Análise IEDI
Novembro: um banho de água fria
Em termos regionais, a produção industrial ficou muito a desejar no mês de novembro: em nove dos catorze locais pesquisados pelo IBGE, a atividade produtiva industrial recuou frente a outubro – com ajuste sazonal.
A produção caiu em todos os estados do sul, nos dois estados do norte contemplados na pesquisa do IBGE (Amazonas e Pará), em Goiás, no Ceará, no Espírito Santo e em São Paulo. Vale lembrar que, nesses estados, a variação da produção foi positiva em outubro, o que, especificamente para os estados do sul, parecia confirmar uma trajetória positiva de evolução.
No entanto, o maior banho de água fria vem de São Paulo. Neste estado, onde se encontra boa parte do parque industrial do país e a indústria mais diversificada, a produção não se firma. E isso não é de hoje; desde 2012, a produção industrial paulista vem oscilando, num movimento de gangorra já bem caracterizado por esta Análise. Para se ter uma ideia, no segundo semestre de 2013 as variações da produção da indústria de São Paulo foram as seguintes: –3,6%, 3,8%, –2,1%, 2,3%, –0,3%, de julho a novembro, nessa ordem.
A produção paulista fechará o ano de 2013 com resultado positivo – no acumulado dos onze primeiros meses, registrou-se crescimento de 1,4%. Mas, será um resultado não de todo favorável, sobretudo após o fraco ano de 2011 (0,6%) e a forte queda de 2012 (–3,8%).
Ainda assim, a expectativa é a de que a indústria comece em 2014 a apresentar uma trajetória de crescimento positivo, ainda que não robusto, ou ainda, comece a traçar um caminho ascendente, muito devido aos estímulos do câmbio mais desvalorizado e da realização dos investimentos dos últimos anos.
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de outubro para novembro a produção industrial caiu em nove dos catorze locais pesquisados. Os recuos mais acentuados foram registrados nos estados de Goiás (–4,1%), seguido de Santa Catarina (–3,1%), Ceará (–1,6%), Rio Grande do Sul (–1,4%), Paraná (–0,7%), Amazonas (–0,4%) e São Paulo (–0,3%). Com recuo igual ou menor à média nacional (–0,2%), Pará (–0,2%) e Espírito Santo (–0,1%) completaram o conjunto de locais com taxas negativas. Por outro lado, as indústrias da Região Nordeste (6,5%), da Bahia (4,4%), de Pernambuco (3,0%), de Minas Gerais (0,3%) e do Rio de Janeiro (0,2%) assinalaram as expansões de novembro.
Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, em sete dos quatorze locais ocorreu aumento da produção em novembro. As altas mais intensas podem ser observadas nos estados do Paraná (12,2%), Goiás (9,2%) e Rio Grande do Sul. As demais variações positivas ficaram em Pernambuco (3,2%), Pará (2,9%), Ceará (2,3%) e Bahia (0,9%). Por outro lado, Rio de Janeiro (–3,1%), Santa Catarina (–2,7%) e Amazonas (–2,2%) mostraram as quedas mais intensas. São Paulo, por sua vez, assinalou queda de –0,6%.
A produção industrial acumulada até o décimo primeiro mês de 2013 apresentou alta em onze das quatorze localidades. Sete locais avançaram acima da média nacional (1,4%): Rio Grande do Sul (6,3%), Paraná (5,7%), Goiás (4,6%), Bahia (4,6%), Ceará (3,7%), Santa Catarina (1,6%) e Amazonas (1,5%). Os demais locais que acumularam alta em 2013 foram: São Paulo (1,4%), Região Nordeste (1,1%), Rio de Janeiro (0,6%) e Pernambuco (0,2%). Por outro lado, Espírito Santo (–6,9%) e Pará (–5,6%) tiveram as quedas mais acentuadas.
Na comparação dos últimos doze meses frente igual período imediatamente anterior houve expansão de 1,1% em novembro de 2013, valor superior ao resultado de outubro (0,9%). Dentre os locais pesquisados, oito registraram maior dinamismo frente ao índice de outubro, com destaque para o Paraná (de 0,4% para 2,5%), Goiás (de 3,2% para 4,9%), Rio Grande do Sul (de 3,4% para 4,6%) e Pernambuco (de –0,5% para 0,3%).
Paraná. Em novembro frente outubro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial do Paraná apresentou recuo de 0,7%. No confronto com novembro de 2012, entretanto, constatou–se avanço significativo de 12,2%, taxa influenciada principalmente pelos setores de edição, impressão e reprodução de gravações (73,9%), veículos automotores (19,9%), de alimentos (6,0%), de refino de petróleo e produção de álcool (13,2%) e de máquinas e equipamentos (8,9%). Por outro lado, os setores de outros produtos químicos (–21,0%) e de bebidas (–16,6%) influenciaram a taxa geral do estado negativamente. No acumulado no ano de 2013, a produção industrial paranaense obteve alta de 5,7% frente ao mesmo período de 2012. A principal contribuição positiva foi de veículos automotores (16,8%), seguido pelos setores de máquinas e equipamentos (14,4%), refino de petróleo e produção de álcool (4,3%) e minerais não–metálicos (8,0%). Por outro lado, o maior impacto negativo foi o setor de edição, impressão e reprodução de gravações (–4,4%).
São Paulo. Em novembro, a indústria paulista apresentou recuo de 0,3%, com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 0,6%, pressionada pelos setores: farmacêutico (–16,0%), edição, impressão e reprodução de gravações (–15,2%), alimentos (–8,1%), vestuário e acessórios (–16,1%), bebidas (–6,5%) e borracha e plástico (–3,3%). No acumulado no ano de 2013, a produção industrial avançou 1,4%, com destaque para a alta nos setores de: veículos automotores (8,3%), máquinas e equipamentos (5,9%), outros equipamentos de transporte (9,6%), refino de petróleo e produção de álcool (4,1%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (5,8%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (11,5%), outros produtos químicos (2,4%) e perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (5,8%). Em sentido contrário, as maiores quedas da indústria paulista foram assinaladas pelos setores farmacêutico (–10,7%) e de edição, impressão e reprodução de gravações (–13,1%).
Bahia. Em novembro, frente outubro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial baiana apresentou alta de 4,4%. No confronto com novembro de 2012, constatou–se avanço de 0,9%, taxa influenciada pelos setores: produtos químicos (4,6%), refino de petróleo e produção de álcool (5,1%) e metalurgia básica (13,6%), enquanto o setor de alimentos e bebidas (–15,2%) exerceu a influência negativa mais relevante sobre o total da indústria. No acumulado no ano de 2013 a produção industrial avançou 4,6%, impulsionada pelos setores de refino de petróleo e produção de álcool (14,8%), metalurgia básica (25,8%), veículos automotores (21,7%), celulose, papel e produtos de papel (2,7%) e de borracha e plástico (6,1%). Em sentido contrário, a influência negativa mais importante foi o setor de alimentos e bebidas (–7,6%).