Carta IEDI
Outubro de 2014: Atividade Industrial Melhora em São Paulo e no Rio de Janeiro Enquanto Emprego Continua em Queda no País
Desejando a todos um feliz Natal e um próspero Ano Novo da equipe técnica do IEDI, nossa Carta IEDI de hoje trata dos resultados da produção regional e do emprego industrial em outubro de 2014. A atividade produtiva da indústria brasileira melhorou nos seus dois maiores centros industriais em outubro, mas, em geral, a produção não dá sinais de recuperação nas diferentes localidades do País e o emprego industrial continua em queda. De fato, a produção industrial avançou 1,1% em São Paulo e 1,9% no Rio de Janeiro no mês de outubro, segundo pesquisa do IBGE. Esses resultados positivos são positivos, já que nessas localidades a indústria é mais diversificada, ou, se quisermos, é menos especializada em determinados ramos.
Porém, deve ser levado em conta que são muitas as localidades onde houve retrocesso, contrabalançando os números dos maiores centros produtivos. Foi o caso especialmente de Minas Gerais, cuja produção industrial recuou 3,3% em igual mês. A evolução da produção nesses estados explica, em grande medida, o desempenho geral da indústria brasileira em outubro, que, como se sabe, na média, ficou estagnada (0,0%) – todas as taxas de variação referentes a setembro, considerados os ajustes sazonais.
Portanto, o primeiro mês do último trimestre deste ano não começou bem e não permite identificar alguma melhora no comportamento da produção industrial nas diferentes localidades do País. Além de São Paulo e Rio, a produção avançou, no mês de outubro com relação a setembro, na Bahia (3,6%), no Amazonas (1,7%), em Santa Catarina (0,8%), no Pará (0,6%) e no Espírito Santo (0,6%). Por outro lado, junto com Minas, a produção industrial recuou no Ceará (-4,9%), em Pernambuco (–4,6%), no Rio Grande do Sul (–2,2%), na região Nordeste (–2,0%), em Goiás (–0,6%) e no Paraná (–0,4%).
A análise da produção regional ao longo dos dez primeiros meses deste ano dá o perfil negativo que vai se confirmado para a indústria nacional em 2014. Na comparação do acumulado do período janeiro–outubro deste ano frente igual período de 2013, a produção recuou em dez dos quinze locais pesquisados pelo IBGE. Os recuos mais significativos foram registrados nas indústrias do Paraná (–6,1%), de São Paulo (–5,7%), da Bahia (–4,8%), do Rio Grande do Sul (–4,5%) e do Rio de Janeiro (–3,9%). Em outras localidades, a queda da produção industrial também foi elevada, como no Amazonas (–2,3%), em Minas Gerais (–2,2%), no Ceará (–2,0%) e em Santa Catarina (–1,9%).
Como assinala o IBGE, nesses locais, os segmentos industriais que mais influenciaram os resultados negativos da indústria foram, em geral: bens de capital (bens de capital para transportes – caminhão–trator para reboques e semirreboques, caminhões e veículos para transporte de mercadorias), bens intermediários (autopeças, produtos têxteis, produtos siderúrgicos, produtos de metal, petroquímicos básicos, resinas termoplásticas e defensivos agrícolas) e bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos da linha branca, motocicletas e móveis).
Os prováveis cinco estados em que a produção fechará 2014 com crescimento são: Pará (cuja produção aumentou 9,0% no acumulado janeiro-outubro), Espírito Santo (4,3% na mesma comparação), Mato Grosso (1,9%), Goiás (1,8%) e Pernambuco (1,4%). Vale lembrar que, no ano passado, quando a produção da indústria geral cresceu 2,1%, em alguns desses estados a produção havia caído, como no Pará (–2,0%), Espírito Santo (–4,2%) e Pernambuco (–0,7%). Portanto, 2014 será um dos piores anos para a indústria nacional também de um ponto de vista regional.
Com relação ao emprego industrial, na passagem de setembro para outubro, o número de ocupados na indústria brasileira caiu 0,4%, também segundo pesquisa do IBGE. Foi a sétima taxa de variação negativa consecutiva na série que compara mês com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Como resultado, o emprego industrial acumula queda de 3,0% no período janeiro-outubro.
A evolução do emprego neste ano vai se configurando, portanto, como uma das mais negativas da pesquisa do IBGE, iniciada em 2002 – somente a taxa registrada em 2009, quando da crise internacional, é mais negativa, igual a –5,0%. Vale lembrar que o número de ocupados na indústria também caiu em 2012 (–1,4%) e em 2013 (–1,1%).
A crise do emprego industrial tem caráter geral. No período janeiro-outubro deste ano, a retração (–3,0%) do número de ocupados na indústria nacional decorreu do fechamento de postos de trabalho em treze dos catorze locais e em dezesseis dos dezoito setores investigados pelo IBGE. Entre os locais, destaca-se São Paulo (–4,1%) com a queda dos ocupados na indústria com maior impacto no emprego industrial em geral. Em seguida vêm Rio Grande do Sul (–4,3%), Paraná (–4,2%), Minas Gerais (–2,5%), Região Nordeste (–1,7%), Rio de Janeiro (–2,5%) e Região Norte e Centro-Oeste (–1,1%).
