IEDI na Imprensa - Plantio da Cana Alavanca os Preços da Terra
Plantio da Cana Alavanca os Preços da Terra
Gazeta Mercantil - 01/06/2007
Simone Cavalcanti
A média nacional em 12 meses subiu 11,6%, mas no Sudeste registrou um salto de 17%. O preço médio das terras agrícolas valorizaram-se 11,64% em 12 meses, impulsionado pela expansão de lavouras da cana-de-açúcar. A maior alta, de 17%, foi no Sudeste, segundo levantamento do Instituto FNP publicado com exclusividade por este jornal.
"A média brasileira foi influenciada por São Paulo", diz Jacqueline Bierhals, analista da consultoria. Além do "boom do etanol", será determinante a recuperação dos preços dos grãos e da pecuária para a valorização das áreas nos próximos meses, completou. Os valores médios negociados no Brasil estão acima dos patamares de 2004, quando houve o "boom da soja". O preço médio de um hectare em 2004 era de R$ 3.363 e hoje, de R$ 3.432.
A área de cultivo da cana, segundo a Conab, cresceu 7,4%, para 6,16 milhões de hectares na safra 2007/08. A produção nacional será 11,2% maior.
A polêmica que envolve a apreciação do real frente ao dólar pode ser considerada uma névoa que encobre os verdadeiros problemas da estrutura econômica brasileira, como o alto nível de gastos públicos, que obriga o governo a manter a carga tributária entre as maiores dos países em desenvolvimento, e a falta de investimentos em infra-estrutura. A avaliação foi feita ontem conjuntamente por Paulo Rabello de Castro, sócio da RC Consultores, e pelo presidente do conselho do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Josué Gomes da Silva, sem diminuir a importância dos efeitos que a contínua valorização cambial traz ao setor produtivo.
A análise foi sancionada pelo o presidente do conselho de administração da Sadia, Walter Fontana, para quem o custo da logística e dos serviços, além do que recai sobre a mão-de-obra, dentro do produto exportado atrapalha a competitividade dos exportadores tanto quanto o câmbio.
Outro fator elencado por Fontana que pesa no custo da produção é o crédito referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cujo processo de recebimento é complexo e demorado. Para ele, em uma roda de exportadores é freqüente a pergunta de quanto se tem de crédito. "Por baixo, a resposta é de R$ 1 bilhão", revela. "Isso torna-se parte dos custos atuais, além de ser fonte de propina".
Para Gomes da Silva, todas as empresas estão se adaptando à situação cambial. "O Brasil sempre teve uma economia na qual o empresário, mais que qualquer outro, aprendeu a se adaptar", afirmou, ressaltando que, no curto prazo, não acontecerá nada de dramático, mas que, no médio e longo prazos, a economia brasileira estará exportando empregos.
Fontana complementa dizendo que todos querem que a moeda nacional seja forte, mas é preciso que se sustente ao longo do tempo. "Não que seja preciso pagar a conta no futuro próximo", disse, referindo-se à possibilidade de o movimento de apreciação do real ser revertido em forte desvalorização.
Fora do equilíbrio
Estudo do Iedi apresentado ontem aponta a taxa de câmbio como fora do equilíbrio. O economista-chefe do Iedi, Edgard Pereira, afirma que houve exacerbação da valorização do real no início de 2007 coincidindo com a redução do ritmo de corte da Selic. "O Banco Central tem de nos dizer que temores ele tem para manter esse percentual de juro tão elevados", pediu.
Já para Rabello de Castro, o ideal é que o governo tome medidas a que classificou como contra-interferentes, ou seja, se mantenha o mais neutro possível, além de uma reformulação do Conselho Monetário Nacional (CMN). Entre as sugestões figuram a retirada da isenção do Imposto de Renda (IR) para aplicações de estrangeiros em títulos do governo, a redução do percentual de depósito compulsório à vista e contrair a política fiscal. "O governo deveria aproveitar o bom momento para olhar para o lado fiscal".