Análise IEDI
Papel da indústria no desenvolvimento
A Carta IEDI que será divulgada ainda hoje faz uma resenha de documento da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) sobre o papel da indústria no desenvolvimento econômico (capítulo 3, O desafio do catch-up: industrialização e mudança estrutural do seu recém-publicado relatório Trade and Development de 2016).
O estudo reafirma a importância crucial da industrialização na promoção do desenvolvimento e do crescimento econômico sustentado e ressalta que “nenhum país tem sido capaz de alcançar a transformação estrutural bem sucedida sem a sinalização e o empurrão visionários de políticas governamentais específicas e seletivas”.
No mundo atual de economia globalizada, a indústria de transformação mantém, de acordo com a Unctad, imenso apelo em razão do seu potencial para gerar crescimento da renda e da produtividade, os quais se espalham por toda a economia através das conexões de produção, de investimento, de conhecimento tecnológico, da geração de renda e do ciclo virtuoso do consumo.
Outro atributo da indústria de transformação é o seu potencial para exploração de economias de escala dinâmicas, o que ocorre quando a acumulação de capital se dá juntamente com o uso de tecnologias crescentemente sofisticadas, com aquisição e acumulação de conhecimento por meio do aprendizado e com o desenvolvimento de habilidades tácitas e de know-how.
Nos países desenvolvidos ocorreu uma desindustrialização, expressa na forte redução da participação da indústria de transformação no produto interno bruto (PIB) e no emprego, a qual iniciou-se nos anos 1960-1970. Foi uma consequência normal, ainda que não espontânea nem suave, do processo de desenvolvimento, e ocorreu quando essas economias já haviam alcançado um nível elevado de renda e produtividade, disseminado capacidade tecnológica e consolidado o mercado doméstico.
Nos países em desenvolvimento há casos de sucesso e crescente industrialização (Coreia, China); há casos também de industrialização “restringida” (Índia e México); e ainda exemplos de “desindustrialização prematura” em particular dos países da América Latina, como o Brasil. Aqui a desindustrialização é um fenômeno prematuro e traz sérias consequências negativas já que esse processo tem início antes que as economias tenham alcançado um nível de renda elevado.