IEDI na Imprensa - Três Vezes no Azul
Três Vezes no Azul
O Globo - 05/12/2013
Alvaro Gribel e Valéria Maniero
O feito da indústria brasileira de ter crescido por três meses consecutivos merece registro, diante de tanto sobe e desce ao longo do ano. O bom sinal vem da produção de bens de capital, que, após ter encolhido mais de 11% no ano passado, tem crescimento de quase 15% até outubro. O problema é que há muita concentração em um único segmento: equipamentos de transporte representam 74,5% de tudo que subiu.
Os números do IBGE mostram que enquanto a indústria avança só 1,6% no ano, a produção de bens de capital, que indica investimento, cresce dois dígitos. Mas essa alta continua sendo puxada — e ainda mais — pela produção de caminhões. Entram também, no segmento, aviões, reboques e carrocerias, mas o primeiro é o grande destaque do grupo equipamentos de transporte, que tem maior participação, como mostra o gráfico abaixo.
A alta de 0,6% da produção industrial em outubro veio acima do esperado e melhorou um pouco o ânimo para o quatro trimestre, depois da queda do PIB no terceiro. Para que o país evite a recessão — dois trimestres seguidos de retração do PIB — é fundamental que a indústria tenha um bom desempenho entre os meses de outubro e dezembro. Ontem, foi divulgado o primeiro número desses três e ele veio positivo. O departamento econômico do Itaú Unibanco disse em relatório que esse resultado melhor que o esperado diminui muito o risco de uma recessão.
O setor pode ajudar o PIB do último trimestre do ano, mas é bom lembrar que a produção industrial ainda está quase 4% abaixo do nível registrado em setembro de 2008, quando atingiu o pico.
— Cinco anos se passaram, e a indústria não recuperou o nível da produção — diz Rogério César de Souza, economista do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Na avaliação do instituto, o ano foi fraco, marcado por incertezas. De janeiro a outubro, a produção cresce puxada por bens de capital e duráveis — este último, beneficiado pelas desonerações. O Iedi, que começou o ano estimando alta de 2,8% para a indústria, agora prevê crescimento de 2% ou menos, o que não recuperaria a queda de 2,6% da produção em 2012. O benefício da desvalorização do real, tido como fator que ajudaria as exportações, ainda não veio, segundo Souza.
— Temos efeitos marginais neste último trimestre; no ano que vem, podem ficar mais claros. Se o câmbio ficar menos volátil em 2014, pode ajudar a indústria a exportar um pouco mais — diz.