Carta IEDI
Indústria no Primeiro Semestre de 2014: Produção Regional e Emprego em Forte Queda
De modo geral, seja de um ponto de vista regional ou setorial, a produção e o emprego da indústria brasileira vão convergindo para resultados mais desfavoráveis mês após mês. Em junho, a indústria passou por um de seus piores momentos. A produção industrial recuou em onze dos catorze locais pesquisados pelo IBGE em todo o País – ao se considerar junho com relação a maio, na série com ajuste sazonal.
E as quedas de produção em junho foram, em geral, elevadas e, em alguns casos, elevadíssimas. A explicação está, em parte, nos dias não trabalhados por ocasião dos jogos da Copa. Mas, como esta Análise já salientou em edição anterior, contribuíram também fatores como estoques acumulados, menor confiança de empresários e de consumidores e dificuldades de a indústria nacional competir com seus produtos seja no mercado doméstico seja nos mercados internacionais de bens manufaturados.
Na passagem de maio para junho (na série com ajuste sazonal), nos estados do Norte, a produção caiu 2,0% no Pará e 9,3% no Amazonas. No Nordeste, a atividade produtiva industrial recuou 4,4%, com queda expressiva no estado de Pernambuco (–7,4%). No Sul, o movimento de retração também se fez presente: –7,5% no Paraná, –4,0% em Santa Catarina e –2,3% no Rio Grande do Sul.
Nos estados do Sudeste, a produção industrial caiu 1,7% em Minas e 1,0% em São Paulo, mas apresentou aumentos de 5,4% e 3,5%, respectivamente, no Rio de Janeiro e Espírito Santo. Vale notar que, neste último estado, o crescimento se deve a uma recuperação de suas indústrias extrativas e da metalurgia, as quais não tiveram bons resultados em 2013; no Rio de Janeiro, o aumento de 5,4% de junho não recuperou as quedas de 0,1%, 5,4% e 1,6% registradas, nessa ordem, em março, abril e maio deste ano.
A convergência para resultados piores pode ser observada na evolução da produção industrial por trimestre. Considerando o quarto trimestre de 2013 e os dois primeiros trimestres deste ano (na comparação com o respectivo trimestre do ano imediatamente anterior), tem-se o seguinte cenário da produção industrial regional: São Paulo: –1,2%, –3,6% e –6,3%, respectivamente, no quarto trimestre de 2013 e no primeiro e segundo trimestres deste ano; Rio de Janeiro: –2,2%, –2,0% e –6,0% (de agora em diante, sempre na mesma ordem: quarto trimestre de 2013 e primeiro e segundo trimestres deste ano); Minas Gerais: –3,3%, +3,7% e –5,0%; Rio Grande do Sul: +7,2%, +3,2% e –9,8%; Bahia: –0,9%, –2,1% e –6,9%; Ceará: +8,5%, +0,9% e –3,8%; Amazonas: +6,5%, +9,9% e –7,6%.
Por sua vez, a crise do emprego na indústria brasileira agravou-se no final do primeiro semestre deste ano. De acordo com dados do IBGE, o número de ocupados na indústria recuou 0,5% em junho com relação a maio, na série que considera os ajustes sazonais. Foi a terceira taxa negativa consecutiva (–0,4% e –0,7%, respectivamente, em abril e maio).
Com o resultado de junho, o emprego industrial acumulou queda significativa de 2,3% no primeiro semestre deste ano. Com exceção de 2009, ano mais difícil da crise internacional, essa é a pior taxa acumulada para um primeiro semestre na série histórica do IBGE, iniciada em 2002. Este é mais um indicador que mostra a intensidade da retração que se assiste na indústria no presente contexto da economia brasileira. A taxa anualizada projeta uma retração de 1,9% do número de ocupados na indústria nacional em 2014, um desempenho mais negativo do que os registrados em 2012 (–1,4%) e 2013 (–1,1%).
Na comparação entre trimestres, observa-se a deterioração do quadro do emprego industrial neste ano. Na série trimestre contra trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal, a evolução do número de ocupados foi de –1,0%, –0,6%, –0,3% e –0,9%, respectivamente, no terceiro e quarto trimestres de 2013 e primeiro e segundo trimestres deste ano. Na série que compara trimestre contra o mesmo trimestre do ano anterior, a evolução foi a seguinte: 1,2%, 1,8%, 2,0% e 2,7% – na mesma ordem de trimestres. Tais resultados evidenciam que não só o quadro do emprego na indústria é adverso, já que as taxas de variação são negativas, como também que sua trajetória é de crescente desequilíbrio.
