IEDI na Imprensa - Indústria Cresce pelo 3º Mês Seguido
Indústria Cresce pelo 3º Mês Seguido
O Estado de São Paulo - 05/12/2013
Resultado de outubro foi bem recebido por especialistas, mas ganhos não superam perda acumulada nos três meses anteriores
Daniela Amorim
A produção da indústria nacional registrou em outubro o terceiro mês consecutivo de expansão. O resultado foi bem recebido por especialistas, mas os ganhos moderados não superam a perda acumulada nos três meses anteriores, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na passagem de setembro para outubro, a alta na produção industrial foi de 0,6%. Em outubro, a fabricação de automóveis caiu, derrubando o resultado da categoria de bens de consumo duráveis. Já os bens de capital e os intermediários acompanharam o movimento de melhora visto no total nacional.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) notou que uma sequência de três resultados positivos na indústria, como a de agosto a outubro, não ocorre desde o início de 2010. “Talvez isso esteja sinalizando uma mudança nesse comportamento extremamente volátil. Mas ainda é cedo para imaginar que a indústria vai voltar a crescer a taxas expressivas. É possível que termine o ano crescendo de forma bastante modesta e comece 2014 nesse mesmo ritmo”, avaliou Rogério César de Souza, economista do IEDI.
De agosto a outubro, a indústria cresceu 1,3%. Porém, de maio a julho, a perda acumulada foi de 2,3%, segundo André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. “Mesmo com essa melhora clara no ritmo de produção industrial nos últimos três meses, o resultado ainda é insuficiente para suplantar a perda de maio a julho. Então tem ainda saldo negativo a ser recuperado”, disse Macedo.
O avanço na produção em outubro teve perfil disseminado, atingindo 21 dos 27 setores industriais. Mas quatro atividades com peso importante sobre o total nacional apresentaram perdas em outubro: veículos automotores (3,1%), bebidas (5,9%), outros produtos químicos (2,2%) e alimentos (0,6%). Juntos, esses setores equivalem a 31% de toda a indústria. “A gente tem cerca de um terço da indústria com comportamento negativo”, disse Macedo.
Férias. Paralisações em unidades industriais explicam o resultado negativo de veículos automotores e de produtos químicos. Houve redução na jornada e concessão de férias coletivas em montadoras para ajustar os níveis de estoques. No segmento de outros produtos químicos, que inclui resinas, adubos e fertilizantes, as paralisações já estavam programadas como medida de manutenção. No setor de bebidas, os itens com maiores perdas no ano são os mais importantes na atividade: cerveja, chope e refrigerante. A produção foi prejudicada pelo aumento nos preços, mas também pelo crescimento menor do poder aquisitivo da população em razão da alta na inflação de alimentos, que também explica os prejuízos da indústria alimentícia em outubro.
O principal destaque positivo para o crescimento da indústria em outubro foi o segmento de edição e impressão, por causa da preparação de livros e material didático para o próximo ano letivo. Na segunda posição, ficou a parte de máquinas e equipamentos, seguida por refino de petróleo e álcool.
A categoria de bens de capital manteve o ritmo de crescimento na casa dos dois dígitos desde abril. Na comparação com outubro de 2012, a alta foi de 18,8% na produção. Parte do desempenho é explicada pela base de comparação mais fraca, já que o ano passado foi difícil para o setor de caminhões. Mas os dados ficaram ainda acima do esperado por analistas.
A consultoria Tendências anunciou que vai revisar para cima a estimativa decrescimento de 9,8% para a produção de bens de capital em 2013. “O desempenho reflete tanto a recuperação de máquinas e equipamentos desde o primeiro trimestre, quanto a forte retomada da produção de veículos pesados neste ano”, avaliaram Rodrigo Baggi e Guilherme Costa, economistas da Tendências.