Análise IEDI
De onde vem tanto crescimento?
Há pelo menos trinta anos o mercado de trabalho brasileiro não vivia uma situação tão positiva. Em novembro deste ano, a taxa de desocupação nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE foi de 5,7%, o que significa uma taxa 1,7 ponto percentual menor do que a de novembro de 2009 e a menor da série iniciada em março de 2002. Em algumas regiões, essa taxa chegou a patamares de países desenvolvidos, como na do Rio de Janeiro (4,9%), de Belo Horizonte (5,3%) e de São Paulo (5,5%). Na região metropolitana de Porto Alegre, cuja taxa foi de 3,7% em novembro, praticamente não há desemprego – entre os homens dessa região, a taxa de desocupação registrada em novembro foi de 2,9%.
Outro resultado relevante foi o aumento da população ocupada que chegou a 3,7% em novembro frente a igual mês do ano passado, o equivalente à abertura de 795 mil novos postos de trabalho. De onde vem tanto crescimento do emprego? Em termos de taxas de variação, quem mais contribuiu para o crescimento da população ocupada no País foram as regiões de Recife (9,0%) e Porto Alegre (5,0%); nas regiões de Belo Horizonte, São Paulo, Salvador e Rio, a ocupação aumentou 3,8%, 3,7%, 3,3% e 1,9%, respectivamente.
Já, em termos absolutos, dos 795 mil postos de trabalho a mais em novembro deste ano com relação a novembro de 2009, 332 mil foram gerados na região metropolitana de São Paulo (o correspondente a 41,8% daquele total). A região do Recife contribuiu com 127 mil postos (ou 16,0% do total), seguida pelas regiões de Rio de Janeiro (97 mil ou 12,2% do total), Belo Horizonte (92 mil ou 11,6%), Porto Alegre (91 mil ou 11,4%) e de Salvador (56 mil ou 7,0%). Vale notar que as regiões que induziram muito o avanço do fluxo de trabalhadores foram Porto Alegre e Recife, na medida em que suas taxas de contribuição para o fluxo (11,4% e 16,0%, nessa ordem, como visto acima) são superiores às suas respectivas participações no estoque total de trabalhadores em novembro (8,5% e 6,9%, na mesma ordem).
A contribuição para o crescimento do emprego também pode ser identificada segundo as atividades econômicas. Em novembro com relação ao mesmo mês de 2009, o emprego aumentou mais nas atividades de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais (7,7%), Outros serviços (6,7%) e Intermediação financeira e atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados à empresa (4,2%). Abaixo da média (3,7%), ficaram as atividades de Comércio, reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos (3,4%), da Indústria extrativa e de transformação e produção e distribuição de eletricidade, gás e água (2,2%) e da Construção (1,1%).
Em termos absolutos, ou ainda, daqueles 795 mil postos, as maiores contribuições vieram das atividades de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais (263 mil) e Outros serviços (252 mil). Ou seja, essas duas atividades contribuíram com 65,0% do total de novos postos de trabalho gerados entre novembro de 2009 e novembro deste ano. A indústria, que inclui aqui os serviços de utilidade pública (água, luz e gás) contribuiu com 81 mil postos de trabalho (ou 10,2% do total). Vale observar que a indústria contribuiu com um percentual de novos postos de trabalho (fluxo) muito menor do que a sua participação (16,6%) no estoque total de trabalhadores em novembro, o que significa que, relativamente, ela encolheu.
Segundo os dados divulgados pela Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre), a taxa de desocupação, no conjunto das regiões metropolitanas investigadas, foi de 5,7% em novembro de 2010. Tal taxa apresentou queda de 0,4 ponto percentual na passagem de outubro para novembro. Já na comparação com o mês de novembro de 2009, a taxa de desocupação apresentou redução de 1,7 p.p. No acumulado no ano, a taxa manteve queda constante de 1,3 p.p. entre os meses de janeiro e novembro de 2010 frente ao mesmo período do ano anterior.
Em novembro, a população economicamente ativa (PEA) foi estimada em 41,5 milhões de pessoas, o que representa crescimento de 0,1% em relação ao mês de outubro. A região metropolitana de Belo Horizonte (0,4%) foi a que registrou maior incremento na PEA na passagem de outubro para novembro ao passo que a região de Recife e São Paulo mantiveram-se constante nesse mesmo período.
Já a população ocupada (PO) foi estimada em 22,3 milhões de pessoas, o que indica crescimento de 0,2% na passagem de outubro para novembro. Contribuíram para tal crescimento as regiões metropolitanas de Rio de Janeiro e Salvador, que registraram crescimento da população ocupada de 1,6% e 0,5%, respectivamente.
A população desocupada, por sua vez, registrou queda de 5,9% em relação ao mês anterior. Contribuíram significativamente para tal queda as regiões metropolitanas de Rio de Janeiro (12,2%), São Paulo (6,6%) e Salvador (6,3%). Por outro lado, Recife destacou-se positivamente com crescimento de (4,5%).
Posição na Ocupação. No mês de novembro, os 22,398 milhões de ocupados distribuíram-se majoritariamente em trabalhadores com carteira assinada (10,4 milhões), trabalhadores por conta própria (4 milhões) e empregados sem carteira assinada (4 milhões). Na comparação mensal, o crescimento de 0,2% da população ocupada em novembro foi influenciado pelo aumento de 2,9% trabalhadoras não remuneradas. Por outro lado, empregadas sem carteira de trabalho assinada e empregadoras, obtiveram queda de (3,3%), (1,0%) respectivamente. No acumulado entre janeiro e novembro de 2010, os empregados com carteira assinada apresentaram o maior incremento (6,7%). Apresentaram também crescimento os empregadores (2,5%) e os trabalhadores por conta própria (1,7%).
Setores. Setorialmente, apresentaram desempenho mais expressivo na passagem de outubro para novembro os seguintes segmentos: Comércio e reparação de veículos (1,9%) e outros serviços com (0,9%). Por sua vez, os setores de outras atividades e Serviços domésticos apresentaram queda de 14,0% e 1,9%, respectivamente. Na comparação entre novembro de 2010 e novembro de 2009, os destaques foram os crescimentos de Administração pública (7,4%), Serviços (6,7%) e Intermediação financeira (4,2%). Apenas os setores de Outras atividades e serviços domésticos apresentaram queda, (13,3%) e (4,6%) respectivamente. No acumulado no ano, as variações mais significativas vieram de outras atividades (7,8%), construção (6,5%) e intermediação financeira (4,5%).
Rendimento Médio Real. O rendimento médio real dos trabalhadores, considerando as seis regiões metropolitanas (R$ 1516,70) apresentou recuo de 0,8% em relação ao mês de outubro e alta de 5,7% frente a novembro do ano passado. O crescimento em relação ao mês de novembro foi impulsionado pela alta do rendimento na região de Porto Alegre (0,6%), enquanto todas as outras cinco regiões obtiveram queda. Frente a novembro do ano passado, todas as regiões tiveram alta: Recife (25,9%), Rio de Janeiro (14,6%), Salvador (9,6%), Porto Alegre (9,0%), Belo Horizonte (6,8%) e São Paulo (2,1%).