IEDI na Imprensa - Setor de serviços acumula perda de 4,5% no 1º bimestre
Setor de serviços acumula perda de 4,5% no 1º bimestre
Valor Econômico - 15/04/2016
Robson Sales
A queda de 4% no volume de serviços prestados em fevereiro, na comparação com igual período do ano passado, foi o melhor resultado dos últimos seis meses, mas não indica o início de uma recuperação. "Quando olhamos para o resultado da indústria, emprego, renda e crédito ainda é muito difícil ver uma perspectiva de melhora", avalia a economista do banco ABC Brasil Natália Cotarelli. São 11 meses seguidos de queda no setor, que acumula perda de 4,5% no primeiro bimestre.
Em novembro, a queda havia chegado a 6,4%, pior resultado desde 2012, início da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Nos dois meses seguintes, o volume de serviços prestados recuou 5%. A desaceleração dos dados negativos atingiu quase todas as atividades pesquisadas, apenas os serviços de informação e comunicação aprofundaram a retração entre janeiro e fevereiro - a queda passou de 2,1% 5,3%.
Na avaliação da economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, o setor "deve ter um caminho relativamente longo de retração. É um pouco prematuro falar que a gente chegou ao fundo do poço". Recuperação mesmo em serviços deve ocorrer somente no ano que vem.
O Banco Fator reforça que "o panorama para o setor continua ruim, mas ainda há espaço para piorar" sob o efeito da forte recessão econômica por que passa o país. A demanda das famílias por serviços recua há 21 meses seguidos. As atividades do setor mais ligadas a empresas e governos, como os serviços profissionais e administrativos e transporte terrestre, estão em queda há mais de dez meses. "Não seria surpresa que o resultado de março fosse o pior da série", disse Raphael Ornellas, economista do banco Brasil Plural.
Os serviços de informação e comunicação tiveram o pior resultado do mês, queda de 5,3%. Já são seis meses seguidos no vermelho, atingindo recorde negativo em fevereiro. O recuo de 1,4% nos serviços prestados às famílias foi o 21º seguido. Os serviços profissionais e administrativos caíram 4,3% em fevereiro e foi o segundo maior peso negativo. Desde abril do ano passado a atividade não apresenta resultado positivo. Nos dois primeiros meses deste, o recuo do grupo atinge 6,7%.
O grupo de transportes também caiu, porém, a retração de 2% em fevereiro foi menor que o tombo de 5,8% registrada em janeiro. Já o grupo que inclui atividades imobiliárias e serviços financeiros, entre outros, caiu 6,1% em fevereiro e completou 16 quedas seguidas. No primeiro bimestre deste ano, acumula perda de 7%. Em 12 meses, o recuo chega a 8,8%.
Para economistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o dólar tem ajudado principalmente o turismo. Apesar da crise, a atividade cresceu 1,4% em fevereiro, "muito provavelmente devido ao estímulo dado pela desvalorização do câmbio ao turismo interno", afirma nota do instituto.
Entre as cinco atividades pesquisadas pelo IBGE, em quatro delas a queda no volume de serviços prestados foi menor que em janeiro. Na avaliação do IEDI, "o nível de queda da receita real do setor de serviços tornou-se menos agudo. Esse resultado menos ruim para o total do setor foi acompanhado pela desaceleração da queda de quase todos os segmentos", avalia o IEDI.