IEDI na Imprensa - Produção industrial de SP cai há 20 meses seguidos na comparação anual
Publicado em: 09/12/2015
Produção industrial de SP cai há 20 meses seguidos na comparação anual
Valor Econômico - 09/12/2015
Por Robson Sales
A queda de 0,4% na produção industrial do Estado de São Paulo, entre setembro e outubro, foi o quinto recuo consecutivo na comparação mensal, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior sequência negativa desde o início da série da Pesquisa Industrial Mensal, em 2002. Nesses cinco meses o setor acumula perda de 4,6% e chegou ao pior patamar desde março de 2004, 21,6% abaixo do pico histórico registrado em março de 2011.
Na comparação com outubro do ano passado, a retração chegou a 12,9% em São Paulo. São 20 taxas negativas consecutivas nesse tipo de confronto. A queda da produção industrial paulista foi generalizada: atingiu 17 das 18 atividades pesquisadas. O setor de veículos foi o principal responsável pelo recuo, ao cair 33,2% na mesma base de comparação.
Segundo o economista Júlio Miragaya, vice-presidente do Conselho Federal de Economia, o parque industrial paulista cai acima da média nacional (-11,2%) justamente por concentrar cerca de metade do setor automotivo brasileiro, incluindo autopeças. "É desastroso para São Paulo, porque tem implicações para toda cadeia." A produção de veículos brasileira representa atualmente 55,4% do pico histórico atingido em julho de 2011.
Segundo relatório divulgado pelo Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial (IEDI), "todos os fatores que têm minado o dinamismo da economia brasileira, como a perda de confiança dos empresários, a elevação dos juros e contração do crédito, a queda do investimento público e da construção pesada, em função do envolvimento de empresas na Operação Lava-Jato, entre outros, afetam de forma mais intensa a indústria paulista".
De acordo com o IBGE, 10 dos 14 locais pesquisados em todo o país apresentaram queda na produção industrial em outubro na comparação com setembro. Assim como em São Paulo, a indústria automotiva, que representa cerca de 10% de todo o parque brasileiro, é o principal impacto negativo no setor, na avaliação de Rodrigo Lobo, economista da coordenação de indústria do IBGE. Nos primeiros dez meses do ano, o grupo de veículos automotores, reboques e carrocerias soma perda de 24,6%.
Outro Estado com queda importante foi o Amazonas. O tombo de 4,9% na indústria local ante setembro também foi a quinta seguida, e também é a pior sequência do Estado. Televisores, eletrônicos e informática, além da queda na fabricação de motocicletas, puxaram para baixo o resultado. "Essas são as atividades que mais pressionam negativamente ao longo do ano", destacou Lobo.
A desvalorização cambial, diz Miragaya, teve efeito devastador sobre o polo industrial de Manaus, já combalido pela queda do consumo das famílias. Se o real desvalorizado pode ajudar a dar fôlego às exportações de automóveis e ajudar São Paulo, afirma, o dólar mais caro aumentou os custos de produção na capital amazonense.
"O Amazonas importa componentes fortemente e vende para o mercado interno. A elevação do câmbio aumentou muito o custo da produção do polo industrial de Manaus, em um cenário em que o poder de compra está caindo", disse o economista. Em relação a outubro do ano passado o indústria do Estado caiu 20,6%, a pior queda entre todas as unidades da federação.
Entre setembro e outubro, a indústria extrativa reverteu sinal positivo. Esse setor era o único com resultados positivos na maior parte do ano, segundo a pesquisa. A produção da indústria extrativa caiu 2% entre setembro e outubro e recuou 1% ante outubro do ano passado. Em ambas as comparações foram as primeiras quedas do ano.
Em outubro ante setembro, a produção industrial geral teve forte queda no Pará (-6%) e no Espírito Santo (-5,1%), dois Estados onde a produção extrativa é importante. No acumulado dos primeiros dez meses, a indústria extrativa acumula alta de 6,3% na média nacional. O Estado do Pará apresenta resultados positivos nos dois tipos de comparação: alta de 8,2% na soma do ano até outubro e crescimento de 5,9%, em relação a outubro do ano passado. Já o Espírito Santo avança no acumulado de 2015 15,7%, mas mostra queda de 6,3% ante outubro do ano passado.