IEDI na Imprensa - Emprego Para de Crescer Após Oito Meses de Alta
Emprego Para de Crescer Após Oito Meses de Alta
Brasil Econômico - 12/11/2010
Setembro tem interrupção no crescimento do total de funcionários e elevação de 1,2% na folha de pagamento
Daniel Haidar
A sucessão de elevações da quantidade de produtos importados afetou a criação de empregos na indústria em setembro, pela primeira vez no ano. Foi a primeira desaceleração desde dezembro de 2009 após seguidas quedas da produção industrial.
Segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário do IBGE divulgada ontem, o total de pessoal ocupado na indústria oscilou negativamente 0,1% em setembro na comparação com agosto, segundo estimativa livre de efeitos sazonais, o que significa que o mês terminou com menos pessoas empregadas do que começou.
Foi a primeira variação negativa em oito meses. Mas em uma visão mais ampla o emprego industrial registra alta há cinco trimestres consecutivos, com redução do ritmo de crescimento, já que passou de um crescimento de pessoal de 1,5% no segundo trimestre sobre o primeiro, para uma elevação de 0,8% de julho a setembro. O total de empregados é 3,4% superior ao acumulado entre janeiro e setembro do ano passado. “Essa variação negativa, próxima da estabilidade, guarda relação com um menor dinamismo da atividade industrial”, disse o economista André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE.
Essa variação na quantidade de empregados da indústria acompanha uma queda de 0,2% na produção industrial na comparação com agosto e uma elevação de 6% no índice quantum (quantidade) de importações, que bateu 183,12 em setembro, o maior patamar desde 1995, segundo estimativas da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
Isso se refletiu na quantidade de horas pagas aos trabalhadores da indústria que recuou 0,4% em relação a agosto, após avanço de 0,8% no mês anterior. Com menos pessoas para fazer mais trabalho, a produtividade teve ligeira oscilação positiva de 0,2%, segundo cálculos do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). “Como número de horas caindo, pode significar que a indústria não vai fazer novas contratações mais à frente”, diz o economista-chefe do Iedi, Rogério de Souza.
A folha de pagamento real dos trabalhadores avançou 1,2% frente ao mês anterior. No acumulado do ano, a alta é de 6,4%.
Recuperação
Ainda há indústrias que não têm a mesma quantidade de funcionários observada antes da detonação da crise financeira, em setembro de 2008. É o caso da fundição Deluma, que tem 163 funcionários atualmente, mas empregava 230 em outubro de 2008. “Estamos no limite de funcionários para a carteira de pedidos existente”, diz o presidente da Deluma, Devanir Brichesi.
A empresa fornece fundidos de alumínio para a indústria automobilística e Brichesi diz que a concorrência dos importados tem limitado a recuperação. Ainda assim, a Deluma reabriu 37 postos de trabalho este ano. O operador de máquinas Anderson Teixeira Campos, 23 anos, foi recontratado pela empresa em junho, após dois meses desempregado. “Agora quero fazer um curso de mecânica de usinagem”, disse.
Mas Brichesi vai ter que equilibrar ainda mais os custos, já que a folha salarial deve encarecer ainda mais como reajuste de 9% obtido pelos metalúrgicos para o ano que vem. “Não tem como sobreviver sem fazer repasse disso aos preços”, disse.