Análise IEDI
Melhora do emprego formal ainda por vir
Desde o início do ano passado, a situação do emprego vinha melhorando lenta, porém progressivamente, mês após mês. Os dados da Pnad divulgados hoje pelo IBGE, registraram uma interrupção da queda da taxa de desocupação. Esta havia recuado de 13,7% no primeiro trimestre para 11,8% no último trimestre de 2017, subindo para 12,2% no trimestre móvel findo em jan/18. De todo modo, a taxa de desocupação permaneceu abaixo daquela atingida no mesmo trimestre móvel de um ano atrás (12,6%).
De fato, em relação à entrada de 2017 o quadro atual no início de 2018 continua dando indicativos positivos. Em janeiro de 2018, o contingente de desocupados declinou pelo segundo trimestre móvel consecutivo, enquanto o número de ocupados não só cresceu mais uma vez, como registrou nova aceleração, como mostram as variações interanuais abaixo.
• População ocupada total: +1,9% em set-nov/17; +2,0% em out-dez/17 e +2,1% em nov/17-jan/18;
• População desocupada total: +3,6%; -0,3% e -1,8%, respectivamente;
É importante que essa tendência se mantenha ao longo do ano, porque o nível de desemprego ainda elevado funciona como um grande entrave para uma recuperação mais vigorosa. Como se sabe, dadas as características da economia brasileira, por mais que as exportações venham ajudando, é a efetiva reativação do seu mercado interno que recolocará o país no trilho do crescimento.
Ademais, a expansão da massa de rendimentos reais, que funciona como base do consumo das famílias, e consequentemente da evolução de setores como serviços e comércio varejista, inclusive de bens industriais, dependerá em 2018 mais da evolução do emprego, já que não devemos ver um processo desinflacionário tão intenso quanto o de 2017. O intenso recuo da inflação constituiu um importante mecanismo de elevação do rendimento real das pessoas ocupadas no ano passado.
Esta recalibragem nos motores da massa de rendimento já pode ser vista no trimestre findo em janeiro de 2018. Sua expansão de 3,6% frente a igual período do ano anterior deve-se sobretudo ao avanço de 2,1% da ocupação, dado que o rendimento real habitualmente recebido de todos os trabalhos variou +1,6%.
Este resultado do rendimento real representa uma desaceleração em relação ao que se registrou ao longo de 2017, devido ao comportamento recente da inflação, mas também à obtenção de reajustes menores nas negociações salariais bem como ao perfil das ocupações que têm sido criadas: principalmente trabalho sem carteira assinada e por conta própria, cujo rendimento tende a ser menor e mais irregular do que no emprego formal.
Frente ao mesmo período do ano anterior, foram esses dois tipos de ocupação que melhor se saíram no trimestre findo em janeiro de 2018. O crescimento no trabalho sem carteira foi de 5,6% e no trabalho por conta própria, de 4,4%. O trabalho doméstico também tem aumentado cada vez mais (+4,4% em jan/18).
Já o emprego formal, isto é, com carteira assinada, continua encolhendo. A situação, porém, tem sido menos grave. Na comparação interanual, a queda dos postos com carteira tinha chegado a 3,7% no trimestre móvel findo em jan/17, enquanto a de agora em jan/18 foi menos da metade disso: -1,7%. O que se espera ao longo de 2018 é que esta forma de emprego volte a se expandir, ajudando a restabelecer o ciclo virtuoso da economia, já que costuma apresentar rendimentos mais elevados e propiciar maior acesso ao crédito.
Importante na construção desse cenário será a continuidade da recuperação do emprego industrial, que é majoritariamente formal, como se sabe. Por falar nisso, o emprego neste setor parece ir cada vez mais de vento em popa: em janeiro último, a ocupação registrou crescimento de 4,9% ante igual período do ano anterior, o melhor resultado deste que voltou ao azul em meados de 2017.
Vale ressaltar, contudo, que outros setores não tem apresentado uma trajetória satisfatória nos últimos meses, seja porque continuam no vermelho, como agropecuária (-3,9% em jan/18), construção (-4,0%) e mais recentemente transporte e correios (-0,3%), seja porque a criação de vagas vem se desacelerando na comparação com um ano atrás, como são os casos de alojamento e alimentação (+6,4%) e de informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+3,6%).
De acordo com dados da PNAD Contínua Mensal divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação registrada no trimestre compreendido entre novembro de 2017 e janeiro de 2018 foi de 12,2%. Tal condição representou estabilidade frente ao período anterior e recuo de -0,4 p.p. quando comparado com o mesmo trimestre do ano anterior (12,6%).
O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$2.169,00, crescimento de 1,6% frente ao mesmo trimestre de referência do ano anterior (R$2.135,00).
A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos atingiu R$193,8 bilhões no trimestre encerrado em janeiro, registrando alta de 3,6% frente ao mesmo trimestre do ano anterior (R$187,0 bilhões).
No trimestre de referência, a população ocupada foi de 91,7 milhões de pessoas, aumento de 2,1% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (89,8 milhões de pessoas ocupadas). Na mesma base de comparação, o número de desocupados variou -1,8%, chegando a 12,6 milhões de pessoas.
Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, os grupamentos de atividades que apresentaram aumento da ocupação foram: Outros serviços (8,7%), Alojamento e alimentação (6,4%), Indústria (4,9%), Serviços domésticos (4,3%), Informação, Comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (3,6%), Administração pública, defesa, seguridade, educação, saúde humana e serviços sociais (2,7%) e Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (1,1%). Por outro lado, as categorias que apresentaram diminuição foram: Construção (-4,0%), Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-3,9%), e Transporte, armazenagem e correios (-0,3%).