IEDI na Imprensa - Produtividade na Indústria Cresce 8,5% e Bate Recorde Até Setembro
Publicado em: 09/12/2010
Produtividade na Indústria Cresce 8,5% e Bate Recorde Até Setembro
Brasil Econômico – 09/12/2010
Estudo do IEDI mostra que o número de horas subiu 4,3%, enquanto a produção física cresceu 13,1% este ano
Juliana Rangel
A expansão da produção industrial num ritmo maior que o total de horas pagas no acumulado deste ano resultou em um ganho de produtividade de 8,5% para a indústria nacional, até setembro — trabalha-se mais e com mais resultados, com um pequeno aumento do número de horas. Trata-se de um crescimento recorde para o período, contra perdas em torno de 6% em 2009.
Segundo o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), Rogério de Souza, parte do ganho atual se deve à recuperação depois da desaceleração de 2009. Em função da crise global, as empresas foram obrigadas a reduzir o ritmo no ano passado. O estudo, divulgado com exclusividade pelo BRASIL ECONÔMICO, mostra que a produção física cresceu 13,1% este ano, e as horas pagas tiveram alta de 4,3%.
A extensão da folha de pagamento real por trabalhador em 2010 foi de 3%.
“Esses ganhos de produtividade servem para sustentar o crescimento da própria produção. Você entra em um ciclo virtuoso porque os ganhos são reinvestidos e contribuem para fomentar o processo de crescimento da indústria e do PIB. Quando isso começa a ocorrer, os ganhos não são imediatamente repartidos”, diz Souza.
Até o terceiro trimestre, o número de empregados na indústria cresceu 3,4%, mas ainda está abaixo do período pré-crise. Em 2009, o total de pessoal ocupado na indústria recuou 5,1%frente a 2008.
“Assim, o processo de retomada da produção industrial em 2010 ainda tem espaço para continuar a crescer sem que haja pressão de custos por parte dos salários”, conclui o estudo.
O aumento da competitividade — com a desvalorização do dólar — também é um fator que está fazendo com que as empresas corram atrás de maior produtividade. O levantamento mostra que os melhores resultados regionais foram obtidos justamente por indústrias exportadoras.
O maior destaque é o Espírito Santo (21%), seguido por Minas Gerais (15,5%), que tiveram forte aumento da produção física no período, de 28,8% e 18,2%, respectivamente. Os dados são muito superiores aos do aumento do valor das horas pagas, de 6,4% e 2,3%.
“A pressão fantástica do câmbio faz com que as empresas corram atrás para aumentar a produtividade e aumenta a necessidade de investimento”, diz o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini.
Segundo ele, nem sempre isso é bom. “O câmbio também faz com que muita gente que antes comprava máquinas e equipamentos aqui passem a comprar lá fora, o que prejudica as empresas locais”, diz. Ele lembra que nem tudo o que é importado se resume a maquinário. “As empresas com produção voltada ao mercado interno sofrem muito com a concorrência de fora.”
Estados X produtividade
O Rio de Janeiro tem o menor aumento de competitividade na comparação com dez estados, de apenas 2,1%. Segundo Souza, um dos motivos é o crescimento maior das horas pagas na região, de 7%, contra 6,4% no Espírito Santo e 2,3% em Minas.
Na indústria de coque, refino de petróleo e combustíveis nucleares e álcool, que tem um peso grande no Rio, as horas pagas cresceram muito (5,1%). É um segmento em que o número de contratações não tem efeito imediato na produção. “Quando as horas pagas crescem muito, significa que você vai ter um aumento da produção lá na frente”, diz Souza.