IEDI na Imprensa - Eletrônicos e veículos perdem um quarto da produção no ano
Publicado em: 05/12/2015
Eletrônicos e veículos perdem um quarto da produção no ano
Folha de São Paulo - 05/12/2015
Dos 26 setores da indústria pesquisados pelo IBGE, 16 tiveram quedas de mais de 10% em outubro
Segmentos industriais não veem perspectivas de melhora em 2016, por causa do agravamento da crise política
Raquel Landim
A queda recorde da produção industrial, que chegou a 7,8% de janeiro a outubro, esconde situações ainda piores nos setores.
Pelo menos dois segmentos —veículos e eletrônicos perderam cerca de um quarto de sua produção no ano. Apenas em outubro, a queda chegou a cerca de 35%, conforme levantamento do IEDI (Instituto de Estudos da Produção Industrial).
Dos 26 setores pesquisados pelo IBGE, 16 tiveram quedas de mais de 10%. Em segmentos importantes, a perda chegou ou ultrapassou 20%, como máquinas e aparelhos elétricos, móveis e têxteis.
"A indústria é o epicentro dessa crise em razão da queda do investimento. O padrão atual é produzir apenas o equivalente a 80% de um ano atrás", afirma Julio Sérgio Gomes de Almeida, ex-secretário de política econômica do ministério da Fazenda e consultor do IEDI.
O setor de informática, eletrônicos e produtos ópticos é o líder em perdas da indústria, com queda de 35,8% em outubro e 29,2% no ano.
Tradicionalmente muito volátil, o setor está sofrendo com o encarecimento do crédito e a desconfiança do consumidor, além de um vácuo de inovação tecnológica.
DESCONFIANÇA
"Existe um nível de desconfiança muito grande por causa das crises econômica e política. As pessoas estão com medo de gastar", afirma Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
No setor de veículos, reboques e carroceiras, a queda da produção é de quase 35% em outubro e de 24,6% no acumulado do ano.
Nesse caso, também são preocupantes o encarecimento do crédito e o impacto da crise na confiança, mas o setor está pagando o preço da antecipação das vendas.
Em razão dos incentivos fiscais concedidos nos últimos anos, as vendas de carros e caminhões explodiram. Com a retirada dos benefícios e o aumento da inadimplência, os negócios despencaram.
PIORANDO
Mesmo em setores menos voláteis da indústria, a situação é crítica.
Em têxteis, a queda na produção é de 13,7% no acumulado do ano, mas chega a 20,8% em outubro.
Em máquinas e equipamentos, um termômetro importante do investimento, o recuo na produção é de 18,6% em outubro e de 13,6% no ano.
"A situação está piorando, porque o investimento no país parou. Infelizmente ainda não temos indicações de que chegamos ao fundo do poço", afirma José Velloso, presidente-executivo da Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos).
As projeções do IEDI apontam para uma queda da produção brasileira de 10% no ano, um resultado ainda pior que o recorde de 7,8% de janeiro a outubro.
Os setores consultados pela Folha não veem perspectivas de recuperação em 2016 por causa do agravamento da crise política, que culminou na abertura do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.