IEDI na Imprensa - Serviços de transporte terrestre registram alta recorde
Valor Econômico
Bruno Villas Bôas
Antes da paralisação dos caminhoneiros no fim de maio, os serviços de transporte terrestre no país cresceram 4,4% em abril, na comparação a março, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMS), divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE. Foi o melhor resultado do segmento desde janeiro de 2013 (4,7%).
Segundo Rodrigo Lobo, gerente da PMS, o transporte terrestre contribuiu positivamente para a recuperação do setor de serviços como um todo, que cresceu 1% em abril, na comparação a março, pela série com ajuste sazonal. Foi o primeiro avanço do setor de serviços neste ano.
"A demanda do agronegócio e da atividade industrial ajudam", disse Lobo, acrescentando que os impactos da greve dos caminhoneiros devem ser sentidos em maio, com "efeito retardado" em junho. "O segmento que mais vai sentir isso é o de transporte, especialmente o transporte rodoviário de carga".
A greve foi iniciada em 21 de maio e durou 11 dias, provocando desabastecimento de produtos e bloqueio de rodovias. O transporte rodoviário de cargas pesa cerca de 10% do total de serviços prestados no país, o segundo maior peso entre os 166 itens acompanhados pela PMS, atrás de telecomunicações.
Segundo analistas, o resultado da PMS de abril reforçou a percepção de que a atividade econômica se acelerava no início do segundo trimestre, antes da greve. Nos serviços em abril, além da intensidade do avanço, a boa notícia é que os resultados positivos foram espraiados. Dos cinco segmentos do setor, quatro apresentaram avanço na passagem de março para abril, com destaque para o desempenho do setor de transportes (terrestre, aquaviário e aéreo), com alta de 1,2%.
Outra contribuição importante veio do segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares - atividades voltadas às empresas, como contadores, auditores, terceirizados -, com avanço de 1,7%. Também avançaram na passagem de março para abril os segmentos de serviços prestados às famílias (1,5%); outros serviços, que inclui atividades imobiliárias (0,7%). Serviços de informação e comunicação recuaram 1,1%, a única baixa.
O avanço ocorre após recuo de 0,2% do setor em março, frente a fevereiro. Quando comparado a abril de 2017, os serviços cresceram 2,2%. Nos quatro primeiros meses do ano, o setor ainda recua 0,6%. Em 12 meses até abril, caem 1,4%. Essas taxas já foram mais negativas no passado. A receita nominal do setor cresceu 0,9% na passagem de março para abril. Frente a igual mês de 2017, houve alta de 4,6%. A receita nominal avança 1,9% no ano e 2,9% em 12 meses.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), a alta de 1% dos serviços na passagem de março para abril mostrou um setor se aproximando de sair da recessão, mas cujo resultado não deve se repetir em maio por causa da paralisação do transporte rodoviário de carga.
Segundo a MCM Consultores, em relatório a clientes, a recuperação do setor de serviços após a greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio, vai depender da evolução da atividade industrial nos meses subsequentes à paralisação.