IEDI na Imprensa - Mineração evita queda da produção industrial no Pará e Espírito Santo em fevereiro
Mineração evita queda da produção industrial no Pará e Espírito Santo em fevereiro
Valor Econômico - 08/04/2016
Alessandra Saraiva
A Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física Regional (PIM-PF Regional), divulgada ontem pelo IBGE, mostrou recuo na produção industrial em 11 de 14 locais entre janeiro e fevereiro. O Pará, com 6,2%, liderou as altas, impulsionado pela extração de minério de ferro. Para especialistas, o bom desempenho da mineração impediu tombo maior no recorte regional. Eles ressalvam que, no setor extrativo, a indústria de petróleo continuou a operar em patamar reduzido.
O destaque negativo no segmento foi a indústria do Rio, com recorde de baixa em fevereiro. Os dados mostram que a indústria da transformação tem poucos benefícios com o dólar em alta. Em São Paulo, responsável por 35% do parque industrial, a produção caiu 2,1%. Além do Pará, houve aumentos nas produções de Espírito Santo (5,3%) e Goiás (4,1%).
O desempenho do Pará é ainda mais positiva ante fevereiro de 2015. Nessa comparação, a atividade subiu 15,4%. Cerca de 80% da indústria no local é extrativa, comenta o economista do IBGE, Rodrigo Lobo. "Fevereiro foi o pico de produção da indústria paraense como um todo desde 2002", disse.
Fábricas mais competitivas explicam o resultado, diz o professor do Ibmec e coordenador do grupo de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) José Ronaldo Souza Júnior. Recentemente no Pará foram inaugurados projetos de minério de ferro que tornaram o produto brasileiro mais atrativo ante a concorrência.
O mesmo não ocorre no setor de petróleo. As indústrias dependem de projetos específicos para elevar produção, e não há novos em andamento, comentou Souza Júnior.
Isso afetou a indústria fluminense. Houve recuo de 1,9% ante janeiro e de 3,1% ante fevereiro de 2015. Foi o mais baixo patamar da indústria do Rio desde 2002. A produção fabril do Estado se concentra em três segmentos: veículos, extração e refino de petróleo. "As três atividades mostram recuo na produção", diz Lobo. Para ele, é preocupante a ausência de efeito benéfico do dólar na indústria da transformação.
Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), afirma que as indústrias do Sul, mais exportadoras, ainda mostraram recuo na produção. A queda foi de 1,3% no Rio Grande do Sul (-1,3%), 3,3% em Santa Catarina e de 1,6% no Paraná em relação a janeiro. São Paulo também não esboçou reação. Na comparação com fevereiro do ano passado, a produção paulista caiu 12,3%.