Carta IEDI
Indústria Regional e Emprego Industrial em Situação Mais Adversa Neste Ano
Os indicadores da produção industrial regional e do emprego industrial apresentaram resultados bastante adversos em maio último e vão desenhando um ano muito negativo para a indústria brasileira. De fato, na passagem de abril para maio, a produção industrial recuou em sete dos catorze locais pesquisados pelo IBGE em todo o País – considerando as séries com ajuste sazonal. As maiores quedas da produção industrial foram observadas no Amazonas (–9,7%), na Bahia (–6,8%) e na Região Nordeste (–4,5%), seguidas pelas ocorridas nos estados do Rio de Janeiro (–1,6%), Espírito Santo (–1,4%), Rio Grande do Sul (–1,0%) e Pernambuco (–0,2%).
Os resultados positivos, por outro lado, foram registrados no Pará (4,2%), em Goiás (2,1%), no Ceará (1,2%), no Paraná (1,1%), em São Paulo (1,0%), em Minas Gerais (0,5%) e Santa Catarina (0,3%). O que se observa é que a produção industrial vem oscilando bastante nessa análise mês a mês, bem como as diferentes localidades do País vêm apresentando dinâmicas produtivas diferenciadas ao longo deste ano.
Uma maneira de “driblar” esse movimento de sobe e desce da produção regional e obter uma melhor visão do que está ocorrendo com a indústria nos diferentes locais do País, é preferível tomar, por exemplo, as taxas acumuladas nos cinco primeiros meses deste ano frente a igual período de 2013. Ao se fazer isso, observa-se que o quadro que vai se formando da indústria regional neste ano não é nada favorável.
Nos três principais parques industriais, a produção é negativa (–4,7% em São Paulo e –4,3% no Rio de Janeiro) ou está praticamente estagnada (0,2% em Minas Gerais). No Espírito Santo, no Rio Grande do Sul, no Paraná e na Bahia, estados com importantes pesos relativos na atividade industrial brasileira, a produção também caiu no período janeiro-maio deste ano – respectivamente, –3,3%, –2,5%, –1,7% e 2,8%. Estes resultados por si só conferem um grau elevado de generalidade à crise industrial.
O crescimento acumulado no ano até maio do Pará (18,0%) não deve surpreender tanto, pois, no mesmo período de 2013, a produção da indústria paraense caiu 10,8%, ou seja, há de fato uma recuperação da produção no estado, mas cuja magnitude tem de ser relativizada. No Ceará, a produção neste ano está parada (0,0%) e, no Nordeste em geral, o crescimento de 1,6% se deve, basicamente, ao desempenho da indústria de Pernambuco (5,6%), a qual passou a recuperar a retração (–3,0%) registrada nos cinco primeiros meses do ano passado.
Portanto, os números regionais trazem mais subsídios para entender os fatores que ajudam a explicar o momento adverso pelo qual vem passando a indústria nacional: ritmo oscilante, fraco e, quando mais robusto, reflexo de uma recuperação de um passado de quedas mais severas.
Já, com relação ao mercado de trabalho da indústria, o emprego caiu 0,7% e o número de horas pagas na indústria recuou 0,8% em maio frente abril, considerados os ajustes sazonais. Seja do ponto de vista regional, seja do setorial, observa-se que, neste ano, o desempenho do emprego está, em geral, piorando.
Em São Paulo – principal parque industrial do País – e em ramos mais tradicionais da indústria nacional – que são mais intensivos em mão de obra – o emprego apresenta resultados mais negativos nos primeiros cinco meses deste ano do que nos dois anos anteriores. Nesse passo, com exceção de 2009, quando os efeitos da crise internacional se fizeram mais presentes, 2014 será o ano mais adverso para a o emprego industrial na série histórica do IBGE, iniciada em 2002.
Na indústria em geral, o emprego caiu, vale lembrar, 1,4% em 2012 e 1,1% em 2013. No acumulado janeiro-maio deste ano, a retração da taxa de variação do número de ocupados na indústria nacional é mais acentuada, de –2,2% – todas as taxas com relação a igual período do ano anterior.
Em termos regionais, no Nordeste, o emprego recuou 2,7% em 2012, 4,5% em 2013 e 0,8% no acumulado janeiro-maio de 2014. No Sudeste e no Sul, a situação se agravou muito nos cinco primeiros meses deste ano com relação aos dois últimos anos: –1,7%, –0,9% e –2,7%, respectivamente, em 2012, em 2013 e no acumulado janeiro-maio de 2014 no Sudeste e –0,3%, –0,5% e –2,5% no Sul, na mesma ordem. No Norte e Centro-oeste, a situação do emprego está estagnada: –0,2% em 2012, 0,5% em 2013 e 0,1% no acumulado deste ano até maio.
