IEDI na Imprensa - Indústria é termômetro importante da economia
Valor Econômico
Tainara Machado E Camilla Veras Mota
O aumento da produção de automóveis em novembro e dezembro, mesmo que a partir de uma base muito deprimida, soma-se a outros indicadores que têm mostrado desempenho um pouco mais positivo nos últimos meses, depois da forte decepção com a atividade no terceiro trimestre.
Como a indústria automobilística tem uma cadeia longa, seu desempenho costuma ser essencial para ditar o ritmo de recuperação do setor manufatureiro como um todo. Com indícios melhores, o último bimestre do ano fez crescer o debate entre economistas sobre se esse seria um sinal de que enfim a recessão estaria perto do fim.
Ao comentar o resultado da produção industrial de novembro, Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), afirmou que a alta da fabricação de veículos foi efeito principalmente da liberalização do câmbio na Argentina, que impulsionou o fluxo de automóveis para aquele país. "Isso ajuda a diminuir a ociosidade, mas não é suficiente para resolver o problema", já que a maior parte da produção fica no mercado doméstico.
Para Francisco Lopes, diretor da Macrométrica, mesmo que o mercado interno ainda não dê muitos sinais de recuperação, o aumento da produção na indústria automobilística tem efeitos importantes. "Quando um setor como esse produz mais, gera renda, o que incentiva a demanda em outros segmentos, em um processo multiplicador que é característico dos ciclos econômicos".
A LCA Consultores afirma, em relatório, que outros indicadores também parecem consolidar perspectivas mais favoráveis para a economia brasileira em 2017. O risco-Brasil permanece abaixo de 300 pontos, a taxa de câmbio está se valorizando e as ações estão em alta. Além disso, dados dessazonalizados pelo Banco Central mostram que a expedição de papel ondulado cresceu 3% entre novembro e dezembro, enquanto o tráfego de veículos em rodovias pedagiadas aumentou 4,8% no mesmo período. São dois indicadores monitorados com atenção pelo governo.
A percepção sobre a inflação entre os consumidores também cedeu, enquanto a confiança das famílias e dos empresários voltou a subir. Embora o dado tenha que ser visto com cautela, a boa notícia é que agora a avaliação sobre a situação corrente também está melhorando, e não só a percepção sobre o futuro. No caso dos consumidores, subiram tanto o índice sobre situação atual (2,9%) quanto sobre expectativas (8,3%).