IEDI na Imprensa - Economia Terá Retomada Modesta no Próximo Ano
Economia Terá Retomada Modesta no Próximo Ano
Brasil Econômico - 28/12/2012
Para Daniel Keller, do Iedi, crescimento de 3% esperado para o ano que vem é apenas razoável, e persistem os empecilhos ao crescimento.
Felipe Peroni
Após o baixo crescimento da economia brasileira nos últimos anos, o país deve ver uma retomada apenas razoável na atividade durante o próximo ano.
Para Daniel Keller de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), as razões que causaram a desaceleração da economia continuam vigentes.
O cenário preocupante na Europa, a concorrência acirrada de produtos industriais importados e a falta de investimento público continuam dificultando o crescimento.
Tivemos uma surpresa com o PIB do terceiro trimestre, mas colocando em perspectiva, estamos vendo a economia brasileira praticamente estagnada por dois anos. O que está impedindo o crescimento?
A economia brasileira teve muito pouco dinamismo nos últimos anos. A perspectiva para o número final de crescimento do PIB de 2012 é de um avanço modesto, inferior a 1,4%.
Outros países em desenvolvimento deverão obter em 2012 resultados significativamente mais positivos.
Os principais fatores, segundo nossa opinião, que impedem um crescimento mais robusto para o Brasil são os seguintes: crise da União Europeia aliada ao crescimento econômico muito reduzido e/ou negativo nos países desenvolvidos em geral; baixo nível de investimento público; e concorrência muito forte para a produção nacional de produtos importados.
Mais especificamente e como consequência observamos estagnação com tendência de decréscimo para o produto industrial em 2012; taxa de investimento reduzida; e investimento modesto no setor de infraestrutura.
Para os próximos trimestres, devemos ver um desempenho melhor no PIB?
Acredito que a tendência da taxa de crescimento do PIB para o próximo trimestre seja de uma melhora em relação ao terceiro trimestre, porém não substancial.
Espero uma taxa de crescimento de por volta de 3% no ano de 2013. Se esta taxa se comprovar, significaria um resultado apenas razoável e bastante inferior às expectativas do governo.
Não vejo uma tendência importante de melhora nos fatores citados acima ao longo do ano de 2013. Isto é, a crise e a estagnação europeia devem permanecer, ainda que em menor escala.
O investimento público não deve deslanchar, uma vez que a meta de superávit primário se mantém elevada e a prioridade do governo é pela redução de impostos.
Além disso, a concorrência de produtos importados, especialmente manufaturados industrializados, continua.
A desvalorização do real e a diminuição de impostos ajudaram neste quesito, contudo, seja devido à competitividade chinesa, seja como decorrência da falta de uma política industrial contínua e consistente por parte do governo, o cenário permanece extremamente complexo.
Estamos com os juros no mínimo histórico, em termos reais ao redor de 1,75% ao ano, e alguns analistas consideram esse nível incompatível no longo prazo. Qual a sua avaliação?
A redução da taxa de juros na intensidade em que ocorreu é muito importante. Talvez esse seja o grande mérito do governo.
Pode contribuir de forma significativa para a criação de um mercado de crédito com prazos mais longos, que vai além do BNDES e da Caixa Econômica Federal.
Entendo que o novo patamar da taxa de juros básica é totalmente compatível com resultados econômicos de longo prazo. Julgo, adicionalmente, que existe espaço para novas reduções da taxa básica a depender do comportamento da inflação em 2013.
Os argumentos a favor de taxas de juros básicas extremamente elevadas para a economia brasileira não possuem comprovação empírica e os seus aspectos teóricos são bastante discutíveis.
Não se pode esquecer que um componente bastante relevante da inflação diz respeito à chamada inflação de custos. O governo percebeu este fato quando reduziu a Cide a zero e trabalhou para a redução das tarifas de energia.
A taxa de juros também é um componente de custo para as empresas, quanto mais alta maior o repasse para preços.
Temos escutado, de economistas de mercado, algumas críticas a respeito do que seria uma "intervenção excessiva" do governo na economia. Você concorda com essa visão?
As intenções do governo com as intervenções feitas são inegavelmente muito positivas. No entanto, tais intervenções poderiam ser feitas de forma a gerar menos atritos com as empresas dos respectivos setores.
Não acredito numa intervenção excessiva e sim em formas de intervir que possam ser mais ou menos eficientes.