O destaque negativo no Nordeste fica com o emprego na Bahia, cujas taxas de variação foram de –2,7% em 2012, –5,6% em 2013 e –2,1% no acumulado janeiro-maio de 2014. No Sudeste, destaca-se o mercado de trabalho em São Paulo, com taxas de emprego negativas iguais a –2,6%, –0,9% e –3,3%, na mesma ordem. No Sul, as quedas mais intensas do emprego aparecem no Rio Grande do Sul: –1,9%, –2,2% e –4,0%, respectivamente, em 2012, 2013 e no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano.
Esse quadro negativo do número de ocupados também pode ser visto em diferentes ramos da indústria nacional, o que indica que a crise do emprego é generalizada. Destacam-se as evoluções negativas em segmentos tradicionais da economia brasileira, como o Têxtil (–5,9%, –3,7% e –4,9%, respectivamente, em 2012, 2013 e no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano), o de Vestuário (–8,9%, –2,7% e –1,8%, de agora em diante, sempre na ordem 2012, 2013 e no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano), o de Calçados e couro (–6,2%, –5,3% e –7,7%) e o de Madeira (–8,0%, –4,9% e –1,4%).
Nos segmentos da indústria de base e de bens de capital, podem ser destacados: Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (–1,5%, –4,0% e –8,2%, uma vez mais, sempre na ordem 2012, 2013 e no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano Metalurgia básica (–3,6%, –0,0% e –2,1%), Máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações (–0,7%, –2,8% e –6,3%) e Fabricação de meios de transporte (–1,5%, 0,1% e –2,8%).
Produção Industrial Regional. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de abril para maio a produção industrial recuou em sete dos catorze locais pesquisados. Os recuos mais intensos foram registrados nos estados de Amazonas (–9,7%), Bahia (–6,8%), Região Nordeste (–4,5%), Rio de Janeiro (–1,6%), Espírito Santo (–1,4%) e Rio Grande do Sul (–1,0%), enquanto Pernambuco (–0,2%) mostrou queda menos intensa que o total do Brasil (–0,6%). Por outro lado, Pará (4,2%) e Goiás (2,1%) assinalaram as maiores expansões em maio, seguidos por Ceará (1,2%), Paraná (1,1%), São Paulo (1,0%), Minas Gerais (0,5%) e Santa Catarina (0,3%) completaram o conjunto de locais com taxas positivas no mês.
Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, oito dos 15 estados mostraram redução na produção em maio. Os recuos mais intensos podem ser observadas nos estados Rio de Janeiro (–7,9%), Rio Grande do Sul (–7,8%), Bahia (–6,6%) e Amazonas (–5,8%). Minas Gerais (–4,1%), Paraná (–3,7%), São Paulo (–3,6%) e o Nordeste (–2,1%) completaram o conjunto de locais com taxas negativas. Por outro lado, Pará (36,3%) assinalou o avanço mais acentuado nesse mês, seguido por Goiás (4,2%), Pernambuco (1,7%), Ceará (1,1%), Mato Grosso (0,9%) e Espírito Santo (0,3%), enquanto Santa Catarina (0,0%) ficou estável nesse mês.
A produção industrial acumulada nos cinco primeiros meses de 2014 avançou em oito das quinze localidades. Pará (18,0%), Pernambuco (5,7%), Amazonas (4,5%), Mato Grosso (2,2%), Região Nordeste (1,6%), Minas Gerais (0,2%), Goiás (0,2%) e Santa Catarina (0,1%) apontaram as taxas positivas no índice acumulado no ano. As pressões negativas, por sua vez, vieram de São Paulo (–4,7%), Rio de Janeiro (–4,3%), Espírito Santo (–3,3%), Bahia (–2,8%), Rio Grande do Sul (–2,5%) e Paraná (–1,7%), enquanto o Ceará (0,0%) ficou estável.
