Dificuldades do "Made in Brazil"
Dificuldades do "Made in Brazil"
Jornal do Commercio (RJ) – 26/08/2002
Coluna Conversa Rápida
O Diretor-Executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), Júlio Gomes de Almeida, observa grandes dificuldades para a substituição espontânea de importações. Substituiu-se principalmente aquilo que não requeria investimentos adicionais em ampliação da produção. Os altos custos financeiros e tributários inibiram a produção de bens de capital e de insumos, notadamente os dos segmentos químico e eletrônico.
JORNAL DO COMMERCIO – Que tipo de incentivos públicos poderiam ser dados à substituição de importações?
JÚLIO GOMES DE ALMEIDA – Desoneração dos custos tributários de investir e produzir; programa de financiamento que procure igualar os custos e prazos de financiamento no País, em relação às condições internacionais; Atração de investimentos, visando à produção não só para o mercado doméstico mas também o externo. É preciso incentivo para instalar fábrica e inovar em produtos.
- Quem deveria ser beneficiado?
- Empresas de qualquer setor ou tamanho, com o projeto de substituir importações. A prioridade seria para setores intensivos em capital, porque dependem mais do custo de captação, como siderurgia, papel e celulose etc. Política setorial deve ser evitada, mas vejo necessidade de apoio especial para os setores de alta tecnologia, como eletrônico, de informática, software, biotecnologia, fármacos. O corte seria esse: incentivo a empresas nacionais ou estrangeiras que invistam em tecnologia.
- A substituição de um produto não levaria ao desequilíbrio em outro setor?
- Temos mesmo que deixar de importar o que podemos produzir com qualidade para poder importar outras coisas. No mundo todo, o setor de tecnologia tem participação de recursos públicos. As empresas tendem a ir para países desenvolvidos ou para os emergentes que têm políticas fortes. Nós perdemos porque não temos. O Brasil tem o mercado interno como atrativo, mas precisa de mais do que isso.