Carta IEDI
Carta IEDI n. 888 - A Indústria em Setembro de 2018: nada a se comemorar
No que diz respeito à indústria, não há nada a se comemorar no terceiro trimestre de 2018, sobretudo no mês de setembro. Foram três meses de perdas recorrentes de produção na série com ajuste sazonal, o que não ocorria desde final de 2015, um ano de crise aguda para o setor. Em setembro, a retração chegou a -1,8% ante agosto e acabou contaminando o desempenho da maior parte de seus segmentos e dos parques industriais mais importantes do país.
Se este padrão vier a se repetir nos próximos meses, como, ademais, prenunciam os indicadores de confiança dos empresários industriais para outubro, a recuperação de 2018 será ainda mais fraca do que aquela de 2017. Cabe observar que o dinamismo no acumulado janeiro-setembro já está em apenas +1,9% e que as expectativas do boletim Focus do Banco Central, cujo otimismo vem se frustrando ao longo do ano todo, apontam para uma alta de +2,2% até dezembro. Isto é, em ambos os casos abaixo do resultado de +2,5% de 2017.
A contar pelo terceiro trimestre, o ritmo de crescimento em que se encontra a indústria brasileira é ainda mais fraco: +1,2% frente ao 3º trim/17, indicando uma clara involução desde o último trimestre do ano passado, quando havia crescido 5%. Não é por outra razão que a melhora da ocupação industrial, que liderava a reação do emprego no país, foi interrompida, ficando estagnada em julho-setembro (+0,3% ante jul-set/17).
Ainda mais grave está a situação em muitos dos principais parques industriais do país. A produção em São Paulo, por exemplo, registrou o primeiro trimestre negativo desde o início de 2017, ao cair 1% no 3º trim/18. Assim, o retrocesso da indústria brasileira em julho-setembro de 2018 é o retrocesso da indústria paulista; mas não apenas.
Amazonas, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia também ficaram no vermelho no 3º trim/18. Rio de Janeiro cresceu, mas perdeu ímpeto. Mesmo aquelas localidades em que houve melhora, como Rio Grande do Sul, Nordeste como um todo (graças a Pernambuco), além de Goiás e Espírito Santo, somente recuperaram o tempo perdido, já que tiveram resultados anteriores anêmicos, quando não negativos.
Em outras palavras, regionalmente o “núcleo duro” da indústria brasileira não se saiu bem no terceiro trimestre. O que dizer, então, dos macrossetores industriais? Praticamente todos sofreram desaceleração. A única exceção coube a bens intermediários, que nos últimos seis meses operaram em semi estagnação, como indica o resultado de apenas +0,6% no 2º trim/18 e de +0,7% no 3º trim/18. Isso significa uma perda de ritmo flagrante diante da alta de 4,2% no 4º trim/17.
Quem também se encontra em um quadro semelhante de baixíssimo dinamismo é o macrossetor de bens de consumo semi e não duráveis e isso desde o começo do ano, com 0% e +0,6% nos dois primeiros trimestres. Agora, no terceiro trimestre, resvalou para o campo negativo: -0,2%, devido a quedas tanto em agosto como em setembro.
Assim, bens de capital e bens de consumo duráveis continuam liderando o crescimento da indústria, mas não se livraram de uma forte desaceleração ao longo de 2018. Bens de consumo duráveis cresceram +7,1% no 3º trim/18, isto é, em um ritmo que é menos da metade dos +17,8% do 4º trim/17. Influenciou muito esse comportamento a produção eletrodomésticos e móveis, que retornaram à faixa negativa (-7% e -5,1%, respectivamente), mas também a de automóveis, que ainda cresce a dois dígitos, mas também sofreu desaceleração.
Bens de capital, por sua vez, avançaram +6,8%, bastante inferior ao resultado do último quarto do ano passado (+11,5%), em boa medida devido ao declínio renovado de bens de capital para a própria indústria (-2,7% no 2º trim/18 e -0,5% no 3º trim/18) e à desaceleração daqueles de uso misto (de +16,4% para apenas +1,2% no mesmo período). Este é um mau indício para o investimento industrial.