Em termos setoriais, ainda considerando o acumulado janeiro-outubro, as taxas de variação negativas do emprego industrial mais significativas foram registradas nos ramos de produtos de metal (–7,1%), máquinas e equipamentos (–5,5%), meios de transporte (–5,0%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–6,9%), calçados e couro (–8,0%), vestuário (–3,3%), produtos têxteis (–4,5%), outros produtos da indústria de transformação (–4,1%) e refino de petróleo e produção de álcool (–7,7%).
Produção Industrial Regional. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de setembro para outubro a produção industrial brasileira assinalou estabilidade, com avanço em sete locais pesquisados e recuos nas demais sete localidades. Os avanços mais intensos foram registrados nos estados da Bahia (3,6%), Rio de Janeiro (1,9%), Amazonas (1,7%) e São Paulo (1,1%). Os estados de Santa Catarina (0,8%), Pará (0,6%) e Espírito Santo (0,6%) também apresentaram avanço no ritmo de produção. Por outro lado, Ceará (–4,9%), Pernambuco (–4,6%), Minas Gerais (–3,3%), Rio Grande do Sul (–2,2%) e região Nordeste (–2,0%) foram os recuos mais significativos.
Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, 10 dos 14 estados mostraram recuo na produção em outubro. As maiores variações negativas podem ser observadas nos estados do Amazonas (–9,9%), Ceará (–8,7%), Paraná (–8,3%), Rio de Janeiro (–7,3%) e Pernambuco (–7,1%). Minas Gerais (–5,3%), São Paulo (–5,2%) e Rio Grande do Sul (–4,8%) também apontaram quedas mais acentuadas que a média nacional (–3,6%). Por outro lado, Espírito Santo (11,7%) Goiás (6,3%), Pará (4,9%), Mato Grosso (4,1%) e Bahia (0,6%) registraram os resultados positivos.
A produção industrial acumulada nos dez primeiros meses de 2014 caiu em dez das quatorze localidades, com cinco recuando acima da média nacional (–3,0%): Paraná (–6,1%), São Paulo (–5,7%), Bahia (–4,8%), Rio Grande do Sul (–4,5%) e Rio de Janeiro (–3,9%). Os demais resultados negativos foram: Amazonas (–2,3%), Minas Gerais (–2,2%), Ceará (–2,0%), Santa Catarina (–1,9%) e região Nordeste (–0,6%). Por outro lado, Pará (9,0%), Espírito Santo (4,3%), Mato Grosso (1,9%), Goiás (1,8%) e Pernambuco (1,4%) assinalaram as taxas positivas.
A produção industrial acumulada nos últimos doze meses apresentou queda em dez das quatorze localidades, acentuando a trajetória descendente da produção industrial brasileiras. As localidades que se destacaram negativamente entre setembro e outubro de 2014 foram Ceará (de 1,3% para –0,8%), Amazonas (de 1,0% para –0,8%), Rio Grande do Sul (de –1,8% para –3,2%) e Paraná (de –3,5% para –4,8%), enquanto Espírito Santo (de 2,0% para 3,8%) mostrou o maior avanço entre os dois períodos.
Espírito Santo. Em outubro, frente setembro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial capixaba apresentou alta de 0,6%, a quinta taxa positiva consecutiva. No confronto com outubro de 2013, constatou–se avanço de 11,7%, o maior dentre as localidades pesquisas. Esta taxa foi influenciada principalmente pelos setores: extrativo (26,4%), metalurgia (3,3%) e celulose, papel e produtos de papel (3,5%), enquanto o setor de produtos alimentícios (–17,0%) e de produtos de minerais não–metálicos (–6,4%) assinalaram queda. No acumulado no ano de 2014 a produção industrial avançou 4,3%, com destaque para o setor extrativo (10,7%), devido a maior extração de minérios de ferro pelotizados ou sinterizados e produtos de minerais não metálicos (1,8%).
São Paulo. Em outubro, a indústria paulista apresentou alta de 1,1% na comparação com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 5,1%, taxa impulsionada pelos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (–17,7%), máquinas e equipamentos (–14,6%), outros produtos químicos (–12,2%), produtos alimentícios (–2,3%), metalurgia (–8,6%), produtos de minerais não–metálicos (–8,0%), produtos de borracha e de material plástico (–5,5%) e produtos de metal (–6,1%). O destaque positivo nesta base de comparação ficou para o setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (15,1%). No acumulado do ano de 2014 até outubro a produção industrial recuou 5,7%, com a queda de 13 dos 18 setores analisados. Os destaques negativos ficaram para os setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (–17,0%), máquinas e equipamentos (–9,7%), outros produtos químicos (–7,4%), metalurgia (–11,2%), produtos de metal (–8,6%), produtos de borracha e de material plástico (–5,0%), produtos alimentícios (–1,8%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–6,5%).
