Análise IEDI
A reação dos manufaturados
Depois de dois meses fracos, o saldo da balança comercial brasileira voltou a se fortalecer em novembro, chegando a US$ 4,75 bilhões, devido a exportações de US$ 16,22 bilhões e de importações de US$ 11,46 bilhões. Com isso, o saldo acumulado em 2016 já é mais do que o triplo daquele do mesmo período de 2015: US$ 43,28 bilhões contra US$ 13,43 bilhões.
O principal fator a influenciar esse desempenho de novembro foi a reação das exportações de manufaturados. Frente ao mesmo período do ano passado, sua média por dia útil saltou 41,8% ao atingir US$ 395,1 milhões.
Mas na verdade a melhora não foi tão grande assim, já que em novembro de 2016 houve a “exportação” de plataforma de petróleo no valor de US$ 1,9 bilhão, algo que não ocorreu em 2015. Neste caso, trata-se mais de uma notação contábil do que de uma exportação de fato.
Desconsiderado este fator pontual, o avanço dos manufaturados foi bem menor, de 7,7% segundo sua média por dia útil, em linha com o ritmo de crescimento verificado nos meses de julho e agosto. A variação positiva de novembro também reverteu a sucessão de resultados negativos em agosto e setembro, sempre na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Corroborando este resultado, também houve crescimento na série com ajuste sazonal de 6,0% frente a outubro, segundo a média por dia útil e já descontada a exportação da plataforma de petróleo. Isso compensou parcialmente as retrações dos três meses anteriores.
Os semimanufaturados também apresentaram um bom desempenho em novembro, muito em função das exportações de açúcar. A média por dia útil das exportações desses bens foi de US$ 122,2 milhões, representando uma alta de 21,2% em relação ao mesmo período de 2015.
Apoiadas nessas trajetórias, as exportações totais vêm conseguindo reduzir bastante seu patamar de queda. Em 2015 como um todo, o resultado tinha sido de -13,7% na média por dia útil e agora em 2016, no acumulado do ano até novembro, o declínio é de apenas 3,3%.
São justamente as exportações de manufaturados e também de semimanufaturados que tiveram uma reversão de quadro. A média por dia útil das exportações de manufaturados trocou uma queda de 8,2% em 2015 frente a 2014 por uma alta de 2,1% no acumulado janeiro-novembro de 2016 contra igual período do ano anterior. No caso de semimanufaturados, a mudança foi de -7,9% para +5,0%, nas mesmas comparações.
Contudo, vale ponderar que o crescimento das exportações de manufaturados no presente ano ainda é muito pequeno, já que sucede uma queda não desprezível no ano passado, e insuficiente para dar a contribuição necessária à redinamização da indústria nacional.
Além disso, existe certa concentração da melhora na cadeia automobilística (veículos de passeio e de carga) e a influência da exportação de plataformas de petróleo, de açúcar refinado, cujos preços estão em alta, e de aviões, que expressam a competitividade da Embraer. Ainda assim, será uma boa notícia se os manufaturados fecharem o ano no azul.
De acordo com dados divulgados pelo MDIC, o saldo da balança comercial brasileira em novembro apresentou superávit de US$ 4,758 bilhões frente a um saldo de US$ 1,198 bilhões no mesmo mês do ano passado. As exportações alcançaram US$ 16,220 bilhões, o que representa uma elevação de 17,5% frente ao mesmo mês do ano passado. As importações, por sua vez, somaram US$ 11,463 bilhões, queda de 9,1 % em relação a novembro do último ano.
Observa-se que para o acumulado do ano, o saldo comercial apresentou superávit de US$ 43,282 bilhões. No mesmo período de 2015, a balança comercial apresentou superávit de US$ 13,445 bilhões. As exportações, em 2016, apresentaram o valor de US$ 169,307 bilhões, queda de 3,3% na média diária, frente a 2015. Quanto as importações vemos que estas somaram US$ 126,025 bilhões, recuo de 22,0%, pela média diária, sobre o mesmo mês de 2015.