Resultados da Indústria
Em setembro de 2018, a produção industrial variou -1,8% na comparação com o mês anterior, já descontados os efeitos sazonais, depois de já ter registrado -0,2% no mês de julho e de -0,7% no mês de agosto (dados revisados). Assim, passados os efeitos imediatos da paralisação do transporte de carga rodoviário, que implicaram forte volatilidade dos resultados nos meses de maio (-10,9%) e de junho (+12,6%), o setor retomou uma sequência de resultados negativos que não se via desde o início de sua recuperação. Dos nove meses de 2018 com resultados oficiais já conhecidos, o saldo está longe de ser dos melhores: 6 meses negativos e apenas 3 positivos, na série com ajuste sazonal. À exceção do resultado excepcional de junho que compensou o tombo de maio, o único avanço digno de nota nesta comparação continuou sendo abril: +0,9%.
O desempenho da indústria em comparação com o mesmo período de 2017 apresenta desde meados do ano passado uma sequência de variações positivas, exceto maio (-6,3%) e agora no mês de setembro: -2,0%. Vale observar, contudo, que em 2018 o mês de setembro teve 1 dia útil a menos do que no ano de 2017. Assim, o dinamismo de +3,1% sinalizado pela média móvel trimestral finda em agosto, na comparação com o mesmo período do ano anterior, caiu para menos da metade: +1,2% no terceiro trimestre do ano. A tendência de enfraquecimento do crescimento industrial, trimestre após trimestre, em 2018 se manteve, já que havia sido de +5% no 4º trim/17, passando para +2,8% no 1º trim/18 e +1,7% no 2º trim/18, antes de chegar em 1,2% conforme dito anteriormente.
Em relação aos macrossetores, na comparação com agosto, descontados os efeitos sazonais, os resultados foram negativos para todos eles. Houve retrocesso de -5,5% na produção de bens de consumo duráveis, de -1,3% na de bens de capital e de -1,0% na de bens intermediários. Bens de consumo semi e não duráveis, que foi quem menos caiu em setembro, apresentou resultado de -0,7%.
Já na comparação de setembro de 2018 com setembro de 2017, apenas bens de capital conseguiram se manter na faixa positiva (+3,9%); todos os demais macrossetores seguiram a tendência do agregado da indústria e tiveram um mês de queda. O maior destaque negativo nesta comparação coube a bens de consumo duráveis, com declínio de -4,5%, seguido por bens intermediários, que viram sua produção recuar 2,6%. Já bens de consumo semi e não duáveis registraram queda de -1,4%.
Em setembro, o declínio interanual de -4,5% na produção de bens de consumo duráveis se deveu, em grande medida, aos resultados negativos na fabricação de automóveis (-2,6%) e de eletrodomésticos da “linha marrom” (-14,7%). Também houve recuos em móveis (-11,6%) e eletrodomésticos da “linha branca” (-1,0%). Já os impactos positivos mais importantes vieram de motocicletas (+4,8%) e de outros eletrodomésticos (+0,8%).
O decrescimento de bens intermediários de -2,6% ante setembro de 2017 foi produzido principalmente pela evolução desfavorável das atividades associadas a produtos alimentícios (-21,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,6%), produtos têxteis (-4,9%), máquinas e equipamentos (-2,5%) e produtos de borracha e de material plástico (-0,6%). Em contrapartida, exerceram pressões positivas os intermediários de metalurgia (+9,0%), celulose, papel e produtos de papel (+7,9%), produtos de metal (+5,0%), outros produtos químicos (+2,1%) etc.
Já o macrossetor de bens de consumo semi e não-duráveis, que variou -1,4% ante setembro de 2017, teve desempenho explicado pelos recuos verificados no grupamento de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-3,1%) e nos subsetores de carburantes (-4,5%) e de semiduráveis (-3,7%). Por outro lado, o grupamento de não-duráveis (+6,8%) apontou a única taxa positiva nessa categoria.
Por fim, o macrossetor de bens de capital, que cresceu +3,9% ante setembro de 2017, teve desempenho explicado pelas altas verificadas nos grupamentos de bens de capital para equipamentos de transporte (+14,9%), impulsionado, principalmente, pela maior fabricação de caminhões, reboques e semirreboques, caminhão-trator para reboques e semirreboques e aviões, de bens de capital para construção (+10,0%), agrícolas (+5,6%) e para energia elétrica (+3,2%). Já os impactos negativos foram assinalados pelos grupamentos de bens de capital para fins industriais (-9,3%) e de uso misto (-0,8%).
