Análise IEDI
Expansão Industrial: Uma tendência no Brasil e no Mundo
Após dez anos da crise financeira internacional, a melhora da demanda mundial, com crescimento dos gastos em consumo e dos planos de investimentos, contribuiu para um dinamismo industrial cada vez maior no decorrer de 2017. Além disso, ao que parece, começam a se manifestar os resultados de importantes esforços em inovação industrial, especialmente nas economias desenvolvidas, ajudando a alavancar a produção de manufaturas de média-alta e alta intensidade tecnológica no ano passado.
Os dados da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) apontam para uma aceleração do crescimento da indústria de transformação mundial ao longo de 2017, assinalando 3,7%, 4,2%, 4,6% e 4,7% do primeiro ao último trimestre em comparação com igual período de 2016. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, o crescimento foi 1,8% em janeiro-março, 1,5% em abril-junho, 1,5% em julho-setembro e 1,4% em outubro-dezembro de 2017, já descontados os efeitos sazonais.
Assim, no ano passado, não foi somente o Brasil que testemunhou uma melhora progressiva do quadro industrial. Por mais que a indústria brasileira se destaque por ter superado finalmente sua fase de perdas, que se prolongou por três anos de 2014 a 2016, a maior vitalidade industrial foi uma tendência mundial.
Outro aspecto favorável a marcar o desempenho da indústria de transformação do mundo no último trimestre de 2017 foi a disseminação das variações positivas. Praticamente todos os setores registraram expansão na comparação interanual. A exceção coube a produtos do tabaco (-0,8%).
A liderança, em termos de ritmo de crescimento, foi ocupada pelos ramos de média-alta e alta intensidade tecnológica (+6% ante 4º trim/16), com destaque para máquinas e equipamentos (+9,1%), produtos eletrônicos, óticos e computadores (+7,8%), farmacêuticos (+5,8%) e veículos automotores (+5,5%). Em particular, a produção de máquinas e equipamentos cresceu 8,7% nas economias desenvolvidas e 9,8% nas economias em desenvolvimento e emergentes, indicando uma retomada mundial dos investimentos industriais.
Com 63% de participação na produção da indústria mundial, as economias industrializadas cresceram 3,5% no quarto trimestre de 2017 frente ao mesmo período de 2016, com resultados positivos em todas as regiões, notadamente na Europa, cuja alta chegou a 4,9%. A América do Norte cresceu 2,6% e o Leste Asiático, 3,2%.
Vale ressaltar que o excepcional desempenho europeu no trimestre em questão foi o mais intenso dos últimos seis anos, resultado do avanço industrial das principais economias da Zona do Euro: +5% tanto na Alemanha, como na França e na Espanha. Itália não ficou muito atrás, registrando alta de 4,3% frente ao 4º trim/16.
Outros países europeus não pertencentes à Zona do Euro também apresentaram uma performance bastante favorável, como a Suíça (+9,2%), Suécia (+6,8%) e Reino Unido (+3,4%). Já na região considerada a “fábrica” das cadeias industriais europeias, destacaram-se os avanços da produção de Eslovênia (+11,5%), Lituânia (+10,1%), República Tcheca (+7,1%) e Estônia (+6,3%).
A vitalidade industrial dos países avançados afetou positivamente os países emergentes e em desenvolvimento, cuja indústria de transformação obteve elevação na produção de 6,1%. Também neste grupo de países as variações positivas foram generalizadas, atingindo: África e América Latina (+2,9% ante 4º trim/16), Ásia e Pacífico (+6,5%) e outras regiões (+8,4%), principalmente o Leste Europeu.
A China, ao longo de 2017, caminhou em direção oposta ao mundo como um todo. Sua indústria de transformação assinalou desaceleração na comparação interanual, passando de 7,5% no primeiro trimestre para 7,3% e 7% nos dois trimestres seguintes, respectivamente, e encerrando 2017 com alta de 6,7% no quarto trimestre.
A América Latina, por sua vez, ficou novamente abaixo do ritmo de expansão da indústria mundial, mas foi capaz de registrar alguma aceleração na comparação interanual: +0,7%; +1,7%; +2,5% e +2,9% em cada um dos quatro trimestres de 2017, em ordem. Na origem da aceleração em outubro-dezembro esteve a indústria brasileira, com alta de 6,5% segundo os dados com ajuste sazonal, mas também as indústrias argentina e mexicana.
A despeito da aceleração em 2017, a UNIDO observa que a continuidade deste movimento em 2018 não está livre de riscos. Dentre eles estão, segundo a instituição, as incertezas sobre os negócios decorrentes do Brexit, as mudanças nos acordos comerciais globais e a instabilidade geopolítica.
A indústria de transformação mundial no quarto trimestre de 2017. O relatório da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) sobre a indústria de transformação mundial no quarto trimestre de 2017 mostra que o crescimento da indústria mundial foi acelerando ao longo do ano, assinalando 3,7%, 4,2%, 4,6% e 4,7% do primeiro ao último trimestre em comparação com igual período de 2016. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, o crescimento da indústria de transformação mundial foi 1,8% em janeiro-março, 1,5% em abril-junho, 1,5% em julho-setembro e 1,4% em outubro-dezembro de 2017.
