos bens industriais e de outros serviços,
o registro de marcas acompanhou de perto o
ciclo de negócios, retraindo inicialmente
e, em seguida, voltando a subir no início
de 2009.
Outra tendência ressaltada pelo relatório
é a do crescimento dos registros de
marcas relacionadas às atividades de
serviço. Com exceções
da África do Sul e Islândia,
houve aumento nos pedidos de registro de marcas
de serviços em todas as economias pesquisadas.
Em média, a participação
dos pedidos relacionados aos serviços
no total de registros de marcas subiu de 32%
para 39% na última década. A
maior parte dos registros de marcas de serviços
ocorre nas atividades de conhecimento intensivo,
especialmente em países emergentes,
como Indonésia e Brasil.
O registro de marcas em atividades de serviços
pode estar relacionado às atividades
P & D. Por exemplo, "solução
climática Siemens" compreende
pesquisa e serviços de consultoria
de desenvolvimento nas áreas de engenharia
elétrica, eletrônica, tecnologia
da informação, engenharia médica,
física, química e engenharia
mecânica.
Como se sabe a disponibilidade de recursos
limita os gastos com P & D. Com as atividades
de P&D envolvem alto risco e baixa garantia,
os mercados financeiros sãorelutantes
em financiar o P & D. Mesmo antes da recente
crise financeira, os bancos relutavam em emprestar
a pequenas empresas recém-criadas.
O acesso das novas e inovadoras pequenas empresas
ao financiamento privado se dá, em
geral, sob a forma tanto de dívida
direta como de capital acionário.
Segundo a OCDE, a crise financeira aumentou
ainda mais a lacuna existente entre o financiamento
do capital semente (seed money) e
o financiamento do estágio inicial
(early-stage), uma vez que as empresas
de capital de risco passaram a privilegiar
os estágios posteriores nos quais os
riscos dos investimentos são menores.
Com a retração dos capitalistas
de risco, cresceu a importância dos
investidores anjo – frequentemente,
empresários experientes e bem sucedidos
– no financiamento das novas empresas
inovadoras.
O relatório destaca que houve igualmente
mudanças significativas no cenário
global de P&D, com a emergência
de novos atores. As economias emergentes não
membros da OCDE respondem por uma parcela
crescente da atividade mundial de pesquisa
e desenvolvimento, medida tanto em termos
de total de pesquisadores como dos gastos
com P&D.
Com gastos da ordem de USD 400 bilhões
em 2008, os Estados Unidos se mantêm
como líder nos investimentos em P&D.
Mas a China já ultrapassou o Japão
e ocupa a segunda posição, com
gastos equivalentes a um terço do total
americano em paridade do poder de compra.
A União Europeia em conjunto gasta
com P&D o equivalente a três quartos
do gasto total dos Estados Unidos.
Na maioria dos países, as despesas
de pessoal, que incluem os custos com pesquisador,
representam a maior parcela dos gastos com
P&D. Segundo a OCDE, isso explicaria a
estreita relação entre o gasto
com P&D em percentagem do PIB e o número
de pesquisadores como percentagem do emprego
total. A Finlândia é o país
que apresenta a maior intensidade de pesquisa
em ambas medidas.
Os governos contam com várias ferramentas
para alavancar os investimentos em P&D
do setor privado, tais como encomendas de
P&D às empresas, apoio financeiro
direto via subsídios ou empréstimos
ou a concessão de incentivos fiscais,
como abatimento ou créditos fiscais
de P&D. O suporte financeiro direto é
em geral concedido a projetos específicos
com potencial elevado retorno social. Os incentivos
fiscais reduzem o custo marginal das atividades
de P&D, permitindo que as empresas privadas
escolham os projetos de pesquisa que irão
financiar.
Atualmente, 26 dos 34 países da OCDE
e diversas economias não membros da
OCDE concedem incentivos fiscais às
atividades privadas de P&D. Novas estimativas
do custo dos incentivos ficais ao P &
D e dados sobre o valor do suporte financeiro
público direto para apoiar as atividades
empresariais de P&D mostram que alguns
países oferecem mais apoio indireto
do que direto (por exemplo, Dinamarca e Portugal),
enquanto outros, casos dos Estados Unidos
e Reino Unido, fornecem relativamente maior
apoio direto. Nos últimos anos, tem
crescido a importância dos incentivos
fiscais como instrumento de estímulo
ao P&D privado. Em vários países,
os governos estão adotando novos incentivos
fiscais ou aumentando a generosidade dos esquemas
atuais.







Evolução dos Gastos com P&D.
