IEDI na Imprensa - Iedi: Superávit comercial deve ser robusto, embora inferior ao de 2017
Valor Econômico
Marta Watanabe
Os dados divulgados nesta segunda-feira (3) pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) mostram que o ano caminha para um saldo positivo da balança comercial bastante robusto, mas inferior ao de 2017, quando atingiu US$ 67 bilhões — aponta análise divulgada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
O superávit menor do que o de 2017, destaca o boletim, decorre de um avanço maior das importações vis-à-vis exportações. No acumulado até novembro, os embarques subiram 9,9% enquanto as importações cresceram mais do que o dobro: 21,8%.
Além do descompasso, que decorre em grande medida de um maior dinamismo da economia brasileira, diz o IEDI, o comércio exterior de 2018 também tem sido marcado por aspectos excepcionais que impactaram tanto as importações como as exportações, em especial de bens manufaturados.
O principal fator excepcional vem do setor de petróleo e gás, decorrente sobretudo das mudanças nas regras do Repetro, afetando a contabilidade de plataformas para extração. Para se ter ideia da importância desse fator, quase 20% do valor exportado de manufaturas em novembro de 2018 deveu-se a essas plataformas, ressalta o IEDI.
No acumulado até novembro, se as plataformas fossem desconsideradas, a alta de 8,9% das exportações de manufaturados cairia para apenas 2,3%. Como os semimanufaturados acumulam retração de 1,2% no ano, o avanço exportador de 2018 seria resultante, principalmente, do desempenho de produtos básicos, que registram alta de 19%.
Do lado das importações, o Repetro ocasionou elevação expressiva de bens de capital, alta que chegou a nada menos do que 170,2% em novembro e a 84,2% no acumulado dos onze meses de 2018, diz a análise. “Ainda que haja uma parcela desses bens importada por outras razões, esse ritmo de expansão em nada converge com a recuperação muito gradual do investimento no país”, salienta o boletim.
O segundo fator excepcional a afetar o comércio exterior de 2018, segundo o IEDI, está associado à crise da economia na Argentina, um dos mercados mais importantes para nossas exportações de manufaturados, notadamente para a indústria automobilística. Em novembro, os embarques totais para o país vizinho recuaram 40%, contribuindo para a piora do desempenho acumulado em 2018, que até novembro registra variação de -11,2%.
Em boa medida, esse comportamento, diz o boletim, condicionou o encolhimento do total de vendas externas de veículos do Brasil, justamente um dos setores da indústria que mais expandiram suas exportações em 2017.