Pará. Em maio, frente abril, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial paraense apresentou avanço de 4,2%. No confronto com maio de 2013, constatou–se alta de 36,3%, taxa influenciada principalmente pelos setores: setor extrativo (47,1%), produtos de madeira (19,9%), de metalurgia (6,1%), de produtos alimentícios (3,1%) e de bebidas (27,5%). Por outro lado, os minerais não–metálicos (–5,3%) foram a única pressão negativa. No acumulado no ano de 2014 a produção industrial cresceu 18,0%, com destaque para os setores: indústrias extrativas (23,1%), produtos alimentícios (6,7%), de metalurgia (4,9%) e produtos de madeira (9,3%).
São Paulo. Em maio, a indústria paulista apresentou alta 1,0% na comparação com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 3,6%, taxa impulsionada pelos setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–17,5%), máquinas e equipamentos (–12,1%), outros produtos químicos (–7,9%) e metalurgia (–12,6%). No acumulado no ano de 2014 a produção industrial recuou 4,7%, com destaque para os setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–13,6%), coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (–4,6%), produtos de metal (–8,7%), outros produtos químicos (–5,6%), máquinas e equipamentos (–3,8%), metalurgia (–8,0%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–6,3%). Por outro lado, os setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,7%) e de outros equipamentos de transporte (6,7%).
Emprego Industrial. Na passagem de abril para maio na série livre de efeitos sazonais, o pessoal ocupado assalariado na indústria apresentou queda de 0,7%, reflexo da desaceleração da produção industrial. Na relação mês/ mesmo mês de 2013, o emprego industrial assinalou recuo de 2,6%. No acumulado nos primeiros cinco meses de 2014 houve uma variação acumulada de –2,2%. A variação acumulada nos últimos 12 meses foi de –1,7%.
Em termos regionais, na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), houve redução em 13 dos 14 locais pesquisados. O principal impacto negativo foi observado em São Paulo (–3,7%), seguido por Rio Grande do Sul (–3,8%), Paraná (–4,0%) e Minas Gerais (–2,1%). Por outro lado, Pernambuco (0,3%) apontou a única contribuição positiva sobre o emprego industrial. No índice acumulado nos cinco primeiros meses de 2014 o emprego industrial permaneceu em queda (–2,6%), com taxas negativas em 11 dos 14 locais. São Paulo (–3,3%) apontou o principal impacto negativo no total da indústria, seguido pelo Rio Grande do Sul (–4,0%), Paraná (–3,2%), Minas Gerais (–1,7%), Região Nordeste (–0,8%) e Rio de Janeiro (–1,5%). Por outro lado, Pernambuco (2,1%) e a Região Norte e Centro–Oeste (0,1%) exerceram as pressões positivas.
Setorialmente, 15 dos 18 setores observaram redução no pessoal ocupado no setor industrial, com destaque para as contribuições negativas vindas de produtos de metal (–7,4%), calçados e couro (–7,9%), meios de transporte (–4,3%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–6,1%), máquinas e equipamentos (–4,3%), produtos têxteis (–5,6%) e refino de petróleo e produção de álcool (–9,4%). Por outro lado, os impactos positivos foram observados nos setores de minerais não–metálicos (1,9%) e de produtos químicos (1,6%).
No acumulado no ano, frente igual período de 2013, produtos de metal (–6,7%), máquinas e equipamentos (–4,9%), calçados e couro (–7,7%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–6,3%), meios de transporte (–2,8%), produtos têxteis (–4,9%) e refino de petróleo e produção de álcool (–8,2%) foram as contribuições negativas. Em sentido contrário, os principais impactos positivos foram registrados por alimentos e bebidas (1,1%) e produtos químicos (2,0%).
Folha de Pagamento Real. A folha de pagamento real da indústria brasileira apresentou, na relação maio/abril, já livre dos efeitos sazonais, uma variação positiva de 1,9%. Frente maio de 2013, verificou–se um expansão de 1,4%, impulsionada por São Paulo (0,8%), Rio de Janeiro (4,2%), Minas Gerais (2,9%), Região Nordeste (2,4%) e Espírito Santo (12,1%). No ano, a folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria assinalou crescimento de 1,7%, e nos últimos 12 meses, um avanço de 0,9%.
Número de Horas Pagas. Na passagem de abril para maio, com dados dessazonalizados, houve queda de 0,8% no total de horas pagas na indústria. Frente a igual mês de 2013 verificou–se decréscimo de 3,3%. No acumulado do ano, o recuo de 2,7% das horas pagas na indústria deveu–se as pressões negativas em 14 dos 18 setores pesquisados e 12 dos 14 locais, com destaque para o recuo de 4,0% registrado por São Paulo. Por sua vez, a variação acumulada nos últimos 12 meses foi de –2,0%.