Os gastos com P&D são
uma das medidas mais amplamente usadas para
avaliar os esforços inovadores das
empresas e países. Estes gastos estão
diretamente relacionados à inovação
mediante novos produtos e novos processos
e, indiretamente, como investimento em conhecimento.
A intensidade do P&D intensidade –
despesas com P&D em percentagem do PIB
– é utilizado como indicador
do grau relativo dos investimentos de uma
economia na geração de novos
conhecimentos. Vários países
adotaram "metas" para este indicador
com propósito de ajustar o foco das
decisões de política e do financiamento
público.
Dentre os países membros da OCDE, Israel
é o que registrava, em 2009, a maior
intensidade de P & D, com o gasto doméstico
bruto em P&D (GERD, na sigla em inglês)
superior a 4% do PIB. Na média da OCDE,
o GERD corresponde a 2,3% do PIB. Em termos
absolutos, os Estados Unidos respondem por
41,2% do GERD da área da OCDE, seguidos
pelo Japão com 15,4% e da Alemanha
com 8,5%. Na China, a intensidade do GERD
alcançou 1,7% do PIB em 2009 (ante
0,8 em 1999), o que equivale a 12,5% do gasto
total da OCDE com P&D.
Dentro dos países, mesmo naqueles mais
intensivos em P&D, há também
uma variação considerável
na intensidade de R&D. Em parte, tal variação
expressa diferenças na estrutura industrial
e na capacidade de pesquisa. Na Austrália,
França, Alemanha, Coréia, Noruega,
Estados Unidos e Reino Unido, a intensidade
do R&D da região líder é
pelo menos o dobro da média nacional.
Nos Estados Unidos, o Novo México é
a região mais intensiva em P&D,
com investimentos equivalentes a 7,5% do PIB
regional.
De acordo com o relatório, o setor
empresarial se mantém como o principal
executar das atividades de P&D na maioria
das economias, sendo responsável por
quase 70% do P&D realizado na área
da OCDE. Já o setor do ensino superior
responde por quase 17% do GERD total na área
da OCDE. Em Israel, o setor privado
responde pela maior fatia do GERD, executando
quase 80% do total do P&D, seguido de
perto pelo Japão e pela Coreia do Sul.
A participação do setor empresarial
no P&D só é ultrapassada
pelo setor de ensino superior apenas na Turquia,
Grécia e Polônia. O governo é
o principal executor de P&D apenas na
Argentina, onde responde por quase 40% do
GERD.
O gasto total do setor de educação
superior com P&D (HERD, na sigla em inglês)
corresponde a 0,4% do PIB na área da
OECD. Na maioria dos países, esses
gastos aumentam ao longo da última
década. A Suécia é o
país que registra a maior intensidade
do P&D no setor de educação
superior: 0,9% do PIB. Já a Dinamarca
e Portugal praticamente duplicaram a intensidade
do seu HERD ao longo da década.
Na maioria dos países, a pesquisa básica
é executada pelas universidades e organizações
públicas de pesquisa. Na área
da OCDE, em média, governo e universidades
executam mais de três quartos de todas
as pesquisas básicas. A participação
do setor do ensino superior na pesquisa básica
varia de 80% no Chile, Irlanda e Dinamarca
a aproximadamente 20% na Coréia, o
Reino Unido e Rússia. A participação
do governo na pesquisa básica é
maior na Rússia, seguida pela República
Checa, Eslováquia, Hungria e China.



Atividades de P&D no Setor Privado.
O grosso das atividades de P&D na área
da OCDE é realizado por empresas e
institutos de pesquisa privados. Denominados
BERD (na sigla em inglês),
esses gastos privados que correspondem a aproximadamente
70% dos gastos totais de P&D realizados
na área da OCDE, atingiram 1,62% do
PIB em 2008.
De acordo com a OCDE, na comparação
da intensidade do BERD dos países é
importante considerar as diferenças
em suas estruturas industriais. Enquanto haja
variação significativa na intensidade
de P&D dentro de setores, alguns padrões
setoriais tornam muito difícil para
um país aumentar significativamente
sua intensidade P&D sem alterar de forma
profunda sua estrutura industrial. Com o propósito
de facilitar a compreensão do quanto
as diferenças estruturais podem explicar
as diferenças observadas na intensidade
de P&D do setor privado, a OCDE construiu
um indicador que mostra como seria a intensidade
de P&D total de um país se este
tiver a mesma estrutura industrial que a média
dos países membros da OCDE.
