Análise IEDI
Quarto trimestre de 2016: desaceleração na indústria de transformação nos países emergentes
Em seu recente relatório a UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) mostra o fraco desempenho da indústria de transformação mundial no último trimestre de 2016, 2,8% frente ao mesmo trimestre de 2015. Porém a produção de manufaturas apresenta tendência de alta, pois a taxa de crescimento frente à igual período do ano anterior melhorou progressivamente.
O aumento da indústria de transformação das economias industrializadas chegou a 1,4% no quarto trimestre de 2016, tendo sido 0,5% no trimestre anterior, ambas comparações com ajuste sazonal e relativamente ao mesmo período de 2015. O avanço se deveu essencialmente às economias ricas do leste asiático – com destaque para o Japão, graças à desvalorização do iene.
Já nas economias emergentes industrializadas, na mesma comparação, a elevação em outubro-dezembro de 2016 foi de 4,4%, tendo sido de 4,7% em julho-setembro, 4,9% em abril-junho e 4,8% em janeiro-março. Neste caso, a redução no ritmo de crescimento acompanhou o arrefecimento da indústria chinesa, ressaltando-se também as variações negativas da indústria de transformação na África (-0,5%) e na América Latina (-1,0%).
A China registrou crescimento de 6,1%, taxa expressiva mas em nítida desaceleração há três anos. Por sua vez, a América Latina e África se defrontaram com desafios relacionados à queda na demanda global e do preço das commodities, além das turbulências internas em vários países.
O recuo da produção da indústria de transformação latino-americana no último trimestre do ano foi puxada, vale notar, pelo Brasil (-2,9%), seguido das retrações na Argentina, Chile e Peru. México e Colômbia tiveram crescimento em outubro-dezembro de 2016, de respectivamente 2,0% e 1,5% frente ao mesmo trimestre do ano anterior.
No último trimestre de 2016 em relação à igual período de 2015 houve expansão em 19 de 23 setores da indústria de transformação mundial. Uma vez mais, as maiores taxas de aumento da produção se deram nos setores de alta e média intensidade tecnológica: produtos eletrônicos, óticos e computadores 6,3%, veículos automotores 6,2%, farmacêuticos 4,0%, máquinas e equipamentos 3,7%.
Introdução: A Indústria de Transformação Mundial no Quarto Trimestre de 2016. O relatório de março de 2017 da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) sobre a indústria de transformação mundial no último trimestre de 2016 mostrou que o ano se encerrou mais uma vez com um fraco desempenho. De todo modo, o resultado de +2,8 % em outubro-dezembro de 2016 foi a taxa trimestral mais elevada do ano na comparação interanual. Neste trimestre, contudo, foi marcado por uma desaceleração no ritmo de crescimento da fabricação de manufaturas nas economias em desenvolvimento emergentes, o que foi compensado pela aceleração nas economias desenvolvidas.
A indústria de transformação das economias industrializadas aumentou sua produção em 1,4% no quarto trimestre de 2016, tendo sido +0,5% no trimestre anterior, ambas comparações com ajuste sazonal e relativamente ao mesmo período de 2015. O avanço se deveu essencialmente às economias ricas da Ásia – com destaque para o Japão, graças à desvalorização do iene.
Nas economias emergentes e industrializadas, por sua vez, a elevação em outubro-dezembro de 2016 foi de 4,4% na mesma comparação, tendo sido 4,7% em julho-setembro. Este movimento esteve sob influência da desaceleração da indústria chinesa, mas também das variações negativas da indústria de transformação na África (-0,5%) e na América Latina (-1,0%).
Quando se realiza a comparação frente ao trimestre imediatamente anterior, já descontados os efeitos sazonais, em outubro-dezembro de 2016 a fabricação na indústria de transformação cresceu 0,9%, tendo sido +0,9% nas economias industrializadas e +1,0% economias em desenvolvimento e emergentes.
Resultados das Economias Industrializadas Desenvolvidas. A produção manufatureira das economias industrializadas cresceu 1,4% no último trimestre de 2016 relativamente ao mesmo período de 2015, puxada por Japão (+2,9%), Alemanha (+1,2%), Coreia do Sul (+1,7%) e Reino Unido (+1,9%). A produção manufatureira da Europa avançou 1,6% em outubro-dezembro de 2016, nesta mesma comparação, tendo crescido 1,7% na Zona do Euro. Destaca-se também o resultado da indústria russa, cuja variação foi de +1,0%, ainda se recuperando da queda do preço do petróleo.
A indústria de transformação dos países industrializados da América do Norte cresceu pouco novamente, apenas 0,2% em outubro-dezembro de 2016, tendo sido igualmente 0,2% nos EUA, em comparação ao mesmo período do ano anterior. A maior parte dos subsetores nos EUA se deparou com variações negativas no final do ano passado, com poucas exceções, tais como veículos, produtos eletrônicos, óticos e computadores. Em sentido oposto, no Leste asiático houve expansão na maior parte das indústrias e das economias industrializadas da região (Japão, Coreia do Sul, Malásia e Singapura).