Com estes resultados de setembro, negativos para a maioria dos macrossetores, o terceiro trimestre de 2018 registrou nova desaceleração na comparação interanual. A maior perda de dinamismo se verificou em bens de consumo suráveis, cuja sequência de resultados trimestrais em 2018 foi a seguinte: +17% no 1º trim., +11,3% no 2º trim. e apenas +7,1% no 3º trim. O quadro não foi muito melhor para bens de capital: +11,2%; +7,8% e +6,8%, respectivamente, e também se verificou em bens intermediários, ainda que nos dois últimos trimestres tenha ocorrido certa estabilização do ritmo de crescimento: +1,7%; +0,6% e +0,7%, respectivamente. Já bens de consumo semi e não duráveis mal registrou crescimento em 2018 e já voltou ao vermelho: 0% no 1º trim., +0,6% no 2º trim. e -0,2% no 3º trim. do ano.
No acumulado de janeiro a setembro de 2018, a indústria geral apresentou resultado de +1,9% frente a igual período do ano anterior, isto é, bastante inferior ao ritmo de crescimento de 2017 como um todo: +2,5%. O resultado acumulado até set/18 foi condicionado notadamente por bens de consumo duráveis, cuja produção avançou 11,6% no mesmo período, e por bens de capital, com alta de 8,5%. Também ficaram no positivo, mas com um desempenho inferior à média geral da indústria os seguintes macrossetores: bens intermediários, com +1,0%, e bens de consumo semi e não duráveis, com apenas +0,1%.
No acumulado em 12 meses, vale observar que a indústria geral apresentou, em setembro, a segunda desaceleração seguida em comparação ao mesmo período do ano anterior, com a taxa de crescimento saindo de +3,3% em junho para +3,1% em agosto e, então, para +2,7% em setembro. Nesta comparação, bens de consumo duráveis cresceram 13,1% em setembro, seguido por bens de capital, com +9,2%, bens intermediários, com +1,7%, e bens de consumo semi e não duráveis, com +0,8%.
Por Dentro da Indústria de Transformação
A variação de -1,8% da produção industrial geral em setembro de 2018 foi acompanhada de retração de -1,4% na indústria de transformação e de -0,3% no ramo extrativista, já realizado o ajuste sazonal. Em relação a setembro de 2017, os resultados da indústria geral e de transformação foram de -2,0% e -2,3%, respectivamente, enquanto o setor extrativista foi de +0,3%.
Frente a agosto de 2018, na série com ajuste sazonal, o decréscimo de -1,8% da indústria geral foi acompanhado por: 16 dos 26 ramos pesquisados. As principais influências negativas vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (-5,1%), máquinas e equipamentos (-10,3%) e bebidas (-9,6%), além de produtos alimentícios (-1,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-5,7%), outros produtos químicos (-1,6%) e celulose, papel e produtos de papel (-2,4%), entre outros. Entre os nove ramos que ampliaram a produção nesse mês, o mais relevante para a média global foi assinalado por metalurgia, que avançou +5,4%.
Na comparação com igual mês do ano anterior, em que a indústria geral apresentou decréscimo de -2%, variações negativas marcaram o desempenho de 13 dos 26 ramos, 43 dos 79 grupos e 52,4% dos 805 produtos. Vale lembrar que setembro de 2018 (19 dias) teve um dia útil a menos do que igual mês do ano anterior (20). Os destaques desfavoráveis ficaram a cargo de: produtos alimentícios (-11,8%), pressionado, em grande parte, pela menor fabricação de açúcar cristal e VHP, sucos concentrados de laranja, carnes e miudezas de aves congeladas; coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,6%), bebidas (-12,2%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-8,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-8,3%), entre outros. Em direção oposta, apontaram ampliação na produção frente a set/17 os seguintes setores: metalurgia (+9,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+22,9%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (+3,9%), entre outras contribuições.
Já no acumulado do ano de janeiro a setembro, frente a igual período do ano anterior, o setor industrial mostrou expansão de +1,9%, com resultados positivos em 16 dos 26 ramos, 43 dos 79 grupos e 51,8% dos 805 produtos. Os principais resultados positivos foram verificados em veículos automotores, reboques e carrocerias (+16,5%), metalurgia (+5,5%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+1,9%), celulose, papel e produtos de papel (+5,8%), máquinas e equipamentos (+4,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+8,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+4,5%), entre outros. Já entre as dez atividades que apontaram redução na produção, destacam-se produtos alimentícios (-3,9%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-3,7%) e couro, artigos para viagem e calçados (-4,3%).
Exportação
Segundo os dados da Funcex, divulgados pelo IBGE conjuntamente com os resultados da produção industrial, o quantum das exportações de manufaturados no mês de setembro de 2018 recuou -11,5%, depois de avançar +27,4% em agosto, sempre frente ao mesmo período do ano anterior. Com disso, o resultado no acumulado dos primeiros nove meses do ano foi de +2,5%, inferior àquele do mesmo período de 2017 (+3,1%).