Esse novo indicador – a intensidade
do gasto privado com P&D ajustado pela
estrutura industrial – mostra que, em
países como Finlândia, Alemanha
e Coréia, cujas economias são
relativamente especializadas em alta e média
alta tecnologia, a intensidade do BERD ajustada
estaria abaixo da média da OCDE de
2,5%. Em contrate, países como França,
Islândia e Holanda teriam uma intensidade
do BERD maior caso tivessem a estrutura industrial
média da OCDE. Nos países da
Europa meridional e oriental e no México,
contudo, uma estrutura industrial mais próxima
da média da OCDE não resultaria
em maior intensidade do P&D. Isto indica
que o gasto privado com P&D é inferior
à média, independentemente da
especialização sectorial.
No que se refere aos gastos com P&D realizados
pelas empresas industriais, o corte por intensidade
tecnológica revela diferenças
significativas entre os países. Na
Irlanda, Finlândia, Estados Unidos Estados
e Islândia, as indústrias de
alta tecnologia respondem por mais de dois
terços dos gastos com P&D da indústria
de transformação. Já
na República Checa, Turquia, Alemanha
e Áustria são as indústrias
de média-alta tecnologia que mais investem
em P&D, respondendo por mais da metade
dos gastos totais do setor manufatureiro.
No México, Austrália, Estônia
e Portugal, os gastos com P&D ainda é
muito concentrado nas indústrias de
média-baixa e baixa tecnologia.
Também no setor de serviços,
em particular naquelas atividades intensivas
em conhecimento, o P&D desempenha um papel
significativo. Na maioria dos países
da OECD, o setor de serviços responde
por um terço ou mais do BERD, participação
que veio aumentando ao longo da última
década.
As filiais de empresas estrangeiras podem
desempenhar um papel importante nos esforços
nacionais de P&D. Na maioria dos países
da OCDE, as filiais estrangeiras foram responsáveis
por mais de um quinto dos gastos privados
totais com P&D em 2007-08. Em algumas
pequenas economias abertas, a participação
das empresas estrangeiras foi superior a 50%
do BERD total, como foram os casos de Israel
(61,8%) e da Irlanda (72,4%). Em contraposição,
a participação estrangeira foi
mais baixa nas duas economias da OCDE com
os maiores volumes de BERD: 14,3% nos Estados
Unidos e menos de 5% no Japão.
As empresas pequenas e médias empresas
(PME) desempenham igualmente um papel importante
no esforço de P&D na maioria dos
países da OCDE. Contudo, a participação
das PMEs no BERD total tende a ser maior nas
economias menores: 73% na Nova Zelândia,
71% na Estónia e 63% no Chile, em comparação
com menos de 20% na França, Suécia,
Finlândia, Estados Unidos e Alemanha,
e somente 6% no Japão.





Fontes de Financiamento das Atividades de
P&D. As fontes de financiamento
das atividades de P&D (BERD) podem ser
nacionais ou estrangeiros. Também podem
se originar de empresas privadas, instituições
públicas (governo e educação
superior) ou de organizações
internacionais.
Na maioria dos países da OCDE, contudo,
o setor privado é a principal fonte
de financiamento dos investimentos de P&D,
respondendo por cerca de dois terços
do total em 2008. Todavia, há diferenças
significativas entre os países no que
se refere à contribuição
dos governos no financiamento das atividades
de P&D do setor privado. Embora no conjunto
da área da OCDE a participação
do governo no financiamento do BERD tenha
declinado de cerca de 9% em 1999 para 6,5%
em 2009, o suporte financeiro dos governos
ao P&D executado pelo setor empresarial
privado aumentou em vários países.
Esses foram os casos da Rússia, onde
subiu de 40% para 57% no mesmo período,
África do Sul, Espanha, Hungria e Turquia.
Em contraste, a importância do governo
no financiamento do BERD se reduziu significativamente
na Polônia, na Estônia, na Eslováquia,
na Itália, em Israel (onde os dados
excluem o P&D do setor de defesa) e em
Portugal. Nos Estados Unidos e na Alemanha
também ocorreu redução
da participação governamental
no funding do BERD, mas essas foram
relativamente menos expressivas. O mesmo ocorreu
na China, onde a participação
do governo declinou de 6,8% em 2000 para 4,3%
em 2009.
Em 2009, os governos nos países da
OCDE investiram o equivalente a cerca de 0,75%
do PIB no financiamento direto das atividades
de P&D. Os Estados Unidos apresentam o
maior orçamento governamental de P&D
(GBAORD na sigla em inglês) em percentagem
do PIB (1,2%), seguido por Finlândia,
Islândia, Portugal e Coréia,
que variam de cerca de 1,02% para 1,1%. Na
maioria dos países, esse indicador
está acima em relação
a níveis pré-recessão,
refletindo tanto o uso de pacotes de estímulo
no apoio às atividades de P&D como
a queda nas taxas de crescimento do PIB.
