IEDI na Imprensa - Indústria Fica Mais Produtiva com Corte de Empregos
Publicado em: 26/02/2014
Indústria Fica Mais Produtiva com Corte de Empregos
O Globo - 26/02/2014
Setor aumentou produtividade em 2,4%, maior alta desde 2010, reduzindo em 1,3% total de horas pagas por operários. Neste ano, Argentina, energia e juros podem travar aumento de produtividade
Lucianne Carneiro
A indústria brasileira ficou mais produtiva em 2013, porém, com uma combinação adversa: com redução de horas pagas e de pessoal ocupado. Levantamento feito pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) com base em dados do IBGE a pedido do GLOBO mostra que a produtividade da indústria aumentou 2,4% no ano passado. Foi a maior alta desde 2010, quando a produtividade cresceu 6,1%. No entanto, mais do que uma busca por eficiência, o ganho de produtividade refletiu uma estratégia para lidar com um cenário desfavorável, num ano em que a produção industrial cresceu mísero 1,2%. O setor, então, cortou em 1,3% o total de horas trabalhadas (horas pagas) por seus operários. Com menor ocupação dos trabalhadores e um aumento, ainda que pequeno, na produção, o resultado foi um ganho de produtividade. No ano passado, o número de trabalhadores na indústria encolheu 1,1%.
— O ano de 2013 foi de ajuste para a indústria. A produtividade avançou, mas com aumento de produção e queda de horas pagas. O setor tem se esforçado para se tornar mais competitivo, tentando diminuir custos, num esforço talvez mais para sobreviver do que para buscar liderança — afirma o economista-chefe do Iedi, Rogério César de Souza.
Câmbio ajuda, Argentina e energia preocupam
A produtividade é calculada por meio da relação entre a produção industrial e o número de horas pagas pela indústria. Especialistas apontam que o perfil mais saudável para o aumento da produtividade é aquele que combina aumento nos dois indicadores, mas com ritmo de expansão da produção maior que o de horas pagas. Foi isso que ocorreu em 2010 — ano em que a produção avançou 10,5% e o número de horas pagas subiu 4,1%, o que permitiu um ganho de 6,1% da produtividade. Em 2011, o aumento de produtividade foi pequeno, de 0,1%, uma combinação de alta de 0,4% da produção com 0,3% de horas pagas. No triênio 2011-2013, o ganho médio anual de produtividade foi de 0,6%.
— A partir de 2010, a produtividade no país ficou estacionada. O que ocorreu no ano passado foi um aumento de produtividade com uma composição não tão saudável, uma repetição em menor escala do que houve nos anos 90, após a abertura do mercado — diz o economista Silvio Sales, do Ibre/FGV.