Resultados dos Países em Desenvolvimento e Emergentes. Nos países em desenvolvimento e industriais emergentes, a produção da indústria de transformação apresentou alta de 4,4%, com ajuste sazonal no quarto trimestre de 2016 frente a igual período do ano anterior. A China registrou crescimento de 6,1%, o que não deixa de ser uma taxa expressiva, mas que aponta para uma desaceleração, que já vem ocorrendo há três anos. No trimestre anterior, por exemplo, a indústria chinesa havia assinalada expansão de 6,9%. Esta redução da taxa de crescimento deveu-se essencialmente ao setor de metais básicos, um dos principais da economia chinesa.
Paralelamente, a América Latina se defronta com desafios relacionados à queda na demanda global e do preço das commodities, além das turbulências internas em vários países – conforme observa o relatório da UNIDO. A queda de 1,0% na produção da indústria de transformação no último trimestre do ano foi puxada, sobretudo, pelo Brasil (-2,9%), seguido das quedas em Argentina, Chile e Peru. Na região como um todo conseguiram lograr crescimento os setores de veículos automotores e eletrônicos, computadores e equipamentos óticos. México e Colômbia, a seu turno, tiveram crescimento da produção de manufaturas em outubro-dezembro de 2016, frente ao mesmo trimestre do ano anterior, de 2,0% e 1,5%, respectivamente.
Nas economias em desenvolvimento asiáticas, a expansão chegou a 5,5% no último trimestre de 2016 vis-à-vis igual período de 2015. O Vietnã se destacou como o país com crescimento industrial mais intenso: +9,6%. Indonésia (+2,3%) e Índia (+0,5%) registraram avanços moderados, bem como países do Oriente Médio. Por sua vez, a região africana apontou resultado negativo na indústria de transformação: -0,5%, puxado pelas quedas da África do Sul, Egito e Tunísia.
Já o Leste Europeu continua marcando altas taxas de crescimento da produção de manufaturas. No quarto trimestre de 2016 o incremento na produção foi de 4,1% na Polônia, de 4,7% na Romênia, de 4,3% na Bulgária, de 5,0% na Sérvia e de 5,0% na Croácia. A Turquia, que em julho-setembro registrara queda na produção, voltou ao terreno positivo em outubro-setembro: +1,4% frente ao mesmo período do ano anterior.
Análise Setorial. Assim como no quadrimestre anterior, em outubro-dezembro de 2016 relativamente à igual período de 2015, já descontados os efeitos sazonais, houve expansão em 19 de 23 setores da indústria de transformação mundial. Uma vez mais, as maiores taxas de crescimento se deram nos setores de alta e média intensidade tecnológica: produtos eletrônicos, óticos e computadores (+6,3%), veículos automotores (+6,2%), farmacêuticos (+4,0%) e máquinas e equipamentos (+3,7%).
Cabe frisar, porém, a exceção na indústria de alta tecnologia referente a outros equipamentos de transporte, que apontaram variação negativa de 0,9%. Além desse setor, três outros também assinalaram queda, como produtos do tabaco (-5,8%), publicação e impressão (-0,7%) e metais básicos (-0,7%). As duas primeiras indústrias já vinham apresentando resultados fracos, mas no caso de metais básicos a queda neste trimestre se deu especialmente pela retração da produção chinesa.
No caso das economias industrializadas, 8 dos 23 setores da indústria de transformação apresentaram desempenho negativo no quarto trimestre de 2016 frente ao mesmo período de 2015. Os destaques ficaram a cargo de: produtos do tabaco (-3,9%), vestuário e confecção (-3,3%) e publicação e impressão (-2,3%). As variações positivas mais expressivas, por sua vez, foram verificadas, como na média global, em produtos eletrônicos, óticos e computadores (+3,4%), veículos automotores (+3,5%) e farmacêuticos (+2,3%).
No caso das economias em desenvolvimento e emergentes, foram apenas 4 dos 23 setores a apresentar recuo na produção no último trimestre de 2016 relativamente ao mesmo período de 2015: produtos do tabaco (-6,4%), outros equipamentos de transporte (-2,5%), metais básicos (-1,6%) e petróleo refinado e coque (-0,8%). Dentro os setores em alta, aqueles com melhor desempenho, com taxas de crescimento que se aceleraram a cada trimestre do ano, estão: veículos automotores (+11,3%) e equipamentos de escritório, computação e contabilidade (+10,9%), sendo que no primeiro destes setores se destaca o crescimento da produção tanto na China como na Europa.