Bahia. Em outubro, frente setembro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial baiana apresentou alta de 3,6%, a maior dentre os estados. No confronto com outubro de 2013, constatou–se avanço de 0,7%, devido ao avanço nos setores de outros produtos químicos (40,2%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,3%). Por outro lado, os setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (–31,8%), metalurgia (–14,7%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–51,6%) contribuíram negativamente. Entre janeiro e outubro de 2014 em relação ao mesmo período de 2013, observa–se queda de 4,8% do índice de produção industrial, pressionado pela queda de veículos automotores, reboques e carrocerias (–39,9%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–42,5%) e metalurgia (–6,9%).
Emprego Industrial. Em outubro de 2014, o total do pessoal ocupado assalariado na indústria mostrou variação negativa de 0,4% frente ao patamar de setembro, na série livre de influências sazonais, sétima taxa negativa consecutiva, acumulando perda de 3,9%. Na comparação com outubro de 2013, o emprego industrial mostrou queda de 4,4% (37º resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e o mais intenso desde outubro de 2009). Com isso, o total do pessoal ocupado assalariado também recuou no índice acumulado dos dez meses do ano (–3,0%) e no acumulado dos últimos 12 meses (2,8%).
Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), o emprego industrial recuou nos 14 locais pesquisados. O principal impacto negativo foi observado em São Paulo (–5,0%). Vale citar também os resultados negativos assinalados por Minas Gerais (–5,0%), Região Nordeste (–3,9%) Rio Grande do Sul (–5,1%), Paraná (–4,5%) e Região Norte e Centro–Oeste (–3,4%).
No índice acumulado no ano, o emprego industrial mostrou queda em 13 dos 14 locais pesquisados. São Paulo (–4,1%) também apontou, nesta comparação, o principal impacto negativo no total da indústria, vindo a seguir Rio Grande do Sul (–4,3%), Paraná (–4,2%), Minas Gerais (–2,5%), Região Nordeste (–1,7%), Rio de Janeiro (–2,5%) e Região Norte e Centro–Oeste (–1,1%). Por outro lado, Pernambuco, com avanço de 0,6%, exerceu a única pressão positiva.
Em termos setoriais, na comparação com outubro de 2013, o total do pessoal ocupado assalariado recuou em 16 dos 18 ramos pesquisados, com destaque para as pressões negativas vindas de meios de transporte (–8,1%), máquinas e equipamentos (–7,3%), alimentos e bebidas (–2,4%), produtos de metal (–7,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–7,6%), calçados e couro (–8,9%), vestuário (–5,4%), outros produtos da indústria de transformação (–6,7%) e metalurgia básica (–6,5%). Por outro lado, os impactos positivos sobre a média da indústria foram observados nos setores de produtos químicos (0,9%) e de minerais não–metálicos (0,4%).
Já no acumulado dos dez meses de 2014, houve queda em 16 dos 18 setores investigados, sendo as contribuições negativas mais relevantes verificadas em produtos de metal (–7,1%), máquinas e equipamentos (–5,5%), meios de transporte (–5,0%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–6,9%), calçados e couro (–8,0%), vestuário (–3,3%), produtos têxteis (–4,5%), outros produtos da indústria de transformação (–4,1%) e refino de petróleo e produção de álcool (–7,7%). Em sentido contrário, os impactos positivos foram registrados por produtos químicos (1,5%) e minerais não–metálicos (0,9%).
Folha de Pagamento Real. Em outubro de 2014, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria ajustado sazonalmente avançou 1,1% frente ao mês imediatamente anterior, recuperando parte do recuo de 1,3% registrado em setembro último. Vale destacar que nesse mês verifica–se a influência positiva da indústria de transformação (1,1%), já que o setor extrativo mostrou recuo de 0,6%. Na comparação com outubro de 2013, o valor da folha de pagamento real recuou 2,3% (quinta taxa negativa consecutiva neste tipo de confronto). Com isso, o valor da folha de pagamento real assinalou variações negativas de 0,3% no índice acumulado dos dez meses do ano e de 0,8% no acumulado em 12 meses.
Número de Horas Pagas. Em outubro de 2014, o número de horas pagas aos trabalhadores da indústria, já descontadas as influências sazonais, recuou 0,8% frente ao mês imediatamente anterior (sexta taxa negativa consecutiva). Na comparação com outubro de 2013, o número de horas pagas aos trabalhadores da indústria recuou 5,0%, (queda mais intensa desde outubro de 2009). No índice acumulado dos dez meses do ano, houve redução de 3,6% frente a igual período do ano anterior. A taxa anualizada, índice acumulado nos últimos 12 meses, ao passar de –3,1% em setembro para –3,3% em outubro de 2014, manteve a trajetória descendente iniciada em setembro de 2013.