IEDI na Imprensa - Volume de serviços prestados tem pior queda em quatro anos
Valor Econômico
Estevão Taiar e Robson Sales
O fraco desempenho da atividade industrial, a retração do mercado de trabalho e o endividamento das famílias fizeram com que o setor de serviços sofresse em outubro a sua terceira queda seguida, a maior para qualquer mês em mais de quatro anos.
A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada ontem pelo IBGE, aponta que o volume prestado pelo setor recuou 2,4% entre setembro e outubro. O número representa recorde negativo, o maior tombo desde 2012. Na comparação com outubro do ano passado, a queda de 7,6% foi a maior da série para o mês. Desde janeiro, a atividade recuou 5%. No acumulado de 12 meses encerrados em outubro, a retração foi de 5,1%.
"Se a indústria não se recuperar, a atividade de serviços não se recupera", diz o gerente da PMS, Roberto Saldanha. Segmentos dos serviços ligados à atividade industrial tiveram as quedas mais expressivas em relação a setembro. O volume de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio caíram 7%. Em relação a outubro de 2015, o recuo foi de 13,5%. A MCM Consultores e o Banco Tokyo-Mitsubishi UFJ Brasil também destacam a relação entre a atividade industrial e o volume de serviços.
Não é só a indústria que afeta o desempenho dos serviços. A alta do desemprego e o endividamento das famílias também prejudicam o setor. Outro segmento importante, o de informação e comunicação, caiu 3,1% no período. "Os dois juntos representam 60% da PMS", diz Saldanha. Os serviços prestados às famílias tiveram alta de 0,1% em relação a setembro, mas acumulam queda de 6,8% na comparação com outubro de 2015.
Uma das únicas notícias positivas está ligada aos serviços de tecnologia de informação, que cresceu 2,8% em relação a outubro de 2015. Segundo o IBGE, "as empresas vêm retomando a contratação de serviços de informática, para atender suas necessidades estratégicas, visando manter os níveis de competitividade e produtividade".
Além do recuo no volume dos serviços, a receita nominal do setor também apresentou queda (1,3%) entre setembro e outubro. Na comparação com igual mês do ano passado, o recuo é de 3,1%, enquanto no ano e em 12 meses a variação da receita nominal foi nula.
Para novembro, Leandro Padulla, economista da MCM, calcula alta de 0,3% do volume de serviços, por causa de indicadores antecedentes da indústria. Com base em informações como o tráfego de veículos pesados, a expectativa da consultoria é que a produção industrial cresça 1,3% em novembro.
"Não conseguimos ver no curto prazo uma sinalização de melhoras para o setor de serviços." Ele estima que a PMS apresentará recuos de 4,9% e de 4,3% respectivamente neste ano e em 2017.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os números divulgados indicam um "viés de piora" para os serviços. "Se nos dois meses que restam para o fim do ano, a situação for tão complicada quanto no fim do ano passado, os serviços devem acumular perda da ordem de -5%", diz o instituto em relatório.