Por sua vez, as importações em quantum de matérias-primas para a indústria declinaram -3,1% em setembro de 2018 frente a setembro de 2017. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, contudo, houve expansão de +5,4% frente ao mesmo período do ano passado, ritmo inferior ao de igual período de 2017 (+8,5%).
Utilização de Capacidade
O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação, de acordo com a série da FGV com ajustes sazonais, foi de 76,9% em setembro de 2018, 0,9 p.p. maior do que o patamar de agosto e acima da utilização média do primeiro semestre de 2018 (75,9%). A despeito disso, o atual nível de utilização continua muito baixo, inferior à média histórica do próprio indicador (80,2%) iniciada em janeiro de 2001. A trajetória trimestral média do indicador mostra que a melhora progressiva foi interrompida na passagem do 2º para o 3º trimestre de 2018: 74,6% no 4º trim/17; 75,5% no 1º trim/18; 76,4% no 2º trim/18 e 76,2% no 3º trim/18.
Já o indicador da CNI ficou em 77,8% em setembro de 2018, já descontados os efeitos sazonais, nível inferior ao de agosto (78,2%) e praticamente o mesmo de julho (77,6%). Vale lembrar que o indicador havia encerrado o ano de 2017 em 77,9%, o que significa dizer que a utilização da capacidade instalada perdeu tudo o que havia progredido nos primeiros meses de 2018, como sugerem os resultados médios em cada trimestre: 77,8% no 4º trim/17; 78,1% no 1º trim/18; 77,2% no 2º trim/18 e 77,9% no 3º trim/18. Assim como no caso do indicador da FGV, a utilização da capacidade estimada pela CNI manteve-se abaixo de sua média histórica de 81,0%.
A permanência da utilização da capacidade em níveis historicamente baixos e sem uma trajetória inconteste de acentuada melhora não é um indício favorável para a evolução futura do investimento, isso porque máquinas e equipamentos atualmente ociosos deverão ser postos em funcionamento antes de os empresários pensarem em ampliar sua capacidade de produção. Em contrapartida, a existência de capacidade ociosa significa que existem plenas condições de oferta para garantir uma recuperação da atividade econômica sem pressões inflacionárias.
Estoques
De acordo com os dados da Sondagem Industrial da CNI, os estoques de produtos finais da indústria em setembro de 2018 assinalaram índice de 50,6 pontos, voltando a ficar acima da marca dos 50 pontos, pelo terceiro mês consecutivo, depois de ter atingido 48,4 pontos no mês de junho. Vale lembrar que o indicador acima de 50 pontos indica aumento dos estoques e abaixo, redução deles. Este resultado em setembro de 2018, 0,3 ponto abaixo daquele de agosto, foi condicionado tanto pelo segmento da indústria de transformação, cujo indicador de estoques ficou em 50,9 pontos (-0,1 ponto frente a ago/18), como pela indústria extrativa que, por sua vez, ficou em 42,7 pontos (-4,8 pontos frente a ago/18).
Na avaliação dos empresários, os estoques efetivos da indústria geral continuaram acima do nível planejado (isto é acima de 50 pontos), como tem ocorrido desde o mês de março, atingindo o patamar de 51,2 pontos em setembro (exatamente aquele de agosto), o nível mais elevado do ano se for desconsiderado o mês de maio (53,3 pontos), afetado pela greve dos caminhoneiros. No caso do setor extrativo e no caso da indústria de transformação, o indicador de satisfação dos estoques ficou em 44,7 pontos e 51,4 pontos, respectivamente.
No grupo industrial da indústria de transformação, 13 dos 26 ramos acompanhados pela CNI tiveram estoques iguais ou menores do que o planejado (50 pontos) em setembro de 2018, como em outros equipamentos de transporte (42,9 pontos), borracha (44,8 pontos), metalurgia (44,9 pontos) e minerais não metálicos (45,6 pontos). Cabe observar que na passagem de agosto para setembro o número de setores com estoques iguais ou abaixo do planejado caiu de 16 para 13, depois de ter atingido 20 no mês de junho. Em contraste, ficaram com estoques efetivos acima do planejado em setembro os setores de farmacêuticos (55 pontos), calçados (54,9 pontos), máquinas e equipamentos (54,7 pontos) e couros (54,7 pontos), entre outros.
