IEDI na Imprensa - Geração de Empregos Cai 39% no Ano
Publicado em: 19/12/2014
Geração de Empregos Cai 39% no Ano
Brasil Econômico - 19/12/2014
Saldo de empregos é de 938 mil vagas no acumulado de janeiro a novembro. Indústria, construção e comércio tiverammaiores baixas
Aline Salgado
Ainda em níveis positivos, mas caminhando em menor ritmo. Esse é o cenário do mercado de trabalho formal no país, que no acumulado de janeiro a novembro gerou 39% menos postos do que em igual período de 2013, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Em números reais, o emprego atingiu saldo de 938.043 oportunidades em 2014. Mas, em igual período do ano passado, o ganho chegou a 1,54 milhão. Indústria, construção civil e comércio são as atividades que liderama desaceleração.
Na indústria de transformação houve uma queda de 97% no montante de empregos ofertados com carteira assinada. Até novembro, o saldo chegava a 7.990 vagas, sendo 3,53milhõesde admissões contra 3,52 milhões de demissões. No ano passado, o total ofertado era de 289.937 postos, resultado de 3,83 milhões de contratações e 3,54 milhões de desligamentos. Metalurgia, mecânica, materiais elétricos emateriais de transporte são os segmentos industriais que estão com o emprego no vermelho, tendo mais demissões do que contratações no ano. Na indústria de materiais de transporte — que inclui o segmento automotivo — foram fechados 33.569 postos de trabalho. O segundo pior resultado vem da metalurgia, com menos 16.547 vagas. Já a indústria de materiais elétricos e a mecânica perderam, respectivamente, 8.763 e 8.676 postos.
O mercado de trabalho na indústria extrativa também não é dos melhores. O setor gerou 93% menos empregos do que no ano passado. O saldo que era de 4.173 vagas em 2013, agora está em apenas 295 oportunidades. A queda global no preço das commodities explica em parte esse mau resultado, segundo aponta o economista chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério de Souza.
“O minério de ferro teve uma queda expressiva nos preços (49% no ano), o que acabou provocando impactos no emprego”, diz Souza. “Já a metalurgia sofre com os preços da matéria-prima, o aço, e também com o momento ruim da economia, visto que o setor de bens de capital vem apontando retração, diante das baixas expectativas do empresariado”, completa o economista.
A construção civil é a segunda atividade econômica que menos gerou oportunidades de emprego no ano. O mercado de trabalho no setor encolheu 86%, ficando com um saldo de apenas 25.452 vagas. Em 2013, o segmento contava com 182.454 vagas.“O boom imobiliário já ficou para trás em boa parte das regiões. As vendas despencaram e osetorvemcontratandomenos”, observa o economista da Fundação Getúlio Vargas, Rodrigo Leandro de Moura, destacando que, emoutubro, foram fechados 33.640 postos.Em novembro, mais demissões: 48.894. O desemprego na indústria e na construção tem seus reflexos no comércio, setor já debilitado pela alta da inflação e dos juros e a
consequente retração do consumo. Neste ano, a atividade gerou 35% menos vagas com carteira assinada, saindo de um montante de 296.376 empregos em 2013, para um total de 191.533.
Até a contratação de temporários de Natal tem sido mais fraca. Pior, inclusive, do ano da crise. “De setembro a novembro o comércio contratou 174 mil, segundo dados semajuste do Caged. Em 2008, as contratações chegaram a 185 mil”, aponta Moura, da FGV.
Embora em menores proporções, os serviços vêm dando sinais de desaquecimento. Ainda beneficiado pelo aumento da renda das famílias acima da inflação, a atividade gerou 6% menos empregos. “Como desemprego subindo e a perda de poder aquisitivo das famílias, fatalmente o emprego no setor encolherá”, diz Moura.