No mês, a média diária (medida por dia útil) das exportações foi de US$ 811,0 milhões, 17,5% superior ao mesmo mês do ano passado, quando atingiu US$ 690,3 milhões. A média diária das importações apresentou variação negativa, de 9,1%, registrando US$ 573,1 milhões, frente a US$ 630,4 milhões do mesmo mês do ano passado. A média diária do saldo comercial no mês foi de US$ 237,9 milhões, 297,2% maior que o do último mês de setembro, cujo saldo foi de US$ 59,9 milhões.
Exportações por fator agregado. As exportações em outubro atingiram US$ 16,220 bilhões. Deste valor, US$ 5,540 bilhões (-5,5%) corresponderam a exportação de produtos básicos, US$ 5,540 bilhões (21,3%) a produtos semimanufaturados, US$ 7,901 bilhões (41,8%) a produtos manufaturados.
Em relação ao mês de novembro de 2015, a média diária das exportações teve elevação de 17,5%. As principais variações vieram de básicos (-5,5%), operações especiais (-5,1%), manufaturados (41,8%), semimanufaturados (21,2%).
Destaques exportações. No grupo dos básicos na comparação com novembro de 2015 temos as seguintes variações: milho em grão (-80,4%), soja em grão (-76,2%), farelo de soja (-30,7%), carne bovina (-23,0%), carne de frango (-11,8%), algodão em bruto (-10,5%), fumo em folhas (73,1%), petróleo em bruto (72,9%), minério de cobre (52,6%), minério de ferro (37,0%), carne suína (25,3%) e café em grão (16,2%).
Para os manufaturados, os destaques são os seguintes: plataforma p/extração de petróleo (de zero para US$ 1,9 bilhão), açúcar refinado (109,2%), automóveis de passageiros (85,0%), motores e geradores elétricos (39,7%), veículos de carga (35,2%), óxidos/hidróxidos de alumínio (27,8%), suco de laranja congelado (25,7%), tratores (22,7%), calçados (12,7%), máquinas p/terraplanagem (12,3%), polímeros plásticos (7,1%), aviões (3,4%) e autopeças (1,3%).
Para os semimanufaturados, quando comparado com novembro do ano passado, temos as seguintes variações: ferro/aço (87,0%), açúcar em bruto (45,6%), madeira serrada (37,4%), ferro fundido (25,8%), ferro-ligas (15,2%), couros e peles (7,7%), ouro em forma semimanufaturada (4,7%) e celulose (4,6%).
Importações por categoria de uso. As importações totais em outubro somaram US$ 11,463 bilhões, dos quais US$ 1,298 bilhão (-22,4%) referentes ao grupo de bens de capital, US$ 7,338 bilhões (1,2%) a bens intermediários, US$ 1,876 bilhão a bens de consumo (-0,8%) e US$ 948 bilhão (-46,9%) a combustíveis e lubrificantes.
Na comparação com o mês de novembro de 2015, a média diária de importação caiu -9,1%, com queda em todos os segmentos. A maior variação negativa ficou por conta de combustíveis e lubrificantes (-46,9%), seguido por bens de capital (-22,4%), bens de consumo (-0,8%) e bens intermediários (1,2%).
Destaques importações. Para bens de capital, houve queda dos seguintes itens: equipamentos de transporte industrial e bens de capital, exceto equipamentos de transporte industrial.
No segmento de bens intermediários cresceram as aquisições de alimentos e bebidas, peças e acessórios para bens de capital e peças para equipamentos de transporte.
No segmento bens de consumo, as principais quedas foram observadas nas importações de bens de consumo duráveis e bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
No grupo dos combustíveis e lubrificantes, a queda decore da diminuição dos preços de petróleo em bruto, gás natural, querosene de aviação, óleo diesel, óleos lubrificantes, carvão, gasolina.