IEDI na Imprensa - Indústrias Têxtil e de Calçados Não Acompanham Crescimento
Indústrias Têxtil e de Calçados Não Acompanham Crescimento
Folha de São Paulo - 13/12/2007
Simone Cunha
Enquanto setores como máquinas e equipamentos e automobilístico comemoram e prevêem crescimentos até acima do resultado do PIB do terceiro trimestre, de 5,3% no acumulado do ano, outros não engrenaram e até tiveram perdas.
A indústria calçadista -apesar do crescimento de 6% no consumo das famílias no trimestre em relação a 2006 e perceptível aumento na compra de calçados- prevê queda de 4% na produção anual, o equivalente a 32 milhões de pares. "Por causa do dólar baixo, parte do aumento no consumo foi ocupada pelas importações e outra pelo redirecionamento da produção que era destinada à exportação", diz o presidente da Abicalçados (associação do setor), Milton Cardoso.
A indústria têxtil sofre o impacto do câmbio e das exportações e conseguiu apenas "inverter o sinal de menos para o de mais", segundo o diretor da Abit (associação da indústria têxtil), Fernando Pimentel. "A indústria cresceu abaixo do varejo porque a importação pega uma fatia maior do consumo."
Para o consultor do Iedi (instituto para o desenvolvimento industrial) Julio Gomes de Almeida, o crescimento da indústria é cada vez mais generalizado, mas segmentos prejudicados pelo câmbio como madeira e gráfico não entraram no mesmo ciclo de expansão dos setores protagonistas. O resultado do terceiro trimestre também foi menor no setor de farmácia e alimentos, segundo ele.
A Fiesp (federação da indústria paulista) se surpreendeu com o resultado, que "veio acima do esperado por nós e pela torcida do Flamengo", diz o diretor do departamento de estudos e pesquisas econômicos, Paulo Francini. "As previsões mais otimistas eram de 5,1%."
Para Francini, a ultrapassagem da barreira de 5% do crescimento é muito significativa, tanto que a entidade reviu sua expectativa de crescimento anual de 4,7% para 5,3%.
O Iedi mudou a projeção de 2007 de 5% para 5,5%.
A indústria de construção achou o resultado baixo, "porque o nosso foi muito forte", diz o presidente da Abramat (associação da indústria de material de construção), Melvyn Fox.
Segundo ele, o setor vai faturar 12% a mais que em de 2006, chegando a R$ 77 bilhões.
Para o Sinduscon (sindicato da construção), o PIB do setor vai crescer 7,9% neste ano, por isso o resultado nacional não surpreendeu. Mas o presidente da entidade, João Claudio Robusti, diz que a infra-estrutura teria crescido mais, não fosse a paralisação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o que foi compensado pelos materiais de construção.
O PIB não surpreendeu o setor de máquinas e equipamentos, que espera fechar o ano com aumento de 13% no faturamento, segundo o presidente da Abimaq (associação da indústria de máquinas), Luiz Albert Neto.