Confiança e Expectativas
Como indicativo da evolução futura da indústria, a evolução recente do Índice de Confiança do Empresário da Indústria de Transformação da CNI (ICEI) voltou a ficar acima do patamar de 50 pontos em outubro: em 53,9 pontos, melhorando pouco em comparação com setembro a agosto (53,1 pontos). Este retorno a um quadro de confiança (acima de 50 pontos), não foi suficiente para uma recomposição completa, mantendo-se longe do nível em torno de 59 pontos verificado no primeiro trimestre de 2018. A média do nível de confiança no terceiro trimestre do ano foi de 52,3 pontos. Outubro trouxe, então, algum reforço da confiança, embora muito marginalmente. Em outros termos, os empresários do setor vinham se mantendo otimistas, porém cada vez menos, até junho, quando voltaram ao campo do pessimismo. O terceiro trimestre do ano trouxe novamente o otimismo, mas menos intenso do que já havia sido no início do ano, em um movimento que teve continuidade no início do quarto trimestre.
Este desempenho de outubro resultou de seu componente de expectativas para o futuro, que ficou em 58 pontos, isto é, acima dos 56,2 pontos de setembro. Isto é, em relação ao futuro, os empresários ainda estão otimistas, mas o indicador, que já registrou valores acima de 60 pontos no primeiro trimestre do ano, indica que houve deterioração do quatro, podendo estar começando a se restaurar novamente.
Já o componente de avaliação das condições atuais dos negócios continua na faixa que indica pessimismo dos empresários (abaixo de 50 pontos) e apresentou deterioração adicional ao ficar em 46,2 pontos em outubro, depois de ter passado de 47,6 pontos em agosto para 47,1 pontos em setembro. Vale notar que já são cinco meses consecutivos que este indicador fica abaixo dos 50 pontos, o que traz riscos para a evolução do componente expectacional do indicador, já que é preciso que o quadro corrente dos negócios vá validando pouco a pouco as expectativas em relação ao futuro. A evolução trimestral deixa clara a deterioração recente: média de 54,1 pontos no 1º trim/18, isto é, otimismo, 48,4 pontos no 2º trim/18, indicando pessimismo, e 46,1 pontos no 3º trim/18, intensificando o pessimismo dos empresários do setor. Como em outubro o indicador ficou em 46,2 pontos, não parece haver nenhum movimento de melhora da avaliação das condições correntes.
Por sua vez, o Índice de Confiança da Indústria de Transformação da FGV, que tinha voltado a indicar otimismo desde fevereiro de 2018 (100,4 pontos), já registra por três meses seguidos patamares inferiores a 100 pontos e em trajetória cadente, indicando um pessimismo cada vez mais intenso: 99,7 pontos em agosto; 96,1 pontos em setembro e 94,1 pontos em outubro. Seu componente de avaliação das condições correntes continuou abaixo da linha de 100 pontos, como tem sido a regra desde o mês de junho. Em outubro foi de 92,9 pontos, sito é, bem abaixo dos 95,2 pontos de setembro. Seu componente expectacional, por sua vez, também retornou à região pessimisma em setembro, com 97,1 pontos, algo que não ocorria desde janeiro de 2018, e lá permaneceu em outubro: 95,5 pontos, o pior nível desde outubro de 2017.
Outro indicador frequentemente utilizado para se avaliar a perspectiva do dinamismo da indústria é o Purchasing Managers’ Index – PMI Manufacturing, calculado pela consultoria Markit Financial Information Services. Seu nível vinha se mantendo acima de 50 pontos desde abril de 2017, atingindo 52,5 pontos no 1º trim/18, o que indicava melhora das condições de negócio. Em junho de 2018, porém, caiu para 49,8 pontos e se recuperou apenas parcialmente no terceiro trimestre do ano (50,8 pontos). Em outubro, este movimento teve continuidade e o indicador registrou valor de 51,1 pontos.
Os indicadores de confiança acima mencionados, notadamente seu componente referente às avaliações dos negócios correntes, sugerem que o desempenho industrial em outubro pode decepcionar mais uma vez, já que, em sua maioria, continuam apontando deterioração das avaliações dos empresários sobre o setor, não trazendo, assim, o necessário reforço ao dinamismo da produção para que as perdas sofridas ao longo da crise recente sejam efetivamente superadas.
Anexo Estatístico
Mais Informações
Tabela: Produção Física - Subsetores Industriais
Variação % em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior (clique aqui)