Com 63% de participação na produção da indústria mundial, as economias industrializadas puxaram o crescimento da transformação mundial (em especial, os Estados Unidos, o Japão, a Itália e a França), ainda que tenham assinalado taxas de expansão inferior às dos países emergentes industrializados e em desenvolvimento. Assim, em outubro-dezembro de 2017 o grupo das economias desenvolvidas teve aumento de 3,5% na produção de manufaturas em relação à igual período do ano anterior, enquanto o outro grupo de países registrou alta de 6,5%.
Como determinantes do aumento da produção em 2017, a UNIDO aponta melhorias nas condições de negócio, com crescimento dos gastos em consumo e planos de investimentos promissores. Dentre os riscos que podem afetar a producao industrial, a instituição ressalta a incerteza dos negócios recorrentes do Brexit, mudanças nos acordos comerciais globais e a incerteza geopolítica.
O desempenho industrial dos países desenvolvidos. Com relação ao mesmo período do ano anterior, a produção da indústria de transformação das economias industrializadas em outubro-dezembro de 2017 continuou se elevando consecutivamente, em todas as regiões: 4,9% na Europa, 2,6% na América do Norte e 3,2 % no Leste Asiático, com ajuste sazonal.
No último trimestre de 2017, a variação da produção de manufaturas na Europa assinalou seu recorde dos últimos 6 anos, relacionado ao ciclo de expansão da demanda por meio dos investimentos e do consumo. Destaca-se o aumento de 5% da fabricação da indústria de transformação da Alemanha, 5% na França, 5% na Espanha e 4,3% na Itália – principais economias da zona do Euro, sendo que no Reino Unido e na Suécia o avanço foi de 3,4% e 6,8%, respectivamente. Na região “fábrica” das cadeias industriais europeias, houve expansão da produção industrial de 11,5% na Eslovênia, 10,1% na Lituânia, República Tcheca 7,1% e 6,3% na Estônia. Por outro lado, a produção de manufaturas na Rússia caiu 1%, enquanto na Suíça cresceu 9,2%, puxada por computadores, eletrônicos e produtos óticos.
Nos Estados Unidos e no Canadá, a produção de manufaturas em outubro-dezembro de 2017 relativamente ao mesmo período de 2016 cresceu 2,5% e 4,1%, respectivamente. A indústria de transformação das economias industrializadas do Leste Asiático assinalou expansão média da produção de 3,2% no mesmo período – principalmente por conta dos investimentos japoneses motivados pelo aumento da demanda e do comércio internacional, e também pelo contínuo crescimento da transformação industrial em Singapura e Malásia.
O desempenho industrial dos países em desenvolvimento. Por sua vez, a elevação de 6,1% da produção da indústria de transformação das economias industriais emergentes e em desenvolvimento em outubro-dezembro 2017 comparativamente ao mesmo trimestre de 2016 também foi generalizado entre as regiões: África e América Latina, com 2,9%, Ásia e Pacífico, com 6,5%, e Outros, com 8,4% (principalmente países do Leste Europeu).
A China teve crescimento de 6,7% nesta mesma comparação, resultado que indica desaceleração ao longo do ano (7,5% em janeiro-março, 7,3% em abril-junho e 7% em julho-setembro). Na Ásia, também chamam a atenção os resultados positivos da indústria de transformação da Mongólia, Indonésia, Sri Lanka e Paquistão.
A América Latina, que vinha de um período de perdas consecutivas, registrou aumento na produção de manufaturas de 2,9% no último trimestre de 2017 em relação a igual período do ano anterior, com destaque para o crescimento de 6,5% da indústria brasileira, mas também das indústrias argentina e mexicana. Por outro lado, registraram taxa de variação negativa na produção manufatureira Equador, Peru, Uruguai e Colômbia.
Análise setorial. A maioria dos setores da indústria de transformação apresentaram avanços na produção em outubro-dezembro de 2017 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, exceto produtos do tabaco (-0,8%). Os setores que lideram a recuperação da indústria mundial foram os de média-alta e alta tecnologia (6%), tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento. Segundo a UNIDO, isso se deve à expansão das novas tendências de manufatura avançada, como automação, robótica e digitalização – daí a origem da aceleração industrial ser justamente as economias que mais inovam como Alemanha, Estados Unidos e Japão.
Assim, mundialmente, a fabricação de manufaturas se elevou 9,1% em máquinas e equipamentos, 7,8% em produtos eletrônicos, óticos e computadores, 5,8% farmacêuticos, 5,5% veículos automotores em outubro-dezembro de 2017 relativamente ao mesmo trimestre de 2016. Em particular, a produção de máquinas e equipamentos cresceu 8,7% nas economias desenvolvidas e 9,8% nas em desenvolvimento e emergentes – retratando uma retomada dos investimentos industriais mundialmente.
Nos setores de baixa e média-baixa intensidade tecnológica, bens de consumo e intermediários, também apontaram crescimento significativo no mundo no último trimestre de 2017 relativamente a 2016, como alimentos (4,5%), bebidas (3,7%), produtos de couro (4%), produtos de madeira (4%), produtos de borracha e plástico (4,2%), produtos de metal fabricados (5,2%).