Esse cenário expressa um movimento generalizado de retração do emprego tanto no âmbito regional como no setorial. Em termos regionais, no mês de junho frente igual mês de 2013, o número de ocupados na indústria caiu em todas as localidades pesquisadas pelo IBGE em no País. O principal impacto negativo veio de São Paulo, cujo emprego industrial recuou 4,2%. Destacaram–se negativamente também as quedas do emprego industrial no Paraná (–5,0%), Rio Grande do Sul (–4,0%), na Região Nordeste (–2,0%), em Minas Gerais (–1,7%) e no Rio de Janeiro (–3,3%).
Setorialmente, na mesma comparação (junho deste ano frente junho de 2013), o total do pessoal ocupado recuou em quinze dos dezoito setores pesquisados, com destaque para: meios de transporte (–5,5%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–7,9%), produtos de metal (–6,4%), calçados e couro (–7,4%), máquinas e equipamentos (–4,5%), produtos têxteis (–6,3%), vestuário (–3,9%) e refino de petróleo e produção de álcool (–9,1%).
No acumulado do primeiro semestre deste ano, o emprego industrial apresentou queda em treze dos quatorze locais. As retrações mais graves foram registradas em São Paulo (–3,5%), Rio Grande do Sul (–4,0%), Paraná (–3,5%), Minas Gerais (–1,7%), Região Nordeste (–1,0%) e Rio de Janeiro (–1,8%). Já, em nível setorial, os piores resultados ficaram com produtos de metal (–6,6%), máquinas e equipamentos (–4,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–6,6%), calçados e couro (–7,6%), meios de transporte (–3,2%), produtos têxteis (–5,1%) e refino de petróleo e produção de álcool (–8,4%).
Produção Industrial Regional. Na passagem de maio para junho, na série com ajuste sazonal, a produção industrial recuou em 11 dos 14 locais pesquisados pelo IBGE, com destaque para as quedas nos estados do Amazonas (–9,3%), Paraná (–7,5%), Pernambuco (–7,4%) e Ceará (–5,4%). Completam o quadro os recuos na produção na Região Nordeste (–4,4%), em Santa Catarina (–4,0%), no Rio Grande do Sul (–2,3%), no Pará (–2,0%), em Minas Gerais (–1,7%), na Bahia (–1,1%) e em São Paulo (–1,0%). Por outro lado, as taxas positivas foram registradas nas indústrias do Rio de Janeiro (5,4%), Espírito Santo (3,5%) e Goiás (0,4%).
Na comparação com igual mês do ano anterior, a produção do setor industrial nacional recuou 6,9% em junho de 2014, com queda generalizada nas diferentes localidades do País. Os recuos mais intensos foram registrados por Amazonas (–16,1%), Paraná (–14,0%), Bahia (–12,1%) e Rio Grande do Sul (–11,9%). Quedas expressivas da produção também foram registradas na Região Nordeste (–8,3%), em Santa Catarina (–7,5%), Pernambuco (–7,3%), no Mato Grosso (–7,1%), em São Paulo (–6,5%), Minas Gerais (–6,1%) e no Rio de Janeiro (–2,1%). Por outro lado, a produção cresceu no Pará (6,7%) Espírito Santo (4,1%) e Goiás (3,3%) nessa comparação.
No segundo trimestre deste ano, relativamente a igual período de 2013, a produção da indústria brasileira caiu 5,4%, resultado da retração da produção em doze dos quinze locais pesquisados, destacando: Amazonas (–7,6%), Paraná (–10,7%), Rio Grande do Sul (–9,8%), Minas Gerais (–5,0%), Pernambuco (–0,8%), Santa Catarina (–4,7%) e Região Nordeste (–3,0%), São Paulo (–6,3%) e Rio de Janeiro (–6,0%).
No primeiro semestre deste ano frente igual período de 2013, o recuo da produção foi observado em dez dos quinze locais pesquisados, com cinco recuando com intensidade superior à da média da indústria (–2,6%): São Paulo (–5,0%), Bahia (–4,5%), Paraná (–4,3%), Rio de Janeiro (–3,9%) e Rio Grande do Sul (–3,9%). Espírito Santo (–2,0%), Santa Catarina (–1,7%), Ceará (–1,5%), Minas Gerais (–0,9%) e Região Nordeste (–0,1%) completaram o conjunto de locais com resultados negativos no fechamento do primeiro semestre de 2014. Por outro lado, Pará (14,4%), Pernambuco (3,7%), Amazonas (1,0%), Goiás (0,8%) e Mato Grosso (0,4%) assinalaram as taxas positivas no índice acumulado do ano.
