IEDI na Imprensa - Consumo Cresce, mas Demanda é Atendida por Estoques
Publicado em: 01/12/2012
Consumo Cresce, mas Demanda é Atendida por Estoques
O Estado de São Paulo - 01/12/2012
Famílias consumiram 3,4% a mais em relação a 2011 em razão da alta da renda e do emprego e dos incentivos do governo
Daniela Amorim
O consumo das famílias voltou a mostrar fôlego no terceiro trimestre. A alta foi de 3,4% em relação ao terceiro trimestre de 2011, a 36ª taxa positiva consecutiva. No entanto, o resultado não impulsionou nem a indústria nem as importações. Enquanto a indústria de transformação recuou 1,8%, as importações caíram 6,4% no período.
"Parte da demanda do consumo das famílias foi atendida pelos estoques", diz Rebeca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE. "Houve continuidade no aumento do consumo das famílias com o crescimento do emprego e da renda, além dos incentivos do governo aos bens duráveis", diz, referindo-se ao corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos e carros.
O comércio, beneficiado diretamente pelo aumento do consumo, teve expansão de 1,2% no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2011. "Havia tanto estoque na indústria que nem foi preciso importar", comenta Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A CNC prevê alta de 8,5% para as vendas no varejo em 2012, quase dois pontos acima do aumento de 2011 (6,7%). No Natal, o volume vendido deverá ser 7,5% maior do que no mesmo período de 2011. "Como o Natal será mais fraco do que o crescimento do varejo, é provável que o comércio entre 2013 com algum estoque também", prevê Freitas.
Na comparação com o trimestre anterior, o consumo das famílias teve expansão de 0,9%. No mesmo período, houve avanço de 1,5% na indústria de transformação. "A indústria se beneficiou dessas medidas específicas do governo, como redução de IPI, mas ainda é um crescimento fraco, que não reverte o desempenho negativo no ano", avalia Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Transformação. No terceiro trimestre, o PIB industrial subiu 1,1% ante o trimestre anterior, mas houve queda de 0,9% na comparação com igual período de 2011, puxada pelo resultado da indústria de transformação (-1,8%). O maior impacto negativo foi da produção de máquinas e equipamentos e caminhões.
"Dentro da indústria de transformação, o que puxou para baixo foi praticamente os produtos ligados a investimentos. No segmento de veículos, foi a parte de caminhões, que tinha estoque para vender também. A produção de caminhões não se recuperou. Houve antecipação de compra no fim do ano passado, então (a indústria) ainda está produzindo menos", diz Rebeca.
"Mas a queda mais significativa foi exatamente de máquinas e equipamentos, que afeta diretamente os investimentos", acrescenta ela. Segundo o IBGE, a indústria de transformação tem peso de 53% no PIB industrial.