O setor de educação superior
é o principal beneficiário das
alocação do GBAORD na maioria
dos 15 países da OCDE que disponibilizam
esse tipo de informação. No
caso da Suíça, o setor de educação
superior absorve quase 90% dos GBAORD. Nessa
amostra de 15 países, somente na Polónia,
Alemanha, República Checa e Coréia,
o próprio setor governamental registra
participação no GBAORD.
O suporte governamental à pesquisa
básica é crucial e assume a
forma de financiamento direto do P&D.
Os dois principais modos de financiamento
público direto são o financiamento
institucional e o financiamento com base em
projeto. Enquanto o primeiro modo garante
um financiamento estável de longo prazo
para a atividade de pesquisa, o segundo modo
estimula a concorrência dentro do sistema
de pesquisa e facilita o estímulo a
áreas estratégicas de pesquisa.
Entre os países da OCDE, os modos de
financiamento da pesquisa básica realizada
pelo setor de educação superior
variam significativamente e refletem as distintas
configurações dos sistemas nacionais
de pesquisa. Na Dinamarca, Israel, Nova Zelândia,
Áustria e Alemanha, o financiamento
institucional é o modo principal, enquanto
a Bélgica e Coréia predominam
o financiamento de projetos.
O relatório destaca que há uma
complexa interação entre os
setores público e privado no financiamento
e na execução das atividades
de P&D. Os países diferem significativamente
em seus sistemas "público"
de P&D, os quais apresentam diferentes
combinações de institutos governamentais
de pesquisa e universidades privadas e/ou
públicas, contando com diferentes graus
de financiamento do governo. Para analisar
a contribuição do setor empresarial
para o P&D realizada neste domínio
quase-público e melhorar a comparabilidade
internacional, a OCDE agrupou os institutos
governamentais de pesquisa e o setor de ensino.
Os dados mais recentes mostram que na Hungria,
Holanda, China, Turquia, Rússia e Alemanha,
o setor empresarial desempenha um papel relevante
no financiamento de P&D executado pelos
setores de educação superior
e de pesquisa governamental. Nos países
da OCDE, a situação não
se alterou significativamente ao longo da
última década, mas houve um
aumento substancial na importância do
setor privado na Alemanha, Holanda e Hungria
e diminuições significativas
na Eslovênia, África do Sul,
Polónia e Reino Unido.
Já as fontes estrangeiras de funding
das atividades de P&D incluem, por exemplo,
o P&D executado por filiais de empresas
estrangeiras, o P&D executado sob contrato
em nome de empresas sediadas no exterior ou
bolsas de pesquisa concedidas por organizações
internacionais. Em média, na área
da OCDE, o financiamento do exterior de atividades
de P&D desempenha um papel bastante importante
no funding do BERD. Na União
Europeia, por exemplo, as fontes externas
representavam cerca de 10% do BERD total em
2008.
De acordo com o relatório, a importância
do funding estrangeiro para o P&D
parece estar relacionada com o peso das multinacionais
estrangeiras na economia e na produção
nacional de tecnologia. Assim para a Áustria,
a Irlanda, Eslováquia e Reino Unido,
os fundos do exterior representavam 20% ou
mais do BERD total em 2009 (2007 no caso da
Áustria).
Na maioria dos países, o financiamento
estrangeiro do BERD é efetuado por
outras empresas privadas. Em um grupo de 19
países para os quais existem dados
disponíveis, as empresas estrangeiras
contribuem com menos de 80% do total dos recursos
estrangeiros para o BERD nacional apenas na
França (78%), Espanha (71%), Eslovênia
(70%) e Portugal (67%). Os percentuais mais
elevados são assinalados pela Coréia
(99,2%), Reino Unido (98,7%), Eslováquia
(96,4%) e Áustria (96,1%).
Para 16 países, a informação
coletada permite identificar a proporção
de recursos correspondente a financiamento
intrafirma ou financiamento de outras empresas.
Dentre esses, somente a Eslovênia relata
uma maior participação de recursos
provenientes de empresas não coligadas,
que representam quase 70% do total dos fundos
recebidos do exterior. Na Finlândia,
Hungria, Portugal e Eslováquia, a proporção
de recursos provenientes de por empresas do
mesmo grupo é significativamente maior.








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