IEDI na Imprensa - Importação Acelerará Mais Que Vendas Externas Em 2007
Importação Acelerará Mais Que Vendas Externas Em 2007
DCI - 13/12/2006
Ímpeto importador deve reduzir saldo na balança comercial de cerca de US$ 45 bilhões este ano para US$ 38 bilhões no próximo ano, estima analista
Antonio Perez
As importações brasileiras devem crescer em ritmo mais acelerado que as exportações no próximo ano, repetindo fenômeno que ganhou força neste segundo semestre, indicam analistas consultados pelo DCI. Até agora as exportações atingem US$ 128,97 bilhões e as importações US$ 84,46 bilhões, com um saldo de US$ 42,5 bilhões. O ritmo das compras do mercado internacional (+24,9%) segue maior que o das vendas externas (+16,1%).
Para Zeina Latif, economista-chefe do ABN Amro Real, as importações devem crescer 21% em 2007, contra 9% do avanço das exportações. O ímpeto importador deve diminuir o superávit na balança comercial, que cairia, nas projeções da economista, de cerca de US$ 45 bilhões este ano para US$ 38 bilhões .
As projeções têm como pilares a apreciação do real e uma leve desaceleração das economias de China e Estados Unidos. “Esperávamos esse cenário já para este ano, mas o avanços dos preços das commodities e dos manufaturados garantiram o saldo comercial acima de US$ 40 bilhões”, afirma Zeina, ressaltando que o movimento de elevação de importações será benigno e estará bem distribuído entre bens de consumo, intermediários (insumo) e de capital (máquinas e equipamentos).
Quem também trabalha com perspectiva de redução do saldo comercial é o economista Guilherme Loureiro, analista da consultoria Tendências. Ele prevê superávit de US$ 37,7 bilhões em 2007, com crescimento de 13,8% das exportações, concentrado sobretudo em bens intermediários. Já a aguardada forte expansão da compra de bens de consumo externos no segundo semestre deve arrefecer.
Para o economista Cristiano Souza, da consultoria MCM, o avanço das importações deve ficar em 12,5% no próximo ano, contra avanço 9,9% das exportações. A perspectiva de aumento maior no preço das commodities, movimento esboçado neste último trimestre, porém, podem levar crescimento maior da vendas externas. O saldo da balança comercial deve ficar em US$ 36 bilhões. “O crescimento das importações está bem distribuído. A tendência é que esse quadro se repita em 2007, com cambio apreciado e um pouco mais de crescimento econômico, algo em torno de 3%”, afirma Souza.
Já Edgard Pereira, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), também trabalha com cenário de crescimento das importações e redução de 20% do saldo da balança comercial. Ele destaca a elevação da compra de bens intermediários nos últimos anos, fenômeno que deve ter conta em 2007. Pereira lembra que o saldo positivo da balança neste ano está sendo impulsionado por uma combinação de aumento simultâneo no preço de algumas commodities e de produtos manufaturados, o que permiti a empresas brasileiras repor parte da margem corroída pela apreciação cambial. Para José Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior, o aumento das importações estará concentrado sobretudo em bens de consumo, quando o ideal seria aproveitar o barateamento dos importados para comprar máquinas e equipamentos, aumentando o estoque de investimento e a produtividade da economia.”Estamos vendo um crescimento ruim das importações. Gastamos dólares comprando supérfluos”, afirma Castro.