A taxa acumulada em doze meses encerrados em junho apresentou queda de 0,6%. Em termos regionais, dez dos quinze locais pesquisados apontaram taxas positivas em junho desse ano. Destacaram-se: Rio Grande do Sul (2,4%), Ceará (4,7%), Amazonas (4,8%), Região Nordeste (1,0%) e Pará (9,1%). No entanto, nota-se uma perda generalizada de perda de dinâmica na evolução da produção de quase todos os locais contemplados pela pesquisa do IBGE.
Emprego Industrial. Em junho, o emprego na indústria apresentou recuo de 0,5% frente a maio, na série livre de efeitos sazonais, a terceira queda consecutiva. Na comparação com o mesmo mês de 2013, houve uma queda de 3,1%. Em relação ao trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal), o emprego na indústria recuou 0,9%, sexta taxa negativa consecutiva neste confronto. No acumulado do primeiro semestre do ano, em comparação a igual período de 2013, o emprego industrial caiu 2,3%, enquanto que no acumulado dos últimos doze meses a variação foi de –1,9%.
No confronto entre junho de 2014 e junho de 2013, o emprego industrial caiu em todas as localidades pesquisadas pelo IBGE em no País. O principal impacto negativo veio de São Paulo, cujo emprego industrial recuou 4,2%, em grande medida devido à retração do número de ocupados nos setores de produtos de metal (–10,9%), produtos têxteis (–13,2%) e meios de transporte (–5,9%). Destacaram–se negativamente também as quedas do emprego industrial no Paraná (–5,0%), Rio Grande do Sul (–4,0%), na Região Nordeste (–2,0%), em Minas Gerais (–1,7%) e no Rio de Janeiro (–3,3%).
No índice acumulado nos seis primeiros meses de 2014, o emprego industrial permaneceu em queda em treze dos quatorze locais. Os maiores impactos negativos vieram de São Paulo (–3,5%), Rio Grande do Sul (–4,0%), Paraná (–3,5%), Minas Gerais (–1,7%), Região Nordeste (–1,0%) e Rio de Janeiro (–1,8%), enquanto Pernambuco (1,6%) foi a única alta.
Setorialmente, no confronto junho deste ano frente junho de 2013, o total do pessoal ocupado assalariado recuou em quinze dos dezoito setores pesquisados, com destaque para: meios de transporte (–5,5%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–7,9%), produtos de metal (–6,4%), calçados e couro (–7,4%), máquinas e equipamentos (–4,5%), produtos têxteis (–6,3%), vestuário (–3,9%) e refino de petróleo e produção de álcool (–9,1%). Por outro lado, os impactos positivos vieram de produtos químicos (1,9%) e de minerais não–metálicos (1,5%).
No acumulado do primeiro semestre deste ano, as contribuições negativas mais relevantes vieram de produtos de metal (–6,6%), máquinas e equipamentos (–4,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–6,6%), calçados e couro (–7,6%), meios de transporte (–3,2%), produtos têxteis (–5,1%) e refino de petróleo e produção de álcool (–8,4%), enquanto os principais impactos positivos vieram de alimentos e bebidas (0,8%) e produtos químicos (2,0%).
Número de Horas Pagas. O número de horas pagas aos trabalhadores na indústria apresentou queda de 1,2% na passagem de maio para junho, na série dessazonalizada, após recuo de 0,9% em maio. Frente a junho de 2013, houve queda de 4,2% das horas pagas na indústria. Na comparação acumulada do ano, houve decréscimo de 2,9%. No acumulado dos últimos 12 meses frente ao período imediatamente anterior a queda foi de 2,3%.
Folha de Pagamento Real. Em junho, frente a maio, este índice apresentou recuo de 2,4%, após alta de 1,8% em maio de 2014. Frente a junho de 2013, o resultado ficou negativo em 0,3%. No acumulado do primeiro semestre de 2014, o aumento foi de 1,3%, enquanto no acumulado dos últimos doze meses, houve variação positiva de 0,7%.